Capítulo 5

Felix Felicis

–

3 meses.

Fazia exatos 3 meses naquela manhã que Rose Weasley ignorava completamente Scorpius Malfoy.

Ignorava quando via aquele poste com cabelos platinados, quando eram obrigados a dividir o mesmo oxigênio - ou até a carteira nos piores casos - na mesma sala, ignorava todas as tentativas de discusso de como ele era um idiota e que estava arrependido a cada noite.

Ignorava quando ele sorria do outro lado do salão, quando ele inventava aquelas desculpas idiotas para falar com Albus quando a Weasley estava por perto e principalmente quando ela acabava encontrando os olhos cinzentos do garoto de 15 anos no meio de um dos corredor de Hogwarts. Mas por mais que Rose Weasley tentasse ignorar ele, a adolescente não conseguia.

Não conseguia ignorar o fato dele ter o tamanho de quase um poste de luz, os olhos com cor do céu de Londres, a forma que ele deixava a gravata solta, a idiotisse dele, de ter recusado entrar no time de quadribol da sonserina mesmo não tendo usando a sua Felix Felicis, de ter refeito e apresentado completamente sozinho o trabalho de Defesa Contra as Artes das Trevas e principalmente o fato de Scorpius Malfoy não ignorar Rose Weasley.

E por mais que a grifa negasse cada vez mais aquilo estava a matando.

Talvez ela tivesse sido grosseira demais, raivosa demais ou Rose demais com Scorpius.

Porém havia passado três meses.

Três meses em que a Weasley não teve coragem de sair do dormitório feminino da Grifinória e encarar Scorpius na cara e - possivelmente - tudo graças, ela ter gritado com ele na frente de metade de Hogwarts, jogado um trabalho na cara dele, amassado um bolinho de morango e ter o beijado.

–Você é muito sortuda, tipo, você vai fazer intercâmbio na Beauxbatons ano que vem e graças ao seus pais! Tipo, se dependesse dos meus eu nem saia de casa... - Dominique disse para Rose enquanto folheava as páginas de uma revista bruxa adolescente e via a prima arrumar as suas malas no outro canto do dormitório para ir passar as férias na casa do Albus e logo depois embarcar em um trem em direção a França.

–É... - Rose falou baixo, jogando mais um suéter na mala e tentando contar mentalmente quanto suéters ela tinha.

–Pera, não! Você ainda não ta chateada por causa de todo aquele rolo com o Scorpius! Pelamordedeus Rose! Ele até tinha começado a sair com uma garota lufana e terminado com ela durante esse tempo todo! - A prima exclamou se sentando na cama e não ousando tirar os olhos da minha amiga.

A ruiva não estava chateada por ele não ter entrado no time de quadribol ou por arranjado e terminando com uma lufana nesse tempo, ela nem sequer tinha direito de ficar chateada.

Ela só estava cansada.

–Não, eu não to chateada, nem devia e já faz três meses, eu só to cansada de ter que ficar arrumando a minha mala quando a gente pudia ir, sei lá, pra Hogsmeade e passar na Dedos De Mel. - Os olhos das grifas brilharam com o nome da loja.

Pra quer ser fitness?

No mesmo segundo que Rose falou sobre a loja, se levantou do chão deciidida a não ficar mais uma hora sentada e sair de lá, levando todas as coisas em seu colo cairem no chão, bem, até ela ouvir aquele barulho.

Um barulho forte e que definitivamente nenhuma roupa faria na face da Terra.

Um DS.

Um DS com uma pequena fitinha de Pokémon que Scorpius havia ensinado a Rose a jogar antes dele... antes dele beijar ele.

–Mas o que demônios é isso! - Dominique perguntou com medo do videogame trouxa enquanto Rose sorria. Como se Dominique nunca tivesse visto algo trouxa de tão perto em sua vida, quando tudo que ela fazia durante suas férias era visitar lojas trouxas de moda.

–É um DS. O DS do Scorpius.

Então Rose Weasley saiu correndo do dormitório.

–--

Rose era uma idiota.

Era disso que ela tinha certeza desde o segundo em que ela decidiu devolver pessoalmente aquele videogame para Scorpius Malfoy e ficar que nem uma planta em frente a sala de Transfigurações esperando aquele poste maldito sair da aula.

Até ele sair.

Ai ela teve certeza que era uma idiota.

–Rose? -Scorpius arregalou os olhos no mesmo minuto que seu cérebro se deu conta que s garota dos Weasleys estava sentada no chão ao lado da sala de Transfiguração com um DS azul prateado nas mãos.

–Oi. - A grifa disse se levantava do chão do corredor e encarava Scorpius no rosto.

–Eu tinha roubado de você acidentalmente naquele dia que nós estavamos juntos na sala comunal da Sonserina. Há três meses...

Scorpius não respondeu, acreditava que aquilo não precisa de resposta, afinal, ele se lembrava porque havia beijado ela. E visto ela sair correndo com o seu DS.

–E... eu tava arrumando a minha mala e acabei achando ele. - Ofereceu o videogame de volta para o louro que ainda não consegui acreditar que Rose Weasley estava falando com ele. Não depois de tudo, toda a sua idiotisse e egoísmo, lá estava ela, depois de tanto tempo.

Scorpius achou até que ia chorar. Mas ai lembrou que era Scorpius Malfoy e Scorpius Malfoy não chora.

–Ah, então você vai mesmo pra casa do Albus durante as férias...

–É...

–Legal.

–Vai viajar esse ano? -Rose perguntou ainda com o DS nas mãos.

–Itália.

–Casa do Albus e depois intercâmbio.

"Intercâmbio?!"

–Então, você vai ficar o ano que vem fora? Tipo, o ano inteiro? Mesmo depois de tudo?

A Weasley balançou a cabeça, suas mãos tremiam enquanto ela tentava esconder por de baixo do suéter laranja com um R bordado. Ela não sabia o porquê.

Scorpius Malfoy jurou que viu os olhos dela marejar, o vermelho tomar conta do rosto e o corpo dela se tornar menor e mais fraco mesmo que ela ainda fosse capaz de jutar umas 5 bundas agora mesmo.

–Me desculpe. - O Malfoy falou baixo. -Me desculpa por ter sido um idiota, por tentar arrumar as coisas quando eu não devia e por ter desistido de você, Rose.

–Se aproximou da ruiva e segurou a mão dela que ainda tremia.

–Me desculpe por não conseguir ignorar você. - Falou tirando o cabelo do rosto e colocando o DS nas mãos do loiro.

Rose estava indo embora, Scorpius sabia disso e não conseguia ignorar ela. Ele nunca conseguiu, nem no segundo que o tufo ruivo entrou pela a primeira vez no Expresso Hogwarts, quando ela dava respostas certas em frente a toda sala, gritava de alegria quando a Grifinória ganhava a taça das casas, entrava no salão principal com um sorriso na boca e torcia pelo os primos durante o quadribol.

Não conseguia ignorar. Nunca conseguiu.

Então ele puxou o braço dela e a beijou.

Simples assim.

–Dessa vez não é uma aposta.

E não era.

Porque ele sempre amou ela, de qualquer jeito.