Capítulo 3

Felix Felicis

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Estava pronto, tudo estava pronto para quando Rose Weasley chegasse na sala comunal da Sonserina, os salgadinhos do Sr. Muggles perfeitamente posicionados, o refrigerante de abóbora servido em taças de cristal que eu encontrei na cozinha, o queijo cortado em finas fatias e velas artificiais por todo o salão.

Estava perfeito.

–Que viadagem é essa? - Lysander perguntou enquanto descia as escadas do dormitório masculino em direção ao salão principal onde eu terminava de arrumar os morangos que, de acordo com Hugo, era a fruta favorita de sua irmã desde que ela provou torta de morango pela a primeira vez.

–Sou eu ganhando a aposta. - Respondi enquanto o louro pegava um dos morango estrategicamente posicionados no centro para que quando a Weasley viesse a pegar um… BUUM, ela tocaria nas minhas mãos e me beijaria loucamente.

–Então você não desistiu mesmo? - O sonserino perguntou novamente roubando mais um morango.

–Parece que eu desisti? -Falei enquanto olhava novamente ao redor do local, as velas jamais conseguiria fazer o local parecer no mínimo aconchegante.

Scamander deu um pequeno sorriso de canto de boca e se jogou no largo sofá de couro preto do salão. -E a Dominique? Conseguiu? - Perguntei para o garoto que leu um longo gemido de dor só de ouvir o nome.

–Parece que eu consegui? Mano, a mina é impossível! Sério, eu fui conversar com ela durante a aula de Quadribol ela me mandou para aquele lugar e de nada, tipo, ela tava falando que eu era super gato ontem por mensagem e depois quando eu vou falar com ela, a mina me manda pra merda?! - Lysander reclamou. Era verdade, Dominique Weasley era definitivamente uma das garotas mais difíceis de se conquistar em toda Hogwarts, mesmo ela sendo o completo oposto de sua prima que mais parecia um saco de batatas do lado de uma deusa grega, que não era a Rose, obviamente falando.

Não demorou muito para ouvir a porta se batendo.

Rose

–Ae ó, o seu saco de batatas chegou. -Lys disse rindo enquanto eu o expulsava para fora do salão.

Era tudo ou nada.

(...)

–Quer queijo? - Perguntei pela a terceira vez com a minha voz mais sensual possível enquanto Rose não desgrudava os olhos de um artigo sobre dragões irlandeses.

Nada aconteceu.

Uma hora e quarenta e sete minutos e nada aconteceu.

–Olha Rose… eu sei que já faz cinco anos que nós não nos damos bem… -Continuei enquanto a garota ainda não desgrudava os olhos, ela realmente tinha problemas com livros, não prestar atenção nas pessoas e as ignorar enquanto lê.

–Quatro anos e meio Scorpius, o nosso caso de amor só vai completar cinco anos daqui dois meses. - Rose ironizou enfim tirando os olhos do artigo e o colocando de lado enquanto se direcionava para outro.

O que ela estava fazendo? Eu havia marcado para conquistar ela e não fazer trabalho sobre dragões que comem ovelhas.

Merlin.

– Eu sei Rose, o que eu quero dizer… é que eu quero dar um fim nisso tudo, sabe? Eu sei que desde o primeiro ano nós não nos dávamos bem e nossas famílias também mas podemos ser diferentes, certo? - Me aproximei lentamente perto da grifa que o rosto começava a tomar a cor vermelha.

–Não temos que ser como nossos pais, podemos ser amigos.

–O que você quer dizer Scorpius? - A Weasley perguntou se afastando e segurando o livro firmemente contra o seu corpo.

–Nada! Eu não quero dizer nada, quer dizer… eu quero dizer uma coisa… eu-eu só estou falando para acabarmos de uma vez com isso, sem pegadinhas, piadinhas, diferença entre casas, família, inimizade… Só Scorpius e Rose. -Respondi mordendo uma tira de queijo.

Ela estava na minha, certeza.

–Merlin. - Rose resmungou voltando a concentração para o livro. - Boa sorte com isso.

Não era possível?! O que eu estava fazendo de errado? Tinha velas artificiais, morangos, queijo, refrigerante de marca e nada, ela mal olhava em minha cara e os rápidos momentos era algo do tipo “Escreve”, “Para de escrever” ou “Eu não disse para parar de escrever, Scorpius!”

Era para Rose Weasley estar em meus braços trocando juras de amor e não falando sobre o quão incríveis são os dragões da América do Sul.

–Eles são fascinantes Scorpius! Olha só! Os dragões brasileiros são criaturas raramente vistas e raras de serem encontrados ao redor do globo pela a grande preferência e necessidade dos mesmos por climas tropicais para mais fácil reprodução, outro fator que caracteriza os dragões da região é a capacidade que possuem de nadarem em oceanos e correntes marítimas devido a grande quantidade de guelras em suas face, pernas e garras que facilita a sua locomoção por água. Se tornando um evento único. - Rose repetiu o texto do livro com os olhos brilhando e colocando mais um morango na boca, devia ser o seu sexto em um minuto.

–Apesar dos dragões brasileiros possuírem uma grande dependência do clima tropical do país os mesmos podem a vir ter relacionamentos com dragões de outras regiões do globo, como por exemplo da Argentina, um país que por mais se mostre um grande oposto o Brasil em quesitos como clima, no qual, a Argentina possuí inversos rigorosos, isso não impede que a diferença os una criando uma uma das raças mais raras de dragões de todo o mundo, o dragão Brassilus de Argenti.

–Então os dragões brasileiros e argentinos são pokémons?

O trasgo me encarou. -O que?

–Pokémons.

–O que as barbas de Merlin é um pokémon? - A Weasley perguntou enquanto escrevia alguma coisa em um pedaço de papel.

–É um jogo na verdade… sabe, são monstrinhos que você captura e coloca dentro de pokébolas e com eles você usa para lutar com outros pokémons, ganhar insignias, campeonatos e até capturar pokémons lendários. É um jogo trouxa bem legal. Albus joga. -Disse para a garota de olhos azuis que parecia analisar a resposta.

–Um jogo chamado Pokémon que estimula o mal-tratos aos animais que um dos meus primos joga?- A filha de Hermione Granger, uma politica defensora dos direitos dos elfos perguntou com uma sobrancelhas arqueada.

–Não, não.. é só um jogo, eu não vou matar um gato por causa dele! Nem o seu primo... eu acho... - Defendi enquanto a ruiva continuava me olhando.

–Mas esse tipo de jogo pode... - rose continuou enquanto eu tirava um pequeno DS de meu bolso e abria o jogo para ela.

– Pode ter certeza Rose, você não vai matar um gato por causa de Pokémon. - Falei enquanto a cacheada afastava seu livro para longe e pegava o jogo.

Não demorou muito para Rose Weasley ficar completamente viciada no jogo, ela já havia capturado 15 pokémons e vivia repetindo que os pokémons de água são os mais eficientes por ter maior capacidade de dano devido a pressão d’água e quase nenhuma vulnerabilidade se não com eletricidade, algo minimo a ser considerado porque o vídeo-game quase não apresenta pokémons elétricos em comparação a de grama, terra ou fogo.

E aquela era a minha chance, era só eu beijar ela e ela me beijaria de volta. Simples.

Simples demais.

Então eu a beijei.

Rose Weasley pegou seu livro de dragões, um punhado de morangos, o meu vídeo-game e saiu correndo.

Droga.