TRL escrita por Lykka


Capítulo 31
Reflexão Sobre o Sucesso


Notas iniciais do capítulo

Pois é Laey, eu amo os três, não creio que conseguiria decidir entre eles...



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Sinto que há algo estranho comigo. Tenho medo do que é. Amo estar com os meus animais mas mesmo que me transforme em lobo não sou como eles. Sou alguém solitário. Sou um lobo solitário. Tenho saudades dos meus pais. Eles poderiam não ter me abandonado com minha avó e- Não. Eles não me abandonaram, só me deixaram por um instante para lutarem por mim. Mas se eles sabiam dos riscos por que não ficaram? Por que não deixaram outros resolverem isto por eles? Por que justo eles? E por que eles tiveram que morrer? Por que?

Eu não me lembro dos meus pais, sinto raiva por isso, daria muitas coisas para que lembrasse, tivesse ao menos uma lembrança deles. Me lembro do sorriso dela e da voz dele, nada além. Sei como eram, claro, tenho fotos e relatos.

“Eram pessoas incriveis, Teddy”

Não consigo deixar de pensar... Por que os outros os tiveram e eu não? Isso é injusto. São meus pais ou dos outros?

Os visito todo dia, no máximo que posso chegar perto deles, os túmulos. É tudo que tenho deles, seus nomes escritos em lápides.

Estou enlouquecendo aos poucos, tudo que chego perto de convivência com humanos em dias é conversar com seus túmulos, falo como se eles estivessem ali, bem ao meu lado, como se eu fechasse meus olhos apenas por um segundo eles fossem me abraçar e me acariciar.

Como se ela fosse passar a mão nos meus cabelos e falar animada comigo, como se meu pai fosse sorrir e dar um conselho. Como se eles estivessem vivos.

Gosto de imagina-los na minha mente, gosto de pensar em como seria se Bellatrix Lestrange e Antonio Dolohov nunca tivessem tirado eles de mim. Gosto de imaginar como seria se eles estivessem vivos e ao meu lado. Gosto de imaginar como seria se eu passasse de uma aberração órfã. Gosto de imaginar como seria se eu tivesse um lar e pais.

Um riso rouco sai da minha garganta.

Como soei egoísta e arrogante! Como pude insinuar que não tenho um lar? Minha avó me deu um lar. Meu padrinho me deu um lar. Meus primos me deram um lar. Meus irmãos me deram um lar. Meus tios me deram um lar. Meus amigos me deram um lar. Mas... Meus pais não puderam me dar um lar.

Sinto dor com isso, medo e fraqueza. Me sinto frágil, tão frágil quanto aquele bebê que se tornou órfão tantos anos atrás. Eu cresci mas ainda me sinto pequeno.

Pessoas perderam entes queridos. Amigos, namorados, maridos, noivos, filhos, mães, pais, irmãos... Todos. Tudo foi arrancado tão bruscamente de pessoas inocentes e desapareceu tão subitamente. Pessoas teriam que conviver sem os amados como se estes nunca tivessem feito parte de suas vidas, nunca mais veriam quem amam, teriam que se contentar com as memórias. E os que nunca tinham conhecido como eu? E os que não se lembravam como eu? Teremos que nos contentar apenas com as fotos e os relatos de pessoas que jamais conheceremos mas mesmo assim amamos.

Me pergunto por que fizeram isso? Por que as guerras aconteceram? Não podiamos conviver em paz? Tenho a resposta... Poder.

Pessoas buscam tão desesperadamente o poder, o sucesso, que são capazes de quebrar suas essências.

Pessoas matam, torturam, mentem, fingem e lutam por poder. Pessoas tiram vidas e sacrificam outros para conseguir ter poder. Pessoas são capazes de tudo, até mudar quem são, para conseguir o sucesso.

Eu não vou passar por cima dos outros para alcançar o poder, o sucesso.

Eu não sei o que vou fazer.

Eu apenas sei que aproveitarei a vida que tenho, vida pela qual meus pais morreram para que eu pudesse ter.

Eu sou um vivo.

E aproveitarei a minha vida até que ela me seja tirada.

...

Caminho pelos corredores de Hogwarts, novamente dentro do seu terreno, quando cruzo sem querer o caminho com Harry.

“Teddy!” ele grita, parece em desespero, me puxando para um abraço apertado, quase sufocante, parece ter medo de eu desaparecer. “Onde você estava? Você está bem?”

“Eu precisava de um tempo...”

Ele me olhou, seus olhos verdes-esmeralda demonstrando tamanha preocupação que me envergonho de ter simplesmente desaparecido.

“E não avisou?”

Suspiro e dou de ombros, sem saber exatamente como reagir.

“Eu só precisava-”

“Teddy!” vovó me puxa para ela, me abraçando, sinto seu corpo tremer com seus soluços. “Você está bem, meu querido?”

Assenti com a cabeça, envergonhado de tê-la preocupado, ela perdeu toda a família, sou o último que lhe resta e lhe trouxe preocupação.

Ela sorriu doce e gentilmente, de um modo que apenas Andrômeda Rosier Black Tonks era capaz de fazer, muito mais aliviada, me olhando com seus olhos azuis e acariciando meu cabelo.

“Por que desapareceu, meu anjinho?”

“Eu precisava de um tempo sozinho...”

Ela assentiu, como se compreendesse, me pergunto se realmente compreende, ela odeia estar sozinha.

“Sr. Lupin, você deve-” McGonagall é interrompida quando meus amigos chegam.

Eles conferem se estou bem e me abraçam, Luke exige saber o que está acontecendo na minha cabeça problemática com total apoio de Danna antes de Ryan repreender os dois com um olhar sério e tão adulto que lhe faz receber um empurrão da irmã junto de um pedido para não agir como os pais desta.

“Teddy!” grita Victorie aparecendo e se jogando nos meus braços. “Por Merlin, Teddy! Lance um Obliviate antes de desaparecer desse modo na próxima vez!”

Eu sorrio para ela tentando me manter em pé e a segurar ao mesmo tempo.

“Então eu te preocupei?”

“De modo algum!” ela sorri antes de me empurrar de leve. “Por que eu me preocuparia com um idiota como você, Lupin?”

“Porque você me ama” eu sorrio de volta, tentando soar convicto e arrogante.

Ela ri com gosto antes de beijar minha bochecha.

“É, talvez”

Eu passo a mão pelo meu cabelo o tornando azul-turquesa e o bagunçando tentando imitar o jeito charmoso e estúpido de Jack e olhando para ela dando o meu melhor sorriso galanteador.

“Pode admitir, você me ama”

“Sinceramente? Eu te idolatro!” ela retrucou com seus fascinantes olhos safira me fitando. “Obsessão maior que a minha por você é só a sua por mim!”

“Sabe o que eu estava pensando? Deveríamos nos casar” comento sorrindo.

“Oh! Eu estava pensando o mesmo, querido!”

Nossos olhos se encontram, o âmbar no safira, e rimos juntos e com gosto antes de eu abrir os braços e ela me abraçar.

Só quando a tenho aninhada nos meus braços percebo como Vic faz falta, como a minha prima traz uma doce sensação de sucesso.

“Eu senti a sua falta” susurro baixinho, me pergunta se ela pode me ouvir.

“Eu também senti” ela responde tão baixo que me pergunto se foi ilusão da minha mente a resposta por parte dela.


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