–No terceiro ano, vocês começam à ter matérias opcionais – Ricky comenta.

–Não me diga – Jack ironiza.

Soltamos risinhos.

–Mas no segundo ano existem matérias extra-curriculares – Ricky completa. – O segundo ano com o terceiro. O quarto com o quinto. O sexto com o sétimo.

–Você lembra como a Jas cantava bem nas aulas de música trouxa? Não acredito que ela foi nossa professora por um ano – Emmett comenta.

–Jas... O apelido que vocês dão para a Jasmine. Você já pegou a professora? – Luke questiona.

–Não. É óbvio que não. Nenhum de nós dois – ironiza Ricky.

Rimos.

...

–Sente raiva de algo ou alguém? Tem alguma raiva acumulada dentro de você? – Ricky questiona para mim enquanto segura um dos tacos de batedores ao meu lado.

–Sim.

Raiva de Voldemort e seus seguidores. Raiva do Dolohov e seu grupinho (menos de Danna). Mas principalmente raiva dos malditos assassinos dos meus pais.

–Ótimo. Utilize essa raiva no Quadribol. Isso é útil para os batedores – ele move o bastão como se estivesse fazendo um home run, que é um movimento de um esporte trouxa chamado beisebol.

–Você utiliza? Tem raiva do que? – pergunto curioso.

–Não precisa ser bem raiva. Qualquer sentimento ou outra coisa ruim que você utilize já está bom. Vai te ajudar. O seu taco vai estar carregado de mais força.

–O que utiliza?

–O que o dementador me mostra.

Dementadores são algo muito comum. Depois da Batalha de Hogwarts os dementadores foram expulsos de Azkaban, então eles caçam suas vítimas pela sociedade. Os ataques de dementadores são as coisas mais comuns do mundo. Por isso o meu padrinho me ensinou à produzir um patrono antes mesmo de eu entrar em Hogwarts, assim que eu comprei a minha varinha.

–O que? – questiono.

–O dia que o meu pai morreu.

Ele me olha com uma cara que praticamente avisa para eu não força-lo à prolongar o assunto.

...

Acordo escutando a geladeira se abrir no andar debaixo. Me levanto e tento ir até lá silenciosamente. Não dá. Eu e a planta que tem no corredor não nos damos bem e eu a derrubo caindo por cima dela. Um barulho daqueles.

Escuto passos apressados enquanto me levanto e levanto a planta. Luke desce as escadas rapidamente e para ao meu lado.

–O que houve?

–Tropecei na planta e cai em cima dela.

–Você teve sorte que a minha mãe tem sono muito pesado. Ricky e Emmett saíram. Então no máximo você acordou só eu, Jack e Ryan.

–Tem alguém na cozinha furtando a geladeira.

–Que? – Luke questiona com a testa franzida.

–Vem comigo.

Estou começando a descer as escadas quando escuto alguém se levantado da cama.

Me viro e espero um pouco. Ryan.

–Venha com a gente – peço mas sai mais como uma ordem.

Vamos até a cozinha onde pegamos Jack no flagra.

–Jack! – Luke protesta.

–Você disse para eu me sentir à vontade!

–Mas não roubar a minha comida no meio da noite!

O lustre explode. Eu não gosto de ver meus amigos brigando.

–Desculpe, Luke.

Luke assente com a cabeça.

–Você é poderoso, Teddy. Deveria aprender à controlar o seu poder – Ryan comenta.

"É só um descontrole de magia!" tenho vontade de retrucar mas lembro da minha super audição, da visão aguçada e do olfato apurado.

–Estou com fome – murmuro sentindo todos os cheiros de comida que existe na cozinha se misturar com o cheiro das flores do jardim, deixando um cheiro forte e delicioso.

–Eu conheço uma receita. Quer dizer, já vi Marie fazer – comenta Ryan.

–Quem é Marie? Ela é gostosa? – Jack questiona.

–Eu não vou notar se a minha cozinheira é ou não gostosa, Jack!

–Bom, eu notaria.

Coço a nuca.

–Que receita é esta? – pergunto.

–É de um doce muito bom – Ryan responde.

–Vamos fazer – Luke determina.

...

Quatro garotos de doze anos que nunca cozinharam tentando cozinhar no meio da noite dá em bagunça total.

Jack e Luke não estão em um clima muito bom e não custou muito para eles começarem uma guerra de comida no meio da noite. Eu sou acertado por Jack sem querer e também foi "sem querer" que fiz todo o chantilly voar para a cara dele. Ryan também acaba entrando na guerra.

Você se esconde atrás de algo e tenta acerta os outros. É divertido. E, pelo menos eu, come o que acertaram em você.

Só nos interrompemos quando Ricky e Emmett chegam. Mas eles não brigam, na verdade se unem na confusão com nós.

Ficamos na guerra, abrindo a geladeira e os armários para achar mais comida para ser jogada, até a Sra. Abbott chegar.

–O que está acontecendo aqui?

Paramos a guerra no mesmo momento. Olhamos para ela.

–Vocês quatro sobem! – ela diz apontando para mim, Luke, Jack e Ryan.

Subo mas ainda consigo escutar o que está acontecendo na cozinha.

–Ricky! Emmett! Isso é exemplo para vocês darem para o seu irmão?

Entro no quarto.

–Respondem!

Eu não quero escutar esta briga.

–Mãe! Isso é minha culpa! – escuto a voz de Luke.

Me meto debaixo das cobertas.

–Saia daqui, Luke! Já disse para subir!

Coloco o travesseiro sob a cabeça tentando não escutar.

–Mas...

–Suba!

Eu não quero escutar. Mas a minha super audição não me dá essa opção.

Droga. O que está havendo comigo?

...

Escrevo três cartas (para minha avó, para o meu padrinho e para a tia Hermione) falando sobre o mesmo assunto. Os meus estranhos poderes. A super audição, a visão aguçada e o olfato apurado. Só para notar consigo escutar as vozes na casa mais próxima (que fica à quilômetros daqui) e também sentir o cheiro do jantar deles.

–Arquimedes

Minha coruja voa até mim e pousa no meu ombro.

–Preciso de um favor. Entregue estas cartas para a minha avó, para o Harry e para a tia Hermione, ok?

Entrego as cartas.

Ela pia antes de abrir as asas e começar à voar.

...

Encontro Zekrom no campo de Quadribol. O bufar dele é familiar para mim.

Monto nele e o acaricio.

–Você sabe para aonde.

E ele me leva. Nosso lugar. As montanhas ao redor de Hogwarts.

Permanecemos só um pouco mas curtindo muito.

Amizades com testrálios? Coisa que só Ted Lupin faria, pelo visto.

Mas Zekrom é especial. Eu sempre soube disso. Quando eu via Pokémon, aquele anime trouxa, eu me apaixonei pelo lendário Zekrom. Aquele enorme pokémon preto era especial igual ao testrálio invisível então deveriam receber o mesmo nome.

...

Recebo uma resposta escrita na letra do meu padrinho. Ele disse que havia conversado com a minha avó e tia Hermione. Que tia Hermione entrou em uma pesquisa para ver o que tenho. Ele disse para eu não me preocupar e só curtir esse tempo em que estou com os meus amigos.

...

Ryan nos força à sentar para fazer os deveres.

Ele sorri suavemente enquanto trabalha. Não entendo este seu sorriso. Eu e Luke fazemos caras de tortura enquanto somos forçados a trabalhar. Jack não está trabalhando, na verdade está devorando alguma coisa. Ele deveria ser gordo por comer como come mas ele também joga muito Quadribol.

–Qual é a resposta de vinte e seis? – pergunto para Ryan.

–Eu sei que você sabe – ele responde sem levantar os olhos do seu pergaminho.

–É. Eu sei. Mas to com preguiça de pensar.

–É só escrever o nome do ser sem começar uma conversa.

–Mas eu não recebi o nome.

Ele ergue os olhos para mim. Seus olhos tempestuosos faíscam enquanto ele responde:

–Você sabe a resposta.

–Eu to com preguiça de pensar.

–Teddy... É só escrever o nome.

–Que nome?

–Dementador, satisfeito? – ele retruca impaciente – Pronto. Respondi a pergunta para você. Deixe eu terminar o meu dever agora.

...

Zach e Darren visitam Ricky e Emmett e aproveitando disso jogamos um pouco de Quadribol.

–Luke... Maninho... Sinto muito – Ricky comenta.

–Sente pelo o que?

–Eu descobri quem vai ser o capitão da Grifinória.

–E...?

–Ele me odeia. Você vai ter que ser muito, muito, muito...

–Já entendi – Luke interrompe. – Continue.

–Você tem que ser muito bom mesmo, eu sei que você é assim então não me interrompa, para ele te aceitar. Porque ele sabe que eu me importo com você e vai querer me atingir não te deixando fazer o que gosta.

–Por que ele te odeia?

–Uma palavra. Jasmine.

–Então odeia o Emm também?

–Não – Ricky responde.

–Por que? Ela transou com os dois, não é?

–É. Mas ela só gostou de um – comenta Emmett.

Luke franze a testa.

–O que houve entre você e Jasmine, Ricky? – ele questiona ao irmão mais velho.

–Nada.

Ricky, provavelmente para evitar o assunto, sobe na sua vassoura e começa à voar. Nós o seguimos.

...

Eu, Luke, Jack e Ryan estamos no quarto de Luke.

–Sabe as garotas? – Luke pergunta.

Claro que sei. Sinto falta de Grace.

–Sei – responde Ryan.

–Não podemos passar as férias sem vê-las. Combinei de vê-las. Sabe, de sairmos com elas.

–Quando? – Jack questiona.

Estou atônito como Luke fala disso facilmente. Ele não queria que eu parasse de dar bola para Grace? Não queria que eu me desapaixonasse?

–Amanhã.

–Mas eu vou embora hoje – comento.

–Eu sei.

Me sento na cama dele e encaro seus olhos azuis.

–Eu sou o seu melhor amigo.

Ele assente com a cabeça concordado.

–Então por que você está fazendo coisas sem mim?

–Teddy, eu não posso te incluir nisto.

–Por que não?

–Você sabe porque.

Reviro os olhos.

–Por que você não deixa eu me ajeitar com a garota que eu gosto?

–Porque não vai dar certo com você e Grace. E você não vai ficar daquele jeito de novo, não se eu puder evitar.