Só mais um ano... ou não escrita por Alexandra Watson


Capítulo 37
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

Parte dois pra vocês.
*Divirtam-se*



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Juro que se não soubesse exatamente onde estava, não acreditaria que era na casa dos avós de Percy. A festa estava acontecendo na sala e lá fora. Eles havia retirado os sofás de dentro da casa e havia uma enorme mesa no lugar. Os sofás, que antes ocupavam a sala, agora ocupavam a varanda, que não era pequena. Havia um pedaço da varanda, que era um pouco maior do que o resto, onde haviam aparelhos de som e toda uma armação de boate mesmo. Um cara, que devia ser o DJ, estava sentado numa cadeira ali perto e uma música lenta tocava.

Haviam uns quatro ou cinco casais na sala de estar/sala de jantar improvisada. Tia Zoe ia passando e nos apresentando a cada um deles. Teria sido rápido se a cada dois minutos não chegasse um novo casal. Então quando, finalmente, os parabenizados chegaram é que foi servido o jantar. Depois, enquanto não começavam as músicas mais animadas, estávamos os quatro conversando até que Percy levantou e me convidou para dançar. Aceitei e fomos para a pista. Haviam outros dois casais lá, só que eles tinham tipo, trinta ou mais anos. Percebi, mas tarde, que uma das mulheres nos casais era tia Mari.

– O que aconteceu?

– Nada, por que? Não posso mais chamar minha namorada pra dançar?

– Percy, sempre que você me chama pra dançar é porque tem alguma coisa importante pra falar.

– Isso não é verdade.

Olhada de “você e eu sabemos que é verdade, então assuma logo”.

– Ok, pode ser um pouquinho verdade. Já que você insiste ... sabe o garoto, filho do primeiro casal que nós conhecemos?

– Acho que sim. O de treze anos?

– Esse mesmo. Se você olhar para trás agora vai ver como ele está te secando miseravelmente. Pronta?

Ele me girou lentamente e pude ver que o garoto estava mesmo fazendo isso.

– E daí? Ele só tem treze anos, Percy.

– E você ainda tem a inocência de pensar que garotos de treze anos não pensam nessas “coisas”?

– Tenho sim. Ignora ele, ok?

Dei um beijo nele e a música acabou. Os casais que estavam lá conosco saíram da pista nos olhando fixamente. Começou uma outra música e mais casais vieram. Continuamos ali porque vimos que as meninas estavam conversando com dois garotos lá no sofá e não queríamos atrapalhar.

– Percy, por que todos estão olhando pra gente?

– Deve ser por sua causa, óbvio.

– Eu?

– É. Claro, eu estou lindo, obviamente, mas você está maravilhosa. Embora eu ainda ache que esse vestido é meio decotado demais nas suas costas e realce muito bem você na frente e ...

– Percy ...

– Que foi? Gosto dele. É favorável a mim.

– Como assim favorável?

A mão dele que antes estava na minha cintura, foi para minhas costas, que eram completamente desprovidas de tecido. Me arrepiei e ele sorriu.

– Viu? Favorável.

– Idiota.

Abracei-o pelo pescoço e ele pôs as duas mãos em minhas costas. A música acabou e nós voltamos para o sofá onde só estava Lea e o tal garoto.

– Oi. Não quer nos apresentar seu novo amigo, Lea?

– Ah, gente esse é o Caleb.

Olhei para Percy e depois para Lea.

– Prazer em conhece-lo Caleb.

Apertei sua mão e Percy fez o mesmo. Então começaram a tocar músicas mais animadas e nós quatro fomos para a pista. Quando estávamos lá perguntei a Lea onde estava Roberta e ela disse que ela havia ido ficar com um garoto, Daniel. Lea saiu um pouco com Caleb e eu acho que rolou um climinha ali. Depois de um tempo, Percy e eu sentamos no sofá para 1) descansar e 2) namorar um pouco.

Eram duas horas quando tia Zoe disse que já ia subir para dormir, mas que poderíamos ficar ali até quando acabasse, se tivéssemos juízo. Concordamos e ela subiu, com tio Eric. Depois de ficar um pouco mais dançando, Percy e eu fomos dar uma volta. Só haviam adultos na pista, fora uns três ou quatro adolescentes, mas nem sinal de Lea, Roberta ou dos garotos novos.

Fomos andando até chegarmos no lago. Nos sentamos no banco e ficamos ali por um tempo e depois decidimos voltar e provavelmente ir dormir. No caminho de volta nós vimos nossos desaparecidos. Os primeiros foram Roberta e o tal do Daniel. Prefiro não comentar em como eles estavam se agarrando loucamente como se o mundo fosse acabar em minutos. Já Lea e Caleb estavam conversando e rindo e, antes de saírem de nosso campo de visão, vimos que eles começara a se beijar. Chegando perto da varanda, já havíamos decidido entrar e dormir, mas ai começou a tocar Hey Jude, a música favorita de minha mãe e que eu gostava muito também. Havia uma certa razão para isso.

*Flashback* (Alguém mais estava com saudades dos flashbacks?)

Quando saímos do aeroporto, fomos direto pra casa. Chegando lá, subi direto para meu quarto, entrei embaixo de minhas cobertas e chorei. Eu sentia muitas saudades de Percy, meu namorado, mas sentia ainda mais falta de Percy, meu melhor amigo de toda vida. Estava quase dormindo, ou pensava que estava por estar tão cansada e esgotada de chorar, quando minha mãe entrou no quarto.

– Annie, filha, não tá com fome? Você nem almoçou ...

– Não, mãe. Obrigada.

– Meu amor, não fica assim. Eu sei que ele era seu namorado e tudo, mas ...

– Não, mãe – me sentei e ela se sentou na minha cama também. – Ele não era só meu namorado. Antes disso ele era meu melhor amigo, meu ombro pra chorar, meu confidente. Pra quem, além de Clary, acha que eu fazia minha confissões? Acho que a única coisa que escondi dele até os treze anos foi que gostava dele, mas fora isso ...

Ela me abraçou e cochichou em meu ouvido.

– Minha mãe dizia que as coisas que perdemos sempre acabam voltando para nós. Mas nem sempre da maneira como imaginamos.

Consegui sorrir pra ela, com lágrimas nos olhos. Essa era sua citação literária favorita e acabara por se tornar a minha, ao longo do tempo.

– Espero que você esteja certa.

– Eu sempre estou, lembra?

Eu me deitei e ela deitou-se comigo acariciando meu cabelo até que ela começou a cantarolar.

– Hey Jude, don’t make it bad; Take a sad song, and make it better; Remember to let her into your heart; Then you can start to make it better …

Não me lembro até que trecho ela cantou, porque acabei adormecendo.

*Fim do Flashback*

– Podemos dançar só mais essa?

– Annie, eu tô com sono ...

– Por favor?

Fiz cara de cachorro pidão. Ele não pode resistir.

– Tá bom, mas depois dessa nós vamos dormir, ok?

– Uhum – puxei-o para a pista.

Ele pôs as mãos em minhas costas e eu apoiei minha cabeça em seu pescoço e comecei a cantarolar baixinho. Ao fim da música nos despedimos de seus avós e entramos.

Me despedi de Percy e entrei em meu quarto. Tirei o vestido, tomei um rápido banho quente e coloquei meu pijama. Abri a janela (estava elétrica e com calor) e me deitei e acho que dormi na mesma hora.

***********************************

Acordei no meio da noite para ir no banheiro. Olhei o relógio e ele marcava que ainda era quatro e meia, ou seja, fazia uma hora mais ou menos que eu havia dormido. Me virei para o lado direito da cama, para sair e vi uma aranha. Me desculpe se para você minha fobia é estúpida, mas pra mim ela é horrível. O pior é que não era uma daquelas aranhas pequenas que se tem dentro de casa e que você mata e se sente um herói. Era uma daquela maiores, não uma tarântula, mas grande. Gritei, mas sufoquei meu grito (um pouco tarde demais, mas enfim), porque os outros estavam dormindo. Tinha que pensar rápido, mas antes que conseguisse, Percy entrou em meu quarto e viu minha cara de pânico e depois a aranha.

– Annie, calma. Não faça movimentos bruscos.

Ele estava com um copo na mão e veio em minha direção. Ele, graças aos deuses, havia conseguido prender a aranha. Pegou um papel, pôs debaixo do copo e olhou para mim. Nesse momento tia Zoe entrou no quarto.

– Annie, querida. O que foi? Você está bem?

Ai ela viu a aranha dentro do copo na mão de Percy.

– Ai deuses! – ela correu em minha direção e me abraçou. Eu estava muito estática pra retribuir.

– Mãe, deixa que eu assumo daqui. Só dá um jeito na aranha que eu levo ela pra beber alguma coisa.

– Tudo bem – ela me soltou e foi na direção de Percy. Ela cochichou alguma coisa em seu ouvido, pegou o copo e saiu, fechando a porta. Percy veio, tirou minha manta e sentou-se na cama.

– Você tá bem? – ele passou a mão sobre meu rosto.

Balancei a cabeça negativamente. Ele me puxou para seu colo.

– Você quer alguma coisa? Água? Chá? – ele dizia enquanto eu afundava meu rosto em seu pescoço e tentava me acalmar. Eu estava à beira de um ataque de pânico e precisava me acalmar. O perfume dele ajudava nisso.

Balancei a cabeça, afirmando dessa vez. Ele se levantou, me levando dessa vez com ele. Só fui posta no chão quando já estávamos na cozinha. Na verdade fui posta sentada no balcão. Ele fez meu chá e eu só observava muda até que ele me entregou a caneca e eu disse obrigada bem baixinho. Minhas mãos estavam tremendo. Bebi meu chá e me acalmei um pouco. Ele pegou a caneca de minhas mãos, pôs na pia e depois me pegou. Ao contrário do que todos pensam, ele não me levou para meu quarto e sim para o seu.

Ele me colocou em sua cama e saiu. Esperei que ele voltasse porque queria perguntar uma coisa a ele. Quando ele voltou trazia meu travesseiro com ele.

– Obrigada – era a segunda vez que eu me pronunciava essa palavra em quinze minutos.

– De nada – ele foi para o outro lado da cama e se sentou. - Melhorou?

– Um pouco. Percy, o que sua mãe lhe disse antes de sair?

– “Não a deixe sozinha. Juízo.”

Sacudi a cabeça. Aquilo me fez pensar em como tia Zoe tinha confiança em Percy e em mim, é claro, mas principalmente nele. Ele que havia resolvido virar praticamente um punk, colocar um pircing e tudo e mesmo assim, com alguns pais perdendo a confiança nos filhos por essas simples coisas, ela continuou a confiar nele.

– Tudo bem pra você dormir sem sua manta? É que eu pensei que você não ia querer dormir com ela depois disso.

– Você pensou certo, Cabeça de Alga.

Arrumei o travesseiro e deitei por baixo da coberta. Ele fez o mesmo e se aproximou de mim.

– Se estiver desconfortável pra você, eu posso me deitar no sofá.

Em resposta, me aproximei e deitei em seu peito. Ele me abraçou e sua respiração se tornou regular, mostrando que ele havia dormido. Pouco depois aconteceu o mesmo comigo.


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Notas finais do capítulo

Eu também tenho um amor imensurável por esse capítulo (acho que são meus dois favoritos).
Enfim, juro de todo coração que tentarei terminar isso.
Beijinhos.
— A



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