Ás três horas Hermione e Tris chegaram para fazerem suas unhas e cabelos. Era engraçado porque o salão tinha mais umas sete moças e nós três ficávamos conversando alto sobre como era chato ser uma garota e como queríamos ter nascido garotos ou sobre algumas histórias constrangedoras que inventávamos na hora (ou não) para ver a reação delas. Para nossa satisfação, as moças, na sua maioria senhoras, ficavam nos encarando incredulamente e nós só riamos disso tudo.

Ás sete e meia minha mãe chegou com nossos vestidos e sapatos. As meninas se trocaram e saíram enquanto uma moça terminava de arrumar meu cabelo. Me troquei, colocando o primeiro vestido da noite e fomos embora. Minha mãe disse que, lá no salão tinha um quarto (atrás das cortinas) onde podiam-se guardar as coisas. Ela combinou um horário para a cabelereira ir dar uns ajustes no meu cabelo antes da valsa.

Fomos para o carro, onde meu irmão nos esperava, com a porta aberta para mim.

– Annie, você está linda.

– Obrigada, Ron. E você também está, irmãozinho. Devo admitir que esse terno que eu desenhei ficou ótimo em você.

Ele acenou com a cabeça e me ajudou a entrar no carro. Minha mãe chegou e deu a partida.

– Onde está o papai, o Finn e a Arya, mãe?

– Eles foram um pouco mais cedo. Caso alguém chegasse lá adiantado.

Chegamos em frente ao salão. Ele estava vazio, ainda. Minha mãe desceu para falar com meu pai e deixou eu e meu irmão sozinhos no carro. Meu irmão, vendo eu não me movia olhou para trás.

– Você tá bem?

– Tô nervosa – falei começando a entrar em pânico.

– Relaxa. Vai dar tudo certo e, se não der, vai no mínimo, ser engraçado.

– Ron, isso não está ajudando ...

– Annabeth Levesque, me escuta. Você vai sair desse carro de braços dados com seu irmão e vai aproveitar ao máximo sua festa de aniversário. Se alguma coisa der errado, dane-se.

Olhei para ele.

– Obrigada, Ron.

– De nada. E também, eu não aguentei a mamãe por todo esse tempo falando dessa festa pra você não curtir ela.

Sorri para ele e abri a porta do carro. Ele fez o mesmo e me ajudou a sair. Fomos para o salão e, minutos depois, o primeiro carro chegou.

Me posicionei bem na entrada. Enquanto seja lá quem fosse que estivesse chegando não chegasse, eu estava tirando fotos com a família. Minha irmã estava com um vestido branco com detalhes azuis e minha mãe também, só que o dela era longo. Meu pai e meus irmãos estavam de terno, óbvio, e com gravatas azuis também, só que em um tom mais escuro. Depois das fotos, desceram do primeiro carro Hermione, Tris, Tobias e Percy.

– Ai meus deuses, vocês estão muito gatos!

Não me contive. Eles estavam realmente muito bonitos.

– E você então? – disse Percy. – Athena que nos desculpe, mas hoje você está realmente uma deusa grega.

Pra você que se pergunta: ué, mas não é Afrodite que é a deusa da beleza? Sim, é ela. Mas desde pequenos, Percy e eu temos na nossa cabeça que Athena e Ártemis são mais bonitas do que Afrodite. Inteligência e coragem, na nossa opinião, contam muito mais do que beleza, por sinal.

– Ele tem razão, Annie. Você tá linda – disse Hermione me abraçando.

Tirei foto com todos, individualmente e depois uma em grupo. Depois, como não tinha chegado mais ninguém, mostrei o lugar deles, na mesa grande. Voltei ao meu posto e, para minha surpresa, um ônibus estava parado em frente ao salão e, de dentro dela, saiam todos os meus amigos de São Paulo. Quase chorei quando vi Clary descendo do ônibus.

– Ai meus deuses, Annabeth Levesque!

Ela praticamente correu abrindo caminho entre os que estavam na sua frente. Devo acrescentar que ela teria me derrubado, não fosse ela ter tido consciência de como estava rápida segundos antes de me atingir. Então dei um abraço nela, muito forte.

– Annie, você tá linda. Parabéns! Ai que saudades! Como você está? Estão sendo legais com você na nova escola? Se não, eu posso resolver isso pra você ainda hoje e ...

– Clary, calma. Respira. Eu estou ótima, você também está linda e estão me tratando muito bem na nova escola.

– Que bom. Depois você me conta tudo, ok?

– Ok.

Cumprimentei meus outros amigos e dá-lhe foto individual e em grupo de novo. Depois levei-os a suas mesas e Clary quase teve um ataque quando viu Percy. Ela teve sorte de o salão estar vazio e sem testemunhas porque ela basicamente correu e pulou em cima de Percy. Já contei que ela e Percy eram muito próximos? Tipo, eles se juntavam ás vezes e faziam planinhos maquiavélicos contra mim.

Apresentei ela a Tris, Mione e Tobias e eles começaram a habitual conversa do seu-pai-ou-mãe-também-gostava-de-ler-livros-de-saga? Normal.

Voltei para a entrada bem na hora em que milhões de pessoas chegavam entre elas meus primos trigêmeos Uriah, Will e Christina. Sim, a mãe deles, irmã de meu pai, era totalmente fascinada em Divergente. Junto com eles chegou minha tia Fernanda que era uma prima de meu pai e ela era tipo super moderninha e radical (ela tinha vinte e cinco anos). Mas tinha um probleminha: e os namoradinhos? É, ela era dessas tias que perguntam sobre os seus namoradinhos perto de seus pais achando que, se você tivesse um, você ia dizer.

Fiquei mais uma meia hora na porta tirando fotos e tals, então entrei e pedi que me avisassem se alguém chegasse. Fui me sentar na mesa grande, onde Clary, Tris e Hermione já pareciam melhores amiguinhas. Comecei a conversar com elas até que o jantar foi servido e, depois de comer, sei lá, duas garfadas, minha mãe chegou dizendo para eu ir me trocar.

Subi as escadas e entrei com minha mãe na pequena e aconchegante sala lá em cima. Comecei a me trocar e depois deixei minha mãe soltar meu coque. A cabeleira começou a arrumar meu cabelo enquanto minha mãe descia e ia chamar o pessoal. Dez minutos depois ela bateu na porta e a cabeleira saiu me desejando boa sorte. Sorri e me olhei no espelho. Respirei fundo antes de minha irmã, que ia descer as escadas comigo, entrar na sala.

– Annie, você tá linda – eu estava ouvindo muito isso nessa noite.

– Obrigada, Arya. Você também – disse passando a mão sobre seus cachos.

– Vamos? – ela estendeu a mãozinha.

– Calma, temos que esperar o pessoal descer.

E esperamos. A começou. Depois de certo tempo abri um pouco a porta e vi que faltavam dois casais pra entrar. Depois seria minha vez.

Ai meus deuses. Ai meus deuses. Ai meus deuses. Ai meus deuses. Ai meus deuses. Era minha vez. Um passo de cada vez, Annabeth. Um passo de cada vez.

Sai da sala. Parei ao pé da escada, olhei para Arya e continuamos. Descemos as escadas e não ousei olhar para o lado ou para baixo, só para frente e sorrindo, como minha mãe instruiu.

Chegando lá em baixo dei um abraço em minha irmã e ela continuou caminhado sozinha, até o lado de minha mãe. Olhei para o lado e lá estava Ron com a mão estendida e um sorriso no rosto para mim. Peguei sua mão e fomos até onde os outros casais estavam. Ele me deixou ao lado de meu pai e foi para o lado de Hermione.

Depois, Finn desceu as escadas trazendo um salto branco brilhante numa almofada prata. Eu não podia ter uma explosão de fofura naquele momento, mas foi difícil evitar. Ele estava a coisinha mais fofa do mundo. Ele chegou perto de nós, eu me sentei numa cadeira posta ali estrategicamente planejada e ele colocou os sapatos nos meus pés. Depois me abraçou e eu o abracei também. Dancei um pedaço da música com meu pai e o restante com Percy, com os outros casais nos acompanhando. Então a música acabou, nós nos cumprimentamos e as luzes se apagaram. Totalmente. Tipo, não dava pra ver nada e juro, se nós não tivéssemos ensaiado com as luzes apagadas, eu teria no mínimo derrubado metade dos dançarinos. Mas enfim, enquanto as luzes não se acendiam, as meninas corriam e se escondiam na sala onde me troquei. Na verdade, elas só ficavam lá em cima na escada, mas as luzes estariam focadas só em mim e nos meninos. Então a música começou a tocar. I’m sexy and I know it e eu tirei o vestido longo, ficando com o azul escuro e branco curto (foi quase um strip-tease). Não me julguem, ok? Percy teve grande participação na escolha dessa música.

Comecei a dançar com os meninos e, admito, foi divertido. Quando o refrão ia recomeçar a música parou e, advinha, começou a das meninas. Juro que quem escolheu a música foi Tris e Hermione, eu só aprovei. Qual: Diva, Beyonce. Ela começou e eu, rezando para não cair do salto, me dirigi a escada. A música tocou e, quando estava acabado, nós já estávamos onde os garotos estavam, para dançarmos a última música juntos. A escolhida foi Thriller, Michael Jackson. Clássico. Era engraçado porque estávamos todos muito bem arrumados fingindo sermos zumbis. Ao final da dança fui içada do chão, contra minha vontade, para tirarmos uma foto. Sorte que eu estava com um shorts curto por baixo para dançar, porque se não Percy teria levado uma não tão pequena surra de meu pai ou meu irmão.

Cantamos o parabéns e cortamos o bolo. Depois fomos para a pista e ficamos, pelo menos eu, Tris, Hermione e Clary ficamos a noite inteira dançando. Percy, Tobias e Ron apareciam de vez em quando, mais para namorar do que para dançar, mas tudo bem.

Ás quatro horas as últimas pessoas já tinham ido embora, só havia ficado, além de mim e minha família, Percy, que ia embora com a gente porque a mãe dele tinha ido embora mais cedo por causa de Dany. As meninas já tinham ido embora porque os pais de Hermione vieram busca-la e Tris foi junto. Tobias foi um pouco mais tarde e o pessoal de São Paulo ia passar a noite num hotel e ir embora amanhã de manhã. Foi difícil me despedir de Clary, já estava com saudades.

Fomos embora e Percy foi para sua casa pegar suas coisas para dormir lá em casa. O truque para minha mãe deixar foi fingir que eu não sabia de nada.

– Mãe, o Percy pode dormir em casa?

– E onde exatamente ele dormiria, Annie?

– A gente pode dormir lá na sala, ué. Só que dessa vez cada um pega um pedaço do sofá-cama. Pode ser?

Ela pensou por um tempo.

– Pode, claro. Só avise sua mãe, Percy.

– Não se preocupe, tia Sophie. Quando eu for lá em casa pegar uma roupa, eu deixo um bilhete.

– Ok, nesse caso pode sim.

Olhamos e sorrimos um para o outro, discretamente. Chegando em casa, Percy foi direto para a sua e eu, minha mãe, meu pai e Ron fomos para a nossa.

P.S.: meus irmãos haviam ido embora com tia Zoe, mais cedo.

Entrando em casa fui direto para o banheiro. Além de estar toda suja de tanto dançar com as meninas, eu ainda havia tirado o salto, então imagine a cor que estava meu pé.

Depois de uns bons dez minutos tomando banho, sai e coloquei meu pijama de corujas. Não estava tão frio hoje, mas peguei uma manta para mim e outra para Percy mesmo assim. Descendo as escadas, encontrei ele e minha mãe na cozinha, ela alimentando-o como a um bebe.

– Tem certeza de que não quer bolo, Percy?

– Tenho, tia. Tô de boa.

– Ok. Mas e alguns biscoitos? Ou quem sabe umas torradas, frutas?

– Tia, muito obrigado, mas já estou satisfeito.

– Você quem sabe – entrei na cozinha. – Ah, filha. Tá com fome?

– Não, mãe. Obrigada.

– Tá bom. Eu vou dormir e, se vocês acordarem e eu ainda estiver dormindo, procurem alguma coisa ou vão para a casa de Percy, ok?

– Sim, senhora.

– Juízo.

Vergonha alheia.

– Vamos dormir? Eu tô quase dormindo em cima dessa mesa, Annie.

– Vamos, claro. Eu peguei uma manta pra você, ok?

– Obrigada.

Fomos para a sala e nos deitamos. Antes de dormirmos combinamos o que fazer no domingo. Como não tínhamos nenhuma ideia, resolvemos adiantar um certo trabalho e fazer as tarefas que faltavam. E então dormimos, ou melhor, hibernamos.

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Começarei pelo dia da apresentação de dança. Acontece que, diferentemente dos primeiros dias, várias outras garotas começaram a ir nas aulas de dança e, quando chegou o dia da apresentação, éramos em dez meninas. Duas teriam um compromisso no dia e não podiam comparecer. Elas eram Vitoria e Jeanine.

O restante da sala, as garotas, estava no anfiteatro, atrás das cortinas. Se nós estávamos nervosas? Pode apostar. Hermione, Tris, Lena, Jean e eu estávamos sentadas num canto, conversando.

– Gente, eu tô nervosa – disse Tris.

– Não é só você, querida – Hermione disse pra ela, mexendo no celular e sem tirar os olhos do mesmo.

– Com quem você tá falando, Mione? – perguntei, mexendo no cabelo. Meu tique quando estava nervosa.

– Com seu irmão. Ele disse que eles já estão aqui, todos os quatro – ela olhou para cada uma de nós.

– Por que eles fazem isso com a gente? – Tris perguntou indignada.

– Porque eles vão usar isso pra zoar a gente depois da apresentação, por isso – Lena disse normalmente.

– Meninas, dois minutos. Vão se aquecer.

Nos entreolhamos, preocupadas. Levantamos e fomos nos aquecer. Dei uma olhada pela cortina e vi os garotos sentados na terceira fileira do anfiteatro. Os três colegiais mais o nono e oitavo ano inteiros estavam lá.

Respira, Annie (o engraçado é que eu dou ordens a mim mesma e não as obedeço mesmo assim).

– Meninas, se posicionem e divirtam-se, ok?

Concordamos e fomos para nossos lugares. Dei uma última olhada para Tris e Mione e elas sorriram encorajadoramente e eu fiz o mesmo. As cortinas foram erguidas e a música começou a tocar.

E o medo de errar? Exatamente. Mas foi legal. Nós fomos o primeiro grupo mas, não pense que estou me gabando nem nada disso, mas fomos umas das melhores a dançar. Digamos que, além do estilo ser o mais legal, podíamos descartar as meninas do oitavo e nono ano, porque ela eram ... ruins. Pronto, falei. As outras meninas até que foram bem, mas não sei. Elas pareciam com medo de se soltar, coisa que não aconteceu na nossa sala, porque nós parecíamos um bando de loucas dançando. Acabou a apresentação e nós fomos para o palco, todas as salas juntas e a diretora veio falar alguma coisa sobre importância de sei-lá-o-que.

Tenha em mente que a apresentação ocorreu durante o período letivo. Assim, os meninos e as meninas que não iam dançar tiveram a primeira aula e um pedaço da segunda e as meninas que iam dançar ficaram livres para se trocar e ensaiar. Quando acabaram as apresentações, todos estariam liberados. Esperamos todos saírem, porque tava um tumulto ali. Então os meninos vieram nos parabenizar e dizer como estávamos lindas e maravilhosas dançando.

Pra comemorar saímos com praticamente todo mundo da sala, num restaurante de rodízio e foi ótimo.