Só mais um ano... ou não escrita por Alexandra Watson


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a maravilhosa Vick, filha de Zeus por ser a primeiríssima a comentar e dizer que já vai acompanhar. Vick, você é ótima.
Espero que gostem.
*Divirtam-se*



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Meus últimos dois dias de férias se resumiram em arrumar material (que é uma coisa que eu adoro, porque todos os anos eu personalizo meus cadernos) e em ficar observando o teto do meu quarto. Eu poderia ler, mas já havia lido todos os meus livros na casa de minha avó, que por acaso não tem internet e a TV não tem canais legais e minha mãe disse que só ia pedir mais livros quando as aulas começassem. Eu poderia escrever, mas estava sem inspiração e ia acabar escrevendo meu nome várias vezes. Eu podia estar conversando com Percy ou Clary pelo Skype, mas quem disse que algum dos dois entra em contato?

Então, eu fiz a única coisa que ainda não tinha feito (além de guardar o material na bolsa): escolhido uma roupa para ir para a escola.

Eu sei, o normal é ir para a escola de uniforme, mas na nova escola, minha mãe me disse que os alunos não precisavam usar uniforme. Parece que, há alguns anos, alguns alunos (especialmente meninas), resolveram reclamar com a diretora que os uniformes eram muito antiquados e feios. Então ela fez um combinado com os alunos, que, se eles usassem as roupas que eles quisessem e na segunda metade do ano isso atraísse mais alunos, eles poderiam usar essas roupas para sempre. Na metade do ano, entraram realmente muitos alunos, por causa dessa providencia e assim ficou.

Eu, particularmente, não ligo de usar uniformes, mas eu andei dando uma pesquisada e os uniformes eram feios mesmos. E olha que eu não ligo tanto assim para roupa. Por que já estou escolhendo a minha? Simples. Eu acordo faltando uma hora para começarem as aulas, mas eu gosto de chegar meia hora antes para poder ler, então eu tenho meia hora para tomar um rápido banho, me trocar, tomar café da manhã, escovar os dentes e tentar fazer alguma coisa em minha bagunça que chamo de cabelo. Não me leve a mal, mas eu não tenho culpa de meu cabelo ser assim. Eu gosto dele, mas dá trabalho cuidar, então na maioria das vezes eu só lavo e deixo ele natural. Eu, particularmente, acho que ele fica normal, mas minha mãe diz que, quando eu tento arrumar demais, não fica tão bonito como ficaria se eu não tivesse feito nada. Confuso? Bastante. Mas uma coisa um pouco estranha é que, de uns dois anos pra cá, eu tenho gostado bastante da ideia de “me maquiar”. Sim, pode parecer que eu sou uma patricinha de primeira classe, mas eu só gosto e me sinto melhor com ela, ajudou a levantar minha autoestima. Mas não se preocupe, eu não uso tipo, sombra e blush na escola como algumas pessoas que conheço.

Bom, escolhi uma roupa simples, calça, blusa, um tênis e deixei separada uma blusa de frio levinha e, como ainda eram cinco horas, desci até a cozinha porque é isso que faço quando estou sem nada pra fazer. Comida resolve tudo.

Minha mãe estava lá, conversando no telefone. Meu pai e Arya também estavam lá, sentados na mesa comendo um sanduiche.

Me sentei na mesa esperando alguma coisa acontecer. Minha mãe desligou o telefone e pôs um sanduiche na minha frente.

– Obrigada, mãe.

– De nada, querida.

– Quem era no telefone? – perguntei mordendo o sanduiche.

– Era a Zoe.

Engasguei.

– A tia Zoe?!

– Sim, ela disse que estava de volta no Brasil.

– Ela disse onde eles iam morar?

Minha mãe sorriu pra mim. Não um sorriso amoroso ou sarcástico. Um sorriso de cumplicidade.

– Na verdade, não. Esqueci de perguntar a ela. Desculpe, Annie.

– Liga no celular dela mãe!

– Ela não ligou do celular, querida. Ela ligou de um aeroporto e disse que estava indo tomar um avião.

– Mãe, como assim você não perguntou pra onde eles iam? Ela é sua melhor amiga e melhores amigas fazem isso!

– Não grite assim comigo, Annabeth Levesque. Não é minha culpa que você tenha uma que...

– MÃE!!!

– Saindo – meu pai disse já a meio caminho da porta.

– Mamãe, por que o papai foi embora? – perguntou a pequena Arya.

– Por que, minha querida, ele percebeu que ia haver, aqui na cozinha, uma conversa mãe, filha e filha mais nova escutando tudo.

– Hã? – pobre Arya. Minha mãe falava rápido demais às vezes.

– Arya, por que você não vai chamar o Finn pra comer um sanduiche? – eu perguntei docemente. Isso devia atrasa-la uns dez minutos, tempo suficiente até eu e minha mãe termos uma “conversinha”.

– Tá bom, Annie – ela sorriu e saiu.

Minha mãe se recostou na pia, olhando para mim.

– Como assim você não perguntou pra onde eles iam, mãe?

– Nossa, uma pessoa não pode querer simplesmente conversar com uma amiga sem ter que saber onde ela está?

– Não, mãe! Pelo menos não quando se trata da mãe de meu melhor amigo que eu não vejo faz meses!

– Agora a culpa é minha que você não vê ele a meses? – conheço bem minha mãe, e ela estava se divertindo com tudo isso.

– Mãe, compreenda sua filha querida, o Percy e eu crescemos, literalmente juntos. Desde que você fez o projeto da nossa casa e da casa dos Grace nós, praticamente moramos juntos. Literalmente, moramos juntos uma vez em que ficamos uma semana na casa da árvore nas férias porque ele tinha acabado de brigar com a mãe dele e nós só saímos por causa daquela aranha gigante que apareceu. Eu acho que você precisa, sim, perguntar pra mãe dele onde eles estão!

É, ás vezes eu também falo um pouco rápido demais.

– Desculpe, Annie. Não achei que fosse importante. Quero dizer, quais são as probabilidades de eles se mudarem aqui perto?

– É, você tem razão. Desculpa, mãe.

– Tudo bem, Annie – ela disse me abraçando e depositando um beijo na minha cabeça. Minha mãe é uma fofa. Ela não faz diferença entre nós quatro.

Me sentei na cadeira pra terminar meu sanduiche (alguém ainda lembra que eu estava comendo um sanduiche?) e minha mãe ia saindo da cozinha, mas, quando ela chegou no portal entre a cozinha e a sala de jantar ela parou e se virou para mim.

– Só mais uma coisa, Annie. Alguém naquele aeroporto mandou um beijo para uma certa “Sabidinha”. Adeus.

E ela saiu andando como se nada tivesse acontecido.

***********************************

Eu vou explicar. Quando nós (Percy e eu) tínhamos cinco anos, nós estávamos na minha casa fazendo tarefa. Sim, aos cinco anos já tínhamos tarefas, mas eram aquelas simples de achar fotos e letras nas revistas. Eu não e lembro muito bem o que aconteceu, só lembro que tínhamos que encontrar todas as vogais nas revistas e que, cinco minutos depois de começar a fazer a tarefa, eu já havia terminado e o Percy só havia achado três vogais.

*Flashback: *

– Anda logo, Percy! Eu quero ir no parque ainda hoje!

– Eu não tenho culpa se não sou um sabe tudo irritante como você!

– Eu não sou uma irritante sabe tudo! Você que tem a cabeça cheia de algas!

– Por que algas?

– Porque eu sei que você gosta do mar, seu bobão.

– Eu não sou bobão! Você que é uma sabidinha chata!

– Olha, porque você não termina isso logo pra gente ir no parque?

– Porque você fica me atrapalhando!

– Então termine sua tarefa sozinho!

Fui para meu quarto terminar de ler o livro que minha mãe havia me comprado naquela semana. Ele era tão bonito, com vários desenhos e tem uma história bem legal.

Quando eu ia começar a ler, alguém bateu na porta.

– Quem é?

– Sou eu.

– Eu quem?

– Percy.

– Não conheço nenhum Percy.

– É o Cabeça de Alga, Annie.

– Pode entrar.

Ele entrou e se sentou na minha cama com algumas revistas na mão.

– Annie, você poderia me ajudar?

– Qual a palavra mágica?

– Por favor?

– Muito melhor.

– E não me chame de Cabeça de Alga.

– E não me chame de Sabidinha, cabeça de Alga.

*Fim do Flashback*

Sabidinha e Cabeça de Alga eram apelidos provocativos quando éramos crianças. Atualmente, nos chamávamos assim carinhosamente, até.

Já que eu não tinha mais nada pra fazer, fui guardar meu material escolar, o que levaria uns dois minutos. Terminada essa tarefa, fui ver TV (na boa, ver TV é a solução para o tédio).

Eram umas sete e meia e eu fui tomar banho para poder ir dormir cedo (tradições de primeiro dia de aula). Depois do banho, fui jantar e fui me deitar.

Antes de eu estar completamente dormindo, minha mãe apareceu no meu quarto. Acho que ela estranhou o fato de eu ir me deitar cedo, já que eu sempre vou dormir tarde porque fico lendo.

– Annie, tá tudo bem?

– Sim, mãe. Por que?

– Porque você nunca vai dormir cedo, está sempre lendo algum livro...

– Mas, mamãe querida, você disse que não vai comprar livros novos pra mim até que as aulas começassem.

– Então, que tal se nós formos amanhã comprarmos livros novos?

– Mãe, o que você quer?

– Nossa, uma mãe não pode querer sair pra comprar livros novos pra sua filha?

– Não, mãe. Diga o que você quer.

– Tudo bem. Eu preciso ir ao shopping e, como seus irmãos vão estar fora, você poderia ir comigo, Annie?

– Claro, mãe.

– Ah, obrigada filha. Eu não queria ir sozinha.

– Mas, tenho algumas condições.

– É, eu mereço. Fala.

– Eu quero cinco livros novos.

– Ok, pode ser. Nós saímos depois do almoço.

– Tudo bem, mãe. Boa noite.

– Boa noite, querida.

Minha mãe tem um jeito engraçado de pedir as coisas. Mas eu já aprendi a reconhecer quando ela quer pedir as coisas mas tem vergonha.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo.
Beijinhos.
— A