A movimentação foi grande no nascimento da criança, mas tudo deu certo no final. Narcisa levou uma amiga dela que era parteira para ajudar. E o parto foi ótimo.

Draco e Enrico estavam na sala de estar. Andavam de um lado para o outro roendo as unhas. Ethan estava sentado no sofá observando os dois. Faziam os mesmos gestos e parecia que tinham combinado os movimentos.

Hermione apareceu no local, os dois pararam de andar e a olharam apreensivos.

— É uma menina — disse sorrindo.

Os dois sorriram também.

— Posso ver? — Enrico perguntou.

— Claro!

O loiro saiu dali correndo e Hermione se aproximou de Draco.

— Você está bem?

— Merlin! É uma menina! Tudo de novo...

Hermione riu e o beijou.

— Menina?

Os dois se separaram e olharam o sofá. Ethan estava sentado com as pernas e braços cruzados.

— Sim. Sua sobrinha.

— O que é sobrinha?

Os dois trocaram olhares e Hermione sentou ao lado dele.

— Isso significa que você além de ser mais velho do que ela, tem que cuidar e proteger ela.

— Por quê?

— Porque os bebês precisam de cuidados e você como tio, deve protegê-la.

— Mas por que?

Hermione suspirou.

— Meu filho você não precisa ficar com ciúmes dela. Ninguém aqui vai te deixar de lado, você entende?

— Vão sim — falou emburrado.

Hermione olhou para trás e Draco suspirou.

— Temos dois bebês em casa e precisamos cuidar deles...

Hermione ia falar, mas Draco fez sinal para ficar quieta.

— Eu não sou bebê.

— Parece ser. Precisa dos mesmos cuidados que ela.

— Eu não sou bebê! — falou irritado.

— Então por que está falando essas coisas? A gente nunca te deixou de lado para nada. Ai basta chegar um bebê que fica com ciúmes e falando que vão roubar seu lugar? Se ela está roubando seu lugar é porque é um bebê.

Ethan cruzou os braços fazendo cara feia.

— Eu não sou bebê...

— Então para de agir como um e vamos lá em cima conhecer ela.

Hermione ficou em silêncio olhando Ethan, que ficou um tempo olhando o chão de braços cruzados. Draco estava em pé o olhando sério.

O menino levantou do sofá e foi na frente deles. Draco suspirou quando ele saiu da sala.

— Você foi duro com ele...

— Mas foi preciso.

Os dois foram atrás do menino que seguia até o quarto de Clara. Ao entrar viram ele parado perto da cama olhando a irmã. Clara estava sentada com a criança nos braços e sorria. Enrico estava sentado ao lado dela e acariciava a cabeça do bebê.

— Chega mais perto... — Clara chamou o menino.

Hermione ia falar, mas Draco não deixou. Ethan demorou um pouco, mas foi até a irmã. Ele subiu na cama e sentou em cima das pernas para olhar o bebê.

Estava de olhos fechados e mexia as mãozinhas lentamente.

— Chega mais perto.

Ethan olhou Clara meio em dúvida.

— Vem. — Puxou o braço dele.

O pequeno ficou olhando a criança em silêncio, Clara pegou a mão dele e puxou para que colocasse a mão nela. Sabia que ele estava com ciúme e um pouco de medo daquela situação. Ethan ficou tenso, mas logo relaxou ao ver que não tinha nada demais no bebê.

Em pouco tempo sorriu e fez carinho na mão dela. O menino olhou sua irmã e ela sorria para ele. A bebê deu um gemidinho e segurou os dedos de Ethan. Ele deu uma risada.

Hermione apoiou a cabeça no peito de Draco ao ver que tudo estava bem agora.

O pequeno adorou a menina e até a segurou um pouco. Claro que Clara ficou do lado dizendo como segurar direito. Depois Hermione pegou a menina e sorriu emocionada. Apesar de tudo ela era tão perfeita.

Hermione se aproximou de Draco e entregou o bebê. O loiro ficou um tempo em silêncio olhando a criança. Agora estava de olhos abertos.

— Acho que os olhos azuis vão ser sempre mais fortes nessa família...

— Com pais de olhos claros e avô de olhos claros, como não ter? — frisou a palavra avô e viu Draco tremer.

— Mas ela poderia ter puxado você.

— Parece mais com o Enrico.

— Isso é tão injusto! — Clara reclamou.

— Por quê? — Enrico perguntou confuso.

— Eu que carreguei ela por 9 meses e parece com você?

Os três riram e Clara cruzou os braços.

— Pelo menos ela puxou o que você tem de mais bonito...

— O que?

— Os olhos — disse sorrindo.

Clara sorriu e chegou mais perto dele o abraçando um pouco.

— Está bem?

— Cansada...

Enrico beijou a testa dela.

— Descanse um pouco e tome um banho. Vou cuidar dela pra você — disse Hermione.

— Obrigada.

Hermione saiu do quarto com a menina e Ethan a seguiu. Draco se aproximou de Clara.

— Você está bem mesmo?

— Estou sim.

O loiro beijou a testa dela. Depois lançou um olhar mortal a Enrico e saiu do quarto.

— Ele nunca vai gostar de mim.

— Ele já gostou...

— Agora não gosta mais.

— Isso vai passar, é porque ainda é tudo novo pra ele.

Enrico suspirou.

— Espero.

A menina foi tomar banho e Enrico a ajudou.

Na sala de estar, Hermione fazia a pequena dormir e Ethan não saia de perto. Agora queria ficar junto e observar a garotinha.

— Quando ela vai poder brincar comigo?

— Isso vai demorar um pouco, filho. Você gostou dela?

— Sim.

— Que bom.

Draco se aproximou de Hermione e deu um selinho nela. Depois beijou a cabeça do bebê. Agora dormia no colo de Hermione.

— Clara falou o nome?

— Ela tinha falado que se fosse menina, colocaria Emma, mas não sei se mudou de ideia.

Ficaram um pouco admirando o bebê e depois entregaram aos pais. Colocaram Ethan na cama e seguiram para o quarto.

— Hoje o dia foi cansativo. — Draco se jogou na cama.

— Verdade...

O loiro olhou para trás e logo virou de barriga para cima na cama. Hermione tirava a roupa para colocar o pijama. O loiro ficou observando em silêncio.

— Está olhando o que?

— Você é tão linda...

Hermione franziu a testa.

— Bebeu?

— Não posso fazer um elogio? — perguntou irritado.

— Pode... — Deu de ombros e tirou o short que usava. Nessa hora Draco levantou em um salto e a abraçou por trás antes que conseguisse se vestir.

— Não precisa colocar o resto... — sussurrou.

— Achei que o dia tinha sido cansativo hoje — debochou.

— Mas eu arrumo forças pra você. Sempre vou arrumar. — Beijou o pescoço dela.

Hermione sorriu.

***

Uns dias se passaram e tudo estava indo muito bem na casa dos Malfoy. Todos já tinham ido visitar a pequena Emma.

Clara estava em seu quarto amamentando a pequena. Hermione estava junto com ela.

— Você não vai acreditar no que a Gina me contou.

Clara sorriu.

— Eu já sei.

— É mesmo? E o que é?

— Alex engravidou uma garota.

— Ele te falou?

— Não.

— Viu isso?

— Vi outra coisa para falar a verdade...

— O que?

— Chega mais perto...

Hermione se aproximou e Clara cochichou.

— Vai ser um menino e ele vai namorar a Emma.

— Merlin! O Enrico surta e o Draco infarta!

Clara riu.

— Não conte para eles.

— Claro que não — suspirou. — Tudo de novo...

— Acho que um pouco pior...

— Pior?

— Sim. Por ser a netinha inocente e pelo que aconteceu comigo.

— Como assim o que aconteceu com você?

— Ué... Por ter tido filho muito cedo.

— É verdade... Coitada da Emma — Acariciou a cabeça dela.

***

Um ano depois Clara voltou a escola para terminar os estudos. Enrico também voltou com ela. Hermione e Draco cuidavam da menina para a filha poder estudar. O filho de Alex realmente era menino. Outro ruivinho. Quando ele contou a Rony o que fez, ficou um mês inteiro ouvindo sermão, pois só eram os dois e ele não tinha tanto jeito com criança, já foi difícil cuidar dele, imagina mais um? Mas depois se conformou, pois levou uma bela bronca de Hermione por falar essas besteiras do seu próprio neto.

— Pelo amor de Merlin tire a mão daí Emma! — Draco correu em direção a menina.

Ele a pegou no colo antes que puxasse o pano da mesa e todos os pratos e comida caíssem na cabeça dela.

— Você nunca cansa?

A menina sorriu e bateu palmas como se tivesse adorado o que fez.

Hermione apareceu na sala de jantar.

— Por que está brigando com ela de novo?

— Ela quase puxou a toalha outra vez. Acho que tenho que deixar pra ela entender que vai tudo cair em sua cabeça....

Hermione riu.

— Ela não para um minuto!

— Está cansado de correr atrás dela?

— Um pouco.

— Isso se chama velhice!

Draco a encarou com fúria.

— Isso se chama é a sua vez! — Entregou a menina a ela e se sentou à mesa para comer. Hermione riu. Ele odiava quando falava que estava ficando velho.

Hermione colocou a menina na cadeirinha. Era o único momento que ela ficava quieta, ou quase isso.

Todos comiam enquanto Emma se sujava inteira com o pratinho de comida que Hermione colocou na cadeirinha. Draco a olhou comendo e ergueu as sobrancelhas.

— Por Merlin! Olha a sujeira que ela está fazendo! Nem o Ethan foi assim quando menor...

— É, mas agora temos uma garota de personalidade na família.

Os dois riram.

— Ela não para de fazer besteiras... — disse Ethan.

— E você é santo, né?

— Draco!

O loiro deu de ombros. A menina pegou um pouco da comida com a mão e jogou na cabeça de Ethan. O menino ficou de boca aberta e depois a olhou furioso. Emma deu uma risada. Hermione e Draco trocaram olhares.

— Sonserina — falaram juntos.

— Com certeza — Hermione falou e comeu mais de seu prato.

— Essa vai dar trabalho... — Draco resmungou e Hermione caiu na gargalhada.

— Você não faz ideia... — sussurrou.

— Disse alguma coisa?

— Não...

Depois de um dia cansativo de correr atrás de Emma para ela não quebrar nada na casa, ela finalmente dormiu e os dois foram para o quarto. Draco se jogou na cama e ficou. Hermione riu e tirou os sapatos dele. Logo estava deitada ao seu lado. O loiro se ajeitou na cama e a agarrou para dormir juntinhos.

Apesar de tudo que passaram, parecia que eles se amavam mais ainda. Talvez a vida fez um teste com eles para ver se era isso mesmo que queriam. E com certeza era! Ficar juntos "até que a morte os separe" ou seja como for.

Não importava para falar a verdade. Eles agora só queriam ficar juntos e aproveitar a família que tinham, claro que era cansativo, ainda mais com uma coisinha pequena correndo pela casa fazendo tudo que não devia, mas eles gostavam mesmo assim. Ficavam cansados, mas estavam felizes. Finalmente felizes.

Clara tinha os poderes totalmente controlados e escondidos do mundo, Ethan estava crescendo e não tão mimado com antes — o que agradou a Hermione, pois parecia um mini Draco quando mais novo — a família aumentou devido aos pais de Enrico estarem sempre por perto por causa da neta.

Resumindo: a vida estava ótima! Nem Hermione, nem Draco podiam reclamar. Claro que o loiro ainda resmungava quanto a menina o chamar de avô, mas ela não tinha falado nada ainda. Só que o loiro falava que ia ensiná-la a chamá-lo de Draco ou qualquer outra coisa que não avô.

Hermione já nem ligava para isso. Ia influenciar a menina a dizer a palavra proibida e sabia que ia dizer, ela adorava ir contra as regras...

— Ei pequena destruidora... Seus pais vão voltar hoje.

A menina sorriu e bateu palmas.

— Eu tenho que admitir... Mesmo sabendo o quanto ela é levada, essa carinha de anjo da vontade de morder.

— Eu sei. Sua neta é fofa demais.

Draco a olhou de lado e ela sorriu.

— Vamos buscá-los.

Todos seguiram para a plataforma para esperar Enrico e Clara. Quando o trem chegou, os dois desceram e foram direto ao encontro de Draco e Hermione. A menina abraçou seus pais e irmão e depois pegou sua filha nos braços.

— Senti saudade.

A pequena a abraçou.

— Apesar de tudo ela é carinhosa.

— O que ela fez dessa vez?

— Tudo que você possa imaginar... Você era levado quando criança, Enrico?

— Um pouco.

— Tá explicado — respondeu Hermione e os dois riram. — Vamos.

Todos foram para casa. Depois de descansar um pouco, foram jantar. Estavam todos sentados à mesa e a Emma na cadeirinha dela. Todos comiam calmamente enquanto ela fazia sujeira e ria sozinha.

— Merlin! — Clara reclamou ao ver sua filha toda laranja da sopa que comia.

— Pra você ver o quanto eu sofro — disse Draco.

— Não exagera né, Draco! — Hermione brigou com ele.

— Eu não ligo. Pelo menos tenho vocês todos comigo.

Clara e Hermione sorriram.

— Vovô! — falou batendo palmas e olhando na direção de Draco.

Clara e Enrico sorriram largamente e Hermione também. Já Draco ficou de boca aberta olhando a menina. Tanta coisa para falar a primeira vez e foi logo isso?

— O que, minha filha? — Clara perguntou.

— Vovô! — falou rindo e mexendo a colher na direção do loiro.

— Nem precisei persuadi-la...

Draco encarou Hermione.

— Vovô não, amor. Me chama de amigo.

— Vovô!

— Pai o que tem ela te chamar assim?

— Me sinto tão velho...

Todos riram.

— Mas você não é, pai. É só você lembrar que eu tive filho cedo. Se não tivesse, você não seria avô ainda...

— Não me vejo sem ela.

Hermione sorriu e beijou o rosto dele.

— Então deixa ela te chamar do que quiser.

— Tudo bem.

— Emma vai ser tão agarrada com você que vai pedir um pouco de sossego.

— É mesmo?

— Sim, mas não pense que ela vai te obedecer sempre... — Comeu de sua comida.

— O que isso quer dizer?

— Ela não é uma pessoa fácil e você sabe.

— Hum... Só isso?

— Claro. — Olhou Hermione, que piscou pra ela.

 

Emma: