As meninas estavam histéricas com roupas, sapatos e etc. Todas queriam arrasar no baile, mas Clara não estava tão concentrada nisso.

— O meu vestido é lindo! Olha! — Mostrou o vestido a Clara.

— É mesmo — disse sorrindo.

— Cadê o seu?

— Está guardado ali.

— Ainda está na caixa? Você não olhou?

— Não.

— Por quê?

— Confio no gosto da minha mãe.

— Puxa... Pro próximo baile sua mãe que vai escolher pra mim... — disse de boca aberta. Tinha aberto a caixa e pegado o vestido de Clara.

— Não tem nada demais ai...

— Mas é a sua cara! Tenho certeza que ela acertaria no meu.

— O seu é bonito, Alyce.

— É, mas ia ser bem mais a minha cara.

— Então seria um bem curto e vermelho, chamando bastante atenção — disse sarcástica e recebeu um travesseiro na cara.

Passaram o dia se arrumando para ficarem perfeitas na hora da dança.

— Sabe, estou com medo... — Alyce falou enquanto Clara ajeitava o cabelo dela.

— De que?

— Não sei dançar.

— Fala sério! Você sempre dançou nas festas lá em casa.

— Mas é diferente né Clara! Vou dançar com alguém que não é meu primo...

— Entendi... Está com medo de pagar mico na frente dele! — disse rindo.

Alyce jogou um lápis em cima dela.

— Maluca!

— Para de me deixar mais nervosa!

— Ficar assim só vai piorar.

— Eu vou me sair bem? Você disse que viu...

— Vai, Alyce! Relaxa!

— Tá bom.

Clara balançou a cabeça em negação. Alyce era muito histérica.

As duas estavam prontas e já estava começando o baile. Todas as outras meninas já tinham ido. Clara estava em frente ao espelho se olhando.

— Você está linda mesmo — Alyce falou a olhando.

— Obrigada. Você também está.

— Agora vamos que tem dois bonitões esperando a gente! — Agarrou o braço dela e puxou.

Ao chegar na escada para entrar no salão, Clara sentiu um grande frio na barriga. A primeira pessoa que a viu foi Enrico. Ele ficou paralisado com os olhos colados nela. Estava com a boca um pouco aberta.

Ele estava extremamente lindo hoje! Ah Merlin! Por que não consigo desviar o olhar do dele? Pensou nervosa. A menina desceu as escadas e parou no último degrau. Alex se aproximou e segurou sua mão.

— Uau! Você está linda!

— Obrigada. — Sorriu sem graça. — Você também.

— Vamos?

— Sim.

Alex deu o braço a ela e os dois andaram em direção ao salão. Enrico não tirava os olhos de Clara. O que a deixou um pouco incomodada.

O salão estava todo enfeitado, tinha pista de dança e uma grande mesa com comida e bebida. Estava bastante cheio ali dentro.

— Boa noite alunos! Espero que tenham gostado da decoração e quero dizer... Aproveitem bem a festa! Mas lembrem-se: estamos de olho em vocês! — a diretora falou olhando todos com os olhos cerrados. — Boa festa para todos!

Assim que ela terminou de falar, a música voltou a tocar.

— Quer comer algo ou beber?

— Quero beber.

— Vou buscar pra gente então.

— Ok.

O ruivo saiu de perto dela. Clara observava cada canto do lugar e cada enfeite também. Queria guardar bem a recordação de seu primeiro baile.

— Oi...

A menina olhou para trás e viu o Enrico parado a olhando deslumbrado.

— Oi.

— Você está linda.

— Obrigada...

O loiro olhou ao redor.

— Cadê seu namorado?

— Foi buscar algo pra gente beber.

— Hum...

Antes que um deles pudesse falar algo, a diretora anunciou a dança. E para o azar de um certo ruivo, ele foi escolhido para dançar com ela primeiro.

Clara deu uma risadinha ao ver a cara que ele fez enquanto Minerva o arrastava para a pista de dança.

— Dança comigo?

Clara o olhou surpresa.

— Mas e a...

— Por favor.

Os dois ficaram em silêncio se olhando por uns segundos.

— Tudo bem.

Enrico sorriu e segurou a mão dela. O loiro a levou até a pista de dança que agora já estava cheia. Ao chegar, os dois ficaram um de frente para o outro se olhando. Enrico colocou uma das mãos na cintura de Clara e com a outra, segurou a mão dela no ar. Clara colocou a mão no ombro dele. O loiro a puxou para mais perto e os dois começaram a se movimentar no ritmo da música. Enrico lembrava de cada momento que viveu com ela. Cada beijo que eles trocaram, cada carícia. Ah Merlin! Por que tudo teve que dar errado? E por que tinha que gostar tanto dela?

Enrico levou a mão até o rosto da menina, onde acariciou um pouco. Clara respirava rápido e tinha os olhos grudados nele. Lentamente o loiro começou a se aproximar dela.

— Clara...

Enrico se afastou com pressa.

— Pode vir aqui, por favor?

— Com licença. — Saiu de perto dele.

O ruivo a levou para fora do salão.

— Por que estava dançando com ele?

— Porque ele me convidou. Você estava dançando com a diretora e...

— E daí? Não deveria ter feito isso!

— Foi só uma dança, Alex.

— Não importa ele é seu ex!

— Tá bom. Desculpa.

— Não pensou no que eu poderia sentir?

— Alex foi só uma droga de dança! Não aconteceu nada!

— Desculpa... É que me incomoda ele estar tentando se aproximar de você.

— Eu sei.

— Você não mentiria pra mim, não é?

— Não.

— Que bom.

Os dois ficaram em silêncio.

— Quer dar uma volta comigo?

— Pra onde?

— Sei lá... — Deu de ombros. — Vamos ficar sozinhos um pouco.

— Tudo bem.

O ruivo sorriu. Ele a levou para longe das pessoas e da festa. Quando estavam bem afastados, o ruivo parou e a puxou para dentro de uma das salas.

— O que a gente está fazendo aqui?

— Queria ficar um pouco sozinho com você... — Se aproximou e a segurou pela cintura.

Clara colocou os braços em volta do pescoço dele.

— Podíamos fazer isso outro dia. Está tendo uma festa lá no salão — disse rindo.

Alex deu uma risadinha.

— É, mas é só um pouquinho. — Puxou ela para mais perto e a beijou.

O beijo foi demorado e lento, mas aos poucos começou a mudar. Alex a puxou para mais perto fazendo seus corpos ficarem colados. Em pouco tempo fez ela encostar em uma das mesas que tinha ali. Clara sentiu que ele começou a deitar por cima dela na mesa e apertou os braços dele.

— Alex...

O ruivo beijava o pescoço dela nesse momento.

— Eu acho melhor voltarmos...

— Aqui está tão bom. — A beijou nos lábios. Alex apertou a cintura dela.

Clara tentava sair dele, mas não estava conseguindo se mexer, pois, ele estava por cima dela e era pesado.

— Alex, por favor...

O ruivo parou ao sentir a voz trêmula dela.

— Eu quero voltar pra festa...

Ele a olhou nos olhos e percebeu que estavam cheios de lágrimas. Que merda... Ele fez?

— Me desculpa, Clara.

— Por favor, me deixa ir...

Alex ficou uns segundos a olhando e depois saiu de cima dela. Clara saiu de perto dele com pressa. O ruivo passou a mão no rosto com raiva. Não podia ter dado ouvidos aquele babaca! Ele foi atrás de Clara e seguiu correndo para o salão.

Mas Clara não voltou para lá. Ela correu pelos corredores chorando e parou ao ver que estava afastada dele. Encostou na parede e desabou a chorar com vontade. Como ela falaria que não quer isso com ele? Como?

— Você está bem?

A menina olhou para o lado, assustada. Enrico estava parado perto dela com um olhar preocupado. Estava com a gravata desfeita e os cabelos arrepiados. Parecia que tinha corrido.

— Parece que estou?

Enrico desviou o olhar.

— Desculpa... — Fechou os olhos com força.

— Posso te ajudar?

— Não. Ninguém pode.

— O que aconteceu com você? Foi o Weasley, não foi? Ele forçou a barra com você — Fechou os punhos com raiva. — Que droga não consegui chegar antes!

— Do que você está falando?

— Ouvi ele conversando com um garoto mais cedo. Disse que ia tentar fazer algo com você hoje.

Clara arregalou os olhos.

— O que? — Desviou o olhar dele.

— Desculpa por não chegar antes... Ele te fez alguma coisa?

— Não.

— Tem certeza?

— Sim. — Olhava o chão enquanto lágrimas rolavam.

— Por favor, para de chorar... — Se aproximou e a abraçou.

Clara fechou os olhos e respirou fundo sentindo o cheiro dele. Como sentia falta disso. O cheiro, o toque, o beijo... A menina levantou a cabeça e olhou o rosto dele. Estava a olhando o tempo todo. O loiro acariciou o rosto dela.

Enrico beijou a testa dela e a abraçou forte.

— Fica calma...

Clara fechou os olhos. Em pouco tempo se sentia mais leve.

— Está melhor?

— Muito melhor. Obrigada.

— De nada.

Os dois ficaram se olhando um tempo.

— Se precisar de qualquer coisa, eu te ajudo.

Clara sorriu e Enrico também. A menina mordeu o lábio inferior e desviou o olhar dele.

— Que fo...?

Antes que conseguisse falar, a garota já tinha tomado seus lábios. O loiro a segurou pela cintura no mesmo instante e correspondeu o beijo. Como sentiu falta disso! Como sentiu falta dela! Nada mais importava nesse momento! Só necessitava estar com ela! Enrico a colocou contra a parede sem sair do beijo. Clara acariciava os cabelos dele agora. O beijo começava a ficar mais intenso. O loiro a imprensou na parede com o corpo. Logo eles se separaram por falta de ar. Os dois ficaram se olhando respirando ofegantes.

— Eu te amo Clara! — Segurou o rosto dela com uma das mãos. — Amo muito! — A beijou antes que conseguisse responder.

Bem atrás deles, uma porta apareceu. Os dois se separaram e olharam ela se formar ali.

— Vem... — Segurou a mão dela e puxou lá para dentro.

Assim que entraram, perceberam o local todo arrumado, tinha uma cama grande no meio do lugar com pétalas de rosa jogadas em cima, tudo a luz de velas. Tinha sofás e puffs também. Os dois trocaram olhares.

— A sala precisa só aparece quando precisamos, certo?

— Sim — Clara respondeu.

— Mas... — não terminou a frase.

— A gente podia ficar um pouco aqui e conversar...

Enrico olhou para o lado e viu os olhos suplicantes da menina.

— É claro. — Segurou a mão dela e a levou para se sentar.

Clara sentou na cama e observou o local. Enrico sentou de frente para ela.

— Por que me disse aquilo?

— Porque é verdade.

— Mas... Você estava com a Thompson.

— Eu já disse que era mentira! Fiz aquilo pra você ficar com ciúme e voltar pra mim.

— Isso não foi uma boa ideia...

— Estou vendo. Você ficou com ele.

— Eu não beijei ele quando estava com você. — Pensou um pouco. — Na verdade, eu beijei ele assim que você beijou ela.

— Você estava na biblioteca...

— Sim.

— E não viu o que aconteceu?

— Vi vocês se beijando.

— E antes?

— Não vi nada.

— Antes ela estava me contando que você estava de caso com o Weasley e que viu os dois juntos. Eu não acreditei e perguntei se tinha certeza. Ela disse que tinha e que ia provar pra mim o que estava dizendo. Como ela provaria? Só poderia ser verdade... Foi o que eu pensei na hora. Eu fiquei furioso quando ela me contou isso. E quando ia sair dali, ela me agarrou de surpresa e me beijou. Eu nunca quis beijá-la. Sinto muito por essa confusão toda...

— Nunca quis?

— Nunca. Eu só quero você, Clara — Fez carinho no rosto dela. — Só você... — sussurrou bem perto dos lábios dela e a beijou.

Clara não sabia porque, mas quando estava com ele, seu corpo parecia não obedecer seu cérebro. Aos poucos foram deitando na cama. Não paravam de se beijar e Clara apertava os braços dele.

Enrico estava deitado por cima dela agora. Se beijaram por um longo período. O loiro se afastou e procurou os olhos dela.

— Acho melhor irmos embora daqui...

— Por quê?

— Não quero te forçar a nada e...

Clara colocou a mão na boca dele e aproximou o rosto.

— Tem que ser você — sussurrou em seu ouvido.

Enrico engoliu em seco. A menina o olhou nos olhos.

— Mas...

— Se quiser, é claro.

— Lógico que eu quero! Mas... Você tem que se sentir à vontade.

— Eu estou.

— Mas você realmente quer isso? Não vai se arrepender depois? Porque se for eu não faço.

A menina o beijou intensamente e o fez suspirar.

— Agora que eu tenho certeza disso! — disse o olhando nos olhos.

Enrico ficou um tempo a olhando e logo capturou os lábios dela. O loiro apoiou os cotovelos na cama para não fazer muito peso sobre ela e não parou de beijá-la.

Clara não tinha imaginado que isso aconteceria nesse dia, mas aconteceu e foi melhor do que ela pensou.