Clara sentou na cama respirando ofegante. Teve um sonho/visão muito esquisito. Ela não conseguiu compreender o que significava, mas sabia que não era bom. Tentou dormir de novo e não conseguiu. Então saiu do dormitório e se sentou no sofá olhando a lareira. Nunca teve uma visão como essa. Ela não conhecia as pessoas que viu. Que coisa esquisita...

— Sem sono?

A menina dei um pulo e olhou pra trás. Alex estava parado perto do sofá.

— Que susto, Alex...

— Desculpe.

— Tudo bem.

— Tem alguma coisa errada?

— Eu tive um sonho estranho.

— Como foi?

— Tinha um homem e uma mulher conversando e eles falavam de poções... Que conseguiram enganar os dois.

— Enganar quem?

— Eu não sei.

— Já teve visões cortadas assim?

— Sim. Sempre acontece quando estou abalada emocionalmente... — desviou o olhar dele —, mas não me lembro de ser com pessoas desconhecidas.

— Depois isso deve ficar claro pra você.

— Sei lá, está tudo ficando tão esquisito...

Os dois ficaram em silêncio. Clara não tirava os olhos da lareira e Alex a olhava preocupado. O ruivo se aproximou e sentou ao lado dela. Clara nem se mexeu, continuou olhando a mesma direção. Alex colocou a mão por cima da dela e só assim ela o olhou.

— O que quer que seja que esteja acontecendo com você...Eu estou do seu lado.

A menina ficou em silêncio olhando-o. Parando para pensar bem, Alex sempre esteve junto com ela. Desde crianças que ele a acompanhava em tudo. Horas boas e ruins...

Clara se aproximou mais e encostou a cabeça no ombro de Alex. O ruivo apoiou a cabeça na dela. Os dois ficaram em silêncio na mesma posição por um tempo. A menina pensava em tudo que estava passando agora e tudo que viveu ao lado de Alex. Talvez fosse bom dar uma chance a ele afinal... Mas também pensava que não queria magoá-lo.

Que coisa difícil!

— Pensando em que?

— No que você propôs.

Alex a olhou.

— E o que você pensa?

— Eu não quero te magoar, Alex...

— Por que você faria isso?

— Você sabe que eu gosto do Enrico. Não quero te magoar por causa disso...

— Mas eu disse que posso fazer você esquecer ele.

— Eu sei, mas tenho medo de te machucar.

— Clara me dá uma chance pelo menos... — Se aproximou e segurou o queixo dela. — Você não pode ficar só supondo as coisas, tem que deixar acontecer também.

— Eu sei.

— Então... — Aproximou bastante o rosto.

Clara engoliu em seco.

— Tudo bem, mas você vai ter que ter paciência comigo.

— É claro. — Se aproximou para beijá-la e ela virou o rosto. — Que foi?

— Você é comprometido, Alex.

— Não mais.

— Como assim?

— Estava conversando com a Shelby e a gente terminou.

— Mas quando se conversamos isso agora pouco?

— Por coruja.

— Que coisa feia, Alex! Terminar assim!

— Mas foi ela que terminou.

— E por que ela terminou?

— Estão dizendo por aí que a gente se beijou e ela terminou comigo por isso.

— Sinto muito.

— Não sinta. Foi melhor assim, afinal, era o que eu queria.

Clara ficou em silêncio. Alex se aproximou devagar e a beijou.

Será que essa era a coisa certa?

***

Hermione levou um tempo para reagir depois que o Draco saiu do quarto. Sem entender muito bem, colocou sua roupa e saiu a procura do loiro. Assim que saiu, encontrou o Harry no corredor.

— Viu o Draco?

— Aconteceu alguma coisa?

— Viu ou não?

— Ele saiu furioso e estava todo machucado. O que aconteceu?

— Eu também quero saber...

— Quer que eu vá com você até sua casa?

— Não precisa.

— Tem certeza?

— Sim.

Hermione passou com pressa por Harry e seguiu para casa.

Jenny estava no fim do corredor com um grande sorriso de vitória nos lábios. Caleb apareceu e parou ao lado dela.

— Acho que funcionou.

A loira o olhou e logo em seguida o empurrou pra dentro de um quarto.

— Ficou louca? — perguntou quando ela fechou a porta com pressa.

— Se te virem assim, podem desconfiar!

— Assim?

— Você está todo machucado, seu idiota! — Apontou a varinha na direção dele e fez um feitiço escondendo os ferimentos. — Melhor assim.

— Ele me acertou e eu não pude evitar bater nele também.

— Isso foi muito arriscado! A poção poderia ter perdido o efeito. Já estava no tempo!

— O que importa é que não perdeu e agora ele está furioso com ela.

— Sorte a sua que deu certo!

— Sorte grande. — Sorriu de lado. — Aquela mulher é um vulcão.

Jenny revirou os olhos.

— Não fique com ciúmes, querida. Você também é boa... — Se aproximou e a segurou pela cintura.

Jenny o empurrou pra longe.

— Não venha com gracinhas agora!

— Mas a gente tem que comemorar nossa vitória. — A beijou.

***

Hermione chegou em casa e quando se aproximou da varanda, encontrou Draco sentado em uma cadeira. Estava completamente sério e com o rosto todo machucado. Hermione se aproximou lentamente e ficou o observando.

— O que aconteceu com você?

Draco levantou a cabeça que estava abaixada e seu olhar se transformou. Ele levantou com pressa e a imprensou contra a parede. Hermione bateu as costas sentindo uma grande dor onde foi a pancada.

— Ficou louco?

— Por que você fez isso? — falou alto.

— Fiz o que?

— Não se faça de desentendida! — gritou

— Me solta...

Draco segurava os pulsos dela contra a parede com força. Respirava rápido e a encarava com um olhar que ela nunca viu. O loiro afrouxou um pouco ao ver o olhar de medo dela.

— Por que fez isso?

Hermione respirava rápido e estava assustada com o jeito dele.

— Não sei do que você está falando...

— Sabe sim! — falou alto e ela piscou com medo.

— Por favor, se afasta...

— O que você tem? — perguntou ao ver ela ficar completamente pálida.

— Tem alguma coisa errada... — Desmaiou antes de terminar a frase.

Draco a segurou para que não caísse.

— Hermione! — falou assustado e ajoelhou no chão. Ele a colocou deitada em seus braços. — Fala comigo Hermione! — gritou.

— O que está acontecendo? — Narcisa apareceu. — Draco o que é isso no seu rosto?

— Mãe ela desmaiou! Me ajuda!

— Leve ela para dentro.

Draco levantou e carregou Hermione para dentro da casa. O loiro seguiu direto para o quarto.

— Pai?

Os dois olharam para trás. Ethan estava no corredor com expressão de medo.

— Coloque ela na cama — Narcisa falou isso e pegou o pequeno no colo o levando dali.

Draco colocou Hermione deitada na cama e deu leves tapas no rosto dela tentando acordá-la. Ela continuava branca e não acordava.

— Merlin!

Narcisa apareceu.

— O que aconteceu?

— A gente estava discutindo e ela desmaiou...

A mulher observou a Hermione e depois olhou o Draco, ele estava bastante machucado no rosto. Narcisa mexeu em Hermione e percebeu sangue no lençol.

— O que...? — A empurrou um pouco. — Draco vira ela de lado.

O loiro obedeceu. Narcisa puxou a blusa de Hermione para cima e viu um machucado nas costas dela.

— Vamos levá-la a um medibruxo.

— Por quê? — perguntou assustado.

— Ela tem um grande machucado aqui e o lugar não me parece bom.

— Merlin! — A cena dele a colocando contra a parede voltou a mente. Provavelmente tinha algo pontiagudo onde ela bateu as costas. Narcisa fez um feitiço para conter o sangramento.

— Ande logo, meu filho. Eu cuido do Ethan.

Draco a pegou no colo e aparatou dali. Chegando no local, Hermione foi levada para dentro de uma das salas e o bruxo a examinou.

— Então?

— Ela quase acertou uma vértebra. Passou bem perto. Ainda bem que não pegou, poderia ficar sem andar.

Draco engoliu em seco.

— Vou fazer uma poção para fechar esse machucado. Espere aqui um momento. Se ela acordar, explique. Vou pegar algo para você também.

— Por que ela desmaiou?

— A pressão caiu, mas já está normalizando. Eu já volto.

O homem saiu da sala e Draco se aproximou de Hermione. Uns minutos se passaram e ela se mexeu. Estava acordando. Draco segurou firme a mão dela.

— O que...?

— Te trouxe em um medibruxo.

— Por quê?

— Você... Me desculpa...

Hermione ficou em silêncio completamente confusa.

— Isso tudo é culpa minha.

— Isso o que? — Tentou se mexer e sentiu uma fisgada forte nas costas. — Ai!

— Não se mexe.

— O que aconteceu?

— Na hora que te empurrei na parede, você... Machucou as costas.

— E por que não fui embora ainda? O que eu tenho?

— Fica calma. Você tem um grande machucado ai e o...

O homem entrou na sala antes que Draco conseguisse terminar.

— Que bom que acordou. O que você sente?

— Dor nas costas.

— Certo. Tome isso aqui.

— Pra que é isso?

— Para fechar o machucado. Beba tudo.

Hermione obedeceu e bebeu a poção, fazendo uma careta em seguida.

— Sei que não é bom, mas em alguns minutos fechará a parte mais funda contendo o sangramento sem essa magia que usaram em você.

Hermione olhou Draco, que estava de cabeça baixa.

— E depois? O resto fecha quando?

— Em uma ou duas horas. Você está bem. Teve sorte.

— Sorte?

— Sim.

— Ela já pode ir? — Draco perguntou rapidamente.

— Sente-se, por favor.

Hermione se mexeu e fez uma careta de dor. O homem a ajudou a sentar e puxou a blusa dela um pouco para cima

— O que está fazendo? — Draco perguntou feroz.

— Preciso ver se já fechou. — Mexeu no ferimento e Hermione gemeu de dor. — Vou colocar um curativo e liberá-la.

— Obrigada.

Draco bebeu a poção que o homem deu enquanto ele fazia o curativo em Hermione.

Depois de um tempo os dois estavam em casa. Assim que entrou, Hermione encarou Draco. O loiro ficou a olhando com o rosto sério.

— Por que você ficou daquele jeito?

— Não se faça de sonsa, Hermione! Você sabe muito bem!

— Se eu soubesse, falava, droga! Eu não sei o que aconteceu pra você falar comigo desse jeito, muito menos por querer me machucar!

— Eu não queria te machucar...

— Mas machucou. Por que você está com o rosto assim?

— Porque briguei com seu amante — disse feroz.

Hermione franziu a testa.

— O que?

Draco bufou de raiva.

— Para de se fazer de sonsa, Hermione! Assuma o que fez! Eu assumi!

— Eu não fiz nada!

— Acho melhor eu ir deitar. — Virou as costas pra ela, mas Hermione segurou o braço dele e o fez virar de frente outra vez.

— De quem você está falando?

— Do Krun. Foi ele não foi? Que te fez a tal proposta.

— Foi. — Draco a olhou com fúria. — Mas eu neguei.

— Mentira! — falou alto. — Vocês dois estavam no quarto da festa, Hermione! Que merda! Assume! — gritou.

— Eu não fui pro quarto com ele...

— Então foi com quem? — perguntou cínico.

— Você.

Os dois ficaram em silêncio quando ela respondeu.

— Eu não fui a lugar nenhum com você...

Hermione desviou o olhar e começou a respirar ofegante. Merlin! O que aquele imbecil fez? Ela passou a mão no rosto, nervosa. Chegava estar tremendo. Draco observou a reação e ficou desconfiado. Sabia quando Hermione estava extremamente preocupada.

— Que foi?

— Eu não sei... Eu estava conversando com ele na festa. Depois eu te encontrei e você me levou para o quarto falando que tinha essa fantasia de me pegar em uma festa como um adolescente.

Os dois ficaram em silêncio se olhando.

— De que você lembra antes de me encontrar?

— De tomar uma bebida... — Parou de falar bruscamente.

— Desgraçado! — falaram juntos.

— Você acredita em mim? — perguntou preocupada.

Draco se aproximou e a abraçou com cuidado devido ao machucado.

— Acredito.

Hermione fechou os olhos e suspirou, apertando o braço dele.

— Vocês... Vocês fizeram? Lembra disso?

Hermione olhou o chão e começou a chorar. Draco sentiu o rosto esquentar de raiva e trincou os dentes.

Ah esse cara ia ver só uma coisa!