Akai Ito escrita por Karol Montblanc


Capítulo 51
Summer is over


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, não se assustem, é só mais uma ATUALIZAÇÃO DE AKAI O/

Espero que gostem, nos vemos lá em baixo ♥


Boa Leitura!!



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Capítulo LI

"Ter um lugar pra ir é lar. Ter alguém para amar é família."

O verão acabou

 Musculosos e imponentes os três seguranças diante da porta impediam a Nakamura de obter qualquer escapatória, se pensasse em fugir eles já estariam um passo a frente, afinal, ela havia tentado enfrenta-los com toda sua fúria, argumentos, gritos, mas nada serviu para se quer mover os homens do lugar. Ela que já não aguentava mais ser assistida como mera louca, virou-se para a Uchiha, os olhares cruzaram em desafio, sobrancelhas negras arquearam, trocando ofensas mentalmente.   

  Wakemi apontou com o queixo aos seguranças, como ordem para que algo fosse feito, no entanto a matriarca da família Uchiha cruzou os braços sob os seios e deu de ombros, provocando a outra que, apertou as mãos ao lado do corpo em punhos, seu rosto tomou a tonalidade vermelha como um tomate maduro, logo, apontou mais uma vez a porta, fazendo questão em demonstrar toda sua raiva em gestos exagerados. Entretanto, Mikoto revirou os olhos, dando mais importância as unhas longas pintadas.   

  A Nakamura respirou fundo, detestando a ideia de estar impossibilitada, fora da sua zona de conforte, o sangue fervia em consequência do estresse. Wakemi resetou por um segundo. Nem mesmo percebeu quando o marido chegou ao seu lado, confuso, assim como outras pessoas presentes, intercalava entre as duas morenas.    

 ─ My dear, do not do this "Minha querida, não faça isso"— entoou em repreensão, tocando o braço da esposa – Se a nossa ursinha está feliz, nós também estaremos. Vamos apoiar sua escolha, seja ela qual for. Okay? - como se estivesse falando com uma criança, Alexander deixou claro seu desagrado.   

  Entretanto, a elegante mulher de olhar sucinto se manteve tão firme quanto uma rocha.  

 ─ It's not okay, Alexander! " Não esta nada bem, Alexander!" - refutou a mansidão do marido.   

 ─ Wakemi! - se intrometeu irritada, perdendo o fio de paciência que ainda tinha – Sua atitude já esta passando do limite do ridículo.     

 ─ Calm down, Washu "Acalme-se, Washu"— interviu, colocando-se entre mãe filha, antes que outra confusão começasse - Querida, entendo que esteja decepcionada, afinal nossa pequena ursinha cresceu tanto, sem ao menos percebermos. Mas ela sempre foi assim, independente, sem medos, sem fronteiras. Mesmo que você insista em não querer aceitar, nossa filha é adulta, uma mulher que escolhe seu próprio caminho e suporta as consequências.  

 ─ Se isso é verdade, por que está chorando, Alexander? - soltou o ar, cansada em ver tamanho drama – Pare já com isso – ralhou, retirando da sua bolsa um lenço, estendendo a ele – Pare – pediu, impaciente.   

 ─ Me ouça uma única vez, my dear – pegou o que ela oferecia, suplicando mais uma vez.  

  Exausta de assistir o modo em como a outra continuava agindo, pisando nos sentimentos alheios, rejeitando qualquer tipo de afeto, mesmo depois de já ter provado um pouquinho da irá de Mikoto Uchiha, afastou as mãos do marido de sua cintura, sussurrou um breve "relaxa, querido, eu sei o que estou fazendo" e caminhou elegantemente até o outro lado da sala.  

 ─ Wakemi, querida, por que não escuta seu esposo, ele está certíssimo no que diz. A senhora é uma bruxa sem coração em uma versão ainda mais antiquada que os contos de fadas – o sorriso astuto dançou em seus lábios vermelhos, visto que a mãe de sua amada nora reagiu no mesmo segundo voltando-se a ela.  

 ─ O que disse? - os olhos da Nakamura cresceram banhados em fúria – Repita! - exigiu.  

 ─ Eu sei que não é surda, me ouviu muito bem – enfrentou.  

 ─ Mikoto, já chega – pronunciou Fugaku, tentando conte-la.  

 ─ Eu não admito ser afrontada desta maneira. Não vim até aqui para isso. Após a senhora Uchiha me ligar estive pensando muito sobre o assunto até o momento e, cheguei a conclusão que irei leva-la de volta a Londres- em absoluta contradição a mulher diante de si, confrontou a altura. 

 ─ O que? Você só pode ter enlouquecido – Washu afirmou, descrente.  

 ─ A única que perdeu o juízo foi você. Pense bem no que está fazendo da sua vida. Viver com um homem que mal conhece como uma garota qualquer, atropelando o tempo, tudo, esquecendo-se da sua família e o respeito que deve a nós - despejou em único folego, magoa.  

 ─ Wakemi, por favor – tentou advertir a esposa voltando a tocar em seu ombro, mas ela o repeliu.  

 ─ Não. Por favor digo eu, Alexander – replicou, sua voz aflita refletia tanto ressentimento enclausurado por anos, remoendo palavras nãos ditas em cada um de seus atos. De parar com os olhos marejados parecidos aos seus a calou, sem saber como lidar diante da expressão chorosa da filha, recuou alguns passos perdida.  

 ─ Então a senhora Nakamura pode atravessar o oceano para viver ao lado do seu amor estrangeiro, deixar a filha aos cuidados dos avós, que por sinal ofereceram tudo que foi preciso para torna-la uma boa cidadã. E agora quer reivindicar seus direitos de mãe? - riu debochada, diminuindo a distancia entre elas, voltou a dizer – Acorda pra vida, mulher! Sua opinião neste momento é ainda mais irrelevante que a poeira sob meu salto. Não se engane.  

  Se por um minuto esteve concentrada sobre seus atos, recobrou a consciência rapidamente, sentindo a raiva crescer e se instalar no seu rosto.  

 ─ Como é? - arqueou a sobrancelha, descrente no que acabou de ouvir - O que você sabe sobre nós? Somente o que ela contou! - apontou para filha - Não se meta – alertou, reprimindo a raiva que sentia, seu peito subia e descia rapidamente.   

 ─ Eu vou me meter onde quiser, o céu é o limite, sendo do meu interesse ou não - retrucou - Meu filho e sua filha só esperam respeito, não uma confirmação. E tenha certeza, meu filhinho a pedirá em casamento e este será realizado o mais cedo possível, não é meu amor?   

  Itachi engasgou com a própria saliva tossindo freneticamente, ao passo que batia contra o peito recebendo assistência de Washu. Pouco a pouco cessou a crise, contudo a tensão aumentou assim que percebeu tantos olhares sobre si. Não que jamais tivesse pensado nessa possibilidade, sempre foi um homem de planejamentos, que está a frente de tudo que refere ao futuro. E está era a diferença entre pensar sobre e estar preparado para quando o momento chegasse. Mirou instintivamente a loira de cachos exagerados, os olhos castanhos procuravam  compreensão em sua expressão, ela sorria tentando incentiva-lo a pronunciar algo, mas nem mesmo ele entendia o motivo de manter-se calado.   

 ─ Desculpe – murmurou quase inaudível. Lentamente observou a Nakamura perder o sorriso, toda empolgação esvaiu restando apenas decepção.   

 ─ Seu filhinho? - agora foi sua vez em rir - É por essas e outras que Washu não deve estar nesta família, onde a matriarca se refere ao filho ainda como uma criança pequena, e ele nem mesmo consegue responder sua pergunta como um homem. Já se perguntou se Itachi não se envergonha da mãe que tem, que não o vê como um adulto? Suas atitudes são ainda mais degradantes do que pensei.   

 ─ O que você acabou de latir? - grunhiu entre dentes, Mikoto - Não fale da criação dos meus bebês! Não existe filhos neste mundo mais amado, educado, respeitoso, e ensinado a agir como um homem de verdade que os meus, ouviu bem! - recitou orgulhosa, deu meia volta jogando os cabelos sedosos para o lado.  

  Para ela o assunto finalizou naquele exato instante com a sua vitória estampada no belo sorriso em seus lábios. Contudo, parou no meio da sala ao ouvir a única coisa neste mundo que lhe causa combustão instantânea.  

 ─ Bebês? Você chama um homem barbado de bebê? - a Nakamura gargalhou com gostou, colocando as mãos sobre a barriga.  

 Em segundos o rosto da Uchiha ficou vermelho, suas mãos fecharam em punho, em seguida vociferou apontando o dedo a mulher que ria.  

 ─ Alguém me segura. EU VOU BATER NELA, AGORA! - no segundo seguinte correu em direção a Wakemi, furiosa, irada, bufando feito um touro, Mikoto saltou como uma leoa, pronta para atacar, destroçar e extinguir. Entretanto seus braços esticados ficaram suspenso no ar, quando alguém foi sagaz o suficiente para segura-la a tempo – ARGH! QUEM FOI O FILHO DA MÃE?   

 ─ Senhora, por favor, contenha-se – pediu encarecidamente.  

 ─ Mas que droga, Pain! - praguejou, debatendo sob os braços fortes envolvidos a cintura, quanto mais forçava soltar-se, o segurança instintivamente aumentava o aperto - Eu vou lhe ensinar uma lição que nunca irá esquecer - ameaçou, entre dentes.  

  O jantar que mal começou tornou-se um caos, Fugaku ao menos saiu do lugar, constrangido com a esposa e sua incrível habilidade em causar confusão, lutava contra a vontade de leva-la para o quarto e tranca-la lá até o fim do jantar. 

  Itachi, por outro lado, suspirou de alivio ao ver que Pain pode impedir o pior, no entanto, o tormento não amenizou, havia um outro problema muito maior agora: Washu. Está ultima afastou-se da confusão indo abraçar o pai, ignorando-o. Alexander também não quis mais se meter na discussão.   

  A única afetada pela surpresa era Wakemi, assustada correu para se esconder atrás de um dos seguranças, com medo do que a Uchiha ainda poderia fazer se fosse solta.   

 ─ Esta mulher é louca, ela precisa ser internada urgentemente.  

 ─ Tobi não gostar de você. Tobi achar melhor internar a senhora e jogar a chave fora – cheio de opinião, o segurança mais sincero que já existiu, surgiu ao lado da morena.   

 ─ Mas o que? - tomou distancia – Um homem, no entanto fala como uma criança - avaliou Tobi de cima a baixo, estranhando a maneira como o mesmo brincava com uma mola colorida.  

 ─ Não posso deixar de discorda – Deidara apareceu atrás dela, sorrateiro, surpreendendo a Nakamura mais uma vez – A senhora Uchiha é louca, mas você tem sérios problemas mentais por tentar enfrenta-la, até mesmo eu aprendi que mexer com ela é implorar pela própria morte - balançou a cabeça lamentando pela vida daquela pobre mulher. 

 ─ Deidara, não refira a senhora Uchiha desta maneira – censurou o chefe, assim que a mulher em seus braços acalmou-se – Senhora, não acha melhor dar inicio ao jantar?  

 ─ Você está certíssimo, Pain – concordou – Terminaremos nossa conversa agradável depois, esta bem, Wakemi? Posso chama-la assim? Ótimo. TODOS PARA A MESA! - ajustou o vestido em seu lugar, colocou um belo sorriso no rosto, após enlaçar o braço do marido e caminharem juntos na frente.  

oOo    

  A mesa repleta de comidas diferentes, porém tradicionais, chamou a atenção do casal estrangeiro, mesmo que tenha mantido indiferença, Mikoto observou sua recém rival comer com gosto. Alexander e Washu foram os únicos a elogia-la, tentando por diversas vezes amenizar a má impressão que a matriarca Nakamura acabou deixando.  

 ─ Desculpe perguntar mas, o que faz em Londres Hetfild? - Fugaku quem prontificou a estabelecer um assunto.  

  O londrino limpou a boca com o guardanapo, tomou um gole do vinho, por fim direcionando os olhos azuis a quem lhe fez a pergunta.  

 ─ Sou Psicólogo Educacional, mas no momento estou atuando como reitor na Universidade de Queen Mary. Não posso negar que prefiro ajudar crianças olhando em seus olhinhos inocentes, vê-los transformar consulta após consulta, e não só isso, trazer a vivacidade infantil, não tem preço - disse o loiro com paixão a seus pequeninos.  

 ─ Ah, mas eu percebi logo, o senhor exala uma áurea pura, muito linda, somente alguém de bom coração, sem rancor, magoas ou culpa poderia transmitir – comentou a Uchiha, olhando diretamente para o seu alvo.  

 ─ Mikoto...  

  Começou o empresário enfatizando seu aborrecimento. Entretanto ela não deu ouvidos a ele, pediu a um dos seguranças que agora atuava como garçom para que servisse mais uma rodada de vinho.   

 ─ Beba, queridos, não se acanhe. A noite é uma criança - levou a taça a boca bebericando um pouco – Hm, me diga, no que trabalha Wa.ke.mi? 

 ─ Mikoto - forçou um sorriso falso, atendendo o pedido, tomou do vinho – Trabalho como psicóloga hospitalar, dou aulas na mesma universidade que o meu marido, e estou chegando ao fim de um projeto internacional em parceria com a ONU, nada muito grande, apenas um item a mais no meu currículo. Mas chega de falar da minha carreira impecável, conte-me sobre você.  

  Os homens pertencentes a família Uchiha não esconderam a admiração e a surpresa, porém, por outro lado, Washu permaneceu concentrada no jantar, quieta, não ousou dirigir um só comentário a respeito.  

 ─ Oh, há tantas coisas que já fiz nesta vida, são incontáveis as vezes que proporcionei alegria ao mundo com as minhas habilidades. Mas lhe digo uma coisa, querida Wekemi, meu maior prazer foi construir o lar dos nossos filhotes... Só um minuto. Deidara, por favor  sirva nossa convida, e para mim a garrafa, darling – pediu, lançando uma piscadela a ele que devolveu de imediato. 

 ─ Uma casa? - silabou cética. A procura pelo olhar da filha e o mais recém genro foi inevitável, porém nenhum dos dois percebeu sua duvida, estavam concentrados demais encarando um ao outro - Eu não fui informada sobre isso, por que? - elevou a voz, chamando atenção.  

  O segurança loiro vestido apenas com uma calça, avental e gravata borboleta, parou atrás da mulher de postura ereta e inclinou-se tocando o peito rígido sobre o ombro dela, lentamente preencheu o copo, retornando ao seu lugar em seguida.  

  Não durou muito, mas foi o suficiente para que a rainha da vingança deliciar com as expressões impagáveis da Nakamura, que oscilava entre a perplexidade e o desejo palpável em querer tocar cada gominho do abdômen do loiro. Contudo, seu prêmio maior é a vermelhidão estampada nas bochechas alheias, claramente corada. Isso, nem mesmo toda indiferença do mundo poderia esconder.  

 ─ Não é só uma casa, é A casa – fez questão de enfatizar - Construída em 48hs, mobiliada com quartinho para os bebês, escritório, jardim, uma cozinha enorme e sala ainda maior – contou, seus olhos brilhavam conforme enumera seus feitos – Ah, não se preocupe, podemos ir lá mais tarde. Certo, Washu? 

 ─ Oh, claro – desperta pela voz da sogra, ofereceu um sorriso simpático. 

 ─ Ótimo - bateu palminhas, contente - Agora, senhor Hetfield e Nakamura, vamos volta para sala, o show está prestes a começar - sua voz soou mais amena, de repente, havia um toque sombrio que somente quem a conhecia saberia identificar. 

─ Mãe o que esta pensando em fazer? - sussurrou, desconfiado.  

  Entretanto, Mikoto não respondeu no mesmo tom, pelo contrario, levantou da cadeira apontando o dedo a mulher do outro lado da mesa de ar imponente.  

 ─ Um desafio, especialmente para você Wakemi. Se vencer, vou respeitar qualquer que seja sua decisão, mas se eu ganhar terá de esclarecer toda a verdade e a magoa guardada em seu coração a sua filha. 

 ─ Mãe, isso não é algo que possa ser decidido assim – aconselhou o filho, apreensivo.  

 ─ Aceito! - prontificou-se, levantando também.  

 ─ Wakemi! - advertiu, Washu. 

 ─ Veja só, nossas esposas já são melhoras amigas, Fugaku – disse empolgado, Alexander, cutucando o outro com o cotovelo.  

  O Uchiha limitou-se em soltar um suspiro longo e pesaroso, a ideia de promover um jantar pacifico ficou esquecido a partir do instante que Mikoto pediu para deixar tudo em suas mãos.   

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  Suas pernas renderam ao assento no instante em que saiu do quarto, o peso sobre os ombros pareceu ainda maior após ver o estado de Karin, nunca foi tão difícil transparecer a certeza que não tinha, abraçar Sasuke era seu único desejo para protege-lo, assim como ele cuidou de tudo quando imaginou ser o seu fim. A mão que repousou sobre a sua no colo transmitiu no aperto suave um pouco de reconforto, Suigetsu sorriu gentilmente, sem jeito pelo gesto impulsivo retirou logo levando a nuca. 

 ─ Só achei que estivesse se perdendo – pigarreou, explicando rapidamente o motivo de ter agido como se fossem amigos.  

 Sakura abriu os olhos surpresa, constrangida por não ser ela a consolar, mas ser mais uma preocupação desnecessária a ele.  

 ─ Não me olhe desse jeito – apontou para o rosto dela, temeroso – Eu não saberia o que fazer se começar a chorar. Já estou avisando – Suigetsu cruzou os braços sob o peito adquirindo a postura ereta na cadeira, ergueu o queixo procurando um ponto qualquer para fixar os olhos, fingindo não dar importância a Haruno.  

  Foi impossível não esboçar um sorriso quando a namorada do seu amigo riu, desfazendo um pouco da tensão. Sakura inspirou profundamente soltando o ar. 

 ─ Não vou chorar, apesar de ser difícil, preciso confiar no que eu mesma disse – como um mantra em prol da própria sobrevivência, disse enquanto apertava as unhas na palma da mão formando um nó arroxeado nos dedos. Novamente Suigetsu colocou sua mão sobre a dela, com a diferença de que agora não sentia receio algum, pelo contrario. 

 ─ Eu sei, é no que acredito. Valeu mesmo por estar aqui, se não fosse por você Sasuke nunca viria - confessou em tom de alivio e gratidão.  

 Sakura maneio a cabeça negando a afirmação. 

 ─ Vocês três sempre estiveram juntos, deve ter sido difícil quando invadi a vida de Sasuke, e o tempo que passavam juntos, ele foi obrigado a cuidar de mim. Entretanto, o sentimento que ele tem por seus amigos nunca mudou, sendo assim, Sasuke nunca seria capaz de deixar ninguém que é importante para trás - ela manteve sua voz firme e olhar fixo a face de Suigetsu que, foi surpreendido pela determinação transmitida em poucas palavras.  

 ─ Talvez tenha razão - concordou, inclinando os lábios formando um sorriso bonito - Mas não seja boba em acreditar que ele foi obrigado a estar com você, Sakura. Não confie tanto na sua cabeça, algumas coisas precisam desaparecer e não serem lembradas, assim você pode viver confortavelmente. 

 ─ O que quer dizer, Suigetsu? - Sakura franziu o cenho, aturdida procurou respostas no silencio atormentador que ele fez questão em prolongar o quanto pode – Suigetsu - chamou quando ele se levantou, fazendo menção em seguir adiante no corredor, mas antes de prosseguir virou o rosto parcialmente. 

 ─ Karin realmente acredita que Sasuke mudou muito a partir de você - encarou o olhar surpreso da Haruno - E eu também. Só peço que cuide dele e continue se esforçando, dando o seu melhor. Certo?  

 ─ Eu vou – assentiu, jurando solenemente – Obrigada... Por confiar em mim, mas... 

 O Hozuki virou-se por completo, a seriedade nublou seu rosto durante alguns segundos enquanto esteve pensativo, mas esvaiu assim que o sorriso voltou a brincar em seus lábios. 

 ─ Me desculpa, sabe, pelo jeito que te tratei no outro dia, nada justifica minha atitude. Foi mal mesmo - visivelmente arrependido, Suigetsu não deu espaço para que ela dissesse mais nada, logo prosseguiu - Vou ir comprar algo para comer, quer me acompanhar? 

─ Pode ir sem preocupações, quero estar aqui quando Sasuke sair. 

  Após concordar, o homem de cabelos platinados seguiu em frente sem exercer objeções.  

  O ranger da porta alertou que enfim Sasuke deixou o quarto, rapidamente ela se pôs em pé, atenta vasculhou cada centímetro da face em busca de vestígios que pudesse preocupa-la, mas nada além de cansaço encontrou, ainda sim manteve o olhar nos olhos negros, havia uma profundidade incomum, como se estivesse fora de órbita tentando reorganizar sua mente aos poucos.  

  Sem emitir uma única palavra, ele a trouxe para os seus braços, ao envolver o corpo diminuto deixou o queixo apoiar sobre o ombro enquanto uma das mãos levou a nuca agarrando um punhado dos fios róseos. Instintivamente depositou um beijo sobre a pele do pescoço e cheirou, sentindo enfim a segurança necessária. Sua respiração que antes mal conseguia controlar, apesar de omitir bem quando esteve distante, aos poucos foi normalizando.  

  Sakura não conseguiu acompanhar de imediato a atitude inesperada, somente após alguns segundos, correspondeu o abraço. Segurou a vontade em despejar toda sua curiosidade sobre o que havia ocorrido ali, que tipo de conversa tiveram, se tudo foi resolvido sem haver mágoas ou qualquer ressentimento que pudesse afetar no futuro, e tantas outras questões que, ao ouvir a voz do Uchiha contra sua orelha, não conteve o arrepio que subiu pela espinha.  

 ─ Suigetsu te deixou sozinha? - varreu o corredor, inquieto, a procura do amigo.  

 ─ Ele foi comer algo, até me chamou, mas eu quis esperar por você.  

 ─ Esperou por muito tempo? - murmurou a pergunta, assim que seus olhos se encontraram. Ele a manteve por perto com os braços envolvidos a cintura.  

 ─ Não muito – balançou a cabeça.  

 ─ Que bom – sua expressão suavizou, em seguida plantou um beijo sobre a testa dela, acariciou as bochechas - Vamos? Vou te levar para casa. 

  Sakura assentiu, entrelaçou suas mãos, e em silencio caminharam durante um tempo. Ela nada perguntou, apesar de estar reprimindo a ansiedade, era uma conversar particular entre Karin e Sasuke, não gostaria de forma alguma deixa-lo desconfortável.   

 ─ Eu sei o que quer saber - disse Sasuke, de repente. Ela arregalou os olhos surpresa, quando ele ergueu suas mãos entrelaçadas mostrando a ela o quanto apertava sem ao menos perceber enquanto seus pensamentos oscilavam - Vamos falar sobre isso no carro, ok?  

 ─ Desculpa – corou instantaneamente. Ele sorriu, e com a outra mão bagunçou os fios róseos - Sasuke! - ao tentar retribuir a brincadeira, Sakura soltou as mãos, conseguindo puxar o cabelo dele. Em meio a risos, assim que fez menção de afastar-se, ele a trouxe de volta pelo pulso, colidindo seus corpos de maneira brusca – Ai, por que fez isso? - brava, ralhou, a procura do rosto do Uchiha, que mirava outro ponto além dela - Gaara - silabou o nome, incapaz de esconder o susto no seu tom de voz.  

 ─ Sakura, Uchiha. Que bom revê-los - cumprimentou gentilmente.  

 ─ Não posso dizer o mesmo, Doutor - Sasuke, pelo contrario, não escondeu sua insatisfação no olhar sombrio.  

 ─ Sasuke - censurou – Desculpe, já faz um bom tempo, não é? - tentou corrigir. 

 ─ Sim, faz. - Gaara retribuiu o olhar intimidador, enquanto da sua boca soou cortesia em resposta a Haruno – Como estão suas memorias? 

   Sakura alternou entre os homens que pareciam travar uma batalha sem fim, como se a qualquer momento pudessem trocar socos, somente por não suportarem a presença um do outro. Suas lembranças fizeram questões de culpa-la, trazendo o peso da consequência de suas escolhas. 

 ─ Bem, aos poucos estou tendo recordações e não mais as esqueço. Muitas vezes é tudo muito confuso, não consigo compreender se foi realmente uma lembrança ou sonho - respondeu enfim, obtendo a atenção do Sabaku. 

 ─ Entendo. Não é incomum sua falta de discernimento, no momento você está se adaptando, com o tempo conseguira ver com mais clareza. O que peço é que não se esforce para entender agora. Seu procedimento foi delicado, ainda me preocupo com a sua saúde. 

  Gaara explicou de maneira pratica a ela. Os olhos esmeraldinos seguiam cada movimento de suas mãos, atenta. Ao mencionar a adaptação o médico levou a ponta dos dedos a tocar o local da cirurgia. Mas tão rápido quanto seguiu a ação, Sasuke a dissipou, trazendo a namorada para perto, repudiando descaradamente o profissional.  

 ─ Sakura esta perfeitamente bem agora, comigo. Estou me segurando disso, não é preciso que continue a perder seu tempo precioso, Doutor – frisou com ironia a ultima referencia. 

  Gaara forçou um sorriso desconfortável, enfiou as mãos no jaleco e deu um passo adiante, encurralando Sakura entre ambos.  

 ─ Como médico é meu dever estar a par do que se refere a meus pacientes, ainda mais no caso de Sakura. Quer queira ou não, ela é importante para mim - sua voz soou suave, mas não escondia a tensão que havia.  

  O Uchiha trinco a mandíbula e grunhiu ao tentar avançar sobre o outro que, não moveu do lugar a espera do golpe, no entanto nenhum deles esperava que Sakura entrasse na frente.  

 ─ Sasuke, não! - gritou em desespero assim que se deu conta do que ele faria. Imediatamente segurou o pulso firme dele, assustada, quando sentiu o quanto ele estava tremulo, reprimindo a raiva – Por favor, para agora - comandou, temerosa, ao passo que a briga permaneceu com a troca de olhares. 

 ─ Sakura, você esta bem? - preocupou-se Gaara, visto que o punho esteve tão perto de atingi-la.  

  Ela apenas assentiu em resposta, com um sorriso ameno. Voltou-se a Sasuke quando sentiu ele afastar-se á medida com que as mãos caíram ao lado do corpo, recuou alguns poucos passos. 

 ─ Por que você entrou na frente? - murmurou o Uchiha, baixinho, porém foi imediatamente ignorado. 

 ─  Peça desculpas ao Gaara - o cortou, irritada. Apoiando as mãos a cintura, Sakura dirigiu com dureza o olhar ao homem a sua frente, demonstrando obter pouco paciência para esperar, voltou a dizer – Sasuke, peça desculpas! 

  Primeiro, procurou sentido no que ela dizia, perplexo, soltou uma risada irônica, não acreditando no que realmente ouviu.  

 ─ Eu não tenho nada a dizer. Nossa conversa já acabou – descartou o pedido. Passou pelo Sabaku colidindo seus ombros, ligeiramente impaciente, seguiu para fora do prédio. 

  Surpresa, Sakura observou a porta por onde ele saiu, sem conseguir emitir qualquer reação até o momento que o doutor tocou seu ombro. 

 ─ Não se preocupe, eu o entendo – assegurou, no entanto a angustia na face da Haruno não amenizou.  

 ─ Minhas sinceras desculpas, Gaara. E-eu nem sei o que dizer. 

  Constrangida, cobriu o rosto com as mãos enquanto balançava a cabeça negando que ainda sim ele fosse gentil. Contudo, o homem de olhos jade afastou as mãos pequeninas e lhe sorriu confiante.  

 ─ Não é preciso. Nada do que eu disse é mentira, você é importante para mim como paciente e amiga, o que vivemos no passado já se foi, estamos vivenciando uma nova etapa agora. Certo? - deixou de segurar os pulsos finos, para acariciar os fios róseos, logo, então, tomar distancia.  

 ─ Gaara 

 ─ Agora você deve ir. Não perca aquele cara de vista – apontou com o queixo para a porta a alguns metros, a espera que ela corresse rapidamente ao encontro do Uchiha, mas Sakura não foi, permaneceu no mesmo ponto olhando fixamente para ele. 

 ─ Gaara, quero que saiba que você sempre esteve presente nas minhas lembranças como alguém que cuidou de mim e fez muito mais do que deveria. Eu fico feliz e muito aliviada em não ter nenhuma memoria ruim. Seu papel na minha vida foi muito importante, antes, durante e após a cirurgia, portanto.... Obrigada.  

  Lentamente a viu se inclinar, estampando o mais belo sorriso, plena com a absoluta honestidade, sem qualquer ressentimento. Sakura estava pronta para seguir em frente, deixar o passado em seu lugar, como também já deveria ter feito, seguindo o próprio conselho. Quem sabe quando a veria, se seria daqui a algumas semanas, meses, anos. Gaara simplesmente não aguentaria mais conviver naquele martírio, sofrendo dia após dia pelo seu pior erro.  

  No instante que a Haruno virou-se e fez menção em correr, ele a segurou e trouxe de encontro ao seu corpo, apertando-a em seus braços. 

 ─ Sakura, espera. Eu quero te pedir perdão, há algo que não sabe. Fui desprezível em um momento que era difícil pra você, realmente não sei onde estava com a cabeça - lamentou arrependido.  

 ─ Gaara, do qu- 

 ─ Eu achei que poderia ser minha chance, achei que poderia fazer você esquecer dele. Mas eu fui apenas um idiota que a enganou – continuou, visivelmente aflito.  

 ─ Sasuke? - deduziu - Eu não estou conseguindo acompanhar, Gaara. Do que esta falando? 

 ─ Após a cirurgia, quando suas memorias sobre ele foram confinadas em algum lugar do seu cociente, eu fui um tolo egoísta em desejar que não se lembrasse jamais – murmurou a confissão, horrorizado consigo mesmo - Tentei me aproximar cada vez mais, ignorando seus sentimentos, somente quis encontrar um espaço no seu coração. Fui impulsivo, um babaca. Enquanto esteve se culpando pelas confusões que sua falta de memoria causou, permaneci calado remoendo este arrependimento. Me perdoe, por favor.  

  Sakura afastou-se o suficiente a procura do seu rosto, durante alguns segundos nada expressou, tornou-se uma incógnita profunda. O silencio predominou de forma assustadora, inquietante. Assim que nos lábios rosados formou um sorriso acompanhando o leve brilho nos olhar esmeraldino, a voz doce, enfim, soou. 

 ─ Esta tudo bem agora. Você mesmo disse que devemos deixar o passado onde está, siga seu conselho. Confesso que fiquei sem saber como reagir, eu não tinha ideia do quanto você também sofreu, por minha causa. Mas agora, por favor, não deixe nada disso perturbar você. Vamos ser felizes, livres do que nos machucou, sem arrependimentos. Ta bom?  

 ─ Ta bom - correspondeu o sorriso - Obrigado, eu na- 

  Antes que pudesse concluir, Sakura foi bruscamente arrancada dos seus braços. Mais uma vez reconheceu o olhar fúnebre e o instinto assassino emanar do moreno que comparar-se-ia a um touro ensandecido.  

 ─ Sai de perto dela. Não a toque. Não respire perto dela. Não se aproxime da minha mulher! - esbravejou contra o Sabaku, não permitindo que o mesmo emitisse uma única silaba, agarrou a cintura da moça que, ainda permanecia em choque, e rumou hospital a saída.  

oOo 

  Durante o trajeto nenhum dos dois ousou dizer nada, ao menos mencionou o que havia acontecido a alguns instantes. Cada um fechou-se em seu próprio mundo, evitando, por menor que seja, o contanto. O barulho constante da cidade a noite, era a única coisa que não tornava o silencio entre eles mórbido, e mesmo quando um olhava de soslaio com o intuito de observar o outro, logo retornam ao ponto inicial.  

  Enfim parou o carro em frente a casa simples onde ela mora, antes mesmo de desligar o motor, Sakura saltou para fora batendo a porta em seguida, ao menos olhou para trás quando entrou sem dirigir uma única palavra a ele. 

  Sasuke suspirou, descontando no volante a raiva e frustração por não ter tido chance ou se quer foi questionado por ela. O dia que começou perfeitamente bem, cheio de carinho, surpresas e até pedido de casamento, terminou como o pior dos pesadelos. Ainda que não fosse possível fazer mais nada neste dia para resolver a situação, permaneceu pensativo dentro do carro, até o momento que ouviu alguém bater no vidro, chamando atenção. 

 ─ Sasuke querido, o que faz aqui parado? - indagou Mebuki, avaliando o rosto do moreno preocupada – Por que não entrou? Kizashi brigou com você outra vez? 

 ─ Desta vez não. Só vim trazer Sakura de volta – explicou, a expressão da Haruno suavizou. 

 ─ Obrigada, meu bem. Não quer ficar para o jantar? - convidou. 

 ─ Desculpe, mas hoje minha mãe exigiu minha presença em casa. Fica pra próxima - rejeito sutilmente. Do contrario ficaria evidente que algo havia acontecido, portanto, para não preocupa-la pensou rapidamente numa desculpa que Mebuki nem mesmo pudesse questionar.  

 ─ Oh, entendo. Me avise quando puder, e traga a família, farei seu prato favorito – ela afastou-se do automóvel, enquanto o Uchiha ofereceu um breve aceno em agradecimento e partiu. 

  Mebuki balançou a cabeça negando algum pensamento irrelevante, entrou em casa levando as sacolas de compras no mercado á mesa, porém sua intuição de mãe não lhe deixou prosseguir com a tarefa de guardar, seguiu até a porta do quarto da filha e bateu. 

 ─ Meu amor, esta tudo bem? - girou a maçaneta e a viu deitada sobre a cama com o rosto enfiado no travesseiro. 

 ─ Não. Mas vai ficar – respondeu – Por favor, me deixa sozinha, mãe? Eu não quero conversar agora – sua voz soou abafada pelo travesseiro, ainda sim era evidente que chorava.  

  Mebuki suspirou com pesar, de mãos atadas, pronunciou o único conselho que poderia dar naquele momento. 

 ─ Meu bem, viver como um casal é difícil, principalmente se existe grandes diferenças entre o casal. Mas, a confiança, a honestidade e o amor é o que vai mantê-los unidos. Se você está enfrentando um problema no seu relacionamento com Sasuke, seja sincera e diga a ele o que pensa, o que sente. Somente assim ele saberá como deve agir – á medida que falava acariciou com carinho os cabelos longos da filha.  

  Ao ouvir o nome do amado, Sakura, enfim, ergueu os olhos. 

 ─ Como sabe que é com ele? - balbuciou, enxugando as lagrimas que jaziam no seu rosto. 

 ─ Porque sou mãe - tocou a pontinha do nariz dela com a ponta do dedo – Respire fundo, tome um banho e depois desça para jantar. Não é o fim do mundo, meu amor - depositou um beijo cálido sobre a franja, finalizando a conversa, caminhou em direção a porta, quando pouco antes de sair a ouviu chamar. 

 ─ Mamãe... Obrigada – ofereceu o melhor sorriso. 

  Mebuki retribuiu, incapaz de esconder o alivio no instante que não viu a filha mais chorar, seu dever foi cumprido e suas preocupações cessadas. Conforme fechou a porta atrás de si, faltou pouco para que não fosse derrubada pelo marido, a aflição preenchia a expressão em seus olhos a ponto de não se conter em agonia. 

 ─ O que aconteceu? Foi aquele moleque Uchiha de uma figa, foi? - interrogou impaciente. 

 ─ Sim, Kizashi ma- 

 ─ Ah, mas eu vou matar ele! Desta vez vou apresentar meu arsenal inteiro, não vai restar migalhas pra contar historia –  seu olhar transformou-se em cólera, agora um sorriso maquiavélico dança em seus lábios, apenas em imaginar o que faria.  

 ─ Pare já com isso, homem. Eu não quero mais ouvir você ameaçar meu genro, está entendendo Kizashi? - com as mãos apoiada a cintura, enfrentou o homem, que aos poucos foi perdendo a alegria – Eles são um casal, e como qualquer outro enfrentam problemas no relacionamento. Vou avisar só uma vez, ai de você se fizer um arranhão em Sasuke. Estamos entendidos? - o marido virou o rosto para o outro lado, na tentativa de não responder, porém ela continuou firme – Kizashi Haruno – silabou lentamente. 

 ─ Argh. Ta! Ta bom! - concordou a contragosto, emburrado.  

 ─ Ótimo – a Haruno mordeu o lábio inferior, reprimindo sorrir. Cruzou os braços, ameaçando sair dali, contudo o marido a segurou no lugar. 

 ─ Ainda vai fazer aquilo que pedi para o jantar? - apesar da recente discussão, a atmosfera entre eles mudou completamente, tornando afável assim que Kizashi suavizou o tom de voz, a olhou com carinho.  

 ─ E por que eu não faria? Deixe de ser bobo – deu um tapinha no peito dele empurrando para fora do caminho, por onde passou sem ser impedida desta vez.  

oOo 

  O fim de semana chegou assim como o outono naquela manhã ensolarada, porém com avisos por toda parte que o frio estaria próximo. Entretanto, nem mesmo a oscilação do tempo foi capaz de impedir Sasuke em ir a casa dos Haruno, determinando a convencer os pais protetores que seria uma ótima ideia viajar de repente. Encarar a carranca de Kizashi não foi facil, durante todo tempo o sogro esteve estralando os dedos lentamente, como que para demonstrar a maneira que quebraria seus ossos.  

  O que ele não esperava fosse que Mebuki aceitasse de imediato e o Haruno não ousar contradizer sua decisão. Ao fim da conversa, a loira entrou na cozinha levando o marido junto, prometendo uma bela refeição para que pudessem levar.   

  Pacientemente esperou pelo que levou vinte minutos, quando enfim Sakura desceu vestindo um vestido floral azul, óculos de sol sobre o cabelo e uma bolsa mediana nas mãos.  

 ─ Mamãe, papai! Já estamos de saída – gritou, ao chegar no ultimo lance da escada. 

 ─ Só um minutinho – gritou da cozinha – Kizashi, pare já de resmungar - ralhou. 

  Sakura suspirou, sentando-se na ponta do sofá onde Sasuke estava, por um segundo trocaram olhares significativos em busca de respostas a suas perguntas silenciosas. Ela abriu a boca no intuito de dizer algo, mas logo desistiu.  

  Ele respirou fundo, ponderando sobre o que poderia dizer. Olhou em direção a cozinha e não viu qualquer sinal de que os pais dela estariam vindo. Umedeceu os lábios, passou as mãos na calça limpando o suor, buscou por oxigênio e soltou vagarosamente, determinado a esclarecer as coisas, silabou o nome facilmente.  

 ─ Sakura eu qu- 

 ─ Aqui está a cesta, queridos – Mebuki surgiu sorridente na sala, logo entregando ao genro.  

─ Não precisava fazer tudo isso, mãe, são só dois dias.  

 ─ Claro que precisa – arrumou os fios róseos, verificou a maquiagem leve e por fim depositou um beijo sobre a franja – Aproveite bastante, meu amor.  

 ─ Obrigado, Mebuki. Vamos, Sakura? - seguiu para fora, antes que Kizashi aparecesse ali e como um detector descobrisse a falta de comunicação do casal. A noiva veio logo depois, após despedir-se dos pais, ambos acomodaram no carro. 

  O silencio mais uma vez predominou durante a viagem, Sakura obrigou-se a verificar a caixa de mensagem no celular, havia apenas duas de Ino comentando sobre seu novo emprego de meio período num restaurante tradicional e uma de Hinata atualizando as novidades. Por um instante animou-se em falar com Sasuke sobre seus amigos Naruto e Hinata, mas assim que virou-se encontrou o mesmo de cara fechada, aparentemente perdido em devaneios longínquos. A vontade esvaiu tão rápido quanto veio, lembrando-se do motivo para estarem distantes. 

  Apesar de não conseguirem trocar uma só palavra naquele momento, na noite anterior foi surpreendida com o barulho de mensagem vindo do celular, abriu para ler percebendo tarde demais a quem pertencia. 

Minha surpresa ainda esta de pé.  

  Inflou suas bochechas soltando o ar, irritada, enfiou o telefone embaixo do travesseiro, virou para a janela na tentativa falha de adormecer. O vento soprava batendo no vidro da porta da sacada, por onde uma vez ele havia entrado, a tomou em seus braços cobrindo-a de beijos. Sua mente voou insistentemente, trazendo milhares de lembranças das quais preencheu seu coração mais vez de amor.  

  O celular tocou novamente obtendo sua atenção, era mais uma mensagem. 

Quer ir a praia amanhã, só nós dois?  

Se não responder... 

  A curiosidade tornou-se insuportável, não poderia se quer imaginar o que ele faria, mas não elimina a hipótese dele aparecer em sua janela em alguns instantes. Pensou um pouco mais, certa de que talvez não fosse má ideia decidiu responder. 

Tudo bem. Boa noite Sasuke.  

Boa noite... Morango.  

  Abriu os olhos lentamente, no instante que o carro parou de repente, assustada procurou o moreno no banco ao lado, a observando atento, foi inevitável não suspirar de alivio. Endireitou o corpo, levando a mão a nuca assim que sentiu uma pontada descer a espinha. 

 ─ Dói? - fez a pergunta retorica enquanto a examina com cuidado – Vou ver se tem algum remédio por aqui. Sua cabeça também dói?  

 ─ Um pouco – murmurou, sua voz soou rouca. 

 ─ Certo, Já volto – disse, porém não moveu-se do lugar, seus olhos permaneceram fixos no rosto dela durante alguns segundos, como se esperasse que algo fosse dito. Mas nada ouviu. Rapidamente abriu a porta, deixando-a sem compreender o que havia acontecido.  

  Sakura suspirou profundamente, ao passo que seguiu com o olhar o Uchiha caminhar até um homem, dizer algo a ele e prosseguir para o que parecia uma lojinha 24hs. Somente agora olhando ao redor percebeu que já era noite, haviam parado em um posto de gasolina. Dormiu por horas, tudo porque passou a noite em claro pensativa, ansiosa e inegavelmente irritada. 

  Minutos depois com uma sacolinha nas mãos ele retornou, acomodou-se no banco logo deixando o que trouxe sobre o colo dela. 

 ─ Obrigada. 

 ─ Esta com fome? Há horas estamos na estrada e você apenas dormiu. Vamos ver o que a sua mãe preparou. - esticou o braço entre os banco alcançando a cesta, a colocou na frente e abriu – Sanduíches, suco...  

 ─ Me dê um sanduíche – pediu, ele entregou em seguida. Com a primeira mordida sentiu o quanto esteve faminta durante tanto tempo, aproveitou para dar outra mordida generosa satisfazendo sua fome. Estava tão concentrada, ao ouviu o moreno reprimir o riso, olhou confusa para ele. 

 ─ É bom vê-la tão adorável – justificou o questionamento silencioso - Também estou com fome, pode me alimentar? - apontou para a boca delineada com um sorriso astuto.  

 ─ Tem o bastante ai dentro da cesta, pegue e coma por si mesmo – respondeu acida. 

 ─ Ok, você ainda está brava. 

─ Sasuke, precisamos conversar - começou, repousando o sanduíche no colo. 

 ─ Eu sei – murmurou ele, os olhos prenderam a estrada – Pode falar, vou ouvir.  

 ─ Espero mesmo que ouça. Sua atitude no hospital foi horrível, jamais pensei que fosse agressivo, ainda mais com o médico que fez de tudo para que eu pudesse viver normalmente, eu devo muito a o Gaara, ele salvou minha vida. Mas você de forma alguma aceita a importância que ele tem para mim. 

 ─ Ele é importante pra você? - desdenhou.  

 ─ Sim, Sasuke, ele é. Assim como você também é, e- 

 ─ Assim como também sou - repudiou – Acho melhor escolher suas palavras, Sakura.  

 ─ Pare de distorcer tudo que digo. Você disse que ouviria! - elevou a voz, ficando irritada.  

 ─ Eu já sei o que quer dizer sobre a porra do médico! - exaltou-se. Suas mãos agarraram os fios negros contendo a raiva somente em ouvi-la reproduzir o nome do ruivo.  

  Sakura calou-se, seus olhos marejaram contra sua vontade, mesmo que tentasse segurar as lagrimas já banhavam seu rosto simultaneamente.  

 ─ E-eu não sei o que fazer, eu não sei - soluçou, cobrindo a face com as mãos - E-eu não sei mais o que dizer. Sasuke, eu...eu.. 

  Ele a puxou para o seu colo, após colocar a cesta de volta no bando de trás, acalentou a mulher de cabelos exóticos que um dia custou a acreditar que fossem verdadeiros. Afagou o rosto molhado entre as mãos enxugado cada lagrima com o polegar. 

 ─ Me desculpa, não devia ter gritado com você. Eu também não sei o que fazer. Quando entrou na minha frente para defender ele, senti ódio de vocês dois, como jamais senti de alguém em toda minha vida. Assim que voltei pro carro pude refletir melhor, foi burrice deixa-la com ele, foi meu pior erro. Mas, ver você nos braços daquele cara me deixou cego, nada mais existia, eu estava pronto para matar ou morrer, somente para não ter que ver aquela cena de novo. Consegue entender a proporção disso? O quanto a amo não cabe em mim, portanto não diga nunca mais que outro homem é importante pra você, entendeu? - ela assentiu em resposta  – Eu te amo, nunca duvide disso. 

 ─ Eu nunca duvidei, Sasuke-kun. Nunca – o sorriso brotou em seus lábios conforme ele também oferecia a ela, pouco a pouco dissiparam a distancia com um beijo calmo, apaixonado, ausente de arrependimentos.  

  O casal não poderia esperar um dia a mais, as horas tornaram torturantes até que chegassem a casa de praia. Impaciente, Sasuke estacionou e desceu logo em seguida, contornou o carro com rapidez, pouco antes da Haruno abrir a porta por completo ele a parou, envolveu a cintura e sob os joelhos para então ergue-la em seus braços.  

 ─ Sasuke, o que está fazendo? - soltou um gritinho assutada, por ter sido pega desprevenida.  

 ─ Lutando por você - aproximou deixando sua testa descansar sobre a dela - Está noite eu quero ama-la como nenhum um outro dia fui capaz. 

  Então Sasuke estendeu um braço, ainda a segurando com o outro, e, quando seus lábios uniram mais uma vez, ele fechou a porta, selando a promessa de tudo o que viria. 


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Notas finais do capítulo

A todos que chegaram até aqui, obrigada. Tenho um recadinho importante leitores, Akai Ito está no seu penúltimo capitulo, a caminhada até aqui foi longa, árdua, porém satisfatória. Vou deixar mais agradecimentos para o próximo e ultimo.

Até lá o/
Beijos♥

Música de hoje: Summer is over - Sara Bareilles



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