Akai Ito escrita por Karol Montblanc


Capítulo 48
Rise


Notas iniciais do capítulo

Yooo!!! Cheeguei o/

Bem, só pelo tamanho do capitulo vocês ja poderão saber o porquê da demora.
Agradeço a todos que comentaram e continuam acompanhando, mesmo depois de meses. Obrigada seus fofos ♥

Espero que gostem, ora, deu trabalho u.u

Aconselho ouvir a música, só para dar mais emoção - Rise - Katy Perry.

Frases em Itálico -> Lembranças

Bora Ler!



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Capitulo XLVIII 

Dê a quem você ama: Asas para voar, 

 raízes para voltar e motivos para ficar. 

(Dalai Lama) 

  

Erguer 

    No inicio a preocupação e a angustia assolaram suas expectativas, onde tudo terminaria perfeitamente bem após reconciliar com aquele que sempre amou, tinha a plena consciência de que não seria simples, pois diversos acontecimentos surgiram como obstáculos, distanciando a possibilidade de ser feliz. Houveram momentos que seguir o coração fora mais complexo do que compreender suas memorias, que assim por dizer, ainda tenta encaixa-las uma a uma, dia após dia.  

    Todavia, havia alguém que recuperava suas lembranças de forma simplória, enviando cartas, fotos, resgatando sentimentos importantes em troca de nada mais que um sorriso.  

    Quantas vezes leu cada linha segurando as lagrimas que sempre brotam facilmente. 

    Mais que um incentivo para continuar lutando, recebeu motivos para acreditar que de alguma maneira tudo ficaria bem, pois haveria alguém observando, pronta para não deixa-la sofrer por algo que se perdeu em meio a sua mente fraca.  

    Ouvir os planos de Karin foi um grande choque, mas saber que sua mãe, Ino e dona Mikoto compactuavam de tudo isso, apenas para vê-la feliz, causou uma imensurável onda de emoções.  

    A quanto tempo as pessoas que ama estão se sacrificando por ela? 

    Culpa e gratidão preenchiam seu coração. Nada neste mundo seria suficiente para recompensa-las, pois tudo que fizeram foi para que não se esquecesse do mais importante, de quem realmente é.  

    Logo pela manhã saiu cedo para caminhar, deixou um bilhete na geladeira avisando aos pais, assim não haveria preocupações desnecessárias. Precisava refletir sobre tudo que ocorreu nos últimos tempos, longe de Sasuke, longe de tudo.  

    A cada dia recebia novas memorias, como se estivessem guardadas em uma caixinha do cérebro e pouco a pouco fossem libertas, proporcionando, muitas vezes, dores de cabeça infernais. Hoje era apenas mais um desses dias, no entanto em maior intensidade.  

    Evitou contar a sua mãe, mesmo que seja um ato egoísta de sua parte, já estava cansada de ir ao hospital, e, talvez somente depois que soube sobre o estado de Karin, caiu a ficha que poderia encontrar Gaara ali. Ela não estaria pronta para encara-lo agora, não depois do que sua mente traiçoeira ousou resgatar hoje.  

   "─ Hoje farei um jantar entre amigos, tia Mebuki ja deixou e você também aceitou - conhecendo-a como conhecia, sabia que Sakura nunca voltaria a tocar no assunto. Por um breve momento sua mente ralho a condenando por agir mais como uma mãe do que como amiga, confiaria em Sakura, confiaria em sua promessa de que; sempre poderiam contar uma com a outra.   

  ─ Mal posso esperar para ver aquele médico gato - suspirou de olhos fechados - Se lembra dele testuda, Doutor Gaara."   

    Fechou os olhos com força, enquanto andava a passos lentos pelo gramado da pracinha próxima a sua casa, perdida em seus devaneios mais remotos. 

   "Sem ao menos que pudesse reagir, Ino o puxou colando seus lábios, suas mãos tremiam tentando unir seus corpos em uma súplica silenciosa para que correspondesse. Com sutileza ele a afastou pouco a pouco.   

   ─ Não há mais volta - a olhou nos olhos - Estou amando Sakura." 

   Inconscientemente ela havia ferido Ino. Como não perceberá que Gaara a olhava diferente, que ele havia se apaixonado.  

    Burra.  

    Idiota. 

   "─ Você não esta sendo honesta consigo mesmo, não será a única que vai acabar se machucando, Sakura - o silêncio predominou por alguns minutos. Ela se segurava para não derramar uma única lagrima e ele se esforçava para não feri-la com sua língua afiada." 

    A voz do Uchiha soou como laminas afiada, para lembra-la mais uma vez o quanto suas atitudes impensadas, enquanto esteve com a memoria afetada, realmente machucaram pessoas inocentes. Ainda mais Sasuke e Gaara.   

    A suave brisa trouxe o aroma que tocou sua face proporcionando acalento, como se braços quentes envolvessem seu corpo, assim protegendo-a do mundo.  

   ─ Ino – balbuciou, abrindo os olhos vagarosamente. O sorriso gentil escapou de seus lábios de modo involuntário. 

   ─ Oi - sua voz soou trêmula, enquanto mantinha os olhos fixos em seus pés - Será que nós podemos conversar? 

   ─ Esta tudo bem, não é, porquinha? - indagou desconfiada, franzindo o cenho quando a Yamanaka apenas balançou a cabeça negativamente.  

    Em silêncio Sakura seguiu Ino até um dos banco abaixo de uma cerejeira, naquela época do ano a árvore ainda não esbanjava beleza, sem flores, apenas galhos secos maltratados pelo inverno.  

    A loira se sentou primeiro, entrelaçou as mãos sobre o colo e respirou fundo algumas vezes buscando por coragem em seu intimo. Talvez tenha perdido a linha do raciocino distraída em como deveria começar, pois Sakura tocou seu ombro oferecendo um sorriso reconfortante que, acalmou seu coração quase que instantaneamente.  

   ─ Você está muito seria – avaliou a amiga desviar os olhos azuis – Ino... 

   ─ Sua mãe me contou que você já sabe – em uma lufada de coragem, iniciou, incerta – Mas não sabe sobre tudo... E-Eu sempre desejei a sua felicidade, sou sua melhor amiga, é obvio. Mas era desta forma que eu engava a mim mesmo, encobrindo o verdadeiro motivo de te empurrar para Sasuke – suas mãos tremulas foram de encontro às de Sakura, trazendo para o seu colo e os olhos azuis procurou pelos esmeraldinos – Eu senti inveja de você quando os olhos de Gaara não eram direcionados à mim. Fui egoísta a ponto de achar que ele me amaria e se esqueceria de você quando não mais visse outro homem além de Sasuke.  

   ─ Ino... 

   ─ Eu estava errada, Sakura. E a culpa por Karin ter se machucado, também é minha – confessou, engolindo o choro. 

   ─ Você não tem culpa de amar – lentamente retirou as mãos e elevou a face da Yamanaka, em um gesto singelo de carinho – Apenas em fazer escolhas erradas. Assim como eu - compreensão transbordava em seus olhos. Sakura não a culpava, pois agora tudo faria parte do passado - Ino, hoje eu me lembrei do jantar em minha casa, me lembrei do momento em que confessou estar apaixonada e ele a rejeito por minha causa.  

    Ino mordeu os lábios no intuito de engolir suas emoções. 

   ─ E sobre Sai – complementou - Você sofreu por todo esse tempo e eu ao menos poderia estar ao seu lado todos os dias. Eu também lhe devo desculpas, porquinha.  

   ─ Não seja boba testuda - não aguentando mais, jogou-se nos braços da Haruno, sendo correspondida no mesmo instante - Que bom que esta de volta, minha amiga.  

    Ali elas choraram por longos minutos, compartilhando suas frustrações e recuperando o tempo perdido. Pois, mesmo que no passado ambas houvesse feito escolhas das quais não poderiam mais mudar, hoje seria um novo começo.  

   ─ Ino, diga com sinceridade, ainda ama Gaara? - observou atenta, a amiga se levantar, soltar um longo suspiro e virar-se para ela, com uma expressão decidida. 

   ─ Eu... Eu fui atraída por sua bondade e virilidade, ele é um homem lindo, isso não posso negar. Agi como uma egoísta imatura. Mas o que posso fazer? Gaara não é para mim e nunca será – por um momento seus olhos se perderam diante do sol poente, o leve balançar das arvores reagindo a brisa - Sabe, eu recebi minha carta de recomendação, finalmente vou começar como aprendiz, o segundo maior passo da minha vida. Eu quero dar meu máximo e mostrar do que sou capaz na cozinha. Então... me deseje sorte – mudou de assunto, de repente. O brilho nos olhos azuis retornaram como um lindo dia ensolarado, realmente era aquilo que ela amava de verdade. 

   ─ Ino... - ela não tinha ideia de como prosseguir. Sua amiga estava ainda mais perdida do que ela própria, como poderia ajuda-la? Então, levantou-se ficando lado a lado com a Yamanaka, observando a mesma direção. 

   ─ Olha eu... eu decidi que quero esperar e se alguém surgir e for bom para mim eu irei lhe dar oportunidade, porque sei que ninguém é igual ninguém - indagou, incerta - Eu quero acreditar que existe um homem certo para mim, que todos os outros foram apenas pessoas que entraram na minha vida para ensinar algo sobre o amor....   

    Sakura observou de soslaio a amiga sustentado em sua face o olhar temeroso, ela tinha medo, era nítido, pois cometerá escolhas ruins que ainda machucam. Mas ela também fizera, diversas, mesmo que inconscientemente, seus erros não seriam apagados, na verdade serviram para impulsiona-la ao caminho correto.  

    Havia escutado a voz da senhora misteriosa sussurrar em seus sonhos e tantas outras vezes que não soube discernir se era realidade, como se oferecesse à ela a resposta para tudo, em meio aos seus devaneios. Em sua boca brotou um sorriso convicto, lembrando-se que alguém mais, á quem nunca conheceu de verdade, ajudou em seu destino. Se sentia grata, revigorada e pronta para seguir adiante. 

   ─ Ino... - a chamou sem olha-la - Não deixe sua alma gêmea ir quando o momento chegar, apenas siga seu coração - suas mãos entrelaçaram com as de Ino, transferindo toda força e coragem que poderia. 

   ─ Obrigada... Obrigada por me ajudar mais uma vez Sakura.  

oOo 

    A vinte minutos estava sentada sobre a cama com os olhos fixos nas próprias mãos no colo, pensativa, completamente perdida em devaneios longínquos. Ao seu lado repousava as cartas abertas e o diário com o emblema chamativo sob o nome da família Uchiha, a qual havia lido cada linha, buscando absorver tudo que podia, o que não sabia, o que era novo e os resquícios de lembranças que, agora, tornaram claros como água.  

    Assim que chegou de sua caminhada foi recebida com alegria pela mãe e estranhamente Kizashi não retirou os olhos do jornal, era como se compreendessem que espaço e tempo seria tudo que precisaria naquele momento, sem questionamentos.  

    Após sair do banho, mais relaxada, sentiu necessidade de abrir a gaveta do criado mudo, quis apenas observar as cartas, com medo de algo que nem mesmo ela sabia. Mas seu coração quase que implorava por respostas a lacunas que incomodam, doí e ainda perturbam.  

    Batidas tímidas na porta chamou sua atenção obrigando-a recobrar a consciência. Não demorou nada mais que alguns segundos para que Mebuki entrasse sem cerimonia, diferente de quando havia recebido a filha, agora franzia o cenho atônita. 

   ─ Esta tudo bem, meu bebê?  Percebi seu rostinho abatido quando chegou – a preocupação em seu tom de voz era evidente.  

   ─ Encontrei Ino. Nós conversamos um pouco – duvidava que aquela simplória explicação fosse acalma-la, mas fora a única desculpa que encontrou. 

   ─ Entendo. Oh, as cartas, andou lendo novamente? Achei que não precisasse mais disso – aproximou-se da cama, recolhendo algumas cartas. Não precisaria ler, pois sabia de cor o conteúdo que havia ali, escreveu algumas e ajudou em outras. Aquela fora a maneira de contribuir de alguma forma, somente para ver sua menininha feliz.  

   ─ Algumas memórias ainda não faziam sentido, mas não se preocupe, mamãe. - garantiu, com um sorriso amarelo. O que não convenceu a matriarca.  

   ─ Como não me preocupar, meu amor? É minha única princesinha - carinhosamente acalentou o rosto entre as mãos, acariciando as bochechas com o polegar - Eu fico tão feliz que esteja bem, perfeitamente bem. Não sei o que faria se tivesse a perdido durante a cirurgia - trouxe, com cuidado, a filha para seu colo, distribuído carinhos e afagos, como a tempos não fazia - Realmente eu não sei o que faria da minha vida se tivesse a perdido de qualquer maneira. No início eu culpei Sasuke e o julguei como todos fizeram - confessou, rindo em seguida, admitindo ter sido uma idiota - Quando percebi que na verdade ele estava tirando minha filha do mundinho pequeno e solitário, a qual tentei durante anos, com tamanha facilidade, eu passei a observa-lo com mais cuidado.  

   ─ Sasuke conquistou você também, não é mamãe? - ergueu os olhos, esboçando um grande sorriso.  

   ─ Ele é um bom menino e sei que será um ótimo marido – correspondeu ao sorriso, tocando a pontinha do nariz da filha. 

   ─ Ma-marido? - corou, de modo instantâneo. Apressada se levantou para tentar esconder a quentura em suas bochechas. 

   ─ Sim, não quero que o perca de vista. Casar-se logo, é a garantia que eu terei um bom genro – argumentou, eufórica, extremamente satisfeita.  

   ─ Mãe! - tentou repreende-la, envergonhada. 

   ─ O que foi? Você não o ama? - cruzou os braços sob o busto e a encarou como se estivesse interrogando um criminoso.  

   ─ E-eu…  

   ─ Não é tão difícil dizer o que sente bem aqui - apontou para o próprio peito indicando o coração - Se for verdadeiro, a boca falará sem nada a temer.  

   ─ Mãe! Eu.. Eu já disse isso uma vez, antes de ir procura-lo no parque – aos pouco o tom de sua voz foi sumindo e seu rosto sendo engolido pela cor vermelha. 

   ─ Com todo aquele desespero? - suspirou, rejeitando se quer lembrar-se do momento que achou que a filha estivesse prestes a morrer – Quero ouvir agora, com sinceridade, quando esta calma. Diga pra mamãe o que guarda neste coraçãozinho. 

   ─ E-eu... amo Sasuke e eu… Eu quero me casar com ele, mas, é tudo tão complicado, tão recente... - mordeu o lábios inferior, não sendo capaz de esconder o sorriso – Sobre tudo que aconteceu, eu me senti culpada, muito, não queria que fosse assim. Depois percebi que todos contribuíram para que ficássemos juntos, então, não era errado amar ainda mais, querer estar para sempre com ele. Mesmo quando não queria admitir, no fundo soube que não poderia viver longe dele, nunca mais. Sasuke é imperfeito, um babaca irritante. Mas é surreal como sua presença faz meu coração bater tão forte, rápido, desmedido... E eu... – a esta altura seu olhar estava longe, radiante, transbordando emoções das quais jamais poderia mensurar em palavras.  

   ─ Então não tem mais - a cortou - Não acrescente dúvidas ao que você já tem certeza, meu amor - a envolveu, de forma carinhosa, em um abraço caloroso e apertando, plantando um beijo terno sobre o topo dos fios róseos – Estou orgulhosa de você, minha menininha. Muito orgulhosa.  

    Sakura calou-se, refletindo sobre as palavras sabias de sua mãe. O aconchego dos braços finos a embalando como uma criança, trouxe recordações nostálgicas das quais a muito não se lembrava. Seus olhos se fecharam, aproveitando a sensação de amabilidade, escutando o coração calmo de Mebuki bater.  

    Ela sentia orgulho, orgulho de suas decisões. Nada soava mais reconforte do que isso, a certeza de estar fazendo a escolha certa para o seu futuro.  

   ─ Claro. Obrigada, mãe - tornou a responder após alguns minutos, confiante, pois ouvir a matriarca era tudo que precisava para finalmente sair do nevoeiro confuso a qual viveu por todo este tempo.  

    Atrás da porta estava Kizashi, absorvendo a verdade que sempre esteve obstinado a ignorar. Na verdade tinha certeza que era uma paixonite, coisa de jovens sem experiência alguma e logo passaria. Com o tempo sua filha se apegou aquele fedelho e o que era paixão tornou-se amor, mesmo ele sendo a causa da destruição de suas memórias, ela amava o moleque Uchiha.   

    O que um pai como ele poderia fazer? Tentou a todo custo afasta-los, ameaçou diversas vezes com uma arma, da qual qualquer um borraria de medo e nunca mais ousaria pisar os pés naquele bairro. Mas o garoto era persistência, mais que isso, ele era ousado, corajoso o suficiente para enfrenta-lo e de quebra levar o coração mole da sua pequena algodão doce. 

    Quantas vezes quis mata-lo sem se importar com as consequências, esganar ou picar em pedacinhos até que não restasse resquícios de sua existência. Kizashi realmente havia feito tudo que esteve ao seu alcance, em prol, unicamente, da proteção imaculada da sua princesinha.   

    Ele poderia designa-la como ingrata? Uma filha inconsequente que, era idiota o suficiente para fazer a pior escolha da sua vida e ele poderia garantir que futuramente aquele fedelho filho da mãe iria magoa-la e ela choraria feito condenada, a ponto de implorar, ainda sim, pela vida rabugenta daquele vagabundo que só a machucou dês do início. E mesmo que quisesse gritar aos quatro ventos um sonoro “Eu avisei!”, só teria forças para afagar os cabelos róseos, beijar-lhe a testa e repetir pelo tempo que fosse necessário que tudo ficaria bem. Como um bom pai. Mas a questão era que ele não era tão bonzinho assim, suas atitudes, sempre calculadas friamente, fora somente um pretexto para não chegar ao ponto de cumprir com seu dever como pai e assistir ser levada por outro homem. Kizashi nunca quis aceitar que sua pequena cresceu, tornou-se mulher e agora quer amar e ser amada por alguém que não seja ele.   

    Mais uma vez o Haruno suspirou, obstinado a fazer algo que não queria, o mataria por dentro até que seu coração estivesse dilacerado e não restasse nada além de arrependimento.  

    A contragosto arrastou seus pés para sala, onde encarou friamente o homem moreno, que aguardava por sua filha, a qual ele não teve coragem de chamar, não naquele momento, agora havia um empecilho plantado no centro do seu comodo esperando por uma resposta. 

   ─ Uchiha - rosnou o sobrenome em desagrado – Vamos conversar, lá fora – apontou com o queixo a porta dos fundos. Assim que chegou a varanda, cruzou os braços, ainda de costas, com o olhar fixo no céu - Tive motivos e diversas oportunidades para mata-lo, mesmo quando apenas dormia no ultimo quarto do corredor, distante, eu sentia vontade de acabar com a sua raça. Você é a causa de todo mau que ocorreu com a minha filha, não se esqueça disso moleque. 

   ─ Impossível - murmurou, firme, no entanto a culpa era evidente. O suspiro pesaroso soou de seus lábios, sabia que nunca haveria perdão, não por parte de Kizashi – Sobre isso que o senhor queria conversar? - perguntou, enquanto se aproximava alguns passos para ficar ao lado do Haruno – Sou todo ouvidos – cruzou os braços também, aguardando pela enxurrada de ofensas que o velho não se cansava de jogar em sua cara. 

    Irresponsável? Desgraçado? Cretino? O monstro que fudeu com as memorias de sua princesinha e arruinou a vida dela? O bastardo imaturo que não se preocupa com nada além do que quer, sem se importar com as consequências? 

    Ele já sabia de cór. Por esta razão, como nunca havia feito antes, somente esperou, pacientemente calado.  

    Kizashi estreitou os olhos desconfiado, estranhando a atitude passiva e completamente oposta ao fedelho idiota que conhecia. Era como se ele realmente tivesse tomado jeito, agindo de forma sensata e tranquila. Não tinha ideia se isso poderia ser bom ou ruim, afinal, esperava enfrentar o garoto resmungão, ignorante e abusado, tinha até mesmo ameaças prontas na ponta da língua para bombardeá-lo sem dó, em seguida ofereceria gratuitamente lições de moral, como um homem de verdade deve ser e por ultimo, não menos importante, faria a pergunta que temia. Como pai, nada mais era como sua obrigação obter respostas, garantir que tudo estaria bem quando a hora chegasse.  

    Apreensivo puxou a lufada de ar e expirou lentamente. 

   ─ Garoto – disse, da forma como havia acostumado, porém percebeu que não era assim que gostaria de começar. Recaiu seu olhar ao homem, calmo, ao seu lado. Sua mandibula travou, inquieto, hesitante, antes de conseguir prosseguir – Quero saber sobre suas intenções com a minha filha, nada de ladainha. Se mentir, eu vou saber e se eu souber vou meter bala na sua língua para que se lembre o resto de sua vida. Compreendeu? - em nenhum momento alterou a voz, pelo contrario, tranquilamente pronunciou cada silaba, contradizendo a ameaça aterrorizante - Eu ouvi que ela gosta de você, contra minha vontade – entoou, hesitante – Se eu pudesse escolher – suspirou, resignado – Infelizmente os filhos crescem e logo se acham independentes de qualquer opinião alheia –magoa perpetuou em sua voz, como se estivessem o torturando violentamente. 

    Sasuke se permitiu sentir pena, justamente do homem que mirou diversas vezes uma arma em sua cabeça, compadecendo apenas por sua filha e esposa.  

   ─ Não sabia que seu odio era tanto – comentou, em tom de sarcasmo – Espero poder reverter, quem sabe, um dia.  

   ─ Duvido muito – contrapôs, irrevogável.  

   ─ Hm – resmungou, apenas para provoca-lo – Minhas intenções? - arqueou a sobrancelha negra, desfazendo os braços cruzados para enfiar as mãos no bolso da calça - Eu nunca pensei sobre isso. 

   ─ Esta é sua resposta? - rosnou, indignado – Minha filha não é um brinquedo que você pode fazer o que quiser – apontou o dedo indicador para o Uchiha, intimidando-o. Contudo, ele permaneceu sereno, um tanto pensativo – Agora, responda direito, se quer casar com ela ou não, seu moleq- 

   ─ Eu quero – cortou o Haruno. 

    Kizashi abaixou a mão lentamente, com o olhar perdido, fora de orbita. A resposta objetiva, sem rodeios como não esperava, o deixou atordoado de modo que até mesmo as palavras esvaíram. 

   ─ Eu vou. Quando? Não posso dizer – acrescentou, observando, com cuidado, o semblante amedrontado do Haruno. Para Sasuke aquela constatação fora surreal, jamais imaginou presenciar Kizashi Haruno com medo, melhor ainda, medo dele. Estranhamente, não se sentiu vitorioso com este feito. A vida é mesmo complexa - Não sei sobre minhas intenções, na verdade, não penso sobre isso quando estou com Sakura, eu só consigo agir e tentar. Fazer com que sorria quando esta triste, distrai-la quando se sente culpada, admira-la quando é forte, apoia-la quando esta decidida. É só o que eu sei fazer - confessou complacente, buscando as palavras do fundo de sua alma para convence-lo – Posso não ser o que o senhor almejou para ela, mas sou o que ela quer - determinação resplandeceu em seus olhos, ninguém, nunca, arrancaria ou mudaria seus sentimentos.  

    Durante alguns minutos ambos permaneceram em silencio, um absorvendo o que acabará de ouvir e o outro incrédulo por ter sido sincero, mesmo sabendo que de nada adiantaria.  

   ─ Talvez, você não seja tão ruim assim – a voz de Kizashi soou humorada, atraindo a atenção do Uchiha – Estou de olho, Sasuke – concluiu, por fim, dando dois tapinhas sobre o ombro do jovem perplexo. Em seguida retornou para dentro. 

    Sasuke estagnou no lugar, sem saber como agir, o que fazer ou o que dizer. Surpreso, refletiu as ultimas palavras do velho Haruno e fora inevitável não rir, pela primeira vez ele havia o chamado pelo nome, pior que isso, fora amigável e sorriu. Aquilo sim, era impagável.  

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    Os membros do clã e até mesmo os conselheiros mantiveram silencio diante do que ocorria, ninguém ousou interferir Hiashi enquanto pisava sobre a cabeça de Haiato, desferindo seu ódio por tal atrocidade que virá. Sua hime fora machucada, quase morta por aquele inseto.  

    Ele não perdoaria.  

    Hiashi apertou os punhos resignado a acabar com toda corja, por um ponto final aquele mundo cheios de regras, onde apenas os mais fortes sobressaem.  

    Benevolência. 

    Respeito. 

    Honestidade. 

    O conselho, a autoridade do clã, jamais relevou os principais códigos de conduta que dão origem a um bom Samurai, pelo contrario, pisaram sobre os membros ansiando pela soberania acima de todos, destruíram famílias, erradicaram vidas sem o mínimo de compaixão.  

   ─ Sol-te-me – implorou Haiato, submisso. 

   ─ Irei fazer o que eu quiser, Rokudenashi "Filho da puta"— grunhiu entre dentes, substituído o pé por uma das mãos, agarrou o cabelo do miserável forçando-o a ficar em pé. Quis olhar em seus olhos enquanto fosse pronunciado os dizeres a seguir - Ouçam-me – inquiriu contundente, recebendo olhares curiosos – Desafio o conselheiro Samurai Haiato para uma luta, onde somente um permanecerá vivo. Aquele que vencer tomará posse sobre tudo – Hiashi encarou os olhos perolados carregados pela ganancia e presunção, sabia, ele não recusaria – O dia chegou... Haiato – sua voz soou baixa e sombria, causando espanto em seu rival.  

  " ─ Por favor, por favor deixe-a em paz, deixe-a fugir para longe. E-eu.... eu imploro – suplicou sem forças, suas pernas cederam não aguentando o peso do próprio corpo – Por fav- o punho de alguém colidiu em sua face o calando. 

   ─ Damare "Cale a boca" - rugiu, impiedoso – Um Hyuuga casa-se com uma Hyuuga. Nunca com outra que não pertença a linhagem. E esta mulher – apontou – Repugnante. Sua presença sempre foi uma blasfémia para todos. Protegida como um de nós - cuspiu as palavras com nojo – Eu não a quero aqui! - exigiu, como um sinal para que os Samurais a levassem. 

   ─ MAS ELA IRÁ FICAR! - contrapôs determinado. Seu pai havia lhe deixado aquele legado de cuidar dela, e ele fez, muito mais que isso ele a amou. Apesar do conselho odiar, foi ali que ela pode chamar de lar após perder tudo. Não poderia arranca-la dali. Tão frágil e pequena, para onde iria? 

    Não, ele não deixaria!  

   ─ Você pode ser o líder, mas é apenas um verme Hiashi – pronunciou outra voz, logo atrás - O que irá fazer? 

   ─ Não se intrometa Haiato – ralhou, concentrado em observar o jovem líder que, tremia por inteiro, como um bichinho assustado pronto para correr. 

   ─ Eu irei – pronunciou finalmente, recebendo um olhar curioso do concelheiro – Mesaren, eu irei me casar com uma mulher pertencente ao clã, como deseja – ele não ousou olhar para ela, pois sentia os olhos decepcionados perfurar suas costas, sabia que, naquele instante ela havia quebrado em pedaços - Em troca, Kurenai ficará aqui.  

   ─ NÃO! - gritou quase que imediatamente – Hiashi... - a dor de não poder impedi-lo e o odio por não ser o que eles desejam, aglomerou em sua garganta. Kurenai apenas chorou, limitando-se a fincar as unhas nas mãos das mãos.  

    Mesaren revirou os olhos entediado, com tamanho drama. Porém Haiato sorria abertamente satisfeito, quase que de modo assombroso. Hiashi ao ver a felicidade em seu rosto o odiou com todas as suas forças. 

   ─ O dia em que decidirei sobre a vida de vocês chegará e então, quem irá rir sou eu – proclamou convicto, olhando nos olhos de Mesaren. Não havia medo ou qualquer temor, Hiashi fez a promessa para eles e por ela.  

    Mesaren desviou os olhos, impassível. 

   ─ Leve a criança com você - ordenou, antes que Hiashi deixasse o local. 

    No momento que sentiu a brisa colidir em seu rosto, deixou que as lagrimas surgissem livremente e o nó preso em sua garganta finalmente fosse liberto. Não poderia mais voltar atrás em suas escolhas, havia recorrido ao seu limite. Ao longe ouviu Kurenai gritar aos prantos, suplicando por compaixão. 

    Ele não poderia ouvir isso, não poderia ficar ali por mais tempo.  

    A passos largos andou até um dos diversos quartos próximo ao dojo, o mais rápido que suas perna conseguiam. Virou alguns corredores logo encontrando a porta almejada, bateu duas vezes e não demorou para que uma mulher de longas madeixas negras e olhos característicos ao clã Hyuuga, lhe recebesse. Ela se afastou da porta oferecendo passagem fechando a mesma em seguida.  

   ─ Vou busca-la para você - disse, sem saber o que dizer para conforta-lo. 

    No entanto, a voz embargada do Hyuuga impediu que continuasse a caminhar para dentro do outro comodo. 

   ─ Cuide dela, por favor, Mieko. É meu ultimo pedido.... 

   ─ Tudo ficara bem, Hiashi-kun. - docemente lhe sorriu, para então prosseguir.  

    Aquela doce mulher não merecia sacrificar sua vida daquela forma, com um homem infeliz como ele, contudo ela ainda o presenteava com sorrisos e palavras reconfortantes.  

    Então, silenciosamente prometeu que nunca negaria nada a ela em nome de sua gratidão eterna." 

oOo 

    Entre os membros do conselho estava Hinata, apreensiva com cada movimento, torcendo e temendo por seu querido pai. Seus olhos acompanhavam a cena marejados, não sendo capaz de reprimir as lagrimas, mesmo sabendo que deveria ser forte e não demonstrar suas fraquezas, ainda mais sob os olhos do conselho, era inevitável. Uma de suas mãos tremulas foi confortada por outra, chamando sua atenção pela gentileza sutil, virou-se encontrando a moça franzina ao seu lado. 

   ─ Yu – balbuciou, com a voz embargada. 

   ─ Hinata-sama... - antes que pudesse continuar, a Hyuuga jogou-se em seus braços, de costas para a luta que ocorria. 

   ─ E-eu não quero ficar, tire-me daqui... Por favor – suplicou aos prantos, não suportando a superioridade que o conselho sustentava, como se seu pai e ela fossem vermes que não valesse a existência.     

    Yu não contestou, apenas acatou o pedido levando-a para fora, onde poderia respirar ar puro e não ser observada por curiosos. Muitas pessoas ainda estavam ali tentando assistir ou ao menos ouvir algo, já que a luta fora designada como restrita. As duas passaram entre a multidão rapidamente para que não houvesse tempo para perguntas, logo chegando a um local distante. 

   ─ Obrigada – agradeceu, contendo o choro – Yu-san, eu... 

   ─ Sobre o Uzumaki, uma mulher ruiva e bastante determinada surgiu para defende-lo, ela até mesmo prontificou a lutar com todos os Samurais juntos. Os membros ja apelidaram de dragão vermelho – contou o acontecimento inusitado, para então sobre por sua mão ao ombro da Hyuuga – Neji interveio antes que torna-se uma bagunça ainda maior. Agora está tudo bem.  

   ─ Uma mulher ruiva? - franziu o cenho confusa, unido todas as características citadas por Yu - Só conheço uma pessoa assim, mas isso seria... - interrompeu seus dizeres, pensativa. 

    Não seria impossível que Kushina estivesse ali. Havia meses que Naruto estava em Nova Iork, com certeza uma mãe como ela não deixaria de ver seu filho por muito tempo, ainda mais se estivesse a par das noticias.  

    Yu a observou atonita, um tanto incerta, mordeu o lábio inferior arrastando sua mão ao bolso esquerdo para pegar algo, aquela era sua chance, a oportunidade que precisava para agir sem hesitação. Com firmeza pegou o objeto, mas não retirou, com medo de receber uma reação a qual não pudesse lidar. 

   ─ Yu-san, eu fugi novamente de um momento importante – confessou, frágil – Estou com tanto medo – sua voz soou baixinha, em um sussurro sôfrego, como se temesse piorar a situação apenas com palavras - Odeio tanto, mas tanto este maldito conselho ridículo - sua raiva estabeleceu sob o punho fechado sobre o colo. Estava fadada a apenas sentir, era um caso perdido – Eu nunca quis desejar a morte de ninguém, mas... Não quero que meu pai morra nas mãos de Haiato. Se não houver outra maneira... - suspirou, deixando sua frase perder as forças com o silêncio.  

    Ouvir Hinata fez com que obtivesse a coragem que não tinha, sempre insegura quanto a tudo, agora, havia um objetivo. Seu olhar mudou, transbordava determinação.  

   ─ Hinata-sama – sua voz firme trouxe os olhos perolados para si – Por favor, não tenha medo. Eu... - novamente agarrou o que tinha no bolso, assegurando a si mesmo que era a melhor escolha a fazer – E-eu vo- 

   ─ O que pensa que esta fazendo – inqueriu autoritário, surgindo de repente, impedindo ela de prosseguir com suas ações. A moça arregalou os olhos assutada, surpresa com a presença imponente do Hyuuga ao seu lado - Descobri tudo, então, mantenha-se em seu lugar – sussurrou a ordem somente para que ela escutasse.  

   ─ Neji? - transcorreu os olhos ao pulso de Yu  onde o primo segurava - O que esta fazendo, solte Yu! 

   ─ Hinata, volte ao dojo – dirigiu os olhos a prima, ignorando seu pedido e o olhar confuso - Você é a líder no momento, então cumpra com suas obrigações como tal. Se esta com medo, assustada, frustrada, eu não quero saber. Retorne a sua posição e confie em Hiashi-sama, não só como seu pai, mas como um homem sábio que salvará todo um clã. Se não for capaz nem mesmo deste sentimento, peço que renuncie e volte agora para Tóquio - ele jamais havia falado com ela daquela maneira, com tamanha sinceridade e acidez, como um verdadeiro líder deveria agir.  

   ─ Neji... 

   ─ Decida agora, Hinata! - exigiu, contundente, apertando um pouco mais o pulso fino entre os dedos - Faça sua escolha. Ou está conosco ou vivera sua vida fora daqui – mesmo que seus olhos estivessem sobre a jovem líder, suas palavras eram direcionadas também a moça que, cabisbaixa parecia repensar em seus atos.  

   ─ Eu vou...voltar - concluiu por fim, apertando o tecido do kimono entre as mãos. Ela não poderia fugir para sempre, sabia que em algum momento teria que decidir, mas, jamais imaginou que a escolha seria tão obvia. Voltar para Tóquio era como retornar a posição da antiga Hinata, submissa e fraca, sem objetivos que realmente valha a pena. E ela não queria, nem mesmo poderia apagar os ensinamentos que construíram seu novo eu – Eu vou voltar! - declaro convicta, desta vez. 

   ─ Ótimo. Preciso ter uma conversa com Yu-san, não irei demorar – indagou sucinto. 

   ─ Vou esperar por vocês, lá dentro - desconfiada, intercalou entre a expressão fechada de Neji e a súbita tristeza de Yu – Nada grave está acontecendo, não é? - cravou seus olhos no primo, observando atentamente o mesmo soltar o pulso da moça. 

   ─ Não se preocupe, sua atenção deve ser direcionada apenas a luta que ocorre no dojo, neste momento, nada mais – respondeu de forma tranquila e objetiva, escondendo a raiva crescente que o consumia desde as revelações de Darin.  

   ─ Yu – Hinata inclinou-se diante da jovem, unindo suas mãos - Seja lá o que for, ficará tudo bem – disse, esboçando um lindo sorriso, antes de retomar seu caminho e logo sumir para dentro do dojo. 

    A garota que segurava o choro até o instante que Hinata permaneceu ali, não demorou para desabar assim que se viu sozinha com o Hyuuga. O que diria a ele? Fora um momento de desespero e devoção. Aprendeu a gostar de sua líder, tanto que não queria fazer aquilo, nunca quis.  

   ─ Escute bem, pois direi apenas uma única vez – com brusquidão segurou o queixo da moça forçando-a olhar para si – Eu nunca permitirei que arranque um só fio de cabelo de Hinata, mesmo que para isso seja preciso matar, eu matarei sem piedade ou qualquer compaixão - frio, não havia qualquer hesitação em seu tom, o que deixou Yu aterrorizada - Não importa a razão pela qual tenha começado, logo Haiato estará morto e você, se não fizer a escolha correta terá o mesmo fim. Compreendeu? - ela apenas assentiu, com os olhos marejados, irritando-o ainda mais – Eu quero ouvir se entendeu! 

   ─ En-entendi – murmurou, logo foi solta com a mesma brutalidade.  

   ─ Hinata vê em você a si mesmo num passado não muito distante, por está razão, não falarei nada, ela confia em você. Só não estrague tudo outra vez - deu seu ultimo aviso, antes de virar as costas e seguir seu caminho. 

    Yu, em seguida, deixou que seus joelhos colidissem ao chão e as lagrimas banhassem seu rosto, ao som do choro sôfrego e soluços contidos, buscou em seu bolso a faca pequena pontiaguda, arrependida e sem forças para manter o corpo em pé.  

    Suas decisões foram acarretadas por um único sentimento que, talvez, tenha sido unilateral por todo este tempo e, ingénua, acreditou em cada promessa de amor, por ele, somente por culpa dele.  

   Yu sempre amou Haiato, ainda que fosse alguns anos mais nova que ele, o amava de todo coração. 

   ─ Por favor... Não podem mata-lo - fez uma ultima suplica ao vento, caindo no choro novamente, pois sabia, era inútil.  

oOo 

    Ambos estavam frente a frente em meio ao dojo, intimidando um ao outro friamente. Hiashi retirou a katana da bainha posicionando diante do corpo, com destreza manuseou contra Haiato que, ofereceu um sorriso sarcástico.  

   ─ Esta muito apressando... Hiashi-san – ironizou, retirando de sua bainha a Kusanagi. 

   ─ Eu diria ansioso – movimentou mais uma vez a espada, colidindo desta vez com a do oponente, causando breve tintilar - Então é com você que ela está - observou a espada lendária. 

    Haiato impulsionou suas mãos, distanciando-se brevemente para então, retorna a luta. Por longos minutos demonstraram a dança habilidosa, força e agilidade, como nunca fora visto antes, ainda que era apenas o inicio, os samurais buscavam friamente pelo fim.  

   ─ Sabe Hiashi, você sempre esteve do lado errado, poderia estar no comando, comigo... Mas não - girou sobre os pés, recebendo a katana do outro sobre a sua – Fez escolhas tolas e a principal delas acabou com a sua vida – em um movimento rápido, chutou o braço do Hyuuga, derrubando sua espada. 

    Hiashi nem mesmo identificou onde sua Katana fora parar, apenas continuou observando o conselheiro sorrir, como se a luta já estivesse ganha. 

   ─ Kurenai lhe tirou o direito de viver conosco no passado e agora irá lhe tirar a vida. Não é engraçado? - riu mais uma vez - Espero que esteja preparado para perder tudo que ama. 

   ─ Você nunca saberá o que é amor, por está razão, sempre viveu sob a sombras dos outros, procurando por resquícios para sobressair – ignorando o sarcasmo evidente do rival, argumentou com seriedade, sem se deixar ser abalado – Matou Mesaren porque se não o fizesse primeiro ele faria, ninguém é confiável, não é? Eu sei muito bem como se sente - foram breves segundos que a compreensão pairou sobre eles e durou até o momento que Hiashi retornou a falar – Existe apenas uma única razão para que não seja o líder, Haiato... Você não é nada mais que um tawagoto "merda" — murmurou, somente para que o outro escutasse. No mesmo instante a espada passou de raspão em seu rosto causando um corte superficial na bochecha. 

   ─ Amor? – pronunciou com repulsa – Isso é para os fracos. Veja, tirei Mesaren do meu caminho e a vadia Yuuhi está em julgamento, assim que terminar com você, terei o prazer em cortar a cabeça dela – de sua boca soou uma risada maligna assombrosa, completamente insano, Haiato retornou a atacar.  

    Hiashi desviou com facilidade dos movimentos desordenados, apenas a espera de uma brecha.  

    Ambos Samurais com demasiada experiencia e conhecimento no estilo de luta um do outro, ainda que a pratica tenha sido deixada por pouco tempo, suas habilidades devastadoras é de se admirar. 

    Entretanto, o que define a vitoria é o motivo nobre pelo qual luta, quanto melhor forem suas intenções maior será a persistência para alcançar o que almeja. Naquele instante a motivação de Haiato era o odio acumulado por anos e a ambição de ter tudo que nunca foi seu. Apesar de ser um Hyuuga, a honra de ser nomeado como um líder jamais esteve em seu destino, e ele, amaldiçoava quem quer que tenha designado sua vida aquela maneira.  

    Por minutos ficaram naquele jogo de gato e rato, e, estranhamente Haiato estava ficando vermelho, extremamente ofegante como se carregasse uma grande carga, a qual pouco a pouco já não suportaria manter-se em pé.  

   ─ Pare de fugir – grunhiu furioso – Só esta prolongando sua morte, VERME! - mais uma vez tentou acerta-lo com um único golpe, no entanto seus movimentos não chegaram nem mesmo perto. Hiashi girou um dos pés no ar colidindo sobre o peito, lançando Haiato para longe. 

    A Kusanagi separou-se do seu dono durante a queda de modo que Haiato estaria em completa desvantagem se tentasse recupera-la. Seus olhos refletiam o desejo contido, a sede pelo sangue de Hiashi Hyuuga derramar em suas mãos e tudo relativo ao clã pertencer unicamente a si.  

    Sob os olhos do líder, Haiato tornou a levantar e, tão ágil quanto não fora até o momento, suas mãos e pés golpeavam de maneira sincronizada, desferindo socos e reações em defesa. Sem tempo para pensarem no próximo passo, tudo que ambos poderiam fazer era seguir o ritmo, tentando procurar pontos fracos, uma brecha que fosse, somente assim surgiria a oportunidade do golpe final.  

    A rasteira inesperada veio em segundos de distração, Haiato aproveitou que seu oponente estava focado em desferir socos e o pegou de surpresa, agora, seu pé pisava sobre o pescoço de Hiashi, esbanjando soberania. Contudo, o Hyuuga segurou a perna torcendo e o derrubando, o punho veio a seguir colidindo duas vezes sobre a face, em seguida foi interrompido, recebendo um contra ataque. Ambos ofegantes, levantaram-se novamente. 

   ─ Chega... de brincar – anunciou, severo – Isso já durou tempo o bastante para entreter nossos convidados. 

   ─ Não posso deixar de concordar - em um minuto Hiashi estava a alguns metros e no outro havia corrido em direção a Kusanagi.  

    Haiato vasculhou rapidamente o tatame, encontrando a poucos metros a outra espada, suas pernas moveram-se com agilidade, assim que pegou virou-se com a mesma apontada em direção ao alvo. Entretanto Hiashi já estava em seu encalço.  

   ─ E agora, Hiashi....– balbuciou lentamente, assistindo os olhos arregalados, furiosos derramar seu odio enquanto suas mãos tremiam – O que vai fazer? 

   ─ Eu... Irei mata-lo – confessou, sucinto, impulsionando a espada com força para que pudesse atravessar o corpo veemente - Jigoku de aou...Rokudenashi! "Te vejo no inferno... Filho da puta!" 

    Haiato riu de maneira assombrosa, deixando amostra os dentes ensanguentados, sem nenhum pudor. Os olhos foram perdendo o brilho e o riso cessando aos poucos, suas mãos soltaram a espada que segurava derrubando-a no chão. Lentamente a morte compadeceu de sua alma e a luta chegou ao fim. 

    Morto. A vida já não pertencia aquele corpo e o homem que um dia extinguiu a esperança de um povo, agora, fora destruído para todo sempre.   

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    O relógio soou alto, rapidamente a mão pequena surgiu dentre o edredom  procurando pelo bendito, 5hs da manhã, apontava, torturando-a. Sonolenta levantou já calçando as pantufas infantis com a carinha feliz de um minions, seguindo para o banheiro, enquanto escovava os dentes parou diante do espelho para pensar em que tipo de café da manhã faria para seu namorado.  

    ─ Namorado? - murmurou, franzindo o cenho. 

    Eles moravam juntos a um mês, dividiam as despesas, discutiam por manias do dia a dia, acordavam e dormiam como ultima lembrança o rosto um do outro, brincavam e trocavam carinhos bobos, conviviam com os defeitos e aproveitam as qualidades. Realmente eram mais que namorados, e, esta simples constatação fez com que Washu refletisse se não estariam indo rápido demais, atropelando tudo para estar juntos. 

   ─ Será? - balbuciou, observando o reflexo do seu rosto confuso. 

    Sem que esperasse, Itachi invadiu o banheiro, tirou as próprias roupas jogando  no cesto e antes de adentrar no chuveiro alivio sua bexiga, como de costume. 

   ─ Bom dia, amor – bocejou dirigindo a ela o olhar sonolento á medida que entra no boxer não se importando em deixar aberto. 

    Washu mantinha os olhos fixos no corpo nu do moreno que, agora, tomava banho distraído, deixando os cabelos longos negros cair em cascata sobre as costas largas. Seus músculos contraiam em cada movimento, ressaltando sua natural sensualidade matinal. Transcorreu os olhos em torno das pernas longas com coxas torneadas e logo acima a visão voluptuosa do bumbum Uchiha. Suas mãos queimaram com a vontade inapropriada de agarrar sem pudor, talvez morder e deixar sua marca.  

   ─ Droga, preciso parar com isso – sussurrou, baixinho, para si mesmo. 

   ─ Washu! - alterou o tom da voz, irritado. Seus olhos vasculhavam o rosto assutado, não compreendendo o que se passava – O que esta pensando? - indagou inocente. Contudo a Nakamura arregalou os olhos, quase que contendo um enfarte. 

   ─ Na-nada. Por que? - cruzou os braços, na defensiva.  

   ─ Enquanto a chamava você mordia os lábios – sorriu malicioso – De um jeito insano - sussurrou, aproximando seu rosto - Não acha que seria melhor tocar do que assistir, hm?  

   ─ E-eu não fiz isso! - rebateu, incrédula - Você esta imaginando coisas – acusou, brava, apontando o dedo indicador para a própria cabeça - Tome logo seu banho! - decretou, empurrando o dedo sobre o peitoral bem trabalhado coberto por água e sabão - Ai meu Deus – resmungou contrariada, saindo rapidamente dali.  

    Todas as manhãs era simplesmente assim, ás vezes ele somente a puxava para dentro e tomavam "banho" juntos. No entanto, ultimamente afastava automaticamente o Uchiha, irritada, sem motivo aparente e escolhia algum lugar distante o suficiente para pensar sobre os acontecimentos.  

    O fato era que faltava colocar alguns pingos nos is e isso a torturava diariamente. Afinal, como diria a sua família que Itachi gostaria de conhece-los? Sendo seus pais, rígidos, achariam um absurdo ainda não estar casada. Sua mãe começaria com um discurso sobre a moral oriental e o respeito devido. Seu pai era uma incógnita, ele nunca soube expressar seus sentimentos, então, na maioria das vezes tenta ser engraçado, o que nunca acaba bem. E seus irmãos? Rezava fervorosamente para que estivessem ocupados quando o momento de reunir em família fosse solicitado.  

   ─ Amor, minha mãe acabou de ligar – anunciou, enquanto caminhava apenas com uma toalha na cintura e outra menor sobre os ombros, molhando o assoalho por onde passava – Eu detesto quando ela faz isso – bufou. 

   ─ E eu detesto quando você deixa poças de água pela casa – repreendeu, observando o moreno sorrir sem graça - O que dona Mikoto fez agora? 

   ─ Ligou para seus pais, promovendo um jantar em família - suspirou incerto se deveria prosseguir ou não. 

   ─ O que? - direcionou seus olhos perplexos ao namorado, ignorando completamente sua nudez - Você disse... Meus pais? - sua mente rodou como um pião e o chão simplesmente esvaiu sob seus pés.  

   ─ Eles chegaram amanhã á tarde e esperam que nós dois possamos recebe-los – jogou a bomba de uma vez, com medo de ser alvo da fúria dela, adentrou o closet.  

    Demorou alguns minutos em silencio, onde nem mesmo ele ousou perguntar o que ela estava pensando, como sempre fazia. Quando achou que, talvez, Washu tivesse desmaiado ou apenas sumido do comodo, sua voz tornou a ecoar.  

   ─ Itachi, tire essa maldita toalha molhada da cama e coloque pra secar lá fora! Eu já falei um milhão de vezes e você nunca escuta – ordenou, impaciente. Contradizendo todas as expectativas. 

   ─ Que estresse – resmungou, retornando ao quarto vestido agora com um short azul escuro e uma camisa branca gola v colada ao corpo. 

   ─ Eu não estou estressada, quando estiver você vai ser o primeiro a saber - contrapôs.  

    Seu rosto vermelho não passou despercebido pelo Uchiha que, antes dela atravessar a porta para sair do quarto, agarrou o braço colando o corpo rígido ao seu. 

   ─ Por que esta tão irritada? - inquiriu, a seriedade evidenciou em seu tom de voz – Isso não é de hoje, Washu. E eu não estou gostando disso – com as duas mãos afagou o rosto corado, observando atónito os olhos castanhos cabisbaixos - Você nunca fica assim com coisas bobas, nem mesmo quando está com Tpm. Alias, eu conheço seu ciclo. Então tudo que posso concluir é que algo a incomoda.  

   ─ Você percebeu, então - inclinou os lábios em um sorriso forçado, sem humor, para em seguida erguer os olhos buscando as duas pedras ônix que aguardavam pacientemente. 

   ─ Como não perceberia? Eu sempre estou observando você - proclamou amável - Me conte, o que a aflige. 

   ─ Eu... Eu não sei se estou pronta para esse jantar – confessou amuada – Meus pais podem aprovar você do mesmo modo que podem desferir ofensas. E eu não vou aguentar isso, não quando eles machucam quem mais amo – seus olhos se fecharam contendo a frustração transparente e no instante seguinte Itachi a beijou, voraz, apaixonado, aproveitando para explorar com delicadeza a boca macia, dona do desejo eloquente que o consumia gradativamente. 

    Uma das mãos do Uchiha encaixou sob os cabelos segurando a nuca e a outra deslizou acariciando o corpo sobre as vestes até que chegou a cintura, astuto, adentrou a camiseta apertando onde podia, onde queria, trazendo para si um pouco mais do corpo curvilíneo.  

    O beijo foi cessando á medica que ambos buscavam por ar, ofegantes, sorriram um para o outro, perdidos em sensações imensuráveis. Ainda que estivessem sedentos pelo desejo implacável, os olhos castanhos imploravam pela voz aveludada oferecendo o mínimo de esperança. 

    Ele a conhecia tão bem que doía, cada olhar, cada gesto, não tinha ideia se ela era transparente de mais consigo ou existia algum tipo de conexão intangível.  

   ─ Não vou deixar ninguém acabar com o que temos – declarou, próximo aos lábios volumosos – Confia em mim? - ela assentiu prontamente - Então... Continue me amando – soprou, tomando a boca novamente com um beijo avassalador, onde não haveria espaço para duvidas, medo ou incertezas, nada além do amor descomunal que sentiam. 


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Notas finais do capítulo

E ai meu povo, se chegou até aqui não deixe de comentar, espero ansiosamente :)

Agradeço mais uma vez aqueles que acompanham e não deixam nunca incentivar. Obrigada mesmo ♥

Música de hoje: Rise - Katy Perry



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