Akai Ito escrita por Karol Montblanc


Capítulo 36
Perfect to me


Notas iniciais do capítulo

Oi gente *----*
Tudo bem?
Não vou escrever muito por que tem um bebê esmagando minha cara - vida de tia não é fácil não u.u
Espero que gostem ❤



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Capítulo XXXVI

" O ímpeto de querer proteger

Quem amamos, nos faz vulneráveis."

( Eric Borges)

Perfeita para mim

O caminho até a residência Haruno foi silencioso, nenhum dos dois ousou interromper os devaneios do outro. Ainda sim permaneceram de mãos dadas. Sakura procurava pela chave de casa no vasinho de flores da janela, quando a porta foi aberta por uma Mebuki desesperada, seus olhos vermelhos diziam que a pouco havia chorado, sua expressão amedrontada suavizou ao ver a filha. Imediatamente a puxou para um braço suspirando em alívio.

─ Graças aos céus, você está bem? Onde esteve? - afastou-se um pouco para analisá-la por completo.

─ Estou bem, mamãe - franzindo cenho - Só fui dar uma volta pela bairro.

─ Uma volta? Sabe o quanto fiquei preocupada quando cheguei em casa e não vi minha filha, que aliás, não está em condições de sair por ai sozinha. Eu achei que morreria! Meu coração não aguenta tantas emoções, minha filha. Por favor não faça mais isso - tremendo da cabeça aos pés Mebuki voltou a envolver sua pequena em um abraço apertado.

─ Mebuki eu vou... Graças a Deus, meu algodão doce - Kizashi aproximou-se envolvendo sua família, o alívio pairou em seu rosto.

─ Ela está bem, Kizashi - murmurou a matriarca depositando um beijo sobre os fios róseos - Nossa menininha esta bem.

Como espectador daquele momento tão íntimo, Sasuke pode compreender a magnitude daquela situação. Quando Sakura gritou como uma louca que morreria, obviamente achou um exagero e apenas tentou acalma-la. No entanto, ali estava os pais dela carregados de preocupação e medo. Temerosos por um futuro que tinha tudo para tornar-se fatídico, talvez o pior de seus pesadelos.

Assim que Kizashi percebeu a presença do Uchiha apenas um olhar reprovador foi direcionado a ele, antes de entrar e sumir em um dos cômodos da pequena casa.

─ Obrigada por encontrar minha menininha - Mebuki o agradeceu após afastar-se por completo de Sakura.

─ Prometo não sair mais sozinha, mamãe - Sakura suspirou triste, não queria causar ainda mais dor aos seus pais - Me Desculpe.

─ Ótimo, meu amor - beijou a testa da filha - Entre, precisa descansar.

─ Até mais, Sasuke - aproximou-se selando seus lábios a bochecha do Uchiha. Com um sorriso tímido se despediu e entrou.

Mebuki observou a tudo com o coração cheio de alegria, a felicidade eminente nos olhos de ambos a deixava feliz, ao menos isso.

─ Sakura precisa de você, posso ver em seus olhos que sente o mesmo - iniciou a Haruno.

Sasuke enfiou as mãos nos bolsos fitando o jardim. Se fosse a alguns meses riria com gosto daquele que ousasse dizer que ele, Sasuke Uchiha, precisa de alguém. Todavia, aquele pensamento hipócrita não mais existia. Havia amadurecido tanto que se surpreendia. Não precisa apenas de Sakura, agora enxergava o quão dependente sempre fora de seus pais, de Itachi e seus amigos; Naruto, Suigetsu e Karin.

─ Eu... vou cuidar dela - sua voz se fez presente alguns minutos depois - Por isso vim convida-los para irem almoçar em minha casa amanhã. Quero tornar tudo oficial.

─ Isso me deixa feliz - sorriu com a confirmação de que estavam juntos - Prometo deixar o caminho menos espinhoso possível - referiu-se ao marido.

─ Prefiro enfrentar os espinhos - deixou um sorriso escapar de seus lábios - Boa noite, senhora Haruno - virou-se pronto para ir embora, porém Mebuki o surpreendeu.

─ Sasuke - quando olhou para trás ela lhe lançou um sorriso terno - Me chame de sogra, soa muito melhor.

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O dia começou agitado, Mebuki fez a família acordar bem cedo para se arrumar para o almoço. Cabelo, unha, maquiagem, Sakura sentia-se uma noiva em seu dia especial. Por volta das 11 horas da manhã todos já estavam devidamente vestidos, partindo assim em direção a mansão Uchiha.

Dentro do carro, Sakura admirava o céu ensolarado enquanto uma suave brisa brincava com seus cabelos, o dia parecia perfeito, porém algo dentro de si a preocupou. Mãos suando, coração batendo forte, ansiedade e medo. Com a mão apoia sobre o colo sentia sua barriga se agitar como se diversas borboletas dançassem ali. Por que se sentia assim? O que estava acontecendo?

Questionamentos ocupavam sua mente quando o carro parou em frente a mansão. De mãos dadas, seus pais caminharam em direção a porta. Após tocar a campainha aguardaram a chegada dos anfitriões enquanto Mebuki ajeitava os últimos detalhes, terminou de arrumar a gola da camisa de seu marido quando a porta foi aberta.

─ Senhor e Senhora Haruno - cumprimentou o jovem de longos cabelos negro enquanto os convidava a entrar.

─ Olá Itachi - sorriu a matriarca.

─ Sakura - segurou a mão da garota depositando um pequeno beijo - É bom vê-la de novo, você está adorável.

Com um pequeno sorriso a garota de cabelos rosados agradeceu ao gentil rapaz.

─ Gostaria de apresentá-los a minha maravilhosa namorada e futura esposa, Washu.

Uma mulher tomou a frente curvando-se em respeito aos mais velhos, sendo admirada por todos com sua beleza e educação.

─ É um prazer conhece-los - aproximou timidamente - Principalmente você Sakura, a famosa Sakura - sorriu de maneira gentil, deixando todos curiosos.

Trajando um longo vestido branco com uma pequena fenda lateral parecia mais um anjo. Sakura admirava o casal encantada enquanto era guiada em direção a sala. Separados pareciam magníficos, porém juntos tornavam-se a definição de perfeição, como dois instrumentos musicais, o piano e o violino, por si só eram capazes de encantar a todos, contudo unidos formavam uma doce melodia, uma obra prima que até mesmo Beethoven envejaria.

Ao chegar a sala Sakura notou a presença de três pessoas, um homem de aparenciam madura, por volta da casa dos quarenta e expressão séria, aquele com certeza era o pai de Sasuke, a semelhança era evidente. Ao seu lado uma bela mulher de longos cabelos negros, a mãe. Próximo a janela estava Sasuke, que, ao encontrar os olhos de sua amada lançou-lhe uma piscadela fazendo todo seu corpo se arrepiar.

Sakura podia não lembrar de muita coisa, entretanto tinha a certeza que amava aquele homem, ele foi o causador de todo nervosismo que sentirá.

─ Queridos, sejam bem vindos - declarou a matriarca envolvendo todos em um abraço coletivo - O almoço será servido em poucos minutos, espero que gostem, eu mesma acompanhei cada detalhe da preparação - sorriu.

─ Tenho certeza que estará delicioso - sorriu a Haruno.

─ Sasuke, venha aqui cumprimentar nossos convidados. Mostre a eles que eu te dei educação - abriu espaço para o jovem.

Receoso, manteve uma distância segura estendendo a mão ao Haruno.

─ Senhor e Senhora Haruno - cumprimentou a ambos ─ Sakura - envolveu carinhosamente a mão da moça, enquanto se perdiam um nos olhos do outro.

Sentindo o calor da mão do moreno contra a sua, o puxou para perto selando seus lábios em um beijo timido. Seu corpo ansiava por isso, e sua mente dizia ser o certo.

─ Sakura! - repreendeu Kizashi perplexo.

─ O que? Eu... Achei que... - indagava confusa - Ele não é meu namorado?

─ Nunca! Ele jamais será... - brandou.

─ Sim, eu sou - sorriu de canto envolvendo a cintura de sua amada - Mas você estragou a surpresa.

─ Como é? - Kizashi engasgou com a própria saliva.

─ Sasuke, explique isso - pediu a Uchiha em estado de alerta, uma briga poderia ser iniciada a qualquer momento.

─ Eu pedi que esse almoço fosse realizado pois desejava contar a todos sobre meu namoro com a Sakura e claro, pedir ela oficialmente em compromisso na presença de nossos pais.

─ Sasuke... - pousou a mão sobre os lábios. Surpresa, orgulhosa de seu bebê.

─ Isso não pode ser verdade - Kizashi não conseguia acreditar, não queria.

─ Não é mentira, eu mesmo já os vi juntos - pronunciou-se Itachi.

─ Eu também - foi a vez de Washu erguer a mão, confirmando a declaração de seu namorado.

─ E eu - receosa, a Haruno se pronunciou.

─ Mebuki! - sentia-se traído, por sua esposa.

A raiva era evidente nos olhos do Haruno, ele teria estrangulado o garoto ali mesmo se não fosse a chegada de uma das empregadas.

─ Senhores, o almoço será servido - disse a empregada chamando a atenção dos presentes.

A longa mesa os aguardava, enfeitada com flores do campo de diversas cores. Oito lugares perfeitamente postos, as cadeiras das laterais foram retiradas dando mais espaço para os convidados, quatro cadeiras de cada lado. Kizashi congelou ao ver tal decoração, se quisesse sentar ao lado de sua filha teria de separar algum casal, porém como poderia fazer isso se a casa nem mesmo era sua? A contragosto, sentou ao lado de sua esposa de frente para o Uchiha-babaca, garantindo assim que ele não tocasse em um fio de cabelo de seu algodão doce.

Sobre a mesa três pratos perfeitamente empilhados continha um guardanapo de pano no topo, nas laterais repousava os talheres, 2 garfos de um lado e 2 facas do outro, idênticas exceto pelo tamanho. A frente, taças de vidro aguardavam o sinal da matriarca para que fossem preenchidas.

Com um aceno, Mikoto autorizou que convidados fossem servidos. Um prato com o que pareciam pães fora posto em frente a cada um. A Uchiha disse que aquilo era bruschetta e desejou a todos um bom apetite.

Durante toda a refeição o clima se manteve tenso. Kizashi não tirava os olhos do jovem Uchiha permitindo que sua mente fosse tomada por pensamentos homicidas. Mebuki e Mikoto conversavam timidamente com o intuito de acalmar os ânimos. Fugaku não parecia se importar enquanto Itachi e Washu permaneciam presos em seu próprio mundo, envolvidos pelo amor. Sasuke sentia-se incomodado com os olhos que o fitavam, entretanto com Sakura ao seu lado tudo terminaria bem.

─ Terminei - empurrou o prato a sua frente, se preparando para agarrar sua garotinha e ir embora daquele lugar.

─ Kizashi! - repreendeu a esposa.

─ Muito bem - sorriu a morena - Tragam o próximo prato - pediu a uma de suas empregadas.

─ Próximo prato? - franziu o cenho e estreitou os olhos não gostando nada.

─ Sim, essa foi apenas a entrada - sorriu.

O prato principal e sobremesa, Kizashi não conseguia nem mesmo levantar quando terminou seu Tarte Tatin, uma espécie de torta de maça francesa servida com sorvete de creme. Mas assim que viu sua filha de mãos dadas com o Uchiha, reuniu forças e caminhou em direção a ambos, agarrando o pulso da jovem e a puxando consigo.

─ Vamos embora Sakura - a arrastou em direção a porta.

─ Mas... papai... - tentou conter o homem que a puxava bruscamente.

─ Kizashi pare já com isso - bateu o pé irritada - Nossa filha já é uma moça, você não pode impedi-la de se apaixonar.

─ Eu posso sim - bufou irritado - Ao menos posso protege-la desse... desse... garoto irresponsável.

─ Kizashi - pousou a mão sobre o braço do marido, podia ver a preocupação nos olhos dele.

─ Não Mebuki, não permitirei que ele a machuque de novo. Se ele não tivesse aparecido em nossas vidas não estaríamos nessa situação, Sakura estaria bem e não precisaria se submeter a nenhuma cirurgia!

─ Cirurgia? - pronunciou Fugaku, suas primeiras palavras naquele dia.

─ Sim - foi a vez de Mebuki falar - A Dra Tsunade conversou conosco esta semana.

─ E o que ela disse, exatamente? Por favor queremos ajudar no que for possível - Mikoto envolveu a mão de sua amiga, que parecia tristonha - Vamos até a sala - acomodou a todos - Kyoko! - chamou a empregada que logo apareceu - Traga-nos chá, por favor.

─ Sim, Madame - saiu rapidamente para atender ao pedido de Mikoto.

Em poucos minutos Kyoko estava de volta, serviu o chá a todos em delicadas xicaras de porcelana, na mesa de centro colocou uma pequena bandeja, repleta de biscoitinho de diversos sabores.

Com um leve movimento de cabeça, Mikoto incentivou o casal a iniciar a conversa. Mebuki e Kizashi revessavam explicaram cada detalhe, a lesão, o tratamento, a melhora, as evoluções e o novo tratamento, contaram cada detalhe de como será a cirurgia e os danos que ela pode causar. Ao chegar nos últimos detalhes, seus olhos já encontravam-se marejados.

─ Eu sei como se sentem - Mikoto pousou a mão sobre a do casal, com o intuito de lhes passar segurança, força - Sasuke e Itachi nunca sofreram graves machucados, porém cada arranhão, cada pequena ferida já era o suficiente para me levar a loucura.

Mebuki sorriu fracamente, secou seu rosto e respirou profundamente, acalmando seu coração.

─ Sakura já era o contrario, ela sempre adorou brincar, eu cansei de leva-la ao hospital. Braço, perna, costela ela chegou até a quebrar o dedo mindinho do pé. Nós sempre achamos que meninos davam trabalho, contudo Sakura provou que estávamos errados - o casal sorriu docemente, imagens da infância de sua garotinha passava em suas mentes.

─ Filhos, nossa maior alegria e dor de cabeça, não é mesmo? - direcionou o olhar ao mais novo, voltando a observar novamente o casal.

─ Nem nos diga - falar do passado os deixava confortável, mais animados - Quando Sakura era bebê, aquele saquinho pequenininho de pura felicidade - suspirou a mãe encantada - Depois eles vão crescendo, cada palavra, cada passinho, cada sorriso que eles dão faz nossos corações saírem do compasso de tamanha alegria.

─ Sim, você tem toda razão - sorriu Mikoto envolvida em lembranças - E quando eles ficam um pouco maiores, já querem sair para descobrir o mundo quando tudo o que você mais deseja é prende-los em seus braços e não os deixar sair nunca mais.

─ Você até tentou isso, não foi mãe? - riu Itachi ao receber o olhar repreendedor da matriarca.

─ Nem me fale mano, me lembro até hoje do colete que ela comprou para me manter preso ao colo dela, e eu já tinha 5 anos - gargalhadas sutis foram ouvidas.

─ No meu caso, eu conseguia prender a Sakura com comida - sorriu - Ela adorava comer, me lembro até de uma época em que ela se apaixonou por um determinado biscoito. Foi uma experiencia que eu fiz, uma receita que não deu muito certo, mas para Sakura era maravilhosa.

─ Yumi. Era como chamava, eu lembro até hoje - Sakura molhou os lábios perdida em suas lembranças - Cookie de chocolate, banhado em calda de laranja, espetado em um palito com frutas e no final tudo revestido por calda...

─ Calda quente de chocolate - completou Mikoto, surpreendendo a todos.

─ Como você sabe? - indagou a garota de cabelos rosados.

─ Eu... não acredito. É VOCÊ! - levantou em um salto - É VOCÊ! - Mikoto correu escada acima deixado todos espantos.

Ninguém foi capaz de entender o que acabará de acontecer, Mikoto agiu como uma louca, mas não era a loucura de sempre.

─ ACHEI! - o grito da morena foi ouvido no andar de baixo, sendo acompanhado logo depois por pés apressados descendo as escadas.

─ Mikoto, o que está acontecendo? - perguntou Fugaku preocupado.

─ É ela querido, como eu não percebi antes. A garota de cabelo rosa e olhos verdes, céus era tão óbvio! - bateu levemente na própria testa.

Uma pequena caixa estava em seu colo, ainda fechada decidiu por explicar a situação antes de mostrar o que havia ali.

─ Quando Sasuke era pequeno, por volta dos 7 anos. Ele conheceu uma garota no parque, eu nunca soube o nome dela. Ele me disse uma vez que ela tinha lindos olhos verdes e durante uma noite enquanto eu o colocava na cama, sonolento, ele me falou que ela tinha o cabelo cor-de- rosa. Achei que fosse uma bobagem, um sonho.

─ Essa garota é a Sakura? - perguntou Mebuki - Eu sei que cabelos cor-de--rosa são raros, mas ela não deve ser a única garota do mundo com essa coloração, e hoje em dia há muitas perucas que parecem...

─ Eu sei, eu sei - interrompeu a frase da mulher, continuando com sua explicação - A garota, Sasuke adorava um certo doce, algo bem difícil de fazer, passei semanas tentando acertar a receita. Ele desejava levar para ela no dia de seu aniversário. Como ele a chamava mesmo... Hmm, eu acho que era morango por causa do cheiro dela ou algo assim.

Sakura e Sasuke sentiram seus corpos congelarem, seria possível eles já terem se visto antes?

─ Eu e você sabemos que esse doce não é muito comum, contudo a confirmação estará nessa caixa - bateu com a unha sobre a tampa.

─ Como assim? - Sakura se sentia nervosa, ansiosa para saber de tudo.

─ Uma vez quando Sasuke voltou, ele trouxe uma foto. A imagem era bem ruim, provavelmente ele mesmo deve ter tirado ela, a cabeça da garota não apareceu, tudo que era possível ver é o ombro - abriu a caixa entregando seu conteúdo aos Haruno - Ela tem uma marca no ombro, uma pinta em forma de...

─ Leque - Mebuki tapou a boca surpresa, era sua filha, a garota da foto é a Sakura.

─ Mas... Como eu posso não me lembrar disso? - Sasuke não estava compreendendo muita coisa, seus olhos vagavam entre sua mãe e Sakura.

─ Lembra que eu disse que você me pediu para fazer o doce para o aniversário dela? Quando você voltou estava com o embrulho nas mãos e os olhos marejados. A garota não tinha ido te encontrar, você a esperou por horas, entretanto ela não apareceu.

─ Nós tínhamos nos mudado, na véspera do aniversário da Sakura viemos para Toquio - como um quebra cabeça, cada peça começava a se encaixar.

─ Mas e quanto a mim? Como eu posso não me lembrar?! - ergueu a voz.

─ Eu estou chegando lá Sasuke, não seja mal educado - bufou irritada pela interrupção - Eu fiquei tão preocupada, você adoeceu e eu pensei que fosse pela friagem que pegou, mas ao notar que você não melhorava nunca eu o levei a um médico diferente... Ele não era apenas formado em medicina, ele era psicólogo e religioso. Em poucos minutos de conversa ele foi capaz de me dar o diagnóstico, seu problema era : Coração partido.

─ Coração partido - repetiu a frase com certa abominação, sua cabeça girava como um pião tentando absorver toda aquela historia ridícula.

─ Exatamente, eu não podia deixar você assim. Eu não sabia se a garota ia aparecer de novo - apontou para Sakura, emocionada – Eu estava desesperada, afinal que mãe não ficaria? Então pedi ao psicólogo que hipnotiza-se você.

─ Você me hipnotizou?! - alterou a voz indignado.

─ Claro que não Sasuke, o médico fez isso - afirmou de maneira inocente - Pedi que ele apagasse suas lembranças daquela garota, e ele o fez. Por isso você não se lembra dela, e ela não deve lembrar de você por causa do acidente, eu acho... - coçou o queixo pensativa.

─ Eu não acredito nisso! Você não pode ficar entrando na minha cabeça Mãe. Isso é crime, não é? - caminhava de um lado para o outro atónito - Eu acho que é um crime!

─ Calma, calma - levantou para acalmar o filho - Eu não sou maluca, pedi para ele escrever uma palavra mágica, algo que desfizesse tudo, afinal ninguém sabe o dia de amanhã né? - riu.

Sasuke a olhou furioso, sua mãe o surpreendia cada dia mais.

─ Onde foi que eu coloquei - revirou a caixa em busca de um pequeno envelope - AHÁ! - abriu rapidamente retirando uma folha de papel com um palavra escrita - Hm, bem difícil essa hein? Vamos lá - ficou de frente para o filho - Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico - sacudindo as mãos em frente ao moreno, agia como uma fada madrinha fazendo seu Bibbidi-bobbidi-boo - Então, funciono?

─ Eu não me lembro de nada - Sasuke levantou vasculhando a propria mente.

─ Hm, acho que deve ter um tempo para agir - coçou a cabeça tentando se lembrar das palavras do médico.

─ Isso é uma palavra, não um remédio mãe! - passou a mão sobre os cabelos.

─ Tudo bem, tudo bem querido. Amanhã mesmo mamãe te leva no médico pra ele dar um jeito na sua cabeça - envolveu o jovem em seus braços.

─ Você é maluca mãe - bufou irritado.

─ Eu sei querido, eu também te amo - beijou a testa do jovem que voltou a sentar-se ao lado de Sakura.

Mikoto prosseguiu contando sobre as desventuras de seus filhos, e o assunto memórias foi deixado de lado como um tópico qualquer.

─ Com Sasuke tive que deixá-lo usar fralda até os 6 anos, e quando o deixava sem, não demorava muito pra estar com a roupa molhada - sorriu recordando - Então um dia Itachi brincou que amarraria seu pintinho se ele fizesse xixi na cueca novamente - Itachi gargalhou ao se lembrar qual foi a atitude de seu irmão - Ele passou um dia e meio sem fazer xixi, só descobri porque ele chorava muito e já estava com barriga durinha.

Sasuke revirou os olhos emburrado, suas bochechas coraram por tal constrangimento. Como se não bastasse toda a cena maluca de minutos atrás.

─ Sakura nunca deu trabalho quanto a isso, mas tinha problemas na hora de dormir. Chorava e criava escândalo para dormir no nosso quarto. E não era por medo de escuro. Ele gostava de dormir grudada no meu peito e mamar quando quisesse. Uma esfomeada - riu.

─ Mãe - suas bochechas estavam mais vermelhas que tomates. Se sentia desconfortável e constrangida, assim como Sasuke. Seu pai havia suavizado o semblante, mas continuava em silêncio apenas ouvindo.

Sakura voltou seus olhos ao Uchiha ao seu lado, ele acariciava sua mão em um suave gesto de carinho, já que o senhor Haruno observava a tudo minuciosamente, não aprovando nem um pouco aquela liberdade toda. Por um minuto Sakura suspirou reorganizado seus pensamentos. Tudo que dona Mikoto revelou começava a se encaixar pouco a pouco, e então tudo aquilo que pairava como peças sem sentido, seus sonhos mesclados com a realidade, torna-se uma bela paisagem de sua infância.

─ Está tudo bem? - sussurrou Sasuke a trazendo de volta de seus devaneios. Ele parecia um tanto preocupado.

─ Está sim - respondeu tímida. Mordeu os lábios com a vontade contida de lhe sugerir se poderiam ficar a sós. No entanto, apenas entrelaçaram as mãos sustentando a troca de olhares.

─ Ok, já chega. Minha paciência tem limites, moleque - Kizashi os afastou furioso - Sai de perto da minha filha!

─ Kizashi!

─ Papai!

─ Não é porque estou na sua casa que irei permitir que faça o que quiser. Já lhe avisei diversas vezes e você continua insistindo, garoto - seus olhos faiscavam, se encontrava a ponto de cometer um homicídio - Fique longe da minha filha!

─ EU NÃO VOU FICAR - sua paciência também tinha limites. Estava cansado de ser tratado como o garoto inconsequente. Todos davam ordens e criavam barreiras como se fosse um monstro, onde até ele mesmo passou a acreditar por um curto tempo que aquilo era sua real aparência. Todavia, não suportava mais deixar as coisas escaparem por seu dedos, se sentia esgotado. Poderia ser um Uchiha orgulhoso, mas isso não o tornava menos humano - Eu não vou ficar - repetiu amenizando o tom de voz.

─ Senhor Haruno se acalme - pediu Itachi alarmado.

─ Agradeço pelo almoço e hospitalidade, mas nosso vínculo com os Uchihas acaba aqui - decretou com seriedade.

─ Papai você não pode fazer isso - Sakura quase o implorava de joelhos.

─ Kizashi pare de agir de maneira tão rude. Céus, estou morta de vergonha - resmungou a Haruno.

─ Pare de relutância, Sakura. Com você terei uma conversa seria quando chegarmos em casa.

Kizashi já arrastava a filha e esposa em direção a porta. Sua raiva era tamanha que temia por seu descontrole. Sua menininha, sua princesinha nunca ficaria com aquele moleque Uchiha. Por culpa dele que estavam passando por toda aquela tortura, por culpa dele que cada vez que remoía as palavras da doutora Tsunade sentia vontade de morrer. Já não conseguia mais trabalhar direito ou ao menos dormir, como se não bastasse saber que seu algodão doce perdia as memórias recentes, agora teria de submeter a uma cirurgia que talvez a levasse a morte.

─ Eu não vou me afastar - mais uma vez declarou, impedindo que o Haruno saísse da mansão - Me dê mais uma chance - pediu com os olhos fixos em cada movimento do outro.

─ Não se trata de chances, isso não é jogo que você decide começar de novo quando falha. É a vida real - suas palavras soavam com pesar.

Sasuke suspirou derrotado, frustrado, não como uma criança mimada que acabara de perder a chance de obter o brinquedo que queria, mas como um homem covarde o suficiente para expressar seus sentimentos, um homem completamente confuso com suas próprias ações, perdido com suas próprias decisões. Entretanto sem sombra de duvidas almejava com todo seu coração aquela moça, se sentia tão certo quanto o ar que lhe sopra a vida.

─ Porque não volta a se sentar e ouça o que meu filho tem a dizer - Fugaku assistia a tudo atento, e quando viu que seu filho se encontrava prestes a desistir, interviu de forma protetora. Pois assim como Kizashi, ele também é pai e preza pela felicidade de seus filhos - Para todo erro; há quem possa perdoar, para todo fracasso; uma nova chance e para todo amor impossível; tempo - refletiu pensativo.

─ Kizashi, ao menos ouça - pediu Mebuki.

Por alguns minutos o silencio se alastrou a espera de uma resposta. Itachi e Washu observavam apreensivos tanto quanto Mikoto e Mebuki. Sasuke continha tudo entalado na garganta, nem mesmo acreditava no que Fugaku Uchiha estava fazendo por ele, talvez fosse demais para sua cabeça.

─ Que tal um desafio - sugeriu Sakura tendo total atenção - Vocês poderiam competir com algo que ambos sejam bons - sua voz morria a cada vez que se pronunciava, na sua mente aquela ideia lhe pareceu atrativa, mas agora considerava algo bastante idiota.

─ Se sasuke vencer terá o direito de uma nova chance, do contrario ficara longe de sua filha - acrescentou Itachi admirando o extraordinário plano de Sakura.

Sasuke encarou a rosada como quem vê um alienígena, enquanto Kizashi franzia o cenho contando mentalmente os prós e os contras. Para a surpresa de todos o Haruno soltou a filha e a esposa voltando a se dirigir ao sofá.

─ O que sugere? - questionou com seriedade.

Porém, que pai seria ele se recusasse um pedido de seu pequeno algodão doce?

─ Tem algum jogo que o senhor goste? - perguntou Sasuke. Um sorriso assustador surgiu nós lábios do Haruno.

E que namorado seria ele se não concordasse com aquele plano maluco de sua doce Sakura? Afinal, sua cabeça estava a prêmio.

oOo

Sasuke e Kizashi trocaram olhares prepotentes, sorrisos gananciosos cheios de sarcasmo e ironia. O duelo começou quando Kizashi proferiu as palavrinhas magicas; Mortal Kombat. Tanto Fugaku quanto Itachi e Washu sorriram em satisfação, Mebuki juntou-se com Mikoto torcendo silenciosamente para que Sasuke não fosse tão ruim quanto era no conhecimento sobre games. Sakura se encontrava em uma pilha de nervos não sabendo para quem torcer, apenas agradeceu mentalmente por não haver uma luta literal.

─ Sub Zero vs Scorpion - Fighting!

Ambos começaram se encarando, em um cenário sombrio sobre as montanhas geladas poucas arvores sobreviviam ao redor. A neve cobria o chão por completo e o céu era engolido por um mar de escuridão. Olhos brancos versus azuis. O sinal de inicio foi dada e ambos correram em busca do confronto. O primeiro golpe veio de Scorpion com um salto com joelhada acertando o tronco, em seguida veio o soco de direita, que foi impedido pelo braço esquerdo de Sub Zero e contra golpeou com um soco de direita acertando o rosto de Scorpion. Sub Zero foi bloqueado quando investiu em mais um soco, seu braço esquerdo foi segurado com firmeza, em meros segundos o punho de Scorpion atingiu o cotovelo de baixo para cima. Com o braço livre Sub Zero desferiu dois socos no abdômen de Scorpion, assim o afastando, outro soco se seguiu contra a cabeça e uma joelhada na boca do estomago, prosseguiu com um chute na costela, porem Scorpion o segurou colidindo seu cotovelo ao centro do joelho e um soco com o dorso da mão no pescoço. Sub Zero equilibrou-se quando quase foi chão, se aproveito para chutar e colidir um soco no rosto de Scorpion e por fim outro chute contra o peito do adversário o levando ao chão.

Itachi e Washu grunhiram juntos como duas crianças, Fugaku também mantinha seus olhos atentos, como se aquela fosse a luta de Madara versus Sasuke. Mesmo baixinho gemia em frustração, suas mãos coçavam para tomar o controle do filho e dar uma bela surra no Haruno, mas se conteve.

─ Caralho - rosnou o Uchiha zangado.

─ Vai chorar, criança? - o Haruno o provocou.

─ Continua olhando pra tela, zero a esquerda - a pontou com o queixo para a televisão.

Kizashi o fuzilou com os olhos quanto ao trocadilho impertinente. Contudo prosseguiram com o combate acirrado.

Scorpion apoiou suas mãos no chão com um salto voltando a ficar de pé. Sub Zero afastou os pés e posicionou as mãos como a boca de um jacaré liberando uma rajada de gelo que congelou Scorpion em instantes, impossibilitado, Sub Zero o agarrou e jogou o corpo do outro contra uma arvore. O gelo foi desfeito e Scorpion levantou-se mais uma vez do chão, ambos correram para o combate onde suas mãos se colidiram, com a direita Scorpion acumulou fogo e desferiu em um gancho, arremessando Sub Zero longe. Rapidamente o mesmo se levantou com um mortal ficando em pé, posicionou os braços em um circulo de lado acumulando uma luz tão azul quanto seus olhos. Assim que mando contra Scorpion o mesmo saltou unindo os pés em um golpe certeiro contra o peito do outro. Sub Zero caiu para trás rolou sobre a neve e levantou-se criando uma espada de gelo, quando Scorpion correu em sua direção levantou a espada colidindo com o rosto dele, a girou entre os dedos acertando a outra face, assim partindo a espada facilmente. Scorpion se equilibrou sobre os pés girando o corpo em um mortal com os pés em chamas, Sub Zero se afastou segurando em um galho alto, ficou suspenso e assim impulsionou para girar, tomar impulso e se jogar com so pés unidos sobre Scorpion, o mesmo cruzou os braços em um X sobre o rosto e abriu os braços empurrando o adversário. Novamente voltaram a uma luta corpo a corpo, ate Scorpion saltar girar e chutar o rosto de Sub Zero quebrando sua mascara. Sub Zero apoio as mãos sobre o chão levantando-se com dificuldade, no entanto ja era tarde. Scorpion esticou sua mão e através dela surgiu uma corrente com lança na ponta que acertou o centro do crânio de Sub Zero.

─ Scorpion WINS!

Quando na tela apareceu as letras em dourado e abaixo seu personagem, não foi capaz de conter seu sorriso e sacanear o outro com sua vitória merecida. Rapidamente Sasuke se levantou todo pomposo, enlaçou a cintura de uma Sakura surpresa e abocanhou os lábios entreabertos em um beijo intenso que, não durou mais que dois minutos. Com um sorriso de canto afastou-se da Haruno, porém ainda agarrado ao corpo dela, seu ombro foi puxado com brutalidade para trás e antes que pudesse compreender qualquer coisa um punho colidiu com em seu rosto, o impacto foi tão forte que o Uchiha caiu no chão desnorteado.

─ Você pode ter ganho a luta garoto, mas não a guerra - estralou seus dedos e lhe deu as costas.

oOo

Sentado sobre a bancada da cozinha Sasuke gemia frustrado enquanto Sakura pressionava uma compressa de gelo sobre seu ferimento. Kizashi havia deixado um corte superficial no canto da boca e outros hematomas em seu rosto.

─ Fique parado Sasuke - tentava a todo custo tocar o roxo em seu queixo.

─ Isso está muito gelado, Sakura - resmungou afastando a mão dela.

─ Porque é gelo, seu bobão - riu divertida - Agora pare de ser chorão.

─ Chorão? - ergue a sobrancelha de maneira provocante.

─ Isso mesm... - sua frase interrompida ao ter seu corpo puxado.

Sasuke sentou-a em seu colo tomando seus lábios apaixonadamente como tanto desejou por todo aquele dia. Inebriados pelo gosto um do outro, almejavam por se unir cada vez mais, passando a perna para a lateral do corpo do moreno, Sakura ficou de frente para ele para assim aprofundar mais o beijo.

─ Sasuke - suspirou ao receber beijos em seu pescoço - Eu preciso ir...

─ Morango - sorriu de canto ao vê-la entregue com seu toque – Eu sempre soube que era minha – a olhou intensamente acariciando o contorno do rosto arredondado - Apenas minha – com sua boca acariciou os lábios rosados, afastou-se o suficiente para olha-la e tocar seus dedos sobre a testa coberta pela franja.

─ Sua - repetiu com um sorriso, antes de ir.


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Notas finais do capítulo

E aí?
Quem está cada vez mais apaixonado por nossa casalzinho, levanta mão o/
Fortes emoções estão por vir, preparem os corações ❤
Ps: Música - Perfect to me - Ron Pope



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