Lílium escrita por Arya Belacqua, Cya Oak


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

A queda de um anjo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/570354/chapter/1

O vento rugia ferozmente, enquanto a chuva caia pesada sobre minhas costas. A pureza aos poucos se varria do meu ser, escorrendo entre meus dedos. Não havia mais luz, a escuridão havia tomado conta de tudo em mim. Eu já não mais pertencia a esse mundo. Eu era impura. Uma caída.

O cheiro de enxofre substituíra o doce aroma de lírio e as asas começaram a se deteriorar, as penas caiam deixando em seu lugar o podre de um desejo que nunca irá se realizar. As mão sem movimento, as pernas paralisadas, os olhos sendo preenchidos pelo negro. O divino me abandonara, ele sempre abandona as almas perdidas.

Não havia nada neste lugar esquecido pelos deuses, apenas os Céus e o Inferno assistindo a minha ruína. O liquido negro e espeço caia para me castigar, arrancando aquilo que restava da minha antiga vida, corrompendo meu primor e me invadindo com todos os males de Pandora. Patético. Eu perdera tudo, por um desejo fugaz, uma paixão, um amor por uma criatura odiosa, desumana. Eu gritava por ajuda, mas não havia anjo ou demônio que ousasse me socorrer.

O meu egoísmo me trouxe até aqui, a cobiça, a luxúria, e até mesmo a inveja me arrastaram aos portões do subsolo. Agora não há caminho de volta, eu provara do doce fruto sem pudor. Podia ver as estrelas colidirem e a luz ferir-me. Está tudo acabado está noite. Eu chorara como um anjo e agora ria como um demônio. Uma loucura agridoce.

Minha cabeça doía, minhas costas sagravam, a cicatriz se abria. Este é o último dia. A dor é prazerosa e está me enlouquecendo, o que eu vivia antes era realmente o certo? Por que não me apaixonar? Sangue, sangue, me corroa. Minhas mãos seguem até a carcaça de minhas assas e terminam de arrancá-la, aquilo era uma maldição, algo parecido com um castigo eterno, mas eu me libertei, eu estou livre, eu estou renascendo.

Deuses patéticos, essa é a verdadeira vida, amar não pode ser errado, isso é loucura. Fecho meus olhos e encontro o verdadeiro paraíso, um paraíso sombrio. O toque da noite é acolhedor, é como uma melodia me convidando a dançar por todo o sempre. Dance, dance, ela diz, sorria, minha filha, sua dor será minha e nós duas seremos uma. E eu sigo os passos de meu novo mestre e eu me deleito nos pecados de uma nova vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O nascer de um demônio.