Girl Almighty escrita por Anna


Capítulo 7
Seven




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“Não somos amigos, nós poderíamos ser qualquer coisa

Se tentássemos manter esses segredos a salvo

Ninguém descobriria se tudo desse errado

Eles jamais saberão de nada do que passamos

Eu poderia escolher um caminho mais fácil

Mas os seus olhos me guiam direto para casa”

– Friends, Ed Sheeran

Depois de eu atender o telefonema de uma tal de Clarice que queria falar com uma tal de Kim, o clima já tinha acabado completamente e estávamos todos exaustos mesmo sendo apenas uma da manhã e considerando que no dia seguinte haveria aula decidimos que era melhor ir dormir. Danny optou por voltar para casa e deu carona à Jim que morava à um quarteirão dali. Caitlyn foi dormir no quarto de Austin com ele, eu tive a vantagem de ficar com o sofá e Phoebe e Louise pegaram sacos de dormir para colocar no chão. Acordei no meio da noite com barulhos na cozinha.

– Mas ainda com fome? – encontrei um Theo com a cabeça enfiada na geladeira.

– Pizza nunca é demais - ele disse duas fatias de pepperoni e dando uma à mim.

– É, nisso eu concordo. – ele estava de calça de moletom e o peitoral despido, o que me dava uma bela visão de tal área e um dilúvio visual de suas costas cada vez que ele se virava. – Espera, que horas são?

– Umas quatro.

– Não to com sono. A gente podia ficar conversando.

– Eu to com sono, mas prefiro falar com você.

E ficamos o resto da noite conversando sobre... Sobre tudo até que chegou em um ponto delicado.

– E qual era o nome dele? – Theo perguntou se referindo ao meu antigo namorado.

– Stan. – disse e me sentei na bancada de mármore enquanto ele pegava mais uma fatia de pizza, mas essa levava ao microondas.

Ficamos em silêncio por um tempo, quando eu senti a necessidade de puxar assunto.

– Bem, desculpa pela brincadeira de hoje. – ele olhou-me com um ar de confusão.

– Como acabou de dizer, foi só uma brincadeira... Quer dizer, não é como se não quisesse te beijar, mas, espera, não quero te beijar. Quero, mas não... eu... eu vou ficar quieto. – comecei a rir desesperadamente, até que o pontinho de malicia se acendeu em minha cabeça.

– Tudo bem. – Me aproximei mais dele pela bancada. – Não é como se eu quisesse te beijar também – ele arqueou uma das sobrancelhas – ou é.

– E como eu posso descobrir isso?

– Tenta a sorte.

Ele se aproximou e tava bem perto, mais uma vez eu já conseguia sentir sua respiração e fitar sua boca, mas então, o sensor do teto começou a esguichar água e ao invés de fechar os olhos e aproveitar um beijo perfeito, tivemos de arregalá-los ao olhar pro microondas e ver fumaça saindo do mesmo.

– Acho que as coisas estavam esquentando por aqui. – Lou disse ao aparecer na cozinha com uma pantufa de coelhos rosa.

...

No dia seguinte, na aula de história, assim como em meus pensamentos noturnos, tudo que aparecia em minha mente era apenas uma coisa: Theo.

Eu, na verdade, já tinha uma queda suficientemente grande por ele desde o primeiro momento que coloquei os olhos nele ou senti o perfume nada comum, mas perfeitamente perfeito, e devido aos últimos acontecimentos, tava bem difícil me manter na “só me apaixono se eu quiser”. Não vamos nos precipitar porque de certa forma eu estava escolhendo gostar dele e ainda nem era paixão, mas tudo caminhava num caminho que eu traçara várias e várias vezes. E pode acreditar que a conclusão nunca era tão boa assim, na verdade, é quase justo dizer que quase sempre eu me dava mega mal, ou o menino não tinha um sentimento recíproco ou ele me trocava por uma oxigenada peituda da faculdade.

“Podemos ensaiar hoje? – Theo”

A mensagem pulou na tela de meu celular bem no momento em que Sr. Falk, o professor de história, passava ao meu lado.

– Senhorita Prescott, sinto informar que terei de recolher seu telefone.

– Não, mas...

– O que foi? Algo que gostaria de compartilhar com a turma?

– Não, desculpe-me, Senhor Falk.

Assim que o sinal bateu, corri para o armário de Theo com a intenção de responde-lo, ele estava conversando com Phoebe.

– Theo... – estava sem fôlego por correr –, o Senhor... Falk... pegou meu... celular... ai, Deus. – parei e respirei um pouco. – Pode passar em casa às quatro.

Assim que ele assentiu com a cabeça meio confuso de depois sorriu, fui até o meu armário e peguei o livro pra próxima aula.

Seria um longo dia pensando nele.

...

Cheguei em casa obviamente ansiosa para que Theo chegasse o mais rápido possível. Tomei banho, passei hidratante, penteie os cabelos e até me arrumei um pouquinho mais; coloquei um shorts azul claro e uma camiseta verde Ramones e, claro, o clássico All Star.

– Onde vai tão arrumada? Ta de corretivo?

– Sim, mãe. Um amigo vai vir em casa. – ela me olhou sorridente.

– Um amigo ou um – ela deu um sorriso malicioso e adocicou a voz – amigo?

– Mãe, é só um amigo e...

– Nada disso. Vou estar aqui para recebê-lo.

– Senhora Danielle?

– Sim, Trudy?

– Telefonema do trabalho.

– Ah, desculpa, Aimée, deixa pra outro dia. – ela foi andando em direção à sala principal, mas voltou e me deu um beijo na testa. – Eu te amo, está bem?

– É claro que ama, igual o papai. – disse para mim assim que ela já estava longe e ocupada o suficiente para não ouvir.

Fui à cozinha e coloquei alguns cookies restantes do café do dia anterior em um prato bonitinho e separei uma bandeja com iogurte de pêssego e dois copos.

Havia muito tempo que eu não ficava assim, seria uma baita mentira se eu dissesse que era a primeira vez, porque não era, eu venho lidado com essas quedinhas desde o inicio da minha adolescência, eu sempre ficava nervosa e ansiosa e dessa vez não era diferente, apenas fazia muito tempo que isso não acontecia, desde que comecei a namorar Stan.

Maaas, como sempre acontece quando estou muito animada para algo, não dá certo. Eram 16H00 e nada, nadinha mesmo de Theo. Desisti. Subi para meu quarto, coloquei uma calça de moletom e meus óculos de leitura e peguei um dos meus livros ainda não lidos.

– Aimée? – Theo estava parado na porta.

– Theo? Trudy deixou você subir?

– Sim, eu queria pedir desculpas, eu estava em um café com a Phoebe e acabei perdendo a hora... – ele disse ainda parado – Então, podemos ensaiar?

– Eu... Acho que não, eu... Foi um dia cansativo, deixa pra próxima. Mas então, Phoebe, né?

– É... O que você acha dela?

– Legal. – disse tirando os óculos. – Acho que vou tirar um cochilo, se não se importa.

– Tudo bem, até amanhã.

– Até.

De tudo, tudo mesmo que eu imaginei, aquilo passava total e completamente dos limites. Não estava nada bem.


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