Enfim, rei? escrita por Maga Clari


Capítulo 6
Game over


Notas iniciais do capítulo

Viram a nova capa?
Me perdoem, mas quando eu fiz o pedido da capa o título era aquele e me enviaram ontem, não tinha mais como trocar...
Beijos



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As primeiras semanas de Loki como rei de Asgaard foram as melhores de sua vida:

Possuía sua querida e amada Sigyn no trono ao seu lado, com suas risadinhas e travessuras que tanto lhe encantaram! Observavam os súditos abaixo, fazendo piadas maldosas sobre eles e adorando vê-los seguirem suas vidas sem saber de um suspiro sequer que fora comentado a seu respeito.

Passavam horas e horas planejando suas aventuras e peripécias banhados de toda a sorte de vinhos e frutas que lhes fossem de suma importância. Ninguém os negava. Eram rei e rainha, afinal. Tinham permissão para se embebedarem todo o dia se assim o quisessem. E se divertiam aos bocados naquela nova esfera de poder... Loki gargalhava mais do que o normal e passava as horas do dia com um estranho bom humor.

— Deus Loki, herdeiro de Odin, será que o senhor poderia ajudar a minha mãe? Er...

O novo rei de Asgaard sorriu docemente para a menininha e assentiu. Pegou a mãozinha dela, tão pequenina, e deixou que ela o guiasse até sua mãe enferma. Adentraram num vilarejo um pouco afastado, e Loki teve que baixar a cabeça para entrar na humilde cabana acima da colina.

— *Asriel? — um sussurro agonizante foi ouvido, bem de longe — Asriel, é você?

— Trouxe ajuda, mamãe!

A menininha sorriu um sorriso tímido para o deus, em agradecimento, e abraçou a cintura dele deixando algumas poucas lágrimas mancharem-no. Loki, por sua vez, ficou sensibilizado com aquela súbita demonstração de afeto. Nunca havia pensado em ter filhos, mas aquela garotinha despertara nele alguma coisa que ainda não sabia dizer o quê.

— Por favor — falou numa voz quase inaudível, como se não quisesse que mais alguém os escutasse — Por favor, cure a minha mamãe.

O deus do gelo sentiu uma pontada no estômago quando Asriel afastou-se dele e puxou-o para o único quarto da cabana, onde estava sua mãe.

Deitada num leito quase ao chão, a deusa menor tossia aos horrores e tinha um aspecto moribundo. Loki agachou-se para ficar da mesma altura, e a pequena Asriel o observava com seus olhos enormes, em expectativa.

— Qual o seu nome? — disse, para a enferma.

— *Lyfia — essa única palavra pareceu lhe causar uma dor enorme, mesmo só mexendo os lábios.

— Consegue abrir os olhos, Lyfia?

Ela fez que sim e encarou-o profundamente.

Loki não desviou o foco dela deixou as palmas das mãos estendidas entre ele e Lyfia. Uma luz verde pareceu uni-los e, em poucos instantes, a mãe da garotinha dava um longo suspiro de alívio. Pareceu sair de um transe: sua respiração estava melhor, suas dores cessaram... Ela o olhou meio surpresa, sem saber se confiava inteiramente nele. O rei pareceu perceber.

— Sou o rei agora — falou num tom cortante — Acho muito arriscado demonstrar tanto medo ou desprezo a quem acaba de lhe tirar o sofrimento. Com licença.

— Senhor, senhor! — Asriel levantou-se de supetão, assim que ele fez menção de ir-se embora.

— É por ela — estendeu a mão na direção da menina — Por ela que vou deixar passar. Mas que fique bem claro: sou o rei, não um servente imundo.

Loki deixou ambas as moças gozarem da mais nova saúde da deusa menor, Lyfia, e caminhou a passos largos para fora da periferia do reino de Asgaard. Um misto de sensações deixava-o completamente curioso; por que sensibilizara-se tanto com aquela garotinha? Por que se aborrecera com aquele olhar da enferma recém-curada?

Ainda com um andar imponente, o rei das pegadinhas fizera um flashback mental de sua infância até a fase adulta, em que se encontrava. Descobriu-se um tanto ressentido pela posição de escanteio em que fora jogado desde pequeno; os olhares com diversidades de significados pejorativos...

Olhares de pena. Pena por nunca ter a possibilidade de se tornar grandioso como Thor. Pena pelo seu passado. Mas que rei caridoso, esse Pai-de-todos! Arriscou-se para salvar o garotinho do gelo! Mas que deus companheiro, esse Thor! Ajuda sempre o irmãozinho e vai atrás de quem bate nele! Mas que pilantra, aquele Jotun traidor! Alguém precisa dar um jeito nele e tirá-lo daqui, antes que estrague tudo.

Era disso que Loki tinha ressentimentos.

Fora esse mesmo olhar que Lyfia o havia dado que despertara todas aquelas lembranças... Era este o motivo de ser tão anti-herói, ao contrário de Thor. Almejara tanto um lugar no mundo que mesmo que tivesse que se afastar por 180 graus do irmão ele o faria, caso fosse necessário. E foi. Loki tornara-se o símbolo do mau caratismo, e se já não gostava dos olhares de pena, os de medo e cuidado feriam-no ainda mais.

O novo rei de Asgaard parara de andar quando chegara às escadarias, e deu um longo e audível suspiro. Observou Lady Sif marchar para fora do Palácio e cumprimenta-lo com um aceno de cabeça. Em seguida, viu um Thor brincalhão vir em seu encontro, animadamente:

— Já soube da novidade, irmão?

— Que novidade? — respondeu rispidamente, ainda abalado com seus pensamentos nostálgicos.

O deus Thor deu uma risadinha de canto e pôs a mão pesada sobre o ombro do rei de Asgard, como se guardasse algum segredo importante. Com uma piscadela, Thor deixou-o sozinho, em frente à grande mesa que antes pertencera a Odin.

Sigyn pulara do trono, com um sorriso sapeca, e marchara até seu esposo, esperando que ele dissesse qualquer coisa. Balançou o corpo para frente e para trás, ansiosa, e então chegou ainda mais perto dele, sussurrando em seu ouvido:

— Estou grávida.

Os pelos próximos à orelha dele se arrepiaram. Seus olhos se arregalaram. Loki estava, pela primeira vez, sem saber o que fazer ou como reagir.

Seria maravilhoso dizer que Loki conseguira enganar Malekith. Seria ainda melhor dizer que ele tornara-se rei no lugar de Thor, dando a Asgaard um futuro herdeiro. No entanto, nosso deus das pegadinhas caiu em seu próprio truque: o ilusionismo. Estreitou os olhos e xingou todos os nove reinos ao ver-se novamente preso e vítima de mais uma ilusão daquela prisão maldita.

— Bom dia dorminhoco!

— Não! Espera! Espera!

O deus das pegadinhas tentou se levantar e se livrar das algemas, mas não conseguira. Começou a gaguejar e balbuciar, com seus olhos escaneando todos a sua volta, em completa confusão mental.

— SIGYN? ONDE ESTÁ MINHA ESPOSA, A SIGYN?!

— Loki, acalme-se — Lady Sif deixara de rir para adquirir um tom preocupado com o prisioneiro.

— EU PRECISO VÊ-LA, ELA NÃO ESTAVA GRÁVIDA?

— Grávida? — a deusa menor surgira de trás de Lady Sif, com a sobrancelha erguida — Nunca estive melhor, Lokinho. Desculpe-me decepcioná-lo, mas hoje não.

Loki olhou de uma para a outra, em completa agonia.

— Que está acontecendo, afinal?

Foi com muito pesar que Thor pessoalmente internara seu irmão adorado num quarto para cuidados médicos. Ele, que sempre curara. Agora estava ficando louco. Discutira muito com Odin, pai-de-todos, sobre o quanto aquela prisão afetava a mente do deus do gelo. Thor não admitia ter que deixa-lo lá, afinal. Assumira publicamente que se não seguissem suas exigências, não seria mais um candidato a sucessor de Odin.

Ainda não se sabe como os nove reinos ficarão em relação a guerras e problemas envolvendo o Éter e os elfos negros. Nem sobre uma possível ascensão de Malekith. Mas de uma coisa temos certeza: esta fora, sem dúvida, a primeira vez que o deus das pegadinhas fora enganado pela sua própria mente. Sofrera com o seu próprio feitiço. Havia uma superfície mágica, claro. Mas todos aqueles dias solitários fizeram-no enlouquecer completamente.

Um dia, o deus das pegadinhas se curaria, obviamente. Um deus com genialidade tamanha não deixaria ser derrotado pela própria mente pela eternidade. No futuro, Thor abdicaria do trono para ver seu irmão assumir o posto que toda a vida merecera.

Loki seria rei de Asgaard, afinal.

Mas essa já é outra história.


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Notas finais do capítulo

Não acho que esse foi um final muito bom, mas espero que tenham gostado...
Beijos e até mais ver o/

*Criação minha, eu inventei os nomes e as personagens.