Jily - The stars will cheer escrita por ChrisGranger


Capítulo 5
A descoberta


Notas iniciais do capítulo

Olá amorecos!!!! Que saudades!!!! Vou demorar um pouquinho mais para postar os capítulos esse mês :(( !!! Mas esses capítulos guardam algumas surpresas...!!! Bem, espero que gostem!



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– O-o que é aquilo? - sussurrou Belle, sentindo-se arrepiar.

Thomas balançou a cabeça loira lentamente, com os olhos arregalados de terror.

– É um… gigante.

Belle estremeceu, apesar de que, assim que vira a gigantesca criatura ao longe, tivera certeza de sua natureza. Um gigante. Mesmo há quilômetros de distância, a visão de tal, lhe dava vontade de se esconder debaixo da cama e nunca mais sair. Criaturas tão gigantescas não deveriam supostamente estar próximas de Hogwarts.

Belle lera em algum lugar que gigantes viviam em montanhas. Então, o que estariam fazendo aqui, nas últimas propriedades da Floresta Proibida?

À medida que o gigante dirigia-se cada vez mais para o norte, Belle afastava-se cada vez mais da beirada da torre. A torre onde acreditava que teria uma noite romântica e agradável, mas agora, transformara-se em um completo horror.

– Temos que avisar aos outros! - balbuciou Belle, puxando Thomas pela mão. Os dois desembocaram pelo corredor, correndo aos tropeços por toda a extensão do castelo em direção à sala comunal da Grifinória. Belle, mesmo sentindo-se apavorada, não podia deixar de sentir uma pontinha de alívio. Por pouco, Thomas não ouvira (e se ouvira, não tinha demonstrado nenhuma reação) Remus uivando do salgueiro lutador. Belle às vezes tinha tanta pena do amigo que quase chegou ao ponto de preparar-lhe um lanchinho para levar consigo nas noites de lua-cheia. E, ao pensar em Remus lá fora, na mesma noite que haviam visto um gigante, não era uma visão muito agradável.

– Espere aqui - pediu ela, ao depararem-se com o retrato da Mulher Gorda. Thomas encostou na parede, tentando parecer o menos preocupado possível. Belle apertou a mão dele com um sorrisinho solidário e, ao dizer a senha para a resmungona Mulher Gorda, entrou no salão comunal.

E Belle encontrou justamente quem queria. Normalmente, quando era lua-cheia, Tiago, Sirius e Pedro ficavam na sala comunal até tarde, e apesar de Remus não saber disso, tentavam demonstrar ao máximo que estavam ao lado do amigo. Belle havia descoberto isso há pouco tempo por si só, e adivinhara o quê os três sempre faziam até aquela hora quando tinham aula no dia seguinte.

Sirius havia dormido no sofá de frente para a lareira e roncava sonoramente, enquanto Pedro, encolhido no chão, babava por cima de seus deveres. Somente Tiago parecia acordado, olhando para as chamas da lareira farfalhando e queimando cada vez mais lenha, com seus olhos semi-abertos.

– Tiago! - exclamou Belle, correndo em direção ao garoto.

Ele tomou tanto susto que pulou do chão, batendo a cabeça no queixo de Sirius. Este, tendo sido acordado de maneira tão brusca, xingou e deu um tapa no rosto de Tiago. O garoto exclamou, com o rosto fervendo de raiva e virou-se para Belle, um tanto indignado.

– Podia tentar procurar ajuda ou algo assim… que tal experimentar aulas de “como falar como uma pessoa normal sem assustá-la ou provocá-la um trauma e um tapa no meio do rosto?” - disse ele, esfregando a bochecha avermelhada.

Belle revirou os olhos e sentou-se, sem cerimônias, na poltrona ao lado de Sirius. Sirius murmurou revoltado e se sentou, dando mais espaço à Belle.

– Vi um gigante - contou ela, de supetão.

– Também existe ajuda para loucura completa - retrucou Tiago, com sua tradicional expressão de sarcasmo estampada no rosto.

Belle deu um muxoxo irritado e agarrou os braços dos dois, puxando-os para o buraco do retrato.

– Espera! Achava que você estava com o Allen! Não que isso tenha muito problema para mim… - disse Sirius, com um sorrisinho convencido.

– E ela está - replicou Thomas, assim que os três passaram pelo buraco do retrato.

Tiago e Sirius gargalharam e o rosto de Belle tingiu-se de vermelho como um tomate que tivesse acabado de ser retirado do tomateiro.

– Achava que queríamos guardar segredo - sussurrou Belle para Thomas.

– Vocês realmente acham que a escola inteira não sabe que os dois estão juntos?

– Isso não vem ao caso, Sirius! Afinal, as pessoas só teriam certeza se vissem. Ninguém viu nada - retrucou Belle, seu rosto quase a ponto de explodir.

Os garotos se entreolharam, segurando o riso o máximo possível.

– Onde está Remus? - perguntou Thomas, ligeiramente curioso.

– Hum… o caso é que ele…

– Teve uma tremenda dor de barriga - completou Tiago, e Belle chegou quase ao ponto de ser convencida pelo garoto se não soubesse a verdade. Tiago demonstrava tal quantidade de expressões em seu rosto que era muitas vezes difícil não acreditar ou não confiar nele. Até mesmo quando ele inventava coisas tão… -, não conseguimos nem entrar no nosso dormitório, o cheiro estava insuportável. Uma pena.

Thomas franziu o cenho e desviou os olhos do sorriso tranquilo que invadia o rosto dos dois.

– Ei! Por que ninguém pergunta do Pedro? Tiveram que me acordar, mas não se deram o trabalho de acordar o preguiçoso ali! - protestou Sirius depois de alguns segundos, com o rosto carregado de cansaço.

Belle olhou para Sirius, quase entregando-se ao riso por estar perto de alguém como ele. Mas estranhamente, ela se sentia um pouco melhor por tê-los chamado. Não sabia exatamente o porquê, mas suspeitava que fosse pelo fato de que os dois tinham o dom de criar comentários que somente nas piores horas, aliviavam certos pesos. Comentários típicos de Tiago Potter e Sirius Black.

– Então… o que vocês querem nos mostrar? Um elfo doméstico vestido de gigante? - questionou Tiago, esfregando os olhos.

– Não exatamente… - retrucou Thomas.

Após alguns segundos de discussão e teimosia de acompanharem Belle e Thomas até a Torre de Astronomia, os dois finalmente cederam, correndo pelos corredores em direção ao exato lugar que tinham visto a criatura. Assim que os quatro subiram aos tropeços a escada que levava até a vista de toda a Floresta Proibida, Belle apontou para o horizonte, em direção à quilômetros de distância deles. Era incrível como em tão pouco tempo, o gigante já havia avançado tanto, destacando somente o último pontinho que era seu brusco rosto, na escuridão.

Tiago e Sirius encararam assombrados a cabeça do monstro, completamente abismados com o que viam.

– Certo… o que vocês acham? - perguntou Belle, roendo a unha do dedo mindinho.

Pela primeira vez, os dois estavam sem falas.

– Gigantes vivem nas montanhas - concluiu Tiago depois de alguns segundos no mais completo silêncio. O garoto parecia tentar convencer a si mesmo daquela afirmação. -, não tem como eles virem para cá. Simplesmente é… impossível.

– Ao que parece, não mais. - retrucou Thomas, tapando os ouvidos quando Remus, apunhalado na Casa Sombria, uivava ainda mais alto. - O que diabos é isso?

– Ah, é só o Remus - falou Sirius, ainda hipnotizado com a visão do gigante.

Quê?

Tiago e Belle fuzilaram Sirius com o olhar, completamente horrorizados que o garoto pudesse ter sido capaz de dizer aquilo.

– O Remus está com tanta dor de barriga que está gritando muito… dá até para ouví-lo daqui! - mentiu Tiago, rapidamente.

Thomas encarou os três com sorrisinhos amarelos instalados em seus rostos, completamente confuso.

– Devia tentar levá-lo à enfermaria - sugeriu ele, dando de ombros.

– Não acho que seja a melhor opção - replicou Sirius. -, Remus é muito tímido. Mas não tem problema se você espalhar isso para a escola inteira. Tenho certeza que ele não irá se importar!

Tiago riu e Belle os fuzilou novamente. Após alguns minutos de discussão os quatro acharam melhor descer e no dia seguinte, pensar mais no assunto. Porém, Tiago estava inquieto. O garoto não conseguia parar de pensar no que havia visto. Aquilo não podia ter sido uma coincidência. Algo com certeza estava acontecendo no mundo bruxo, algo que não entrava em equilíbrio com a magia.

Ao chegarem ao corredor do salão comunal, Lílian e Abbey vieram correndo em direção ao grupo. Lílian estava branca como cera e Abbey vinha puxando-a pela mão. As duas estavam vestidas com roupões de dormir, e sentiam-se quase que expostas aos outros. Tiago grudou os olhos em Lílian, mas rapidamente os desviou com um sorrisinho maroto nos lábios.

– O que vocês estão fazendo aqui? - perguntou Sirius.

– Lílian disse que ouviu um barulho… passos, ou algo assim - contou Abbey.

Os outros olharam para a garota, com os olhos arregalados de terror.

– Eu olhei pela janela… vi uma coisa… - sussurrou ela.

Antes que a garota pudesse terminar de dizer qualquer coisa, uma figura apressada apareceu no corredor. Todavia, desta vez, eles conseguiam vê-la mesmo de longe. O corredor da sala comunal era iluminado por tochas e assim que os cabelos castanhos banhados por mechas loiras de Miandra Gorlois apareceram no corredor, eles tinham certeza de quem era.

– Olha quem resolveu aparecer… - murmurou Tiago, porém calou-se assim que viu a expressão no rosto de Miandra. Na verdade, não existia nenhuma expressão naquele rosto tão branco, que assemelhava-se tanto com o de uma boneca de porcelana. Seus olhos verdes escuros estavam semi abertos na escuridão, e ela parecia tremer, como se fosse uma bomba prestes a explodir o castelo. Suas mãos estavam coladas ao corpo e ela caiu ajoelhada de fronte ao grupo, que permanecia completamente aturdido.

– Uma luz verde… se aproxima cada vez mais - murmurou ela, fazendo todos se arrepiarem -, algo maligno invade cada vez mais essa terra…mas algo conseguirá deter. Uma luz verde...

E sem mais nem menos, a garota tombou, totalmente desmaiada, aos pés de Tiago Potter e Lílian Evans.

***

Naquela manhã de sábado, Sirius (mesmo que se sentisse um pouco mal por Tiago), foi para o teste de quadribol da Grifinória, acompanhado por Remus e Pedro. Tiago não iria mesmo se não tivesse sido chamado para a sala do diretor. Ao colocar os trages da escola e chutar algumas vezes seu próprio guarda-roupa, além de não ter tido paciência para alimentar sua própria coruja, Harpias (que aparecera mais cedo para entregá-lo uma carta dos pais) e ter de comparecer à detenção após conversar com Dumbledore, Tiago, com um suspiro derrotado, saiu do salão comunal e pôs-se a caminho da tão conhecida sala do diretor.

Na noite passada, após Miandra ter desmaiado aos pés do grupo, Filch os pegou no corredor e, com um pulinho de animação por tê-los encontrado andando pelos corredores no meio da noite, os levou diretamente para McGonagall. Estranhamente, Dumbledore aparecera bem na hora que a professora já estava decidida a dá-los detenção pelo resto da semana, e, o diretor, dissera que preferia conversar com alguns deles antes, se fosse possível. Quando Tiago saíra para o café mais cedo, David Wood o parou no corredor, entregando-o um bilhete do diretor, pedindo para que Tiago fosse à sua sala mais tarde.

Thomas e Belle levaram Miandra para a enfermaria assim que McGonagall, parecendo desapontada, os dispensou tarde da noite. A garota não havia acordado desde então.

Galinhas fritas - disse ele, assim que se viu diante do gigantesco pássaro banhado a ouro puro que dava à sala do diretor. A ave começou a girar e assim que o garoto pulou para dentro das escadas, uma massa de cabelos ruivos tapou sua visão do resto. Ele tossiu e Lílian Evans afastou-se alguns centímetros dele.

– Potter? O que faz aqui? - indagou ela. Os dois subiam juntos pelo pássaro que os levava para cima num movimento rotativo.

– Sardinhas! Como vai nessa linda manhã de sol? - disse ele, tratando de abrir um sorrisinho nos lábios.

– Estava bem, até te ver - retrucou ela, virando o rosto para esconder aquelas manchinhas tão polêmicas.

– Não gosta das suas sardas? - perguntou ele, curioso.

Lílian deu de ombros e pulou das escadas quando ambos depararam-se com a enorme porta que levava à sala de Dumbledore.

– As pessoas acham que eu mudei. Lá no fundo, até gosto das sardas. Se é quem eu sou, ótimo. Mas… me incomoda um pouco isso. Se as pessoas acham tanto que mudanças são necessárias, porque não as aceitam e, em vez disso, julgam? - disse ela, mais para si mesma do que para Tiago, que a olhava com um olhar penetrante.

– Então as pessoas estão sendo como a lula-gigante ao pensar isso - respondeu ele, simplesmente e, inclinando o ombro na porta da sala, esta se abriu, revelando-os aquela visão esplendora da torre mais alta de Hogwarts.

A sala parecia exatamente a mesma de antes da invasão de Tom Riddle. Parecia que, todos os objetos quebrados e transformados em chamas, retornaram das cinzas e dos milhares de caquinhos espalhados por cada canto misterioso da sala, para seu lugar de origem. Os livros empalheirados na prateleira tão bem organizados, os objetos valiosos de Dumbledore (incluindo um lustroso vaso de porcelana deixado tão cuidadosamente numa mesinha no canto da sala que, Lílian tinha certeza que havia quebrado quando ela acertou com a cabeça o armário de vidro logo ao lado, que também permanecia surpreendentemente intacto), e aquela mesa de ouro, tão bonita e majestosa que guardava um homem logo atrás desta.

Dumbledore usava vestes roxas e um chapéu enfeitado de estrelas prateadas. Seus óclinhos meia-lua, estavam pousados na ponta do nariz longo, que fazia com que Tiago chegasse quase ao ponto de rir toda vez que via o diretor. Mas era impossível rir quando os olhos tão azuis, sonhadores e, nas horas necessárias, mais tempestuosos que existiam no mundo, os olhavam como se pudessem desvendar cada canto de suas mentes e pudesse torturá-los com seus maiores desejos. Mas, para a alegria dos dois, na maioria das vezes, Dumbledore preferia fazer piadas de tortas de limão.

– Licença professor - pediu Lílian, ainda um pouco consternada com a conversa que tivera com Tiago segundos atrás.

Dumbledore sorriu alegremente.

– Olá, crianças - disse ele, indicando as cadeiras de fronte a ele.

Ambos hesitaram por alguns segundos, como se as cadeiras estivessem conectadas à bombas de explosão, mas logo dirigiram-se a elas com sorrisinhos amarelos nos rostos.

– Professor, por que o senhor nos chamou? Quero dizer, nós dois?– perguntou Lílian, sentando-se ao mesmo tempo que Tiago.

– Acredito que foi um palpite. Quero saber o que aconteceu noite passada. Pareciam bastante assustados quando os encontrei. - respondeu o diretor, tranquilamente.

Tiago e Lílian se entreolharam um tanto nervosos e começaram a relatar ao diretor tudo o que acontecera. Tiago contou do gigante que Belle e Thomas haviam visto e de como eles foram correndo chamá-los para mostrar o que viram. Nessa hora, ele disse que os quatro voltaram para o corredor e que lá, encontraram Lílian e Abbey.

– Eu ouvi, diretor… - murmurou Lílian, após Tiago ter parado de falar. - eu juro que acordei com os passos do gigante. Sei que parece loucura…

– Não existe loucura quando vivemos na magia - replicou o diretor, com um sorriso bondoso. - só temos que aprender a acreditar.

– Mas por que o senhor acha que eu, somente eu, consegui ouvir isso?

Dumbledore levantou um pouco mais a cabeça e fitou aquele mesmo armário de vidro que encontrava-se no canto da sala. Agora que Lílian reparava melhor, ela pôde enxergar quase que centenas de frascos, com conteúdos semelhantes, parecidos com pequenos fios cintilantes que farfalhavam à medida que ela olhava.

– Acho que com o tempo teremos a chance de descobrir - respondeu o professor, parecendo tão imerso em pensamentos, que quase sussurrava suas memórias para si mesmo.

– Foi então que… Miandra apareceu - continuou Lílian, após uma pausa esperando que o diretor pedisse para ela prosseguir. - e ela começou a dizer certas coisas... parecia...

– Em transe ou algo assim - completou Tiago, lembrando-se dos olhos semi-abertos de Miandra e de sua pele tão branca.

Dumbledore os olhava tão profundamente que parecia quase desaparecer diante de seus olhos para o momento em que tudo acontecera noite passada.

– Ela... começou a dizer coisas. Coisas sobre uma luz verde - continuou Tiago, franzindo o cenho. -, parecia possuída ou algo assim.

– E… dizia também que algo estava vindo. Algo maligno - disse Lílian, tentando se lembrar de cada detalhe que Miandra falou, de cada fato que acontecera na última noite. Se algo acontecia no mundo bruxo e Miandra sabia de alguma coisa, eles deveriam analisar cada informação possível.

Os olhos de Dumbledore pareciam perdidos e, pela primeira vez na vida, Lílian pôde ver uma sombra de algo que nunca sentira antes: defesa. Eles deveriam se preparar para algo, e Dumbledore parecia fazer uma ideia de que algo era isso. Parecia conectar cada memória e cada palavra dita pelos dois para chegar a uma conclusão. E a conclusão parecia ter cada vez mais, perspectivas sombrias.

– Conhecem histórias relacionadas ao primeiro bruxo que existiu? Ao primeiro bruxo nascido com magia? - disse ele, subitamente.

Lílian analisou atentamente as palavras do diretor, mas foi Tiago que falou primeiro:

– Merlin.

Dumbledore assentiu levemente com a cabeça, quase orgulhoso do garoto saber tal coisa.

– Era uma época difícil para aqueles que praticavam magia. Ninguém nascia com ela. Praticavam com o tempo e quando o jovem Merlin nasceu... - o diretor fez uma pausa e olhou novamente para o armário de vidro, diretamente para os frascos com recipientes cintilantes. - foi algo simplesmente mágico.

Tiago e Lílian se entreolharam, um pouco confusos de o porquê do diretor estar contando-os aquela história.

– Professor, por que o senhor está nos contando isso? – perguntou Tiago.

Dumbledore, com uma fraca sombra de um sorriso nos cantos dos lábios, fitou os olhos dos dois. Verde esmeralda e castanhos esverdeados contra azuis tempestuosos.

– Merlin derrotou uma das bruxas mais poderosas de todos os tempos. Têm alguma ideia de qual foi?

Lílian arregalou os olhos pensando nas antigas histórias que a mãe lhe contava. Histórias sobre a Távola Redonda. O período mais difícil enfrentado por todos os bruxos do passado. Um nome surgiu em sua mente como se uma lâmpada acendesse repentinamente.

– Morgana - respondeu ela.

Dumbledore, ao invés de sorrir desta vez, olhou-os tristemente por cima da máscara marcada de dezenas de anos de experiência e de memórias. Como se tivesse vivido naquela época tão sombria da qual falavam. Tiago parecia atento a cada movimento e palavra do diretor.

– De fato - disse o diretor, assentindo lentamente com a cabeça. - o que muitos não sabem é que Morgana, embora filha de um homem assassino, durante toda a vida, pensou ser filha de Gorlois. Uma família muito antiga, assim como a da qual ela realmente pertencia, os Pendragon.

– Espera mas… Gorlois? - disse Tiago, estreitando os olhos.

– Acontece que, Morgana era, em parte Gorlois, devido à sua mãe, Vivienne, e em parte, Pendragon. Miandra Gorlois é descendente de Morgana. - concluiu Dumbledore.

Tiago e Lílian entreolharam-se assombrados. Depois de ouvir tantas histórias relacionadas à magia quando criança, mesmo sem saber que existia, Lílian nunca iria acreditar que fosse conhecer uma descendente de Morgana Pendragon, a tão temida Alta Sacerdotisa da época que Merlin existira. Após ter sido apresentada ao mundo mágico, ela acreditava que nada mais poderia ser capaz de surpreendê-la. Agora ela percebia o quão enganada estava.

Tiago parecia tão surpreso quanto ela. Ele piscava os olhos por trás das lentes dos óculos, quase como se estivesse checando se ouviu certo o que Dumbledore dissera.

– Morgana deixou descendentes? - perguntou ele, atordoado.

– Oh, sim. A família Gorlois deixou.

– Isso é… incrível! - exclamou Lílian, em parte maravilhada e em parte, horrorisada.

Tiago a encarou como se fosse uma parente do polvo do mar que tivesse revelado que era sua avó.

– Temos uma louca parante de Morgana Pendragon sonhando com coisas completamente absurdas! Como isso é incrível?

Dumbledore limpou a garganta e abaixou os olhos severos em direção a Tiago.

– Desculpe, professor - pediu ele, automaticamente.

– Acontece que… a srta. Gorlois, aparentemente, herdou os maiores poderes de Morgana - continuou Dumbledore, observando a janela de sua sala atentamente. -, o poder das profecias.

– Então tudo pode realmente acontecer… quero dizer todo aquele negócio sobre luz verde? - indagou Tiago, e Lílian percebeu um certo tremor em suas mãos.

Dumbledore olhou-os tristemente por trás de seus óclinhos meia-lua e Lílian sentiu um arrepio percorrer toda a espinha. Sentia quase como se Dumbledore tivesse entendido tudo o que Miandra dissera, como se aquelas palavras fizessem todo o sentido para ele. Como se aquilo somente confirmasse algo que já sabia que aconteceria.

– A srta. ouviu os passos do gigante no momento em que mais ninguém ouviu. Naquele mesmo momento, provavelmente, a srta. Gorlois estaria acordando e caminhando em direção a justamente vocês dois, que, ao mesmo tempo, na mesma noite, presenciaram de maneiras diferentes, algo que surge. Algo que começou a acontecer na última noite e algo, que eu temo que nos trará tempos difíceis. Devemos nos preparar. Porque sinto dizê-los, algo irá acontecer. E, acredito que todos os recentes acontecimentos estão atrelados, de fato.

Lílian sentiu como se estivesse pulando numa água congelante. Sentiu o choque das palavras do diretor como se cada partícula minúscula de gelo entrasse por suas veias e as congelasse lentamente. Sentiu a água entrando por sua garganta, engasgando-a e torturando-a lentamente, puxando-a para cada vez mais fundo. Mas depois, foi como se alguém tivesse puxado-a da água e levado-a para as brasas. Sentiu uma pontada de dor, e as chamas aquecendo tudo o que sobrara, tudo o que tinha conseguido resistir em seu corpo. E somente aquilo, a acordou. Aquilo a fez queimar cada vez mais profundamente, tentando livrar-se daquelas palavras desconcertantes. Daquelas palavras que pareciam quase como uma sentença.

– Mas iremos sobreviver a isso, certo? Quero dizer, o que poderia ser de tão ruim? - disse ela, sentindo sua garganta apertar.

Dumbledore os olhou mais uma vez antes de virar-se para o lado. Virar-se para a tão majestosa espada de Gryffindor apoiada em seu esplendor numa mesinha logo ao lado dos três. Tiago se lembrou da noite em que aquele objeto, que ele nunca imaginara sequer ver, voou em sua direção. Ele se sentira especial. Como se a partir daquele momento, todos os bruxos pudessem conhecer seu nome. O nome Potter.

– Acho que sabemos o que está vindo. - respondeu ele, ainda com os olhos pousados na espada, como se tivessem escolhido uma melhor perspectiva diante do que parecia tão ruim, de todas aquelas palavras de tristeza. - Mas caberá a nós as escolhas de que lado seguir a partir de agora. E acredito que os dois sabem muito bem agora, o porquê de eu tê-los chamado. Porque acredito que os dois saberão resistir a algo. Algo que não fazemos ideia das dimensões que poderão tomar.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?? :))