Jily - The stars will cheer escrita por ChrisGranger


Capítulo 4
Sempre surpreendente


Notas iniciais do capítulo

Olá fofuras!!! Primeiramente um Feliz Natal atrasado à todos vocês e um próspero ano novo!! Cada um de vocês sempre merecem!! Obrigada por terem feito meu ano tão feliz :)) !! http://static.tumblr.com/79f935ad61e966b5a4afba0129376794/ss4ohlh/xdCmwujq7/tumblr_static_tumblr_lwfixioitc1ql45dno1_500_1_.gif

Mais uma coisa!!! Eu e uma amiga minha, a Meyrisse, postamos uma three-shot de Jily e Clalvo (um shipp entre Alvo e a namorada dele, que é super fofiss, que foi a Mey que criou!!) !!! Então, decidimos escrever por causa do Natal e do Ano-novo e... eles já estarão no sétimo ano!! Quisemos juntar as duas histórias, só para nos divertirmos um pouquinho!!! Então, se vocês quiserem dar uma olhadinha, eu iria amar!!! Ter leitores tão lindos e fofinhos na minha companhia no Natal e ano novo será o melhor presente!! Aqui está o link: http://fanfiction.com.br/historia/577023/When_the_time_came_around/
Espero que gostem!!!



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A primeira semana do segundo ano de Tiago não poderia ter sido melhor. Com a promessa de que logo no final de semana aconteceria os testes para o time de quadribol, Frank Longbottom começara a dar-lhe todos os tipos de dicas que, obviamente, Tiago já sabia. Sirius também estava se preparando. Os dois amigos saíam todas as noites por baixo da capa de invisibilidade de Tiago, com a companhia de Remus e de Pedro, em parte pela simples vontade de enlouquecer Filch, o zelador de Hogwarts, e em parte pois queriam treinar quadribol enquanto todos dormiam.

– Aposto que conseguiremos! - dizia Sirius, animado. - Os testes são nesse sábado e já estamos parecendo profissionais!

– É, mas você lançou o balaço bem na minha barriga! E eu estava na arquibancada! - protestou Remus, massageando a barriga dolorida.

– Faz parte do jogo - replicou Sirius em tom de desculpas, dando de ombros em seguida.

À medida que sábado aproximava-se, os garotos começavam a se sentir cada vez mais nervosos, apesar dos dois sempre manterem a confiança em seu semblante. Na última aula de Feitiços de sexta-feira, antes do grande teste de quadribol, Tiago não se aguentava de ansiedade,

Ebublio! - disse ele, apontando a varinha feita de mogno, para a água contida num pote em sua frente.

Na mesma hora, a água ferveu até a temperatura perfeita que o professor de feitiços os havia mandado. Tiago sorriu convencido e observou enquanto Severo Snape, na mesa ao lado, não obtinha nenhum sucesso com seu próprio experimento.

– Não se preocupe, ranhoso - provocou ele, de modo que somente Severo pudesse ouvir. - todos demoram algum tempo para conseguir. Menos eu, é claro. Quem sabe daqui há uns dez anos você consegue?

Severo o encarou com os olhos escuros fuzilantes e o xingou baixinho.

– Cuidado com a boca, Snape - disse Sirius, ao lado de Tiago. Assim como o amigo, ele já havia conseguido realizar a tarefa proposta pelo professor, e descansava os pés tranquilamente na cadeira vazia da frente. - não vai querer que ela seja punida pela sua falta de habilidade.

Tiago gargalhou, atraindo olhares de vários alunos, incluindo o de Lílian. A garota estava sentada ao lado de Abbey, logo na frente de Severo. Com o rosto fervendo, ela se virou para o amigo, falando alto o suficiente para que Tiago pudesse ouvir:

– Não liga para eles, Sev. São só arrogantes, querendo ser melhores que todos…

– Já percebeu que o seu rosto está da mesma cor que os seus cabelos? - perguntou Tiago, ignorando o comentário da garota. - Isso é normal?

Lílian o encarou furiosa e voltou-se para seu próprio pote, contendo água ainda gelada. A garota não havia conseguido nem ao menos esquentar o recipiente numa temperatura ambiente.

– Já percebeu que você é um idiota? - resmungou ela, agitando a varinha para o pote freneticamente. Apesar de todas as suas tentativas, a garota não obtivera nenhum sucesso.

– Está precisando de umas aulas extras, Evans? - perguntou Tiago, com um sorrisinho maroto instalando-se em seu rosto.

Não, porque eu posso ajudá-la - intrometeu-se Severo, estufando o peito de orgulho.

Tiago e Sirius se entreolharam, como se estivessem tentando entender o sentido de uma piada, e, logo em seguida, caíram na gargalhada. O professor Flitwick se aproximou dos dois, com certa desconfiança, mas no mesmo segundo, Tiago e Sirius abaixaram as cabeças para os potes d’água, murmurando com as varinhas apontadas para estes.

Assim que o professor se virou para ajudar Lílian, Tiago e Sirius continuaram rindo baixinho, enquanto Remus os encarava com certa repreensão.

– Vocês vão acabar arrumando confusão - murmurou ele, quando, finalmente, conseguira ferver a água até o ponto certo.

– O que há de errado em dizer a verdade? - perguntou Tiago, dando de ombros. - Acho que daqui há uns dez anos, ranhoso vai conseguir fazer esse feitiço.

Sirius e Pedro tiveram que esconder o rosto de tanto rir com o comentário do garoto.

Será que vocês podem parar? - disse Lílian, entredentes. Seu rosto, ainda mais vermelho do que antes, dava a impressão de que, qualquer movimento súbito que eles fizessem, teriam que sofrer as consequências. Seus olhos, outrora tão gentis e delicados, estavam sombrios e furiosos, como se toda a sua energia se concentrasse naquele ponto do rosto, naqueles olhos tão verdes e vivos.

– Opa, Evans ficou bravinha - provocou Sirius, rindo ainda mais.

Porém, antes que Tiago ou Lílian, ou qualquer outra pessoa, pudesse dizer algo, os dois recipientes dos experimentos de Tiago e de Sirius, que já borbulhavam de tão quentes que estavam, começaram a tremer em suas mesas, derrubando finas gotas d’água, que queimavam somente com um toque. Tiago olhava para tudo o que acontecia, atento demais para dizer qualquer coisa e, após míseros de segundos, os potes explodiram e aquela água tão fervente que parecia quase que em brasas, espirrou nos rostos dos dois garotos.

Tudo parecia ter acontecido muito rápido. Lílian observando tudo, tremendo e com a garganta apertada de horror e os dois garotos, que sentiam seus rostos já dormentes devido à temperatura da água. Mas, apesar de sentir todo o seu rosto queimar, como se estivesse dentro de uma lareira, Tiago virou-se para Sirius, que estava prestes a gritar. Sem nem ao menos pensar, ele tapou-lhe a boca, tentando abafar o caso o máximo possível. Apesar de estar mordendo a própria língua para não começar a gritar de dor ali mesmo, Tiago manteve-se firme, encarando o pote em pedações à sua frente.

O que foi que aconteceu aqui? - questionou o professor de Feitiços, correndo até o caos que espalhara-se no centro da sala, exatamente onde estavam os garotos. Os outros alunos observavam a tudo, assustados demais para dizer qualquer coisa. - Quem fez isso? Eu exijo que me digam!

Os alunos, completamente imersos no mais profundo silêncio, encarou Lílian, que estava paralisada e pálida como cera. Tiago a fitou por longos instantes, com aqueles olhos esverdeados bem no centro e, como se um meteoro tivesse caído naquele exato ponto, uma cor castanha, partida daquele verde intenso, espalhava-se por todo o resto de seus olhos. Ele percebeu o quanto Lílian tremia, mas não de frio, e sim de medo, do que havia acabado de fazer. Ela levantou o rosto para o professor e, abriu os lábios para dizer algo. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Tiago se levantou, sentindo cada partícula de seu rosto arder, como se sua pele tivesse decidido comemorar à volta a Hogwarts soltando fogos de artifício em cada milímetro de seu rosto.

– Professor, chamo isso de as bombinhas de... volta às aulas! - exclamou ele, tentando soar o mais animado possível. - É… um experimento que eu estava tentando fazer.

– Foi você? Achava que tinha sido… - começou Sirius, levando um ponta pé de Tiago antes que pudesse terminar a frase. Ele xingou baixinho, apesar de não se importar tanto se o professor estava ouvindo ou não.

Lílian estava boquiaberta, e encarava Tiago com tamanha descrença, que parecia quase hipnotizada.

– Sr. Potter. Está me dizendo que o senhor… causou isso? - questionou Flitwick, com os olhos quase saltando das órbitas, de tão ameaçador que seu rosto tinha se tornado, o que fazia com que Tiago quase caísse na gargalhada ali mesmo, devido à tão baixa estatura do professor.

– Não! Professor, ele… - começou Lílian, levantando-se. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Tiago pousou as mãos nos ombros da garota e a direcionou novamente para a mesa, com um sorriso tranquilo espalhado no rosto.

Líly, eu sei que você é apaixonada por mim, mas por favor, não me defenda dessa vez! - disse ele, dando-lhe uma piscadela e arrancado risadas de toda a turma. Lílian o encarou brava, e retirou as mãos do garoto de seus ombros. Mas antes de voltar para o lado do professor, Tiago poderia ter jurado que vira a garota abrir uma mísera sombra de um sorriso.

– Está me dizendo que nunca fez uma brincadeira de volta às aulas, professor? - retrucou Tiago, tentando demonstrar a maior inocência que conhecia. Era como se o garoto jogasse um jogo, onde deveria manter-se na linha da inocência e da incredulidade. Mas para aqueles que o conheciam, sabiam que praticamente tudo o que saía da boca de Tiago era o mais puro sarcasmo.

– Bem… acredito que não, sr. Potter - retrucou Flitwick, num tom de dúvida. - agora, está dispensado de minha aula. Vá direto até a professora McGonagall com este bilhete. - o professor acenou a varinha para a mesa no final da sala e, no mesmo segundo, uma fina pena começou a escrever numa folha de pergaminho. Depois de alguns segundos de espera, ocupados por um Tiago com o rosto tranquilo e com um sorrisinho no rosto, a folha voou para as mãos do professor que o entregou ao garoto. - E nada de tentar modificar o que está escrito! Comprei esta nova pena especialmente para o senhor, para não tentar mais mudar minhas palavras para… bem, o senhor sabe. Mais uma coisa… leve Black com você. Os dois precisam ir para a enfermaria imediatamente.

Tiago soltou um ruído, semelhante a uma risada no fundo da garganta e saiu da sala, seguido de perto por Sirius. Os dois saíram com tamanha incredulidade vinda de todos, que foi como se estivessem divertindo-se durante toda a situação.

***

– Belle Farah! Pare agora! - exclamou uma voz, logo atrás de Belle. A garota se virou lentamente, com a certeza de que reconhecia aquele tom alegre e tranquilo. Era Maria Clara, com suas dúzias de livros apoiados na cabeça e em suas mãos. - Preciso falar com você!

Belle a encarou curiosamente e se aproximou da garota, com uma aparência tão comum, mas ao mesmo tempo, tão diferente das outras pessoas.

– Eu estou meio que com pressa - disse Belle, com um sorrisinho de desculpas. -, é que Tiago e Sirius estão na ala hospitalar e eu estou um pouco curiosa. Tiago fez uma coisa… surpreendente. Só queria, você sabe, rir da cara dele pessoalmente.

Maria Clara riu e deu de ombros.

– É estranho como vocês todos parecem, na maioria das vezes, os piores inimigos do mundo, mas em outras, parecem só… precisar, de algum jeito, um do outro.

Belle riu da teoria da garota, tentando pensar em um só momento de amizade entre Tiago Potter e Lílian Evans.

– O que houve, Clara? - perguntou ela.

– O que está acontecendo entre você e o meu irmão? - disse ela determinada, sem nem um pingo de vergonha.

Belle, por outro lado, sentiu quase como se seu rosto tivesse sido pintado todo de tinta vermelha.

– Hum… na verdade, nada - respondeu Belle, concentrando-se na pulseira da garota (vermelha com algumas pedrinhas pretas), para não olhar diretamente em seus olhos.

Nada? Não existe nada no amor, Belle! - retrucou Maria Clara. - Sabe de uma coisa? Eu vou te falar o que eu vi ontem nos jardins! Já estava escurecendo e eu podia jurar que vi vocês dois juntos! E sabe de mais uma coisa? Eu podia jurar que vocês estavam se beijando!

Belle engasgou-se com sua própria saliva. Aquela garota parecia tão esperta que Belle se sentira completamente indefesa, como se ela pudesse atacá-la com suas verdades mais profundas e escondidas.

– Você não pode falar para ninguém, entendeu? - pediu Belle baixinho, para que somente Maria Clara ouvisse.

– Oh, meu Deus! Eu sabia! - exclamou ela, batendo palmas animada. - Eu posso ajudá-los a esconder! Posso ser o cupido, o que acham? Posso criar encontros às escondidas e…

– Clara! - protestou Belle, rindo da reação da garota.

Maria Clara parou subitamente, observando Belle como se a conhecesse desde o Jardim de Infância. Belle quase riu, pensando em sua vida trouxa. Como parecia estar tão longe. Como parecia ser a vida de outra pessoa. Seu pai a levando para a escola, onde a maioria dos colegas mantinham distância dela, por ser diferente. Por ter qualidades desconhecidas. Como sempre se sentira abandonada pela própria mãe, como se tivesse nascido com algum defeito que fora considerado demais para esta aguentar (apesar de sua mãe ser uma bruxa). Então, ela fugiu.

E Belle, desde que conhecera o irmão de Maria Clara, nunca mais se sentira assim. Como se fosse uma peça para ser consertada. Como se obtivesse qualidades diferentes dos outros e por isso, sempre sozinha, abandonada. Thomas a tratara como ninguém nunca o havia feito antes, além de seu próprio pai. Como se de alguma maneira, Belle fosse especial, como se fosse alguém que queria perto em todas as horas do dia. Como se fosse alguém que o marcou para sempre.

– Posso te perguntar uma coisa? - disse Maria Clara, após longos segundos, despertando Belle de seus devaneios. - Por que tem medo?

– Quê?

– Por que não quer que a vejam com Thomas como… bem, mais que amigos?

Belle pensou por alguns segundos, quase que vendo através de Maria Clara. Enxergando as tardes que passava com Thomas, treinando quadribol, enxergando as noites que estudavam e riam de qualquer besteira. Belle sentiu lágrimas nos olhos e virou o rosto para o lado, encarando a parede nua de Hogwarts, com somente um solitário quadro (uma mulher com o rosto redondo, fazendo doces e acenando), pregado de qualquer jeito no mármore.

– Porque quando as pessoas vêem, elas descobrem. Exatamente como muitos dos livros contam, tanto os seus, quanto os meus, quando alguém tem o poder sobre algo, esse alguém quer mais. E, quando se aperta cada vez mais forte um globo de neve, ele acaba se quebrando em milhares de pedaços. Acaba sendo destruído e jogado fora, esquecido e apagado das linhas de páginas de um diário de uma criança. Quando descobrimos algo, tentamos tomar controle e acabamos de algum jeito, destruindo.

***

Tiago encarava a parede da sala comunal, imerso no mais profundo silêncio. Contendo aqueles quadros, tão irritantes e sorridentes, tão… ridículos. Seus amigos estavam ao seu lado, num silêncio perpetuo, pois sabiam que, provavelmente, se dissessem qualquer coisa, iriam levar uma azaração nada gentil de Tiago.

Mais cedo naquele dia, após ter permanecido quase que uma hora, discutindo com McGonagall, ele fora, completamente arrasado, direto para a ala hospitalar (Sirius o obrigara, e, quando o garoto se negou a ir, ele chamou o professor Slughorn para ajudá-lo a carregar Tiago à força pelos corredores).

Após isso, não vira mais nada, não falara com mais ninguém e inclusive, ignorou o fato da existência de Jane que passara na ala hospitalar mais cedo para checar se o garoto estava bem. Mas ele não estava bem. Na verdade, nunca se sentira pior.

– Potter - chamou uma voz, acima dele. Mas ele não se virou, nem se mexeu. Somente continuou a escutar, o que provavelmente seriam insultos e gritos. -, eu só queria agradecer. Mais uma vez, eu realmente não sei o que aconteceu. Eu… não quero continuar assim… mas não consigo parar.

Tiago olhou para cima, diretamente nos olhos da garota. Parecia um olhar completamente diferente do que ele conhecia. Um olhar de agradecimento, inundado naqueles olhos tão verdes.

– Certo... quem sabe da próxima vez é um... hum... - começou ele, desistindo de suas tentativas de formular uma piada ou algo que fosse de alguma forma carregado de sarcasmo.

Esse era um meio que Tiago conhecia para defender-se, como se esta fosse sua proteção para qualquer coisa que viesse a enfrentar. Com um simples sorriso, gostava de mostrar que estava sob comando de qualquer situação. Mas não sob aquela.

– O que houve? – perguntou Lílian, sentando de frente aos garotos.

Ninguém respondeu nada. Eles ouviam, de tão perto, mas parecendo ao mesmo tempo, tão longe, pequenas bombinhas explodindo, devido a alunos do primeiro ano, tão animados pela primeira semana ter finalmente acabado. Tiago, naquele manhã, pensava que estaria do mesmo jeito agora, e provavelmente teria treinado quadribol a tarde toda. Mas agora, nada disso importava.

Lentamente, o garoto retirou um pergaminho em mal estado (em parte porque o garoto o amassara de raiva e em parte pois ficara a tarde toda imprensado em seu bolso da calça) do bolso e deixou em cima da mesa em frente ao grupo, de modo que Lílian pudesse ver o que estava escrito.

Após ler, com os olhos arregalados e tremendo levemente, a garota levantou a cabeça para Tiago, sem fazer ideia do que dizer.

– Ela te deu uma detenção - disse ela, baixinho. -, escuta Potter, sinto muito… deixe-me ajudá-lo…

– Não é isso que eu quero dizer - retrucou Tiago, olhando para o papel nas mãos da garota como se este fosse sua sentença de morte. -, quero dizer que McGonagall marcou para, exatamente, o mesmo horário dos testes de quadribol da Grifinória.

Lílian engasgou, tremendo ainda mais. Suas mãos começaram a suar e seu rosto tornou-se ainda mais vermelho.

– Não acredito que vai perder os testes por minha culpa… - murmurou, transtornada. - e eu achava que teria mais tempo para treinar...

Tiago a encarou surpreso demais para dizer qualquer coisa e ergueu as sobrancelhas, quase se esquecendo daquele maldito pergaminho em suas mãos. Aquilo parecia quase como… um pedido de desculpas e um agradecimento? E Lílian Evans se interessava por quaribol? Esta definitivamente não podia ser ela.

– Você está bem ou alguém te possuiu? - perguntou ele, com um ligeiro tom de sarcasmo.

Lílian bufou e girou a cabeça por toda a sala comunal, procurando freneticamente alguém, em meio à multidão de alunos grifinórios.

– Frank! - exclamou ela, assim que o garoto entrou na sala ao lado de… Alice? Lílian se lembrou da conversa que tivera com a amiga no trem. “Não o quero por perto, Líly. Dói demais” a garota dissera, parecendo inconsolável. No entanto, lá estava ela, ao lado daquele que, segundo suas palavras, causara toda aquela dor. Lílian os encarou chocada por alguns segundos. Um parecia mais encabulado do que o outro. No segundo em que Frank ouvira a menção de seu nome, ele pulou assustado, olhando para todos os lados com certa apreensão. - Frank! Aqui!

O garoto acenou para Alice, olhando para o chão e foi juntar-se ao grupo, onde Sirius, Pedro e Remus faziam, ou pelo menos fingiam, fazer os trabalhos passados pelos professores, enquanto se entreolhavam de tempos em tempos nervosos e onde, Tiago estava completamente arrasado, arrasado até o ponto de não conseguir pensar em alguma piada. Lílian levantou-se assim que o capitão do time de quadribol se aproximou.

– Frank! Ótimo! Precisávamos mesmo de você - começou ela, puxando-o para que ele se sentasse ao lado dela. -, então… em nome de Alice, você poderia, por favor oferecer ao Potter uma chance de… fazer o teste de quadribol mais tarde ou mais cedo?

Frank a fitou por alguns segundos, completamente confuso.

– Alice o quê? - balbuciou ele, com o rosto corado.

Lílian balançou a cabeça bufando e acertou-o na cabeça com o livro de Remus, que protestou aturdido. Após minutos de explicação sobre tudo o que havia acontecido, Frank balançou a cabeça, parecendo chateado.

– Desculpe Tiago, mas não posso fazer isso. Seria injusto com os outros alunos que têm a mínima esperança de entrar no time e não posso dizer à eles que ainda teria que decidir quem seria o apanhador porque tinha que esperar por você. Além disso, mesmo que eu queira ajudá-lo, McGonagall nunca aceitaria.

Tiago pareceu afundar ainda mais na poltrona, mas logo em seguida, levantou de um salto.

– Sem problemas, cara - retrucou ele, dando de ombros. -, quem sabe ano que vem, não é? Agora… algum de vocês viu a Jane? Ah! Lá está ela!

E, sem nem mesmo esperar que algum deles dissesse algo, o garoto saiu apressado, rumando em direção à uma massa de cabelos loiros e ondulados. Sirius não pareceu nada surpreso com a súbita mudança de clima que passava com Tiago. Lílian, por outro lado, piscava completamente confusa.

– Ele sempre faz isso, se querem saber - explicou Sirius, enquanto os outros observavam Tiago puxando Jane para fora da sala comunal. - não quer que as pessoas o achem fraco. Ou que saibam que ele está… mal.

Os garotos viraram-se para Sirius, assustados. Após alguns segundos de constrangimento, Frank se levantou lentamente e o mais discretamente possível.

– Ok, galera… vou nessa, acho que ouvi… alguém me chamando - murmurou ele, e no segundo seguinte, desapareceu para o mesmo lado que Alice fora há alguns minutos atrás.

– Isso é definitivamente estranho… - murmurou Lílian, aturdida.

Todavia, aquilo não fora mais estranho do que ter sido salva por Potter (e Lílian não parava de se perguntar o porquê dele ter feito isso. Afinal, o máximo que a garota teria recebido seria uma detenção). Tiago podia ser um idiota, arrogante e irritante na maior parte das vezes, mas, em poucas vezes, ele conseguia, de algum jeito, surpreender Lílian.

***

Belle esperava impaciente na Torre de Astronomia. A garota andava de um lado para o outro naquele pequeno espaço, construído especialmente para as aulas quando precisavam utilizar o telescópio, mas muitas vezes, utilizada para que os casais de Hogwats viessem para um momento à sós e… bem, romântico.

Belle riu, ao pensar nela e em Thomas como um casal.

– Do que está rindo? - perguntou ele, ao subir as escadas correndo. Seus cabelos estavam molhados e suas bochechas avermelhadas.

– Estava pensando em… algo que Tiago disse - mentiu ela, mordendo o lábio inferior.

Thomas ergueu as sobrancelhas confuso e deu de ombros. Na última semana, eles haviam feito exatamente isso. Saiam às escondidas, e passavam a noite toda rindo e conversando. Muitas vezes, se beijavam, mas na maior parte do tempo, essas noites eram ocupadas com conversas, conversas somente dos dois. Provavelmente, se fosse qualquer outro dia, Thomas já a estaria beijando, mas hoje, ele parou, fitando os olhos tristes de Belle sob a luz da lua cheia, logo acima deles.

– O que houve? - perguntou ele, aproximando-se dela.

– O que estamos fazendo, Thomas? - indagou ela, de supetão.

O garoto pareceu confuso por um instante e olhou para o chão, sentindo-se embarassado.

– O que quer dizer?

– Quero dizer que… estamos nos escondendo! De quem afinal? Mia? Zac? - perguntou Belle, exasperada. - Andressa? Conversei com Maria Clara hoje. Disse que tinha medo de que qualquer uma daquelas pessoas pudesse nos separar. Mas… depois disso, passei o dia pensando. Não temos que continuar fazendo isso.

Thomas suspirou e esfregou o rosto, cansado.

– Acho que… não quero que aconteça o que aconteceu no ano passado. Imagine só se… aquele grupo, com inveja ou algo assim, me faz beber aquela maldita poção de… - Thomas parou no meio da frase, olhando para baixo, para a escura e sombria Floresta Proibida, que desaparecia ao longe.

– Ah… então tudo se resume ao medo de não ser aceito em quadribol? De que, Andressa, com raiva de mim, te faça beber aquela poção…

– Belle! Pare, olhe aquilo! - exclamou ele, virando-a para a noite de pleno outono. Com aquelas centenas de estrelas e a lua-cheia, refletindo sua beleza e audácia entre todas aquelas almas humanas. Mas não fora isso que chamou atenção da garota.

Caminhando lentamente entre as milhares de árvores que seguiam-se ao longe, rumando em direção ao horizonte, eles viram uma enorme cabeça, estrondosa e sombria, que se movimentava na noite estrelada. Eles sentiam seus passos, mesmo estando há quilômetros de distância da gigantesca criatura.

Enquanto a noite era invadida pelo som daqueles passos pesados e solitários, Belle, aturdida demais para olhar para qualquer outra coisa, ouvia o distante som dos uivos dolorosos de um lobisomem, preso dentro da violenta árvore, denominada salgueiro lutador, que encontrava-se bem de frente ao castelo de Hogwarts.




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Notas finais do capítulo

Gostaram?? :))



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