Os Herdeiros da Máfia escrita por Lina Morgenstern


Capítulo 28
Capítulo 26




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POV Kathy

Deveríamos ter cuidado com o que desejamos, nem sempre aquilo que pensamos ser, se torna o que desejamos. Meio louco, digamos que seja complicado. Passei anos na minha vida tentando entender o que Elena via em estar ali, o que de charmoso um lugar daquele possuía, mas hoje, sentada na cadeira que não pertence a mim e sim ao meu pai e no futuro a minha irmã; eu vejo o que ela possui, posso senti o poder irradiar dela, essa carga de elétrons e prótons. Contudo também sinto a responsabilidade e o perigo, todos esses homens e algumas mulheres olham para mim com uma espécie de medo, raiva e desdém, por fim não consigo distinguir, mas sei que nessas expressões nenhuma é ao meu favor, ou seja, a Elena.

Não faz muito tempo que entrei, Kol estava ao meu lado esquerdo e ao meu direito estava Klaus, Louis e Raphael atrás, em suas poses de sentinelas. Tio Alaric me deu instruções que quando entrasse fosse calada, não daria boa noite e em nada, só me sentaria e permaneceria em silêncio, talvez umas conversas pequenas com os meninos, mas coisa boba. Creio que minha irmã não teria muita paciência, então vou tentar o máximo a seguir os comandos.

Depois de vários minutos em silêncio, levantei a cabeça fingindo entediada e balancei a mão no alto da cabeça como o Kol disse para fazer e Louis entregou a mim uma arma. A segurei com confiança e repousei ela de qualquer jeito na mesa, entre as papeladas ali.

— Espero que tenham motivos plausíveis para ter marcado essa reunião. Ainda mais no momento que me encontro. — disse sem olhá-los.

“Calma, você está transparecendo um pouco nervosa” dizia com calma meu tio.

— Elena! Recebemos um e-mail e ouvimos boatos que você e seu pai foram sequestrados. Viemos aqui para verificar se era verdade e..

— Não, vieram até aqui em menos de 3 meses para verificar que a cadeira estava disponível — interrompi a mulher. — acredito que estejam decepcionados.

“Kathy, calma” alertou.

— Desculpe, Elena.. mas conhece os protocolos. — disse um senhor gorducho e cabelos grisalhos, seu sotaque forte. Ele me lançou um olhar desconfiado.

“Não tem porra nenhuma de protocolo que diga que devem verificar se o líder e sua sucessora estão disponíveis ou não, ele está te testando” gritou tão alto que a minha vontade foi de retirar o ponto “desculpe” pediu. “o nome dele é Alex Voskas, chefe da máfia Russa. Vocês nunca se dão bem, uma vez Elena quebrou a testa dele na mesa”

Ergui a sobrancelha na sua direção.

— Voskas, Temos diversos protocolos, mas nenhum que diz que devemos pagar como idiotas! — o agredi. Céus.. isso está sendo mais difícil que eu pensei que seria. Sei que a minha resposta foi péssima. Mas agora não tem mais jeito, eu tenho que continuar — e se fosse o caso, vocês não poderiam vir aqui e tomá-la, essa cadeira é hereditária, se eu não tivesse disponível ou até mesmo tivesse sido sequestrada, vocês não poderiam assumir a liderança com um herdeiro vivo e disposto.

Um coro de risos foram ouvidos, alguns cochichos ali, outros aqui. Uma mulher alta e estilo modelo se levantou, pois suas mãos na mesa e sobre ela jogou seu peso.

— Você quer dizer do Jeremy, eu espero. — disse ela arqueando sua sobrancelha para mim. Ela estava me afrontando? Não.. estava me testando. — Sua mãe e sua irmã não têm capacidade alguma para assumir a liderança dessa organização. Para ser sincera, nem o próprio Jeremy tem tal capacidade.

“Reage Kathy.. essa é Rob Jane, chefe da máfia inglesa. Ela é perfeita em disfarce, trabalhou anos para o seu pai até virar chefe” não sabia como reagir, simplesmente travei.

— Essa garota não é a Elena — acusou Alex Voskas.

Continuei calada, senti Kol e Klaus estremecerem ao meu lado. Não sabia como reagir nessa situação, em com intervim nessa jogada, estava a ponto de me lançar nos braços da verdade, até que me lembrei das palavras de Elena — Lembre-se de quem você é.. eu te amo. — eu sou uma Gilbert, não posso deixar que falem comigo dessa forma, eu não sou a sucessora, mas sou a única que pode fazer isso.

— Acho que estamos presente da gêmea. Katharine.. — sua voz diminui uns três tons ao se referir a mim — vocês são parecidas na aparência, mas elas terminam por aí, o que vocês tem de parecidas na aparência, tem de diferença na personalidade.

Se entregue ao papel, Kathy, você viu Elena na ativa apenas uma vez, e ela agia com calma, leveza e com paciência.

Clap!..Clap!..Clap!..clap!.. iniciei salve de palmas. Estava olhando para ela com arrogância e superioridade, não abri nem um sorriso de lado, estava concentrada em olhar no fundo dos seus olhos, ela parecia que iria desviar, mas continuou me encarando, mas dessa vez sem tanto singelo.

— A inteligência nunca foi o seu forte, Rob Jane. — desviei os meus olhos do dela e me levantei abruptamente. Louis me ajudou a sair do meu lugar, peguei a arma que estava repousada na mesa e a segurei com firmeza, faz tempo que não toco em uma arma, mas tenho certeza que ainda tenho a mira perfeita. Como filha de um Chefão de todas as máfias, era uma necessidade aprender se defender, desde 12 anos pratico, ou melhor, praticava tiro ao alvo, defesa pessoal e umas coisinhas a mais, nada comparado com o treinamento intenso que teve a minha irmã, mas serve pro gasto. Fui andando por trás das cadeiras, cada vez que passava por um eu me sentia ainda mais poderosa, todos ali temia a Elena Gilbert. Em todos os meus movimentos, Rob Jane me acompanhava e em momento algum perdi o meu foco, quando parei ao seu lado, me aproximei mais e fiquei centímetros do seu ouvido — Para ser sincera, inteligência é sim o seu forte, mas você só não sabe usá-la. — me afastei — me diga, Jane, por que acha que é a Kathy que está aqui, presente e ao seu lado?

Seu corpo todo estremeceu, ela engoliu em seco e se virou, me encarou com incerteza e sabia que ela estava hesitando.

— Elena jamais agiria como tanta indiferença nessa situação — me respondeu pausadamente.

— Você está falando de qual situação especificamente? A desconfiança ou o sequestro do meu pai e irmãos? — perguntei

Ela balançou a cabeça e me encarou.

— Estou me referindo aos dois. Mas sim, a acusação também. — eu balancei a cabeça de uma forma de confirmação, mas não era. — Só queremos saber se realmente é a Elena. Não seremos liderados por pessoas que não tem a capacidade de tal ato.

Todos concordaram, olhei para o Kol, ele tinha a expressão indescritível, mas sei que ele estava muito, mais muito preocupado. Voltei os meus olhos em torno da mesa, todos estavam me encarando e a espera da tal prova que não sei como fazer.

“Porra, Kathy, você está lá, mate-a e prove que é realmente a Elena, essa é a única forma.” Dizia tio Alaric, eu pude sentir na sua voz que ele estava se retorcendo.

— Uma prova? — perguntei e ela confirmou com a cabeça. — eu poderia matá-la! — disse sem importância. Ela arregalou os olhos. — mas isso não iria provar absolutamente nada, Kathy também sabe usar uma arma e com todo aquele descontrole de fúria, não hesitaria de matar você. Eu ainda não sei como ainda não fez com o Kol — Joguei a piadinha e olhei para ele que não fez nada além de rir. — Mas a questão é que não tenho que provar porra nenhuma para vocês, eu sou Elena Pierce Gilbert, a sucessora do chefe-líder, se você não querem acreditar na minha palavra, posso fazer que acredite nas minhas atitudes, matando Rob Jane, se assim preferirem — afastei ainda mais dela e apontei a arma para sua cabeça.

“Isso, sei que é sua primeira vez, mas faça. Faça, Kathy, agora” mesmo ali com a mão no gatilho não consegui, sei que deveria fazer, mas meu corpo não me obedecia.

Passaram-se segundos até um homem se levantar e fazer menção de vir na minha direção. Raphael e Louis não perderam tempo e chegaram primeiro que o homem, o parando em seguida com os dois apontando as armas para ele.

— Elena, por favor, não faça isso — pediu com um leve desespero. Ele tinha um sotaque espanhol e eu não sabia dizer se ele era chefe do Novo México, ou da Espanha. — Você tem razão, não precisar provar quem realmente é, sabemos que é você. Mas Dios, não faça isso.

“Antonio Ferraz, México..dos chefes ele é o único que se importa”

Ergui a sobrancelha para ele.

— E por que não? — perguntei. — Não era isso que vocês queriam?

Dios, não.. ela tem um filho, ele só tem 10 anos — me contou e aquilo mexeu comigo, mas não poderia tremer e nem demonstrar nada.

Revirei os olhos e olhei novamente para Rob Jane.

— E quem disse que eu me importo? — disse como aquilo pouco me importava.

— O John se importa! — ele quase berrou. Como assim meu pai se importa? — Você sabe.. — tentei não demonstrar a minha dúvida.

Kathy, ela salvou a vida do seu pai quando ele foi baleado na Grécia” Não posso matar uma mulher que salvou a vida do meu pai.

Retirei a arma da sua cabeça.

— A divida que o meu pai tinha com você acabou de ser pagar. Irei poupar a sua vida hoje, mas isso nunca mais voltará a acontecer — falei fingindo um pouco chateada por não poder matar ela. Mas no fundo não queria fazer isso — Reunião encerrada.

POV Elena

“Uma vez que um líder morre, outro da mesma linhagem deve assumir as responsabilidades. Até que o mesmo pereça e um novo ciclo surgir.” — traduzir as linhas dos versos de posse que todo novo Chefe-líder tem obrigação em dizer na primeira reunião como líder — papai não me fez estudar latim moderno quase a minha vida inteira para não traduzir meros versos. — impliquei.

Zach passou a mão na barba como estivesse o incomodando e olhou de mim para o meu pai.

— Não acredito que fez essa maldade com ela, latim é chato demais. Odiei vovô por ter feito essas regras para os chefes e seus braços direitos e odiei papai ainda mais por me fazer estudar — Ali naquele momento senti como um avô que nunca tive estivesse ali presente e me lamentei por não ser algo verdadeiro, ele só estava jogando comigo e com o filho, com a sua própria família. — peço desculpa por ele querida.

Dei de ombros.

— Tudo bem, tudo por um bem maior, se fosse só o latim até que não lamentaria muito. — disse com descaso.

— Quantas línguas ela fala, John? — quis saber. Todos os chefes têm que falar muitas línguas.

Meu pai se levantou com cuidado e foi até o meu irmão e acariciou os seus cabelos e verificou o machucado. Ele estava bem, eu sabia, pelo menos sua respiração estava normal.

— Ela é fluente em seis línguas e arranha umas duas, ela será a melhor chefe que existiu em cinco gerações. A mais preparada em combate, estratégia, línguas e psicológica. — ele deu uma breve pausa — sabe o que é o mais extraordinária nisso tudo? Ela que escolheu ser assim, ela que buscou aprender isso tudo, se afastou da família por 2 anos para o treinamento e tudo por livre e espontânea vontade, nunca precisei por pressão na minha filha e muito menos iria sequestrar o meu próprio neto pra isso acontecer.

Cuspiu papai cada palavra em uma mescla de orgulho e asco, não de mim, mas daquilo que fizeram com ele.

— Que ótimo, acredito que a próxima geração vai ser melhor ainda. Nunca tivemos uma chefe mulher no poder e ter uma tão brilhante quanto a Elena é maravilhoso — ele simplesmente não deu importância para o que meu pai disse — é por isso que ela tem que assumir a cadeira o quanto antes, estou tão ansioso para ver suas ideias e poder.

Meu queixo caiu, o que ele queria dizer com aquilo? Eu só poderia assumir a cadeira depois da morte do meu pai. Olhei para meu pai e ele estava da mesma situação que eu, estupefato, atônito, embasbacado, não há adjetivos de todas as línguas que falo que possa definir o que ele disse.

— O que.. o que.. não posso assumir a cadeira enquanto o meu pai estiver vivo. — disse com firmeza, mas ele parecia ignorar. Victor já não estava mais ao seu lado, estava sentado em uma cadeira distante lendo um jornal e fingindo que tudo aquilo e qualquer pessoa naquele local não estivessem alguma importância para ele. — Sinto decepcioná-lo, mas não estará vivo na minha posse, pois meu pai ainda viverá muito.

Ele bateu a mão na coxa e fez um ruindo com a boca e logo depois um “Ah”. Fez como se tudo que eu acabei de dizer fosse bobagem.

— Isso são apenas detalhes. Não irá me decepcionar, ainda vou presenciar a sua gloriosa posse. — franzi o cenho e ele entendeu a minha confusão — Oras, você está certa, seu pai deve morrer e é por isso que trouxe vocês aqui. No passado, meu avô matou o meu irmão para um bem maior, hoje matarei o meu próprio filho em prol da Organização. — em todas as coisas que poderia ter saindo daquela boca, a única que eu não esperava com toda a certeza absoluta era essa. Parei, não tive forças para desviar os meus olhos dos deles, nos meus em chamas e os deles que me transmitiam calma — Sei que hoje você não entende, assim como eu não entendi, mas um dia irá.


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