Coliseu escrita por Bela Escritora


Capítulo 5
5 - Luke Castellan


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novo pessoal. Desculpem a demora. Eu estava viajando e não tinha internet por lá. Aqui está o novo capítulo, espero que aproveitem. Hoje tem um vocabulário bem grande nas notas finais. Boa leitura!



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Eu estava começando a ficar entediado. Silena chorava baixinho em sua cela e Clarisse a consolava. Will estava dormindo de costas para mim e Annie havia se isolado em um canto inalcançável de sua cela e de sua mente. Tudo isso por causa de Percy.

Se aquele moleque tivesse morrido logo em seu primeiro combate, ele não teria nos dado esperança de sobreviver. E nós nunca teríamos saído de nossos mundinhos fechados. Não teríamos criado vínculos com os outros prisioneiros. Não estaríamos nesse estado agora. Seriam só mais duas mortes na arena de pessoas desconhecidas, e não de dois amigos.

Com um suspiro irritado, me estiquei no chão da cela, encarando o teto coberto de goteiras que não paravam de pingar sobre mim. Mesmo dois dias depois da inundação da arena durante o combate de Percy e Beckendorf, ainda tinha água escorrendo para as catacumbas e tornando o lugar mais gelado do que já era durante a noite.

Tentei dormir, mas as gotas de água tinham outros planos para mim. Eu não conseguia pregar os olhos sem que uma delas pingasse na minha cara. Irritado, tornei a me sentar. Eu não tinha mais nada para fazer a não ser ficar encarando o corredor escuro e vazio ou as rachaduras no chão das celas.

— Será que você poderia parar de se mexer, Luke? Eu estou tentando dormir - Annabeth resmungou.

— Olha só. Achei que você tinha feito um voto de silêncio eterno - falei olhando para ela com um sorriso.

— Isso não é engraçado, Luke - ela falou me olhando pelo canto do olho.

— Vamos lá! Bote um sorriso nesse rosto, Annabeth! - falei me virando para ela. - Percy e Beckendorf estão em um lugar muito melhor, com toda a certeza.

Ela não respondeu e manteve os olhos voltados para frente, encarando algum ponto inexistente atrás da parede do fundo da cela de Will.

— Você gostava dele, não gostava? - eu perguntei sério.

— Ele era meu amigo, Luke - ela respondeu com um suspiro.

— Mais você sentia algo a mais por ele, não é mesmo? - eu insisti.

— Podemos não falar dele, Luke? - ela perguntou exasperada.

— Tudo bem - respondi com um pouco de ciúmes. - Sobre o que você quer falar então?

— Sobre nada - ela respondeu com a voz embargada. - Eu só quero dormir.

Ela se deitou na cela, de costas para mim e ficou em silêncio. Em pouco tempo sua respiração ficou lenta e ritmada. Suspirei exasperado. Era óbvio de mais que Annabeth gostava de Percy. Não precisava ser um sacerdote de Afrodite para perceber isso. Senti uma pontada de ciúmes. Eu estava com Annabeth desde que a encontrara escondida das tropas romanas atrás de uma caixa de repolho eu uma feira de Olímpia. Eu, Thalia e ela éramos uma família. Annie era como uma irmã mais nova para mim, eu queria protegê-la daquele tipo de dor. A mesma que eu sentira quando Thalia se fora. Encostado na parede e contando quantas gotas de água gelada caiam na minha cabeça, acabei adormecendo.

No dia seguinte, meus ossos doíam de frio e minhas roupas estavam geladas. Olhei para o chão na frente da porta da minha cela. Um pão e um cantil com água estavam depositados ali. O guarda devia ter passado enquanto eu dormia. Arrastei-me até lá e mordisquei o pãozinho, olhando ao redor para descobrir quem iria comigo, lutar. Todos haviam recebido canecas. Eu ia sozinho. Maravilha.

Fiquei de pé e alonguei as costas. Não importava o que estivesse esperando por mim lá em cima. Eu tinha que sobreviver. Por Annie. Ela não merecia perder mais ninguém. Olhei ao redor, todos estavam em silêncio. Silena abraçava os joelhos e apoiava a testa neles, Clarisse estava encostada com as costas na grade e olhava para o nada, Annie ainda dormia e sua comida estava intocada, Will estava estirado no chão, aproveitando uma única réstia de sol que entrava por entre as ripas de madeira que formavam o chão da arena. As celas de Percy e Beckendorf ainda estavam vazias.

Com um suspiro, eu me ajoelhei do lado da grade que separava a minha cela da de Annabeth e passei o braço por entre as grades, tentando alcançar seu ombro.

— Annie - eu chamei baixinho. - Annie, está acordada?

— Agora estou - ela resmungou se virando para me olhar. - Qual o problema, Luke?

Apontei para o cantil e ela demorou um pouco para entender o que aquilo queria dizer.

— Você não pode estar falando sério! - Ela se sentou de repente, com lágrimas nos olhos. - Eu não posso perder você também!

Ela se aproximou da grade e encostou a testa nela.

— Eu vou voltar, Annie. Prometo. - Dei-lhe um beijo delicado na testa e fiz carinho em sua bochecha.

Pouco tempo depois, os guardas vieram me levar, Annabeth grudou o rosto nas grades e observou eu me afastar com o olhar mais triste que eu já vira. Mesmo sorrindo e dizendo para ela que eu iria voltar, ela temia o pior. Novamente por culpa de Percy. Se o garoto não tivesse morrido, nada disso teria acontecido.

Os soldados não me levaram para os portões, como sempre faziam, mas me colocaram em um elevador, com as mãos acorrentadas ao chão por um par de pesados grilhões. Os soldados sorriam com maldade para mim enquanto eu tentava não demonstrar o medo que se espalhava por minhas veias. O que estaria me aguardando lá em cima?

O elevador começou a subir e eu bamboleei de um lado para o outro, quase caindo. Teria sido cômico, se isso não significasse ser empalado pelos soldados lá em baixo por acharem que eu estava tentando fugir.

O sol me cegou e o rugido da multidão me deixou surdo. Eles me vaiavam como seu eu fosse um monte de estrume de quimera. Girei ao redor de mim mesmo, tentando me encontrar na arena, mas o brilho do mármore tornava o trabalho difícil para os meus olhos, que haviam passado quase um mês na total escuridão.

— E agora - ecoou uma voz mais alta que a dos cinquenta mil romanos que me vaiavam. Eu me perguntie como isso era possível. - o gladiador mais poderoso de todos os tempos. Dizem que ele seria capaz de derrotar Hércules se ele existisse. Com vocês... DRACO!

A minha vista já tinha se acostumado o suficiente para eu conseguir ver o que se passava. Eu estava no meio da arena, exatamente de frente para os grandes portões. Estes se abriam lentamente, rangendo de uma forma que me lembrava um animal rugindo.

Dele saiu um homem duas vezes mais largo e duas vezes mais alto do que eu. Não usava elmo, o que me permitia ver seus olhos maldosos e miúdos e seus lábios crispados de ódio. Era careca e seu rosto, assim como todo o corpo, brilhavam com o suor que lhe banhava a pele. Usava a parte superior de uma armadura de bronze que ostentava um dragão de sete cabeças bem em seu centro. “Hidra.” pensei assim que pousei os olhos no detalhe do peitoral. Suas enormes mãos carregavam uma pesada espada de ferro, rude e bruta, sem o menor trabalho por parte do ferreiro. Pensei em quanto Beckendorf ficaria horrorizado em ver uma arma assim, tão mal acabada.

O gladiador, Draco, ergueu a espada no ar e deu uma volta inteira na arena do Coliseu, agraciado por milhões de aplausos e gritos de alegria. Quando ele apontou para mim, só faltou jogarem tomates.

Depois que se cansou de ser louvado pela platéia ele se virou para mim e se aproximou, lentamente, como um tigre prestes a dar o bote. Eu me virei para ele, firme, e não recuei como ele esperava que eu fizesse, como toda a platéia esperava que eu fizesse. Draco parou de frente para mim.

— Não está com medo, graecus? - ele grunhiu.

— Deveria? - eu perguntei com escárnio na voz.

— Quem você pensa que é para zombar de Draco? - o gladiador rugiu.

— Um humilde mensageiro de Olímpia - falei olhando-o solenemente. - E também cria de Hermes.

— Quem é esse? - perguntou Draco confuso, baixando a espada. - Algum rei ou líder da sua cidade?

— Er... Não - murmurei erguendo as sobrancelhas. Draco me parecia velho suficiente para saber quem era Hermes - Por que não pergunta a um dos sacerdotes dele?

— Ora! Acha então que é semideus? - o gladiador sorriu de forma que seu rosto se assemelhou ao de um mantícore. - Deixe eu te mostrar o que acontece com semideuses por aqui.

Fui um idiota e me distraí. Devia ter ficado mais atento. Draco chutou uma nuvem de areia em meus olhos, o que me deixou cego por dois minutos. Dois minutos que quase custaram a minha vida. O homem me acertou um soco no rosto que tenho quase certeza que deslocou meu maxilar. Cambaleei para trás e quase caí quando a corrente se esticou ao máximo. Isso salvou a minha vida de um golpe que teria me decapitado. A única coisa que eu ouvi foi o assobio da lâmina passando a centímetros da minha traqueia.

Forcei-me a abrir os olhos, mas me contive e não levei as mãos ao rosto para afastar a areia, pois elas estavam tão imundas quanto o meu rosto e não ajudariam em nada. Draco estava na minha frente, as mãos erguendo a espada sobre a cabeça, prontas para um golpe racha-crânio. Ele gritou e baixou a lâmina enquanto eu dava um passo atrás e esticava os braços a frente, afastando os grilhões e deixando a corrente que os prendia no meio do caminho da espada.

O barulho de metal contra metal foi rápido, mas a verdadeira música veio quando eu ouvi os elos da corrente caírem e quicarem no chão. Draco me olhou, horrorizado enquanto se reerguia. Ele tinha me libertado e agora... Agora eu podia lutar. Eu tinha uma chance.

Sorri para ele, e o gladiador se afastou um passo para trás.

— Está com medo de mim agora, Draco? - perguntei com veneno na voz. - Será que só consegue lutar direito quando suas vítimas estão acorrentadas ao chão?

— Po-po-por favor! - ele implorou - Não... Não exploda os encanamentos que nem o seu amigo!

— Explo... O quê? - perguntei confuso.

Draco sorriu e atacou, se aproveitando da minha confusão. Mas eu não estava tão confuso quanto ele deve ter achado. Ele brandiu a espada em um semi-círculo, na direção de meu pescoço. Eu me abaixei e me joguei na direção dele, acertando a armadura com o ombro. Sei que botei força suficiente no golpe, por que meu ombro ficou doendo como se estivesse quebrado. Draco se desequilibrou por alguns poucos segundos, o suficiente para eu torcer-lhe o braço e lhe arrancar a espada da mão.

A adrenalina me dava forças para empunhar a arma, embora eu soubesse que não conseguiria fazê-lo por muito tempo.

— Acha que pode me derrotar, só por que tem uma espada, semideus? - Draco perguntou. - Espadas não fazem soldados.

— Sei muito bem disso, romano - falei ameaçadoramente, colocando a ponta da lâmina embaixo de seu queixo e o forçando a levantar a cabeça. - Mas elas são armas bem poderosas contra alguém desarmado. Principalmente se o portador souber usá-la.

— Você é um fedelho - Draco falou afastando a ponta da espada com dois dedos e sorrindo com maldade. - Aposto que mal sabe socar direito.

Sorri e, ao invés de largar a arma como ele esperava, comecei a desferir golpes dos mais diversos, criando uma dança mortal que eu aprendera vendo os filhos dos mais afortunados lutarem. Drago recuava um passo após o outro sobre a minha chuva de golpes. Comecei acertando-o com a parte chata da lâmina, o que doía bastante, em locais em que ele não tinha proteção. Braços, pernas e cabeça. Mas com o tempo ele se mostrou resistente a essa dor e eu parti para o ataque verdadeiro, com a lâmina.

O primeiro golpe que com o fio da espada cortou as tiras de couro que prendiam o peitoral da armadura na lateral esquerda de seu corpo, deixando uma linha vermelha na pele nua de seu tórax. Com mais dois movimentos rápidos, cortei as tiras da outra lateral e as das ombreiras. As pesadas placas de metal caíram no chão com um estrondo, mas que era música aos meus ouvidos. Sorri com malícia.

— E então? - perguntei girando a espada nas mãos e sem baixar a guarda. - Continua achando que não sei manejar uma espada?

Draco grunhiu.

— Isso é um não? - perguntei com um sorriso erguendo apenas um dos lados da minha boca.

Draco me olhou com ódio e se jogou na minha direção. O que veio a seguir foi a pior imagem que eu poderia criar na minha mente. Ergui os braços em um movimento involuntário para me proteger, esquecendo por um segundo que a espada estava em minha mão. A arma fez um círculo no ar, atingindo a carne frágil do pescoço e se aprofundando nela até reaparecer do outro lado.

A cabeça decepada voou para o outro lado da arena enquanto o corpo caiu de joelhos e ficou equilibrado assim por alguns instantes, jorrando sangue para fora do pescoço aberto como uma fonte. Eu me afastei dois passos para trás, lançando a espada ao chão ao mesmo tempo em que o corpo de Draco caía e começava a formar um rio vermelho na areia clara como marfim.

Fiquei surdo para as vaias, chocado demais para compreender que a guarda pretoriana¹ estava me cercando e que isso significava que o imperador queria falar comigo. Eu já havia matado antes. Vários soldados padeceram em minhas mãos durante minha fuga, mas nenhum deles decapitado. Alguns com a garganta cortada, mas nunca acabavam sem a cabeça.

— Eu não sei mais o que esperar de vocês, politeístas - falou o imperador atrás de mim enquanto eu me virava, meus pés chapinhando no sangue grudento do gladiador morto. - É o segundo gladiador que vocês matam.

— Estamos apenas nos defendendo - falei olhando-o nos olhos. Um homem de cabelos escuros e olhos astutos, que parecia conseguir enxergar além do que você dizia, compreender os significados ocultos de suas palavras. - Defendendo nossos deuses.

— Vocês morrem por causas inúteis, jovem graecus - o imperador argumentou colocando ambas as mãos atrás do corpo. - Seus deuses não existem. - Como não respondi à sua fala ele suspirou. - Levem-no de volta para a cela antes que Marcos o encontre. Quando ele descobrir o que aconteceu à Draco vai querer a pele desse moleque e eu não desejo ser ele nem por um instante depois disso.

Eu fui arrastado para os portões e de volta para a minha cela, em segurança, sob as vaias constantes dos espectadores. Clarisse, Annabeth, Will e Silena tiveram a mesma reação de quando Percy voltara em segurança pela primeira vez. Annabeth chorou e agradeceu aos deuses por eu estar de volta. Nunca a tinha visto daquela forma, tão frágil e assustada e por um momento desejei poder abraçá-la.

Mas lá pelas tantas da noite, tudo mudou. Eu estava tentando dormir, deitado nas pedras do chão da cela e olhando para o teto quando guardas pararam na frente das grades e abriram a porta. Todos ao meu redor acordaram com o rangido das dobradiças e o tilintar das chaves contra o metal.

— Aqui está ele, Sr. Marcos - falou o soldado que abrira a porta, dando passagem para um homem de meia idade, os cabelos castanhos já ficando brancos e a barba crespa que mais parecia um monte de pelo de cavalo grudado na cara. Tinha olhos maldosos e uma boca torta e quando me olhou revelou uma fileira de dentes sujos e quebrados.

— Maravilha - o homem murmurou. - Ponha-se de pé garoto e me diga o seu nome.

— Luke Castellan - falei encarando-o desconfiado. O quê raios aquele velho estava fazendo ali no meio da noite?

— Luke, hein? - O velho coçou a barba sobre a bochecha. - Você foi muito bom hoje, derrotando o Draco. Ele era o meu melhor gladiador, sabia? Quem eu vou colocar no lugar para substituí-lo?

Fiquei tentado a responder que aquilo não era da minha conta, mas me lembrei do comentário do imperador e mordi a língua.

— Me foi dito que você sabe manejar muito bem uma espada e que tirou a armadura de Draco com três movimentos rápidos e firmes. Isso é verdade, filho?

— Acho que sim - respondi olhando pelo canto do olho para Annabeth, que se encontrava agarrada às grades que separavam a minha cela da dela.

— Interessante - o homem murmurou acariciando a barba, pensativo.

Nisso um jovem mensageiro que eu via de vez em quando pelas catacumbas abriu caminho entre os soldados e parou a porta da minha cela, olhando para o velho.

— Senhor Marcos, o imperador aceitou a sua proposta.

— Maravilha - comemorou o velho. - Algemem o rapaz. Ele virá comigo para a central de treinamento.

— O quê? - perguntei me esquivando do primeiro guarda, mas sendo agarrado por um segundo pelos ombros, o que provocou uma dor lancinante no lugar em que eu batera contra a armadura de Draco. - O que você quer dizer com isso? - berrei.

— Quero dizer que eu comprei você do imperador, jovem Castellan. - Ele sorriu com malícia enquanto um terceiro soldado fechava os grilhões ao redor dos meus pulsos. - E quer dizer também que você agora é meu gladiador².

Meus olhos se arregalaram tanto que eu temi que saíssem das órbitas. Ele não podia estar falando sério! Minha respiração se acelerou e eu olhei para trás, para Annabeth, que chorava em silêncio junto às grades.

— Annabeth - sussurrei tentando alcançá-la, mas sendo puxado na direção contrária por um dos soldados - Annabeth!

Ela esticou um dos braços por entre as grades, tentando me alcançar, mas eu não pude retribuir o movimento, o soldado que me puxava era forte demais e eu estava cansado demais para lutar contra ele.

— Luke - ela sussurrou tão baixinho que eu me pergunto se a voz dela não foi criação da minha imaginação e se Annie só mexeu os lábios formando o meu nome por temer que ao pronunciá-lo começaria a soluçar.

— Eu sinto muito - falei por cima do ombro. - Eu sinto muito Annie. Me desculpe, eu... eu não sabia!

Mas ela continuava chorando, em silêncio, sem pronunciar uma palavra sequer. Senti as lágrimas me arderem os olhos e queimarem a minha garganta. A porta da minha cela se fechou atrás de mim e eu consegui me livrar da mão de aço do soldado e me virar para os meus amigos, cada um em sua cela. Senti um aperto no peito. Não queria deixá-los. Mas... O que poderia fazer? Eu estava cercado por soldados com espadas, com as mãos acorrentadas e completamente desarmado. Soltei um suspiro pesado, fechando os olhos para conter as lágrimas.

— Adeus - eu sussurrei sem olhar para eles.

Os soldados me viraram e seguimos pelos corredores gelados em silêncio absoluto, apenas ouvindo o bater dos pés no chão e o tilintar irritante das espadas contra os saiotes de couro com detalhes de metal que os guardas usavam.

— Não se preocupe - falou Marcos sorrindo com sua boca torta. - Você vai rever a sua namorada de novo, graecus. Mas da próxima vez, você terá que lutar contra ela.

Ele gargalhou e eu fechei os olhos, afastando aquelas palavras para longe da minha mente. Aquele dia NUNCA chegaria.

~X~

Notas de Rodapé:

¹A Guarda Pretoriana de Roma foi uma das unidades militares mais prestigiadas do mundo antigo. Formada por soldados escolhidos a dedo, os pretorianos são conhecidos por terem servido de guarda-costas dos governantes romanos, mas eles também foram utilizados em muitos outros serviços do Império. A Guarda Pretoriana lutou ao lado das legiões em campanhas de guerra, sufocou revoltas dos povos conquistados e acalmou os ânimos em protestos caseiros, além disso, serviu como segurança em espetáculos de gladiadores e corridas de bigas. Originou-se no período de república em Roma e servia como corpo de bombeiros e polícia secreta (a CIA ou KGB romana). [fonte: Kid Bentinho - 8 fatos sobre a poderosa Guarda Pretoriana]

² Os gladiadores eram escravos e propriedades de homens ricos que os treinavam para os combates na arena do Coliseu. Na vida real não haviam gladiadores que eram propriedades do imperador, como é o caso de Thalia e Percy na história.


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