Coliseu escrita por Bela Escritora


Capítulo 16
16 - Frank Zhang


Notas iniciais do capítulo

HEY-YO TURMA!!!!!!

Sim! Eu estou de volta!

Eu sei, eu sei que demorei pra postar. Eu também sei que tinha dito que não ia demorar tanto porque estava de férias, mas, adivinhem só?! Tive um bloqueio criativo!!!! UHULLL!!!

Que
Não
¬¬
Bom, voltando. Desculpem pelo capítulo anterior ser, tipo, supermórbido e triste e desesperador, mas eu precisava de um motivo para unir a turma e dar uma turbinada na vontade deles de saírem do Coliseu, então eu resolvi pegar esses caras - que (SPOILER) morrem na saga mesmo - e matá-los aqui também. :3 Se você gostava de algum deles e foi forçadx a relembrar essas mortes, sinto muito. De verdade.
Quanto a esse capítulo, espero que vocês gostem, já que ele não queria sair da minha cabeça de jeito nenhum, o que significa que ele deu trabalho para escrever.
Sem mais delongas, desejo a todos vocês uma ótima leitura!



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— Entra aí, traidor.

Caí de joelhos no chão de uma das celas sob o Coliseu. O som alto da porta de metal fechando atrás de mim provocou uma pontada de dor na lateral da minha cabeça. O guarda se afastou com passos estalados e eu me deixei cair de lado, sentindo a pedra fria contra a minha pele dolorida. Doía respirar. Eu provavelmente estava com duas ou três costelas quebradas por causa da surra que os brutamontes de Octavian tinham me dado.

Octavian. Eu nunca fora com a cara daquele áugure. Ele sempre parecia que tinha chupado limão ao acordar e, em seguida, mergulhado a cara em um balde de leite azedo. Era óbvio de mais que ele estava insatisfeito com o seu posto na legião. Mas ninguém esperava que ele fosse começar uma caçada a politeístas dentro do exército para poder ascender no poder. Aquilo era doentio! Entregar seus próprios irmãos em armas para o Império executá-los? Eu ainda me lembrava do prazer nos olhos dele quando me destituiu dos meus títulos. O mesmo que eu vira quando ele tirara os de Jason Grace.

Desejei poder me transformar em um animal para fugir, mas estava tão cansado e machucado que duvidava ser capaz de virar qualquer coisa. Resignado, virei de barriga para cima. Ao meu redor estavam outros legionários que haviam caído em desgraça. Cada um menos interessado em conhecer o seu destino final do que o outro. E por destino final, não quero dizer morte - todos nós estávamos acostumados à presença constante dela - mas, sim, a punição que nos seria infligida na arena. O que nos aguardava lá em cima era um mistério.

O sono lentamente se apropriou de mim, e eu apaguei como uma pedra. Graças a todos os deuses do Olimpo eu não tive sonhos. Normalmente, meu pai costumava fazer aparições as vésperas de batalhas para me dar conselhos ou, simplesmente, encher o meu saco. Ele era muito bom em irritar as pessoas, inclusive em irritar os próprios filhos. Mas dessa vez ele não veio, o que podia significar duas coisas: ou ele estava realmente decepcionado com a minha performance contra os brutamontes de Octavian e com o fato de eu ter sido preso (Marte já passara um mês inteiro de campanhas nas terras germânicas sem me dar nenhuma ajuda porque eu perdera uma guerra de braço para Dakota, um filho de Baco. O orgulho dele podia ser bem frágil quando lhe convinha), ou então eu não iria lutar na arena no dia seguinte. Eu queria pender para a segunda opção, mas quando eu acordei com o som da minha porta sendo aberta, descobri que estava apenas me iludindo.

Marchei com o máximo de honra que alguém que fora humilhado em público conseguia extrair do âmago da alma. Eu não era o único sendo conduzido para a morte ali, porém. Atrás de mim, vinham quatro ou cinco outros ex-legionários, todos com as cabeças baixas e passos arrastados, tilintando seus grilhões. Ao nosso redor, prisioneiros nos encaravam com um misto de compaixão e raiva. Podíamos estar prestes a compartilhar do destino de muitos ali, mas vários deles apenas conseguiam ver em nós os soldados que os aprisionaram ali, por isso não conseguiam evitar uma pontada de satisfação ao nos assistirem marchar para a morte. Sendo bem honesto? Eu não os culpava. Também ficaria mais do que feliz se estivesse atrás daquelas grades e visse Octavian indo em direção à arena, com os pulsos amarrados e as roupas esfarrapadas.

Depois de uma longa caminhada por corredores mal iluminados abarrotados de funcionários, finalmente chegamos a duas enormes portas. O que nos aguardava atrás dela? Uma platéia clamando por sangue, com toda a certeza. Além dela? Não tinha a menor ideia.

Os guardas ao nosso redor nos encaravam com desprezo suficiente para matar a cidade de Roma inteira. Suspirei. Aquilo doía, não só por causa do orgulho, mas também porque, um dia, eu vira aqueles homens como meus irmãos. Era incrível a velocidade com a qual essas coisas mudavam. Um deles soltou uma risadinha de desdém quando percebeu quem eu era.

— Não fique zangado, general Zhang. - ele falou com sua voz anasalada - Estamos apenas cumprindo ordens.

Revirei os olhos.

— Você é realmente o cara mais engraçado do Império, soldado. - retruquei - Meus parabéns. Acho que o Imperador vai querer vê-lo pessoalmente para lhe promover a guarda dos esgotos.

O outro fechou a cara.

— Quero ver como vai ficar a sua língua afiada depois que os animais te devorarem.

Arregalei os olhos.

— Animais? - um dos outros prisioneiros perguntou.

Os guardas ao nosso redor se limitaram a sorrir com maldade.

— Vocês são doentes! - bradou outro - Vão dar de comida aos leões seus próprios irmãos?!

— Vocês não são nossos irmãos. - respondeu outro soldado - Vocês traíram o Império. Vocês NOS traíram. Aceitem a pena como os homens que são, ou morram em desonra.

“Palavras fortes.” pensei, mantendo os olhos fixos na porta “Mas eu não vou morrer aqui hoje. Não importa o que estiver me aguardando do outro lado dessas portas. Hoje não é o meu dia de encontrar com Plutão.”

Passos atrás de nós fizeram todos se virarem, curiosos. Mais soldados se aproximaram, escoltando um bando de pessoas maltrapilhas e desnutridas, todas com olhares baixos de resignação e sono.

— Mais comida para os leões? - perguntou o mesmo soldado que nos dera uma lição de moral, fazendo com que o grupo se agitasse nervoso.

— Politeístas. - respondeu um dos guardas da escolta - Eles vão primeiro, se não se importarem.

— Não nos importamos. - se apressou a responder o soldado de voz anasalada - Aproveitem e levem o General Zhang. Acho que ele vai se sentir mais confortável entre pessoas como ele.

Semicerrei os olhos para ele, sentindo quando os outros ex-legionários se afastaram de mim como se eu tivesse alguma doença contagiosa. E era esse o tipo de tratamento que eu recebia por acreditar em meu pai. Bufei cansado e permiti que um dos guardas me integrasse ao grupo de plebeus. O clima naquele túnel ficou mais tenso depois disso, com olhares de esguelha sendo lançados a torto e a direito e sussurros baixos sendo trocados. Os minutos se arrastavam na espera. Eu só queria que aquilo acabasse de uma vez. Pelo menos lutando contra animais eu tinha uma chance. Do lado de fora a platéia continuava a vibrar com o combate que se desenrolava, nos dando uma prévia de como nossas cabeças decepadas seriam recebidos pelo povo de Roma.

Um puxão na minha toga me fez olhar para baixo. Havia uma garota ali, com algo por volta dos treze anos, envolta em um manto roxo que lhe fazia as vezes de véu. Seu cabelo encaracolado e a pele escura apareciam por sob o pano. Eu conseguia ver seus olhos castanhos escondidos nas sombras e algo neles me provocou a sensação de que eu a conhecia.

— Bom te ver, General Zhang. - ela sussurrou.

Arregalei os olhos. Aquela voz...

— Hazel?!

Ela abriu um sorriso e, antes que eu pudesse ter tempo de processar o que tinha acabado de acontecer e todos os sentimentos que me dominavam, os dois enormes portões se abriram, inundando a penumbra com uma luz ofuscante. Instintivamente, cobri os olhos com um dos braços para protegê-los do sol refletido na areia e no mármore. O grupo ao meu redor começou a se mover na direção da abertura e logo eu estava dentro da arena, com as portas se fechando com um estrondo abafado atrás de mim.

Olhei ao redor, em pânico. Não havia sinal de Hazel no meio do grupo que, agora, começava a se dispersar, aterrorizado com o que lhes aguardava, cada um buscando a sua própria sobrevivência. Teria eu visto um fantasma? Hazel estava morta. Eu a vira morrer, carregara seu corpo nos braços, acendera a sua pira... Será que isso significava que a minha morte estava mais perto do que eu queria acreditar? Talvez eu realmente fosse morrer ali e aquele fosse o jeito dos deuses me avisarem que tinha chegado a minha hora...

Os portões do outro lado da arena se abriram, me arrancando de meus devaneios. Com as pálpebras quase fechadas para proteger meus olhos do sol, observei as sombras, mas a luz era intensa de mais para que eu conseguisse ver alguma coisa. O tempo ao meu redor pareceu diminuir de velocidade conforme a tensão dos meus ombros aumentava. Não sabia o que sairia dali de dentro. Só sabia de uma coisa: talvez eu estivesse destinado a morrer como entretenimento do povo, mas isso não significava que eu cairia sem lutar.

Um rugido calou a platéia momentaneamente. Ao meu redor, vi pessoas se prostrarem de joelhos, rezando para seus patronos, enquanto encaravam, aterrorizadas, os portões aberto, esperando seus destinos de forma resignada. Eu continuei imóvel no mesmo lugar, buscando qualquer pista sobre qual seria o adversário. Qual não foi a minha surpresa quando pelo menos dez felinos de grande porte avançaram para dentro da arena, espumando de fúria e fome.

Nesse momento, pareceu que Plutão tinha aberto as portas do Tártaro e liberado todo o horror dos titãs, gigantes e monstros sobre a Terra. O caos se espalhou pela arena conforme as pessoas tentavam, inutilmente, fugir de seus perseguidores animais. Vários tentaram escalar as paredes e foram abatidos pelos arqueiros que ficavam no perímetro. Outros acabaram dilacerados vivos e o som de seus gritos retumbou pelo Coliseu, sendo abafados logo em seguida pelos urros de comemoração da platéia.

Por um instante, eu não soube como reagir. Eu já havia perdido a conta de quantas batalhas eu participara. Nas campanhas, presenciara as cenas mais grotescas e horrorosas da capacidade humana. Mas aquilo? Aquilo dava de dez em todos os campos de batalha que eu estivera e em todos os absurdos que eu vira.

Meu sentimentalismo foi interrompido quando um leão se jogou sobre mim, me derrubando de lado no chão. Seus dentes tentaram alcançar o meu pescoço e eu lhe desferi um soco na mandíbula que jogou a sua cabeça para o lado. Não era a primeira vez que eu lutava contra feras, mas era a primeira vez que eu fazia isso na forma humana. Eu até podia... Não. Fora de questão. A não ser que eu quisesse ser executado, eu não ia revelar para Roma os meus poderes. Gente de mais já sabia sobre eles. E olha onde isso me levou?

Bom... Se eu não podia usar as minhas habilidades especiais, só me restava uma coisa. Meu pai. Mas antes... Chutei o leão na barriga e o joguei para o lado. Com um guincho de dor e o orgulho ferido, ele se afastou de mim. Animal esperto. Sabia que tinha perdido.

Ergui-me devagar, sentindo meu ombro e os machucados do espancamento público protestarem com o esforço. A dor se alastrava por todo o meu corpo e, de repente, eu percebi que perdera uma boa chance de me metamorfosear em uma mosca e desaparecer dali antes que alguém desse falta. Bufei irritado com a minha falta de raciocínio. Ao menos tinha Marte para culpar por isso.

— Pai, por favor. - sussurrei me pondo de pé - Sei que não sou o filho perfeito que você queria, mas, por favor... Me ajude hoje.

Olhei para o céu. Nada. Nenhum trovão, nenhuma ave, nada que pudesse significar que meu pai me ouvira ou dera alguma bola para o que eu lhe pedira. Estava sozinho nessa e, por algum motivo, isso doeu mais do que eu esperava.

Outro leão me atacou. Ou talvez fosse o mesmo que voltava para uma revanche. Suas patas pesadas atingiram meus ombros em cheio e eu caí de costas no chão, deixando para trás todo o ar dos meus pulmões. Consegui colocar a tempo o meu braço no pescoço da fera, mantendo uma distância segura entre seus dentes e meu pescoço. Com a outra mão, peguei um punhado de areia e o joguei sobre os olhos do bicho.

Seu rugido de fúria quase me deixou surdo. Uma de suas patas atingiu o meu rosto e eu fui inteligente o suficiente ao fechar os meus olhos, ou teria ficado cego. Senti suas garras dilacerarem a minha carne. A dor me deixou a beira das lágrimas e só por um desejo divino que eu consegui reunir forças o suficiente para, com os joelhos, jogar o leão para longe de mim. Mal conseguia abrir os olhos e ouvi quando o corpo dele se chocou contra o chão e o grunhido de dor que emitiu. Não precisei vê-lo para saber que tinha fugido com o rabo entre as pernas.

Tentei me levantar, mas a dor nas minhas costelas me impediu. Deixei um grito involuntário escapar dos meus lábios e tornei a me deitar, derrotado. Eu não tinha mais condições de lutar. O sol, somado ao sangue que escorria pelo meu rosto, me deixava quase cego. Tentei usar a minha audição para me orientar, mas gemidos moribundos e vivas da platéia eram as únicas coisas que eu conseguia ouvir. Estava completamente incapacitado. Sentia-me da mesma forma quando acabara ferido e preso sob o corpo de um cavalo. Ficara quase um dia inteiro soterrado entre corpos e lama esperando a minha morte até que Hazel me encontrara. Hazel... Daria tudo para vê-la novamente. Até mesmo a minha vida.

Dentes se enterraram em meu ombro e eu gritei, mais pela surpresa do que pelo sofrimento, me forçando a abrir os olhos. Um tigre me arrastava pela areia com os olhos famintos. Eu podia acabar com aquilo. Podia me libertar dele com facilidade, mas qual seria o custo de fazer isso? Provavelmente a minha vida. Não havia diferença. Morreria de um jeito ou de outro. Para a minha tristeza, minha hora já tinha chegado. Resignado, tornei a deitar a cabeça na areia e agradeci aos deuses que o animal não tivesse escolhido me arrastar pelo pescoço, o que me dava uma última chance de observar o azul do céu de Roma, a cidade que eu nunca deveria ter abandonado.

Não valia mais a pena lutar. Meu pai que me perdoasse, mas eu estava cansado da guerra.


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Notas finais do capítulo

TAN-TAN-TAAAAN!!!

E então? Gostaram?

Deixem suas críticas, sugestões, elogios, surtos de alegria por eu ter finalmente publicado mais um capítulo nos comentários e eu prometo responder a todos o mais rápido que eu puder.

Lembrem-se: essa história está chegando ao fim, mas isso não significa que eu vou parar de enfiar a turminha do Percy Jackson em universos alternativos. A história deles é simplesmente muito versátil para eu não fazer isso. Por isso coloque um sorriso no rosto e fique de olho. Essas novas aventuras podem aparecer a qualquer minuto.

Enfim, ficamos por aqui hoje, galera. Tenham uma boa semana e nos vemos em breve (ou não)!



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