Coliseu escrita por Bela Escritora


Capítulo 10
10 - Jason Grace


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!

Não demorei um século dessa vez! Eba! Ainda bem que eu tava inspirada para esse capítulo, porque eu não gosto do Jason e, se eu não tivesse inspiração, vocês provavelmente só me veriam de novo em Julho!

Antes de tudo eu queria agradecer por todo o apoio que vocês tão me dando. Sério, gente, isso é muito importante para mim, saber que vocês tão curtindo e que vocês acham que eu escrevo bem. Os comentários de vocês refletem nas outras histórias que eu escrevo (mas que não publiquei ainda, por isso não pirem procurando no meu perfil). Obrigada. De verdade!

Bom, sobre o capítulo: A partir daqui começa a fic baseada em HDO. Espero que vocês gostem. Boa leitura a todos!



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— Vocês não podem fazer isso, estão ouvindo? - eu esbravejei enquanto era arrastado pelas catacumbas do Coliseu. - Vocês vão se arrepender!

Os guardas se entreolharam.

— Nós já entendemos, senhor - falou um deles. - Desde a primeira vez que você falou. Mas o senhor conhece as regras. E também sabe que não pode ignorá-las só por ser um oficial do exército.

Nós paramos diante dos portões que levavam para a arena. Senti o sangue deixar meu rosto. Como isso podia ter acontecido? Alguém tinha que ter me denunciado, mas quem? O meu batalhão mais parecia uma família. Todos se viam como irmãos. Então quem?

“Octavian” eu pensei. Mas ele também era politeísta... O que ele ganharia com o meu afastamento? Cerrei os punhos ao perceber a resposta: O meu cargo. Ele sempre quisera ser mais do que um simples soldado. Esperava que Reyna não caísse na dele.

Eu me sentia exausto. Cada músculo do meu corpo doía por conta das porradas que eu levara ao ser arrancado da minha cama no meio da noite. Tinha sido humilhado na frente do meu batalhão, despido de todos os meus ranques e honras como militar. Estava me sentindo um caco e eles ainda queriam que eu lutasse?! “Eles não querem que você lute. Querem que você morra.” sussurrou a vozinha da minha consciência. Suspirei e encarei as portas de madeira maciças.

Ouvi mais soldados chegando por trás e alguém foi empurrado do meu lado. Era uma garota. Pele bronzeada, cabelos castanhos trançados com penas e olhos... Bom... Os olhos dela mudavam de cor o tempo todo, mais parecia que sua íris tinha aprisionado um arco-íris. Ela era linda, mas não estava prestando atenção em mim. Ela olhou para um guarda e semicerrou os olhos para ele.

— Peça desculpas! - ela exigiu com a voz firme.

Os guardas riram da cara dela e eu abri a boca para falar que aquilo era inútil, quando o guarda que ela estava encarando abriu a boca e falou:

— Desculpa - Imediatamente depois, um olhar confuso tomou os seus olhos e ele coçou o pescoço, tentando entender o que ele tinha feito.

Os outros guardas não foram tão gentis. Fecharam a cara e apontaram suas espadas para nós.

— Ela tem a lábia de Circe! - murmurou um deles.

— Circe é um mito, seu imbecil! - ralhou um segundo soldado. - Ela têm a lábia do diabo, isso sim.

Ela piscou os olhos com indiferença para eles e virou as costas. Os guardas começaram a xingá-la dos piores nomes para uma mulher, mas ela pareceu não ligar. Voltei a encarar as portas, me perguntando que perigos me aguardavam do lado de lá. Elas se abriram de repente e vários guardas, incluindo a guarda pretoriana, entraram nas catacumbas, arrastando consigo um garoto de cabelos negros e com o peito desnudo. Os dois soldados que o puxavam pelos braços o soltaram no chão e eu pude ver que suas costas tinham sido estraçalhadas. Eu já tinha visto aquelas feridas várias vezes em soldados que roubavam de seus companheiros. Ele tinha sido açoitado. O garoto soltou um gemido e tentou se levantar, mas um terceiro guarda se precipitou até ele e lhe deu um chute nas costelas. Tive quase certeza de ouvir algo quebrando.

— De pé, Netuno! - bradou o soldado que o chutara.

O garoto resmungou algo em uma língua que eu tinha ouvido em uma das minhas campanhas e se pôs de pé com dificuldade. Suas pernas estavam bambas e havia um ferimento profundo em sua coxa. Ele me olhou com um par de olhos verde-mar repletos de dor. Nos encaramos pelo que pareceu uma eternidade antes que ele baixasse os olhos, envergonhado.

O soldado que o chutara botou uma mão em suas costas estraçalhadas e o empurrou, fazendo com que ele soltasse um grito involuntário de dor. Eu me encolhi diante da brutalidade enquanto os guardas riam.

— Andando, Netuno - falou o mesmo guarda, rindo.

O garoto foi guiado para as profundezas da catacumba, desaparecendo na escuridão. Eu e a garota nos olhamos, ambos espantados com a crueldade. Aquele garoto era um gladiador. Por que estavam tratando ele assim? Pude ver a mesma pergunta nos olhos dela.

Quando as portas se abriram novamente, fomos empurrados para fora. O sol me cegou quase que imediatamente, e levei um tempo para voltar a enxergar. O som de vaias encheu os meus ouvidos, quase me impedindo de ouvir o que estava se passando na arena.

Pisquei em uma tentativa fracassada de melhorar a minha visão. Conseguia distinguir três vultos contra o branco das paredes do Coliseu. Dois eram humanos. Um era quadrúpede e rugia e rosnava. Um leão ou um tigre. Não importava. Se eu quisesse sobreviver ali, tinha que por as minhas mãos em um gládio ou em uma lança. Ia ser difícil, mas eu não pretendia morrer sem lutar.

O felino disparou na minha direção. Quem quer que estivesse segurando a coleira dele achou divertido soltá-la. O animal pulou sobre mim e me derrubou no chão. Um leão. Coloquei meu braço em seu pescoço e me mantive entre as suas patas. Aquilo seria tão mais fácil se eu tivesse uma lança...

Enquanto lutava para manter a mandíbula do leão longe do meu pescoço, ouvi a garota falar algo em alto e bom som.

— Você vai lutar com aquele gladiador por mim até que um de vocês esteja morto.

Olhei para o lado a tempo de ver o gladiador assentir e se virar para o outro e partir para o ataque. A garota se sentou no chão e ficou assistindo à luta. Eu me distraí. O que foi uma estupidez, porque o leão mudou de posição e mordeu o meu braço. Soltei um grito de agonia e voltei a encarar a fera, determinado a não perder um membro.

O felino me encarava com fúria, o cenho contraído, como se tentasse entender porque eu não estava deixando ele arrancar o meu antebraço fora. Sangue pingava do ferimento em meu peito, rosto e pescoço, deixando rastros quentes e pegajosos pela minha pele. Xingando em latim, encaixei meus joelhos no peito do animal, para mantê-lo afastado de mim e, com a mão livre, soquei-o no nariz. O leão rugiu alto o suficiente para me deixar surdo, mas largou o meu braço, o que foi um alívio. Ele se afastou de mim com um salto e começou a me rondar. Agora que ele sabia que um ataque direto não ia dar certo, ele ia tentar algo diferente.

Ficamos assim por um bom tempo. Eu acompanhava o movimento dele com paciência. Na verdade, não tinha muitas outras opções. Entre me jogar sobre o leão e esperar ele atacar, optei pela segunda. Meus pés giravam na areia, o que já estava me deixando tonto. Mantive o meu braço ferido o tempo todo apertado contra o meu peito. Eu estava perdendo muito sangue, mas agora não dava tempo de fazer um curativo. Torci para não morrer de hemorragia enquanto continuava com a minha dança com o leão. Depois de mais algumas voltas, ele ousou se aproximar um pouco, e eu, instantaneamente, chutei areia em sua cara. O felino rosnou e tornou a se afastar.

Sabia que não podia continuar com aquilo por muito mais tempo. O animal estava faminto e irritado. Além disso eu tinha arrancado a comida dele de dentro da boca dele. Ele estava bem insatisfeito. Era só uma questão de tempo para ele me atacar. E, dessa vez, eu tinha certeza de que não ia sobreviver. Para a minha alegria, porém, Nice estava sorrindo para mim naquele dia.

A garota com a lábia de Circe se aproximou por trás de mim sem que eu percebesse, e tocou o meu ombro. Olhei para ela, mas ela tinha seus olhos multicoloridos voltados para o leão.

— Leão feio! Senta! - O animal piscou e obedeceu, um pouco hesitante, como se não soubesse se o que estava fazendo estava certo. - Muito bom! Agora deita! - ela continuou, e o leão obedeceu, dessa vez mais facilmente. - Muito bem! Bom garoto! Agora fica! - A fera deitou a cabeça nas patas, seus olhos cor de âmbar nos olhando com curiosidade, sem o menor indício da fúria que os dominavam segundos antes.

— Uau - eu murmurei olhando do leão para ela, ainda abraçado no meu próprio braço. - Isso foi demais.

— Obrigada. - Ela sorriu, o que me fez sorrir também. Ela era linda. - Como está o braço?

Abaixei a cabeça para observar a ferida.

— Em frangalhos, mas ainda está aqui - falei e ela riu. - Qual o seu nome?

— Piper - ela respondeu colocando uma mecha do cabelo castanho atrás da orelha. - E o seu?

— Jason - respondi. - Como você faz isso?

— Isso o quê? - ela perguntou e eu apontei para o leão e para os gladiadores, que ainda lutavam, completamente alheio a nós dois. - Ah! O charme? Não é nada... É só um presentinho da minha mãe. Nunca pensei que esse poder poderia ser útil para outra coisa além de barganhar no mercado.

— Bom... - comentei afastando o cabelo do rosto. - Acho que você vai ter que agradecer à sua mãe por ele.

Um som gutural se fez ouvir de onde os gladiadores lutavam, nós dois nos viramos a tempo de ver o gladiador que Piper enfeitiçara cair no chão e ser empalado pelo gládio de seu adversário. Engoli em seco. Agora ele viria para nós.

— Acredite, se eu sair daqui viva, vou queimar a minha pena favorita para ela. - Sorri. Se eu sobrevivesse, acho que seria adequado queimar algumas oferendas para meu pai e Nice para demonstrar o quão grato eu estava pelo apoio deles. Se bem que meu pai não tinha nem dado sinal de estar assistindo a minha luta, mas não é uma boa ideia irritar o senhor dos deuses, certo? Não quando ele pode lançar raios na sua cabeça com uma precisão incrível.

Meus olhos voaram do gladiador restante para o gládio de seu oponente, caído na areia uns bons dois metros de distância do corpo sem vida de seu antigo dono. Eu precisava colocar as minhas mãos naquela espada. Era nossa única chance de sobreviver.

— Piper, eu preciso que você distraia ele para eu pegar o gládio do morto - eu falei me virando para ela.

Ela esticou os braços a frente do corpo e estalou os dedos com um sorriso maldoso no rosto.

— Tenho a distração perfeita para ele. - Ela me lançou um olhar de esguelha. - Boa sorte. - E então ela se virou para o leão, ainda deitado tranquilamente atrás de nós e apontou para o gladiador. - Pega.

Foi tudo muito rápido. O felino se levantou com graça e disparou, percorrendo o espaço entre nós e o gladiador em segundos. O homem não teve tempo de se defender, ou de mudar de direção. Os dois se chocaram com tudo e caíram no chão de areia, cada um lutando para ficar por cima.

Aquela era a minha chance. Disparei até o outro lado da arena, contornando os dois a uma distância segura para não ser notado pelo gladiador. Nos últimos metros que me separavam da espada eu me deixei derrapar na areia. A arma não tinha um balanceamento ideal. Ao menos não para mim, mas teria que servir.

Voltei para a minha posição perto da Piper, me sentindo mais seguro por ter alguma coisa para me defender. Enquanto corria, ergui os olhos para o céu e murmurei um agradecimento ao meu pai. Mesmo que ele não tivesse feito nada enquanto um leão tentava me devorar. Será que ele sabia que eu ia escapar daquela sozinho?

Meus devaneios e orações foram interrompidos por um rugido de dor seguido de berros de viva da platéia. Olhei na direção do gladiador e observei-o se erguer do chão, coberto de sangue da cabeça aos pés. Ao lado dele estava o leão, com o ventre e o peito abertos por um talho vertical, paralelo à coluna. Ouvi Piper arquejar do meu lado.

— Maldito. - A voz dela estava levemente embargada. - Eu gostava desse leão!

O gladiador, cansado de receber os aplausos, se virou na nossa direção e começou a caminhar com passos lentos, como se desfrutasse o momento. Eu me coloquei na frente de Piper, de forma protetora, com a espada esticada diante de mim, e ouvi ela bufar.

— É muita gentileza sua me proteger, Jason - ela reclamou e imaginei que tinha os braços cruzados e as sobrancelhas franzidas. - Mas acho que você já percebeu que eu sei me cuidar sozinha.

— Sim, eu sei - respondi, tentando esticar o braço ferido, mas percebendo que a dor era insuportável. - Mas estou começando a me sentir um inútil. Quase como se tivesse ficado desmaiado a batalha inteira.

— Não gosta de ser salvo por garota? - ela perguntou com um tom desafiador.

— Adoro garotas guerreiras, mas também quero bancar o herói - respondi com um sorriso olhando por sobre o ombro para ela. - Sabe como é... Complexo de filho de Júpiter.

Sua expressão se encheu de surpresa, mas eu não pude ficar desfrutando o momento. Me lembrei que tinha que enfrentar um gladiador enfurecido e tornei a olhar para frente. Ele já estava quase ao alcance da minha espada, por isso me coloquei em posição de combate. Ele sorriu com malicia ao ver meu braço ferido, provavelmente me subestimando. Não podia julgá-lo. Gladiadores podiam ser ótimos lutadores, mas nunca chegariam perto das habilidades de um legionário. Mesmo com um braço ferido, eu tinha certeza de que podia vencê-lo.

Ele atacou primeiro, assim que eu entrei no alcance de sua lâmina. Grande erro. Dei um passo ágil para o lado, desviando do golpe com facilidade, e o atingi na barriga com um golpe circular. Sangue esguichou sobre mim, enquanto as tripas do homem deslizavam para fora de seu ventre. Ele gritou de dor e de pânico, largando o gládio no chão e colocando as mãos diante da abertura, tentando impedir que as vísceras escapassem. Engoli a ânsia de vômito que me dominou. “Tinha visto coisas piores nas guerras em que eu lutara”, repeti para mim mesmo enquanto me colocava atrás dele, posicionando a espada em sua nuca. Empurrei a lâmina, executando o gladiador com um golpe limpo e rápido que eu aprendera no exército e executara diversas vezes.

O corpo tombou para o lado, o sangue formando uma poça ao redor dele. Eu o contornei, indo na direção de Piper, que me olhava com nojo.

— Se todas as vezes que você for bancar o herói você fizer uma performance dessas, prefiro continuar salvando a sua pele - ela respondeu.

Eu sorri.

— Foi sem querer - justifiquei. - Não sabia que essa espada estava tão afiada.

Ela fez uma cara de quem não estava acreditando, mas me deu um abraço mesmo assim.

— Nós conseguimos - ela sussurrou na minha orelha.

Reparei nas vaias e suspirei. Normalmente as pessoas me aplaudiam e davam vivas quando eu passava... Bom... Teria que me acostumar com isso.

Ouvi os portões se abrirem e nos separamos. Um grupo de guardas entrou, metade deles me cercaram e a outra metade cercou Piper. Tentei olhar para Piper, mas a muralha de corpos cobertos por armaduras tornavam quase impossível. Tinha algo errado ali. Eu podia sentir. Fomos guiados pelas catacumbas em completo silêncio. O único som que eu ouvia era o dos passos contra o chão de pedras. Mas de uma vez eu tentei encontrar Piper na multidão de soldados. Em todas as vezes eu falhei. O sentimento de que algo estava errado me incomodava e eu quis exigir explicações dos soldados, mas a cara de poucos amigos que todos eles traziam por baixo dos elmos me fez desistir da ideia.

Chegamos em um cruzamento, mas os soldados que me guiavam continuaram em frente. Ao olhar para trás, porém, percebi que o grupo que cercava Piper tinha virado à direita.

— Para onde estão levando ela? - perguntei. Silêncio. - O que está acontecendo aqui? Para onde vocês estão levando ela?! - Ignorado, tentei me virar para seguir o caminho oposto, mas os guardas me agarraram com mãos de ferro e continuaram me puxando pelo caminho deles.

Um grito ecoou pelas catacumbas.

— Jason! - Era Piper, e ela parecia em pânico.

— Piper! - gritei em resposta, lutando para me soltar das garras dos soldados. - Piper!

— Jason!

Algo metálico e frio atingiu a parte de trás da minha cabeça e tudo ficou escuro e silencioso.

~X~

Um burburinho modesto me acordou do torpor do desmaio. Minha cabeça doía onde o soldado tinha me atingido. Pisquei para abrir os olhos.

— Ele está acordando - sussurrou uma voz de garota.

— Deixe ele em paz, Annabeth - resmungou uma segunda voz feminina.

— Ele pode saber alguma coisa - retrucou a primeira voz. Annabeth.

— Ele é um legionário do império romano - respondeu a segunda voz. - É graças a ele e ao exército dele que estamos aqui em primeiro lugar.

A primeira garota falou algo em alguma língua que eu não entendia e eu me sentei, esfregando o galo.

— Onde estou? - resmunguei com a boca seca.

— Nas catacumbas - respondeu uma garota loira de olhos cinzas na cela ao lado da minha. - Qual o seu nome?

— Jason... - murmurei.

— Sou Annabeth Chase. - Ela se aproximou das grades que nos separavam, colando o rosto no metal. - Você sabe onde está o Percy?

— Quem? - perguntei confuso.

Ela bufou.

— Percy Jackson - ela falou - Cabelos pretos, pele bronzeada e olhos verde mar.

— O gladiador Netuno? - Ela assentiu com a cabeça - Não sei para onde levaram ele, mas vi ele saindo da arena. Não parecia nada bem.

Annabeth começou a murmurar diversos palavrões.

— Óbvio que ele não estaria bem depois de cinquenta chibatadas. - Ela se recostou na parede com a cara fechada. - Aquele maldito Imperador! E Percy! Como ele pode ser tão idiota?!

— Annabeth, controle a língua! - repreendeu um garoto de pele bronzeada e cabelos loiros desgrenhados. - Ele é um legionário!

Suspirei com pesar.

— Era. Não sou mais. Fui preso e condenado a morte por ser politeísta. - Soltei uma risada sem humor. - E isso porque eles não sabem nem um pedacinho do meu grande segredo.

Annabeth me olhou com atenção.

— Deixa eu adivinhar - ela sussurrou. - Você é filho de Zeus.

— Júpiter. Mas como você sabia?

Ela sorriu com tristeza.

— Seus olhos. São iguaizinhos aos de Thalia. Uma filha de Zeus.

— Thalia... - Aquele nome despertava lembranças do fundo da minha mente. - E onde ela está?

Ela suspirou.

— Eu não sei. Até hoje eu acreditava que estava morta... Mas eu também achava que Percy estava morto, mas ele não está... - Ela deu de ombros, cansada. - Então eu não sei. Pode ser que ela esteja morta, ou pode ser que esteja no mesmo lugar que Percy.

Assenti e olhei ao redor, apenas para confirmar que Piper não estava lá. Senti um nó se formar na boca do meu estômago. Será que ela estava bem? Para onde aqueles guardas a tinham levado? Annabeth deve ter percebido a minha cara estranha, porque perguntou:

— Tá tudo bem, Jason?

— Mais ou menos - respondi. - Eu lutei com uma garota na arena, mas nós fomos separados na volta.

Aquilo atraiu a atenção dela, e ela se aproximou da grade novamente.

— Ela fez algo estranho na arena? - ela perguntou.

— Ela conseguia influenciar as pessoas e animais apenas ao falar ordens. Ela disse que se chamava charme.

— Uma filha de Afrodite - ela murmurou. - Você viu para onde ela foi levada?

— Ela virou a direita em um cruzamento, mas não sei qual. Os guardas me apagaram.

O olhar dela era de desapontamento.

— Entendo... - ela murmurou e se recostou na parede para pensar, os olhos perdidos na distância.

O silêncio tomou as catacumbas e, por um tempo, a única coisa que eu ouvi foi a minha própria respiração e o som de risadas ao longe. Provavelmente dos guardas. Me recostei na grade. O metal era frio e úmido, mas eu estava tão cansado que nem estava ligando. Já estava quase pegando no sono quando um psiu me fez abrir os olhos. O garoto loiro me encarava.

— Estique o braço para fora da sua cela, deixe-me dar uma olhada nisso.

Obedeci. Os dedos dele seguraram meu pulso, girando meu braço ferido de um lado para o outro para ver as marcas. O rosto dele estava comprimido contra a grade, o que lhe dava uma aparência engraçada.

— O que houve? - ele perguntou.

— Mordida de leão - eu respondi e ele assentiu com a cabeça.

Ele olhou para os dois lados do corredor antes de rasgar um pedaço da toga já puída e enrolá-lo em volta do meu braço bem apertado.

— Não se preocupe - ele falou ao ver a minha cara enquanto cobria as minhas feridas. - Eu sei o que estou fazendo. Mais ou menos.

— Mais ou menos? - perguntei erguendo as sobrancelhas.

— É... Bom... Os legionários me capturaram antes que eu pudesse terminar meus estudos, então sim. Mais ou menos. - Ele terminou o curativo. - Pronto. Amanhã guarde um pouco da água para lavar a ferida, ok? Ou vai infeccionar e você vai preferir ter deixado o leão devorá-lo. - Ele olhou para a minha cara e deu um sorriso compreensivo. - Acho bom você dormir agora. Você parece exausto.

Assenti e tornei a me deitar no chão frio, usando o braço como travesseiro. Em poucos minutos estava dormindo, sonhando com o tempo em que ser filho de Júpiter não era um problema.


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Notas finais do capítulo

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