Realmente, Alexy tinha sido genial. Imagine os lugares em que poderíamos ir (é claro, com a devida permissão).

Eu tenho que admitir, eu estava morrendo de fome, raiva e sono. Nem sei por que quis ir. Talvez porque eu estava começando a odiar aquela escola...

Depois de chegarmos a tal pizzaria, rolou uma treta para decidir quem ia sentar ao lado de quem. Ninguém – principalmente eu – queria sentar perto de Castiel. Ele anda muito estressado e irritante. As pessoas que descontam a raiva em outras não merecem viver. Se quisessem, eu mesma matava Castiel.

O comentário que tenho sobre Alexy e Jade é que ELES DEVEM FICAR MUITO JUNTOS ETERNAMENTE, ATÉ O ALÉM, NO CÉU, PARAÍSO, OU SEI LÁ O QUE .

Eu também não gosto que CERTOS CASAIS fiquem se pegando na minha frente. Tudo bem, eles se amam e isso é muito fofo, mas deviam ir para um motel que vai ficar menos feio.

– Chris, você anda meio distraída... – Dianne disse, também um pouco incomodada com Armin, Rachel, Harriet e Lysandre.

–...Ah, é? Pera, o que você falou?

– Que você está no país das maravilhas dentro de sua mente.

– É que ando pensando na ligação que recebi...

Alguns dias atrás, eu recebi, em meu próprio celular, uma ligação de casa, mas a voz não era de ninguém conhecido. Dizia que meu pai corria certo perigo... Obviamente pensei em Vicky. Mas não me convenci muito, horas depois, meu pai ligou (que milagre!) e disse que estava tudo bem, e também me mandou comer coisas saudáveis. Muito engraçado, ele não se importava comigo há meses atrás... Ok. Quem disse que eu ligo para ele?

– Aquela da voz louca?

– Essa mesma... Será que algo aconteceu? Ele nunca ligava. Acho que nem ligaria, se tipo, não tivesse acontecido alguma coisa...

– Você é muito paranoica... Se ele ligou, é porque descobriu a brincadeira sem graça de alguém... Ele está bem.

– Tomara mesmo...

Castiel interrompeu todos com um bocejo alto e dramático.

– Vocês são entediantes...

– Você quem quis vir, cara.

– Pensei que ia ser divertido.

– Então vai embora, ninguém te quer. – Eu sorri falsamente.

– Eu sei que você me ama, não precisa de tudo isso, anã.

– Castiel, não seja iludido.

Ele sorriu, me desafiando e depois fechou a cara de novo. Cara, ele é muito bipolar.

– Uau, Castiel e sua dupla personalidade.

Nesse momento, um garçom bigodudo veio nos atender. Finalmente.

– Já querem pedir senh- Ele se interrompeu – Jovens?

Alexy interviu sem falar com ninguém e pediu a pizza que bem entendeu.

– Alexy, e se não fosse isso que nós gostaríamos? – Dianne perguntou franzindo a testa.

– É claro que irão gostar! Todo mundo gosta. Além disso, Castiel estava abrindo a boca para fazer alguma brincadeira.

– Claro que não! – Castiel protestou.

Todos lançarem olhares desconfiados para ele, que se rendeu, e suspirou.

– Está vendo? – Alexy ergueu a sobrancelha.

Está certo, Castiel não é tão ruim assim. Ele pode ser deveras interessante quando quer. E pra falar a verdade... Eu acho que sinto algo por ele. Só falta saber se é bom ou ruim. Eu espero que seja ruim. Se apaixonar é uma droga.

– Sabe o que eu acho? – Rachel disse do nada.

– Não...

– Que vocês deviam se pegar. – Ela olhou para mim e depois para Castiel.

– EU E ELE? VOCÊ FUMOU? BEBEU ALGUMA COISA? COMEU ALGO ESTRAGADO? ESTÁ DOENTE?

– Qual é, todo mundo sabe que vocês se amam.

– Verdade... – Harriet ergueu a sobrancelha maleficamente.

– Você também?! – Castiel deu sinais de vida.

– Eu também acho. – Alexy riu.

– Eu vou ficar calada. – Dianne disse.

– Obrigada, Dianne.

___

Beeeeem, nós voltamos um pouco tarde. E é estranho como a diretora pode ter tanta energia sem dormir. Ela ficou nos esperando no portão dos fundos. Ouvimos poucas e boas dela, mas foi divertido. Alexy estava tão alegrinho que a pizza dele acidentalmente saiu voando para outra mesa. É claro que o sortudo que recebeu uma fatia de pizza no prato não devolveu.

Eu já ia me deitar. Estava muito cansada. Eu até estranhei quando recebi outra ligação no meio do corredor. Não reconheci o número de primeira, mas logo soube que era algo sério quando ouvi a voz grossa e bonita.

–... CHRISTIE, ELE... ELE ESTÁ... ELE MORREU.

– Cam? Quem morreu?!

– NOSSO PAI, A VICKY... ELA... CHRISTIE, VOCÊ... CHRISTIE...

– Cam, você não está falando sério. Lembra-se de nossa conversa sobre a confiança?

– CHRISTIE, EU JURO... EU ESTOU JURANDO PELA MINHA PRÓPRIA VIDA. POR FAVOR, ACREDITE. CHRISTIE...

– Cameron, o que aconteceu?

– A VICKY PEGOU UMA FACA. ELA MATOU NOSSO PAI.

–... Pai...

– EU JÁ CHAMEI A POLÍCIA, ELA ESTÁ VINDO. EU TRANQUEI VICKY NA SALA. Eu não sei o que vai acontecer...

Eu não pensei duas vezes antes de desligar o telefone e cair de joelhos. Minhas lágrimas não demoraram á sair. Foram lágrimas verdadeiras. Talvez eu me importasse com ele. POR QUE AQUELA VADIA FEZ ISSO? QUAL É O MOTIVO?

– Christie...? – Castiel foi até lá e me ajudou a levantar.

– Castiel... Meu pai... – Eu não pude deixar de abraça-lo. Não importava. NADA IMPORTAVA. EU SÓ QUERIA ME SENTIR AMADA POR ALGUNS SEGUNDOS. ALGUÉM NESSE MUNDO É BOM? ALGUÉM AINDA TEM A MENTE LIVRE DE MALDADES? Alguém...

– Calma... O que aconteceu?

– Minha madrasta matou meu pai – Mais lágrimas.

– O que...? COMO...? Vem, vamos falar com alguém da diretoria.

– Do que vai adiantar? Castiel, pessoas mortas não vão voltar. Como minha mãe. Se ela me amava mesmo porque me deixou? Aposto que eu era só mais um peso na vida dela. Como eu sou na de todo mundo aqui. Eu sou desnecessária. Se morresse, ninguém ia ligar.

– Cale a boca. Eu ia me importar. Todos iam se importar. Você não vai se matar. Sua mãe deveria ter um bom motivo. Assim como eu tenho para gostar tanto de você...

As lágrimas eram quase inevitáveis. Eu não conseguia parar mais.

– Promete que não vai me enganar ou me deixar como todos fizeram?

– Christie, eu nunca faria isso.

– Eu sou órfã agora...?

– Não sabemos o que aconteceu com sua mãe... Podemos tentar procurar se te fazer feliz... Tudo que eu quero é te fazer feliz, porque eu te amo.