Invasão Alienígena 2 escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 22
Um ano depois...




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Thomas narrando

O médico deu um suspiro um pouco demorado antes de responder:

–Bom, felizmente a cirurgia foi um sucesso. Conseguimos retirar a bala de dentro do peito dele e reconstruir algumas artérias que foram danificadas. Mas o mais preocupante é que tudo isso o deixou em coma.

Ao ouvir aquilo, Bruna desabou, tive que ampará-la enquanto Emily colocava a mão na boca.

–Em coma? E quando ele vai acordar?- perguntou Valentina.

–Nós não sabemos, nunca se sabe quando um paciente vai acordar de um coma. Sinto muito.

Depois daquela notícia, me sentei no banco com Bruna e a consolava, a garota não conseguia se acalmar de jeito nenhum.

–Calma Bruna, pelo o seu pai está vivo.- disse Emily, mas não adiantou muito. Enquanto isso, Valentina foi até o quarto do marido para vê-lo. Era impressionante como ele foi capaz de resistir ao tiro de uma arma tão forte como aquela, ainda mais porque havia atingido seus órgãos vitais, mas por um milagre os médicos conseguiram salvá-lo. Bruna não visitou seu pai naquela noite, pois sabia que ela poderia ficar pior do que já estava.

Antes de todos irmos embora, Joca apareceu na porta do hospital.

–E então, como ele está?- perguntou ele.

–Está fora de perigo, mas em coma.- respondi rápido para voltar pra casa logo.

Depois que chegaram na porta de casa, Valentina pediu para eu passar a noite com Bruna, já que ela não podia ficar sozinha naquele estado.

–Pode ir, eu tomo conta de casa.- disse Emily para Thomas e eu assenti, aquela noite, além de desgastante, tinha acabado para nós.

Um ano depois...

As coisas pareciam melhorar para todos nós, eu e meus amigos tínhamos passado de série e agora estávamos no terceiro ano, Valentina parecia, aos poucos, recuperar sua autoestima, nos primeiros dias em que Mariano ficou naquele hospital sem dar notícias, ela ficou tão mal quanto a filha, chorava direto, vivia trancada no quarto, mas agora estava melhorando com o apoio de Bruna, Emily e eu.

No entanto, Mariano ainda fazia muita falta pra eles, todos estavam sentindo saudades de escutar a voz dele, já fazia um ano que ele estava em coma, sem melhora, sem piora, apenas sem alteração, os médicos diziam que era um estado crítico, mas "estável". Nos primeiros dias que se passaram depois daquilo, Bruna ficou muito mal, quase que perdeu o ano devido à depressão.

–Amor, eu sei que você está sofrendo assim como sua mãe. Mas não fique assim não, alguma hora ele vai ter que acordar.- eu dizia, depois daquela noite, eu não percebi, mas comecei a passar mais tempo com Bruna deixando Emily sobre os "cuidados" de Joca.

Já os Prayers que estavam no navio, quando souberam da morte do Rei Magoo e dos outros, decidiram que realmente não havia outro jeito, eles teriam que achar um outro planeta para colonizar, após descobrirem isso, eu e Emily ficamos felizes, pois finalmente teríamos um pouco de paz.

Um dia, estávamos nós quatro no pátio, durante o recreio, conversando, Bruna estava no meu colo, enquanto eu mexia em seus cabelos, enquanto Emily estava ao lado de Joca, que a abraçava com carinho.

–Até que enfim, eu não disse que mais cedo ou mais tarde eles desistiriam?- eu disse, sorrindo de orelha a orelha.

–É verdade, sem o Sr. Magoo, eles se sentem incapazes de lutar.- respondeu Emily.

–E eu juro que fiquei morrendo de preocupação, eram tantos aliens contra apenas vocês dois, parecia impossível.- disse Joca.

–É, se não fosse o Duda, a gente não teria escapado.- respondeu Emily.

Bruna ficou calada durante toda a conversa, a falta de Mariano ainda apertava seu coração, ela queria ao menos saber que ele estava acordado, não importava se ele ainda tinha que ficar naquela cama, só queria poder falar com ele, ouvir a voz dele novamente.

–Amor, que tal irmos fazer uma visita à ele hoje?- perguntei e ela assentiu, repousou a cabeça no peito dele e fechou os olhos, com certeza estava rezando para que ele desse um mínimo sinal de melhora quando chegassem lá.

No final da aula, Joca teve que ficar mais um pouco porque estava precisando estudar para a última prova (pois é, já estávamos em Julho) e ele estava meio mal na matéria, precisava de apenas meio ponto, mas embora pouco, faz muita diferença e ele optou por ficar à tarde no colégio e estudar, já Emily preferiu estudar em casa comigo, então, deixei Bruna em sua casa e fui para a minha.

Às três da tarde, fui buscar a Bruna para irmos ao hospital e Valentina atendeu a porta.

–Oi querido, pode entrar.- disse Valentina, o rosto estava um pouco molhado, ela devia estar chorando na sala. Entrei, chamei Bruna para ir ao hospital da porta do quarto dela, mas sem entrar e sentei no sofá para esperá-la. Minutos depois, ela desceu, usava uma camisa branca e uma calça, depois, sem dizer nada, me abraçou e fomos para a porta:

–Tchau Valentina, até mais tarde.- eu disse e Valentina assentiu.

Como nós dois não tínhamos dinheiro para o táxi, tivemos que ir até o ponto de ônibus, mas o que mais incomodava era que aquele ônibus demorava pra chegar porque rodava muito, mas no caminho para o hospital ele até que chegava rápido. Depois de vinte minutos naquele ponto, finalmente o bendito ônibus chegou, acenei e ele parou, usei meu vale-transporte para entrar no ônibus já que eu estava sem dinheiro e Bruna fez o mesmo, mas o veículo estava um pouco cheio, não tinha gente em pé, mas a maioria dos bancos estavam ocupados, eu tive que sentar quase no fundão e Bruna teve que sentar atrás de mim, mas por sorte, cinco minutos depois que nos sentamos, o lugar ao meu lado ficou vazio porque o passageiro desembarcou, então olhei para Bruna e ela veio se sentar comigo.

O trânsito estava até bom para uma tarde de sexta-feira, o caminho também não era tão longo, mas o ponto que dava pra soltar era longe da entrada do hospital, tínhamos que soltar e andar quase um quarteirão inteiro pra chegar lá. Quando finalmente o hospital apareceu, deu sinal e o ônibus parou exatamente quase uma quadra dele, como eu havia previsto. Desci, peguei a mão de Bruna e fomos caminhando normalmente até o hospital. Mentira, ela andava não correndo, mas em passos rápidos, queria chegar logo ao hospital, o sol estava quente, dificultando os passos rápidos, que cansavam mais e deixavam a gente com mais calor, mas eu não me importei e nem ela, fomos andando juntos até lá.

Entramos, como nós dois nunca tínhamos ido visitar Mariano desde aquele dia, ninguém nos conhecia.

–Boa tarde, o que desejam?- perguntou a recepcionista, era loira de olhos azuis e parecia jovem.

–Queremos saber se Mariano Melo está recebendo visitas.- disse Bruna, me deixando até surpreso, aquelas eram suas primeiras palavras daquele dia.

–Está sim, podem entrar.- disse a moça, nos entregando dois crachás de visitantes. No caminho, percebi que antigamente, Bruna era muito alegre, falante e comunicativa enquanto Emily era fria, distante e hostil, mas agora as duas trocaram de personalidades, Bruna estava fria enquanto Emily falava mais, ela já nem tinha mais vergonha de dar selinho em público com Joca, mas pelo menos daquela vez, não era minha culpa Bruna estar daquele jeito.

O quarto de Mariano era o 205, ficava lá no fundão do hospital e a gente levou minutos para encontrá-lo.

–Aqui está.- eu disse, abrindo a porta para que Bruna entrasse. Assim que ela entrou, abriu um sorriso falso e discreto, ela foi direto até a cama dele e pegou em sua mão, peguei sua bolsa e a deixei na poltrona ao lado da cama, depois ela ficou muda por uns instantes, acariciava as mãos dele, passava a mão pelo rosto, fazia de tudo pra chamar a atenção e provavelmente fazê-lo acordar, mesmo que aquilo fosse inútil.

Depois de um tempo, ela virou-se pra mim e me abraçou, um abraço apertado, e chorou baixinho, suas lágrimas quentes molhavam o meu peito e eu vi que ela estava muito pior do que eu imaginava. Ela estava na verdade, querendo chorar desesperadamente, mas por se tratar de um hospital, onde tudo tem que ser no mais absoluto silêncio, ela chorava baixinho para não chamar a atenção de ninguém.

Ficamos ali, naquela posição, por muito tempo, um tempo que não fiz questão de contar, até que ela parou, minha camisa estava ensopada com as lágrimas dela, mas aquilo era o de menos. Sentei com ela na poltrona e fiquei pensando nos momentos felizes que passei com ele.

–É a minha vez.- eu disse à Bruna, dando a entender que era a minha vez de me despedir de Mariano. Cheguei à cama dele e fiquei lá, segurando a mão dele contra a minha mão fria, depois meus olhos se encontram com os olhos fechados dele e por um instante tive a impressão que eles haviam se mexido, olhei para Bruna, mas ela estava distraída retocando a maquiagem que borrou quando chorou, então, voltei a olhar pra frente e percebi que seus olhos estavam abrindo lentamente. Ele estava acordando.


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Notas finais do capítulo

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