Apesar do misto de sentimentos em mim, nada era exteriorizado, eu me escondia atrás da minha armadura de frieza para que ninguém pudesse saber exatamente o que eu sentia, aquilo era algo que só eu poderia saber, e provavelmente Naruto porque seus olhos azuis não paravam de me analisar.
– Sakura, isso é maravilhoso – o silencio foi quebrado pela voz doce da esposa de Naruto.
– Eu sei – ela respondeu ainda alisando a barriga.
Naruto pareceu sair do seu transe e não demorou muito a entrar na conversa.
– Ne, Sakura-chan quem é o pai?
Um frio surgiu na minha barriga, e eu sentia que de certa forma não queria escutar a resposta.
– Naruto, eu fiz uma produção independente.
– Sim, imaginei, mas ele tem um pai certo? Quem é? Eu preciso... – Hinata interrompeu o loiro, com um cutucão, ela conhecia a indiscrição do marido.
– Tudo bem Hinata, estou acostumada – ela sorriu, se virando em seguida para Naruto – ele é um ninja de Suna, e está de acordo com meus termos.
– Termos? – o loiro estava agora abismado – como assim? Ele não quer se casar? Não quer registrar a criança? Como um homem pode ser assim?
Então ela queria independência, pensei, era claro que o Kazekage queria se casar, pois não seria conveniente para um ninja na posição dele ter um filho que ele não iria registrar por vontade da mãe.
– Naruto, eu quis assim, além do mais as leis de Suna são diferentes das de Konoha, se eu me casasse com um ninja de lá, teria que morar lá, e se um ninja de Suna registrasse meu filho a lei obriga que o pai tenha a tutela do filho, além do mais eu não vou impedi-lo de estar com a criança.
– Mas Sakura-chan eu preciso conhecer...
– Naruto, por favor – Hinata interviu.
– Não se preocupe Naruto estamos bem assim.
Ela sorriu para o Uzumaki tentando tranquiliza-lo e acalma-lo, o que parece ter funcionado pois ele não disse mais nada, estava conformado, já comigo a situação era bem diferente, minha armadura habitual de frieza parecia pesada demais para carregar, eu não disse nada durante todo o tempo, mas o imprevisível Naruto não deixaria que isso acontecesse.
– E você Teme, não vai dizer nada?
Fiquei estático, e todos na sala olhavam para mim, inclusive Sakura com seus olhos verdes, eles pareciam mais brilhantes agora, bem diferente dos olhos dela naquele dia no hospital, ou no meu casamento, ela parecia feliz, exatamente aquilo que me faltava, o idiota do Naruto estava certo, eu tinha feito uma grande bobagem.
– Ela é uma mulher livre – tentei parecer sensato como sempre fazia.
– Finalmente alguém sensato – ela parecia ler meus pensamentos, Sakura disse aquilo fazendo graça para quebrar o gelo que havia se formado – Bem já que contei todas as novidades, Hinata quer ajuda para colocar a mesa?
Hinata balançou a cabeça positivamente e as duas saíram em direção a cozinha.

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O jantar na casa de Naruto tinha sido bom, decidi que não faria mistério quanto a minha gravidez, eu a tinha confirmado em um teste de farmácia em Suna e posteriormente em outro de sangue quando cheguei a Konoha, eu tinha bolado uma história para contar a eles durante o jantar sobre o pai do meu bebê, não queria que eles ficassem sabendo que eu tinha feito uma inseminação pois assim quando o meu filho nascesse ninguém cogitaria um possível pai de Konoha, principalmente se surgisse alguma semelhança com um certo Uchiha.
Naruto chiou no início, mas aceitou depois e Sasuke, bem, era difícil interpretar suas reações principalmente porque ele não parecia ter muitas, frio como sempre, sensato como sempre.
Eu tinha comido bem na casa de Naruto, Hinata cozinhava muito bem, nós até trocamos umas receitas, eu já estava me despedindo do casal quando Sasuke disse que me acompanharia até em casa, a atitude dele me surpreendeu assim como Naruto e Hinata.
Nós agora estávamos caminhando pelas ruas escuras de Konoha, não era muito cedo então não havia muitas pessoas na rua, nós não havíamos trocado nem uma palavra desde que saímos da casa de Naruto, e para minha surpresa mais uma vez Sasuke me surpreendeu naquela noite.
– Então – Sasuke estava puxando papo comigo – como tem se sentido?
– Bem, - eu respondi – sem grandes mudanças além de alguns enjoos matinais, nada grave.
– hm – ele ficou em silencio novamente. – Não é bom uma moça gravida ficar andando por ai sozinha durante a noite, pode ser perigoso.
– Tudo bem, estamos em paz agora.
– Nunca se sabe – ele disse.
Estávamos chegando ao portão da minha casa quando paramos.
– Sakura, quanto a esse ninja de Suna, o pai do seu filho – ele hesitou um pouco antes de continuar – podemos confiar nele?
– Podemos? – eu disse confusa.
– Eu e Naruto, não queremos que você se machuque.
– Ele é um pouco frio, mas é um cara legal. – eu estava pensando nele mesmo quando disse isso, mas ele fez uma cara estranha quando falei como se comprovasse alguma coisa, aliás uma coisa que ele não gostava.
– Sei, - ele olhou para o portão da minha casa – cuide-se.
– Obrigada, Sasuke-kun.
Há muito tempo eu não o chamava assim, ele deu um pequeno sorriso quando ouviu o sufixo no seu nome, mas não somente um sorriso, era um sorriso triste eu diria, então ele começou a andar, e eu fui em direção ao meu apartamento, não tinha absorvido direito tudo que tinha acontecido, Sasuke estava preocupado comigo e parecia cuidadoso, eu com certeza tinha perdido algo.
Entrei no meu apartamento e me troquei rapidamente, fui para a cama e dormi o sono dos justos, acordei no dia seguinte ao meio dia, acho que nunca tinha dormido tanto em toda a minha vida, eu levantei e fui direto para a cozinha estava com fome e não me sentia nem um pouco enjoada, fiz muita coisa para comer e comi tudo sozinha, eu estava planejando ir ao centro de Konoha queria fazer uma reforma no meu apartamento, um quartinho para o bebê, graças ao tempo que passei só trabalhando, tinha uma boa quantidade de dinheiro guardada.
Eu queria um arquiteto para planejar a reforma e quando soubesse o sexo do bebê, eu iria contratar um decorador.
Fiquei a tarde toda olhando as melhores formas de aproveitar o espaço do meu apartamento, e olhando materiais de construção, alguns poderiam até dizer que eu estava sendo precipitada ao comprar tanta coisa logo no início da gestação, mas aquilo me fazia bem, mais do que isso, me fazia feliz.
Cheguei em casa exausta, tinha comido na rua, então apenas tomei uma banho e apaguei, no dia seguinte tinha expediente no hospital, mas de acordo com as últimas ordens recebidas eu não faria mais plantões de vinte e quatro horas, seriam turnos regulares, para a melhor atender meu estado, ordens do Hokage.
Acordei cedo no dia seguinte, me arrumei para o trabalho, e cheguei lá pontualmente as sete, este turno de oito horas durante o dia era bastante tranquilo, além de consultas agendadas, não havia muitas emergências.
Quando terminei o meu turno as cinco da tarde coloquei meu jaleco no meu armário e assinei meu nome no cartão de ponto da recepção e estava pronta para ir ao mercado e voltar para a minha casa, quando avistei Sasuke encostado do lado de fora do hospital com as mão enfiadas nos bolsos e olhando para o lado, ele estava com uma costumeira roupa ninja, eu parei de surpresa ao vê-lo, mas ele não notou isso, continuei andando, seus olhos negros se viraram para mim, ele se desencostou da parede e veio andando na minha direção.
– Está indo pra casa? – ele me perguntou.
– Eu ia passar no mercado primeiro.
– Tudo bem – ele respondeu e começou a caminhar.
Eu achei a atitude dele muito estranha, primeiro ontem e agora ele queria me acompanhar até em casa de novo.
– Foi o Naruto que pediu pra você ficar de olho em mim? – só podia ser essa a explicação daquele comportamento.
– Não – ele disse isso e virou o rosto, mas eu juro que vi ele corar um pouco.
Tudo bem, se não eram ordens do Hokage, o que poderia ser?
Eu simplesmente não acreditava que Sasuke estava me acompanhando até o mercado, e que pela pergunta de antes tinha a intenção de me acompanhar até em casa, e assim ele fez, foi comigo até o mercado, esperou pacientemente que eu fizesse as compras e me ajudou a carregar tudo até meu apartamento, alegando que eu não deveria carregar peso.
Quando chegamos ao meu apartamento, Sasuke deixou as compras em cima da mesa e observou os materiais de construção encostados em um canto da casa.
– É para o quarto do bebê – eu disse a ele antes mesmo de ele fazer a pergunta, enquanto isso comecei a guardar o que havia comprado.
Eu estava morta de fome e enquanto guardava minhas compras comecei a preparar o jantar, Sasuke apenas me observava.
– Ei Sasuke, quer ficar para o jantar? – eu apenas ofereci por educação, sabia que ele não aceitaria, mas para minha surpresa, mais uma vez, já tinha perdido a conta de quantas vezes ele havia me surpreendido, Sasuke se sentou à mesa.
– O que você vai fazer para o jantar?
– Sopa de tomate, acho que estou com desejo.