- O que é que ela tá fazendo aqui? -Karin perguntou, olhando para Sakura com desprezo.

A rosada rolou os olhos lentamente, mostrando irritação. Sasuke desvencilhou-se de Karin, que até então estava pendurada no pescoço do Uchiha, sem se importar com o fato que a ruiva quase caiu no processo.

- Não te interessa Karin, aliás, você já estava de saída...

- Não estou mais! -Karin cruzou os braços, alternando olhares entre Sasuke e Sakura- agora é que eu não vou embora mesmo. 

- Karin, eu não vou falar duas vezes.

A ruiva fez menção de falar, desistindo, quando Sasuke abriu a porta dando passagem para que Sakura entrasse. Sem despedir-se, Sasuke a fechou, na cara de Karin. A ruiva não sabia se sentava e chorava, ou se levava aquela porta abaixo.

- Pensei que você não viria -Sasuke fechou a porta atrás de si, o vidro muito bem trabalhado em pequenos detalhes, o deixava ver a cena de Karin furiosa do outro lado da porta.

- Eu honro meus compromissos -Sakura respondeu, com o mesmo tom de voz desinteressado, o qual Sasuke havia comentado. Praguejando-se internamente pelo incômodo que as inúmeras borboletas no seu estômago lhe causavam naquele momento; se ao menos ele não fosse tão...lindo- olha só, eu quero ir embora logo, e sei que você também quer acabar com isso o mais rápido possível, então, quanto mais rápido fizermos esse trabalho menos nos veremos e essa tortura acabará logo! -despejou rapidamente, Sasuke ergueu uma sobrancelha. O seu tão conhecido sorriso torto, formando-se em seus lábios.

- E quem disse que eu quero que você vá embora? -Sakura sentiu o coração disparar, era injustiça ele com um meio sorriso tão perigoso, e ela tão desarmada, Sasuke caminhou em direção a rosada, lentamente- e a sensação de estar sozinho com você só causa tortura se estivermos muito longe -a essa altura, Sasuke já estava a frente de Sakura, murmurando as palavras em seu ouvido- um do outro.

Sakura esquivou-se de Sasuke, sabendo que aquela aproximação e o fato de estar sentindo a respiração quente do moreno, lhe deixariam totalmente a mercê dele. Afastou-se de forma que ficasse a uma distância segura de Sasuke, e encarou-o de início com olhos inseguros e que foram ficando mais firmes. Se Sakura soubesse o quanto aquelas esmeraldas mexiam com a imaginação do Uchiha, o evitaria o máximo possível, ou não. Sasuke sorriu, gostava do perigo que aquela irritante lhe causava, o perigo de mostrar a ela, tudo o que ele com muito custo, escondia.

Chega simples como um temporal, parecia que ia durar...

- Isso não vai dar certo! -Shikamaru tornou a repetir, pelo que ele achava que era a milésima vez, mas não adiantava! Aquela loira problemática nunca iria admitir.

- E não dá certo por quê? Porque você simplesmente acha que só o que você faz é bom?

- Não! -Shikamaru largou em cima da mesa o lápis que tinha em mãos, agora fitando Temari desafiadoramente, inconscientemente os dois --que estavam sentados no sofá creme, de dois lugares-- aproximaram-se um pouco mais, quem olhasse a cena diria com certeza que daquela aproximação toda, sairia uma briga.- simplesmente você não entende que essa melodia que está criando não condiz em NADA com a letra da música.

-Tsc.

- Por Kami, mulher! Essa música não é romântica, não tem como você fazer uma melodia tão doce.

- Não é romântica, mas também não é um heavy metal! –Temari ironizou, ignorando o suspiro irritado de Shikamaru- você vai colocar o quê em cima da melodia? Um baixo, uma super guitarra?

- Um violão...-Shikamaru tentou manter a calma, agradecendo ao ver que pelo olhar de Temari, ela havia gostado da idéia- nós faremos tipo um acústico.

- E o que foi que eu disse? -Temari falou com altivez, Shikamaru passou as mãos nervosamente pela calça jeans escura que trajava, uma vez mais, olharam-se com considerável intensidade, encarando-se, e aquela pessoa que antes, juraria naquele momento sair uma briga entre os dois, surpreender-se-ia, pois a briga em questão era das línguas, que ao se encontrarem pareciam querer tomar posse, uma da outra.

E só então eu deixo, os medos e as armas. Chega simples, como um temporal...

Uma hora havia se passado, e, entre uma investida e outra de Sasuke, ele e Sakura já haviam quase terminado o trabalho. Ele escrevia bem, Sakura pensou, e então lembrou de quando Sasuke e Naruto ainda eram amigos e que quando formaram a banda, o primeiro compositor era Sasuke, Naruto era o que compunha somente quando Sasuke realmente estivesse sem inspiração. O loiro Uzumaki gostava demasiadamente do barulho que a bateria fazia, para apenas querer assumir o vocal da banda; o que mudou, quando Sasuke se afastou deles, e então quem ficou responsável pela bateria foi Gaara, e Naruto assumiu de vez, o posto de vocalista da banda que tinham.

- Você até que me ajudou um pouquinho Sakura -Sasuke falou, enquanto reescrevia a última linha da música. -em comparação do que era antes -deixou a caneta sobre o papel, e voltou seu olhar a Sakura- você melhorou bastante, mesmo.

As palavras soariam como uma crítica construtiva para Sakura, se o moreno Uchiha não as tivesse falado de forma tão grosseira, a superioridade com que ele externava cada palavra, mandou as favas toda a paciência e cordialidade de Sakura.

- Você se acha o máximo não é Uchiha? Desde sempre se achou. Sabe o que você é? Um idiota! -o tom de voz de Sakura, já beirava a histeria, enquanto ela levantava da mesa pegando sua pequena bolsa- um idiota que só quer brincar com as garotas, humilhar as pessoas, e se vangloriar diante delas. -Sasuke olhou-a com uma surpresa que não foi transmitida. Não imaginou que aquelas palavras a afetassem tanto, mas a verdade era que quase todas as palavras proferidas por Sasuke, que sempre continham um pouco de ‘veneno’ afetaram Sakura, mas Sasuke sempre tão acostumado a falar assim, não percebeu. -mas, sabe o que eu acho que você é de verdade? -Sakura parou frente a porta, sorrindo debochada- um crápula mal amado e sem amigos!

Sakura abriu a porta rapidamente, fechando-a e deixando um Sasuke aturdido para trás. Parou um instante, tentando se recompor e fazer com que as malditas lágrimas que começaram rolar por seu rosto, parassem. Sem sucesso. Saiu de lá, com um alívio mas ao mesmo tempo com o coração quebrado. Alívio por ter dito tudo o que aquele palhaço merecia ouvir, mas com o coração quebrado porque era aquele palhaço, o dono de seu coração.