The Heir escrita por Ginny


Capítulo 9
Nove


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente bonita! Como vão? Eu arrumei um jeito de usar o 3G do celular pra postar, porque o capítulo já estava escrito, só faltava editar (: Esse cap aqui vai diretamente praquelas que shippam Eady e Alec (realmente, galera, nós precisamos achar um shipp name pra esses dois :v).
Eu estava lendo os dois primeiros capítulos de The Heir essa manhã (eu não dormi essa noite porque fiquei escrevendo, fui dormir só onze da manhã e acordei agora e.e), e descobri uma coisa que influencia muito a fic: Eady e Ahren têm outros dois irmãos, Kaden e Osten; eu já arrumei um modo de introduzi-los na história, não se preocupem. Eles aparecerão em breve. Se vocês leram esses dois capítulos, me respondam uma coisa: perceberam que a Eadlyn é uma princesinha um tanto mimada? Meio nojentinha, não? Pois é. Ela é bastante diferente da minha Eady.
Mas agora eu vou parar de falar (escrever, whatever). Finalmente: boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/568985/chapter/9

Alec

— Então, o que era tão urgente? — perguntei.

Eu e Dave estávamos parados no meio do corredor dos dormitórios, que estava completamente vazio, exceto por nós. Havíamos acabado de voltar do estúdio do Jornal Oficial, e o resto dos garotos já havia ido para seus quartos, completamente exaustos. Eu também estava cansado, é claro — e também estava com uma vontade ligeiramente incontrolável de chutar alguém. Mas David havia me abordado antes que eu pudesse fugir para meu próprio quarto.

— Certo — David suspirou, como que para tomar fôlego. — Na verdade, é sobre a Eadlyn.

Uau, mas que surpresa! Aquilo era tão previsível e estúpido. Tive que me esforçar para não revirar os olhos ou coisa parecida. Por que Dave achava que eu queria falar sobre Eady, e justamente com ele?

Mas, sendo essa pessoa tão educada que eu sou, forcei uma expressão de curiosidade.

— Não me diga — falei. Soei mais entediado do que realmente irônico. — O que tem a Eady?

Dave hesitou por um segundo antes de responder. Ele também parecia um pouco cansado. Eu não tinha certeza do por que, mas eu estava verdadeiramente irritado com Dave. Na verdade, eu estava irritado com metade do mundo, até comigo mesmo. Aquele dia estava uma verdadeira droga. Eu precisava de uma boa noite de sono para esvaziar a cabeça de uma vez por todas.

— Eu acho que... — ele começou, mas então se interrompeu e pigarreou. Levou alguns segundos para recomeçar a falar: — Acho que eu estou apaixonado pela Eadlyn, Alec.

Aquela não era nenhuma surpresa, é claro. Se David achava, eu tinha certeza absoluta. Mas, por algum motivo, ouvi-lo dizer aquilo foi como um soco no estômago.

David estava com uma expressão de expectativa no rosto, esperando pela minha reação. Eu pisquei algumas vezes, tentando decidir como reagir. Para falar a verdade, eu não fazia a mínima ideia do que sentir sobre aquilo. Não era como se eu já não soubesse antes, mas ainda assim...

— E o que diabos eu tenho a ver com isso, David? — resmunguei, cruzando os braços. — O que você acha que eu sou, algum tipo de amigo que compartilha sentimentos? Quer que eu pinte as suas unhas, também? Você quer conselhos, por acaso? Porque eu não sou formado em Psicologia.

Eu preciso reconhecer. Eu havia agido como um idiota o dia inteiro, e o mesmo estava acontecendo naquele momento. Mas eu não conseguia evitar. David estava começando a me irritar de verdade. Eu nunca havia sentido tanta vontade de esbofetear alguém na vida.

Dave pareceu surpreso pela minha resposta. Ele abriu e fechou a boca várias vezes, sem saber o que dizer. Por um pequeno momento, eu quase me senti culpado.

— Por que você continua agindo assim? — Ele perguntou, balançando a cabeça. — Eu estava lá quando você deu a sua entrevista, lembra? Eu sei que você também gosta dela, Alec. Talvez mais do que eu. E você é meu amigo. Pelo menos, eu supus que sim. Foi por isso que eu precisei contar a você.

Eu quase me senti culpado. Estava a ponto de me desculpar. Mas eu era orgulhoso demais. Eu não estava nem um pouco disposto a deixar que David tivesse a última palavra. Não mesmo.

— Eu não ligo para o que você sente ou deixa de sentir pela Eadlyn — retruquei, erguendo os braços. — Eu não estou nem aí, David! Casem-se, tenham filhos, governem a droga desse país juntos, porque eu não me importo. Entendeu bem? Nem um pouquinho!

David deu um passo para trás, surpreso, e balançou a cabeça.

— Você é um idiota — ele murmurou, usando um tom quase decepcionado. — De verdade, Alec. Você é tão cheio de si que chega a ser superficial. Sinto em te dizer isso, mas o mundo vai muito além do seu próprio nariz.

Ri sem nenhum humor.

— Eu não preciso de lições de moral, David — falei. — Não de você. Mas eu agradeço muito a sua tentativa. — Eu me virei, começando a me afastar na direção do meu quarto. Enquanto caminhava, eu falei por sobre o ombro: — Seja muito feliz com a Eadlyn.

Não fiquei tempo o suficiente para ver a expressão de David. Entrei no meu quarto e imediatamente caí sobre a cama, sem me importar nem mesmo em tirar os sapatos. Afundei o rosto num dos travesseiros e grunhi. Senti vontade de atirar alguma coisa na parede, como nos filmes, mas permaneci imóvel na cama. Obriguei-me a ficar ali, torturando a mim mesmo. Eu sabia que merecia tudo aquilo. Merecia até pior. Comecei a pensar que todos aqueles anos sendo aquele Alec desprezível estavam começando a voltar diretamente na minha cara.

Mas por que eu me sentia daquele jeito? Tudo parecia estar errado, como se o Universo houvesse virado do avesso. Fiquei pelo menos uma hora nesse mesmo estado. Eu não conseguia — ou melhor, não queria — me mover, e muito menos pegar no sono. Minha mente continuava agitada demais para que eu conseguisse dormir.

Eu tinha medo de pensar demais. Não queria tirar as conclusões inevitáveis. Não queria admitir que, talvez, David estivesse certo em alguns pontos.

Não era para ser difícil daquele jeito. A Seleção deveria ser fácil. Tudo o que eu precisava fazer era chegar até as finais, e então estava feito. Sem emoções. Nada.

E até mesmo isso eu havia arruinado.

Eadlyn

O ar tinha um agradável perfume de flores. Eu estava sentada no parapeito da sacada, com os pés balançando abaixo de mim. Não sabia que horas eram, e não estava com sono algum. Pelo contrário. Eu sentia uma estranha vontade de sair e correr uma maratona inteira, fazer uma festa, esse tipo de coisa. Meus nervos estavam em ebulição, embora sem motivo aparente, e eu precisava liberar um pouco de energia.

Mas tudo o que eu poderia fazer era ficar ali olhando para o nada, com a mente acelerada. Havia uma porção formulários da contabilidade empilhados ao meu lado. Eu supostamente deveria preenchê-los, mas eu não era exatamente um gênio da matemática — e tampouco gostava dos números. Na verdade, eu pretendia pedir a Ahren que fizesse aquilo por mim. Matemática era uma das únicas coisas úteis que ele sabia fazer direito.

Enquanto eu observava o jardim, sentindo o vento fresco levantar meus cabelos, repassava o Jornal Oficial daquela noite. Depois das gravações, eu não havia falado mais do que dez palavras. Após me livrar de outra reunião com o Comitê VAUMPE alegando uma forte enxaqueca, eu fora até meu quarto e dispensara as criadas, afirmando que poderia me virar sozinha.

Eu não queria ver ninguém, mas me sentia mais sozinha que nunca. Eu não conseguia decidir. Queria poder sair do quarto, procurar por Astra e rir das piadas dela, mas ao mesmo tempo queria trancar a porta e me esconder sob os cobertores até que aquele sentimento passasse.

— Você precisa se decidir, Eadlyn — disse para mim mesma. — Esse tipo de comportamento não é digno da herdeira.

Repetir aquilo quando eu não sabia o que fazer sempre ajudava, mas não daquela vez. Com um suspiro, eu deslizei para dentro do quarto novamente, carregando os formulários comigo.

Eu estava pensando demais. Talvez eu devesse deixar a mente em branco só por alguns minutos.

Depois de deixar os documentos num canto, joguei-me sobre a cama e abracei uma das minhas almofadas. Mas eu não consegui dormir. Os pensamentos permaneciam bombeando incontrolavelmente. Era quase doloroso.

A maior parte deles era sobre Alec. Certo, era tudo sobre Alec.

Ele era um idiota. Por que ele dissera aquelas coisas? Sei que era parte do nosso teatro, mas... Havia me atingido mais intensamente do que eu esperava. Eu não sabia ao certo por que, mas tinha uma vaga ideia.

Alec havia mentido. Eu tinha plena consciência disso — afinal, não era segredo algum para mim. Mas essa era exatamente a pior parte. O fato de tudo não ter passado de uma mentira, um pequeno teatro calculado, me deixava mais abatida do que eu esperava. Eu não sabia o porquê, e era isso que corroía meus pensamentos. Eu precisava descobrir por que aquilo me incomodava tanto.

Depois de vários minutos tentando cair no sono, eu finalmente desisti. Com um resmungo, eu me levantei. Só havia um modo de resolver aquilo.

Rapidamente, troquei os pijamas por uma calça jeans e um casaco fino (fiquei tão aliviada por finalmente poder estar usando calças jeans depois de tanto tempo apenas com vestidos que até mesmo sorri), enrolei o cabelo bagunçado num rabo de cavalo e saí do quarto. Os guardas me lançaram alguns olhares, mas eu os ignorei e continuei andando.

Só parei quando cheguei até o andar dos Selecionados — que, felizmente, estava vazio. Não me permiti pensar mais sobre o assunto enquanto procurava por uma porta em particular. Quando finalmente encontrei, bati ansiosamente.

Alec apareceu apenas alguns segundos depois. Ele ainda estava usando o mesmo terno daquela noite, com sapatos e tudo, embora estivesse completamente bagunçado. Quando viu que era eu, seus olhos se arregalaram com surpresa, e ele ergueu as sobrancelhas.

— Oi — falei.

Alec inclinou a cabeça para o lado.

— O que você está fazendo aqui? — Ele perguntou, olhando em volta no corredor. — Tem certeza que bateu na porta certa?

Revirei os olhos.

— É, tenho certeza — respondi, reprimindo uma resposta sarcástica. — Eu preciso falar com você.

Alec fez uma careta de desgosto.

— Mas que droga. Estou cansado de conversas sérias por hoje, Eady — ele murmurou, parecendo sincero. — Eu me sentiria infinitamente melhor se você apenas pulasse para a parte onde grita comigo e diz o quanto eu sou estúpido.

Pisquei em surpresa. Na verdade, aquilo era mais ou menos o que eu planejava — aparentemente, não havia outro modo de lidar com Alec. Mas, naquele momento, toda a vontade que eu tinha de gritar com ele desapareceu.

— Eu não vou gritar com você. — Falei. — A menos que você mereça, é claro. Eu só... só preciso falar com você, é isso.

Alec suspirou, mas então cedeu. Ele abriu mais a porta e disse:

— Sinta-se em casa, Alteza. Belas calças, aliás.

Sorri enquanto entrava no quarto. Sem pensar, passei diretamente por Alec e caminhei na direção da sacada, e ele me seguiu. Apoiei-me contra o parapeito e olhei lá para baixo. A vista era diferente da do meu quarto. A sacada de Alec dava para o lago, que estava agitado com o a brisa, refletindo a forma tremeluzente da lua cheia.

Ficamos em silêncio por alguns minutos. Alec estava perto, mas não muito. Ele parecia infinitamente desconfortável.

— Sinto muito pelo o que eu disse — ele falou de repente.

Olhei para ele, franzindo a testa. Na luz suave da lua, Alec parecia diferente. Os olhos verdes brilhavam com um tom acinzentado, e seu rosto estava mais suave. Por um momento, ele pareceu o Alec de antes, o que eu não queria enforcar constantemente.

— Como assim? — Perguntei, desviando os olhos do rosto dele e sentindo minhas bochechas corarem. — O que você disse?

Ele olhou para mim em dúvida.

— Você não veio aqui para me dar uma bronca sobre o que eu falei no Jornal Oficial? — questionou, fazendo uma careta. — Quero dizer, você pareceu chateada.

Suspirei. Então ele havia notado. Mas eu não iria — nem em um milhão de anos — admitir que o que ele dissera me afetara tanto. Afinal, aquele ainda era Alexander Leger, e ele não era exatamente a pessoa mais sensível e compreensiva do mundo. Ele era o exato oposto disso — ou, pelo menos, fingia que era.

— Não, não é nada disso — murmurei. — Mas eu preciso dizer uma coisa, Alec. Uma coisa importante.

Alec desviou os olhos para o lago. Ele parecia abatido. Eu esperei para que ele dissesse algo, mas Alec apenas ficou em silêncio. Depois de um minuto inteiro apenas escutando o som do vento, eu finalmente tomei coragem para dizer:

— Alec, isso não vai dar certo. Ter você na Seleção não foi uma boa ideia.

Ele ergueu os olhos novamente. Por um momento, a tristeza honesta em seus olhos me deixou sem fôlego. Eu me arrependi imediatamente de ter dito aquilo. Mas, antes que eu pudesse retirar o que dissera, Alec respondeu:

— Eu concordo.

Apertei os lábios.

— Concorda?

Alec assentiu enquanto se virava para mim.

— Plenamente — ele disse. — Não sei se vou conseguir ficar aqui até o final. Passaram-se apenas alguns dias e eu... Eu não aguentaria.

Engoli em seco, sem conseguir olhar diretamente para Alec.

— Por que não? — Perguntei, sem conseguir evitar. — O que fez você mudar de ideia?

Alec hesitou durante um longo tempo antes de responder. Ele mordeu o lábio inferior e suspirou, tamborilando os dedos no parapeito de pedra. Ele estava claramente nervoso.

— Eu conversei com David uma hora atrás — ele contou. — Ele me disse... Bem, me disse que está apaixonado por você. Eu sabia que iria acontecer uma hora ou outra, mas não estava preparado. Eu percebi que, se continuar aqui, vou ser obrigado a ver você se casar com algum idiota que pouco conhece, e eu simplesmente... Eu não posso. Entende?

Trinquei os dentes para evitar que meu queixo caísse. Havia coisa demais ali para processar. Mais do que eu conseguiria lidar naquele momento. Meu coração acelerou consideravelmente, e eu fiquei tonta por um breve segundo. Minha mente estava girando fora de controle, ainda pior do que antes. Meu cérebro trabalhava tão rápido que eu não conseguia captar tudo com rapidez suficiente.

— Alec... — eu comecei, mas não soube como terminar. Eu não sabia o que dizer.

Não havia como tentar fazê-lo se sentir melhor — afinal, ele tinha razão: um dia eu me casaria com um daqueles Selecionados. Não havia mais o que dizer.

Foi por isso que eu fiquei em silêncio. Sem dar espaço para pensar sobre aquilo, eu segurei o rosto de Alec entre as mãos, fazendo-o olhar nos meus olhos.

— O que você está fazendo, Eady?

— Fique quieto, Alec, não estrague tudo.

Ele sorriu por um momento antes de inclinar o rosto na direção do meu. Eu não estava pensando direito naquele momento — e nem queria —, então deixei que meu lado irracional me guiasse.

Mas, antes que os lábios de Alec pudessem tocar os meus, ele se afastou bruscamente. Eu me sobressaltei, assustada com o ato, completamente sem reação.

— Não — ele murmurou, abrindo os olhos. — Eu não posso fazer isso, Eadlyn.

Eu abri a boca, desconcertada.

— O que você quer dizer? — perguntei, e minha voz mal passava de um sussurro fraco. — Alec, eu...

— Não, Eady — ele repetiu, virando-se de costas para mim. — Você sabe que não quer fazer isso.

— Como você poderia saber? — Perguntei, sentindo meu rosto queimar, tanto de raiva quanto de constrangimento. — Alec, você não sabe tudo sobre mim.

— Eu sei que você gosta do David — ele virou-se novamente para o jardim, mas ainda não olhava para mim. — E ele merece. Mas eu não preciso que você sinta pena de mim.

— Pena? — Repeti, aturdida. — Alec, ouça o que você está dizendo.

Ele trincou o maxilar, e seu rosto ficou sem expressão de repente. Ele tinha um olhar terrivelmente vazio quando disse, num tom um pouco mais alto que um sussurro inaudível:

— Você deveria ir.

Havia um nó na minha garganta, mas eu me recusei a deixar que Alec percebesse isso. Sem dizer mais nada, eu atravessei o quarto na direção da porta com passos rápidos, e saí sem olhar para trás.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

NÃO ME ODEIEEEEEEEM, POR FAVOR, lembrem-se que amo vocês, tá bom? :v
É muito idiota eu estar com lágrimas nos olhos? Sim? Tá bem .—. Vou ali correndo escrever o próximo capítulo porque até eu estou ansiosa u.u
Mandem reviews :) Aliás, adorei os comentários do capítulo passado (; Beijões!