The Heir escrita por Ginny


Capítulo 8
Oito


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoinhas :3 Sinto muito pela demora... Eu realmente tive problemas. Meu primo recém-nascido teve problemas de saúde, então eu tive que ajudar a mãe dele, entendem? Mas agora já está tudo bem, então eu sou toda de vocês de novo :3 Muito obrigada às leitoras lindas que comentaram mesmo nesse meio tempo que eu estive longe. Vocês são demais. E me perdoem *u*

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/568985/chapter/8

Alec

Faltavam apenas quinze minutos para o Jornal Oficial começar. Eu estava sentado nos bastidores ao lado de Cooper, David, Winter e Harvey Terkay, um garoto loiro que eu não conhecia muito bem, mas que era amigo de Cooper e Winter.

O nervosismo estava palpável em todo o ar ao redor. Mesmo aqueles que já estavam acostumados a aparecer na televisão, como Julian e um outro ator chamado Russel McBrien. E confesso que talvez eu estivesse um pouquinho nervoso também. Afinal, nós estávamos prestes a finalmente encarar toda Illéa, e corríamos o risco de agirmos como completos babacas. Mas todos estavam disfarçando muito bem os nervos. Alguns conversavam, outros jogavam bolinhas de papel numa lixeira próxima e outros espiavam pelas cortinas azuladas que nos separava do palco.

— Eu estou me sentindo um idiota nesse terno — comentei, tentando quebrar o silêncio. — Ele é muito... verde.

E realmente era. Quero dizer, não era um tom gritante. Era um tom muito escuro de verde, quase imperceptível, mas ainda assim me deixava um pouco constrangido. A criada que cuidava das minhas roupas, Becca, insistira que a cor combinava com os meus olhos — como se alguém fosse notar a droga da cor dos meus olhos numa entrevista de pouco mais de cinco minutos. Insistira tanto que eu acabei aceitando.

— Isso não é nada — Winter falou. — Julian Dyer está com um terno vermelho-escuro. Quero dizer, pode até combinar com a ruivisse dele, mas é um terno, não um vestido de gala, certo? Fico imaginando o que a criada dele deveria estar pensando.

— Tem razão — concordei, olhando para Julian com um sorriso satisfeito. Ele estava mesmo usando um terno vermelho, e não parecia nada feliz com isso. — Me sinto melhor sobre mim mesmo ao olhar para ele. Aparentemente, não serei o mais babaca essa noite. Embora meu terno continue sendo idiota.

— Minha criada quase me fez usar um terno laranja-escuro — Harvey falou, fazendo uma careta. Ele tinha sotaque sulista. Eu lembrava de ter ouvido falar dele algumas vezes, algo sobre uma exposição de arte famosa. — Eu não sei o que as mulheres têm na cabeça. Parecem estar sempre tentando fazer os homens passarem por ridículos. E o pior é que conseguem, na maioria das vezes. Acho que existe um acordo universal entre elas ou algo assim.

Todos nós balançamos a cabeça.

— Concordo plenamente — falei. — E, se existe tal seita maligna, aposto que Eadlyn é a líder dela.

Harvey revirou os olhos.

— Vamos lá, Alec — ele disse. — Por que você continua fingindo que não gosta de Eadlyn?

David, que estivera distraído, finalmente focalizou o olhar. Ele levantou uma sobrancelha para mim, esperando pela minha reação.

— O que você quer dizer com isso? — perguntei para Harvey, cruzando os braços em pura indignação. — Se vocês querem saber, Eadlyn Schreave é a pessoa mais cruel da face da Terra.

Harvey sorriu.

— Isso não responde a minha pergunta.

Antes que eu pudesse retrucar — estava gostando cada vez menos do tal Harvey —, Cooper se manifestou.

— Falando na Eadlyn — ele falou, ficando completamente animado de repente. — Eu tinha esquecido de contar a vocês. Hoje depois do brunch ela do nada me convidou para um passeio amanhã. Não é o máximo?

Os outros garotos concordaram, embora eu tenha notado um pouco de ressentimento — mesmo da parte de David, que fora o primeiro a ter um encontro oficial com Eady. Cooper estava tão animado que eu não tive coragem de contar a ele que fora eu quem aconselhara Eadlyn a convidá-lo para um passeio, então eu apenas balancei a cabeça como os outros fizeram e dei uma batidinha no ombro dele.

Dois segundos depois, Amelia apareceu vinda do palco, correndo como sempre. Ela estava sempre com pressa, mas era uma pessoa legal quando não estava nos repreendendo por algo como "comer como um bando de porcos mal educados" (nessas exatas palavras). Depois de ter atraído a atenção de todos os Selecionados, ela disse:

— Muito bem, crianças. Sei que vocês provavelmente estão sob muita pressão, e com muita razão, então vou tentar ser rápida e direta. Hoje é o dia de vocês. Todos os olhos de Illéa estarão voltados diretamente para vocês, tenham consciência disso. Então vocês vão subir naquele palco e vão brilhar como verdadeiras princesas, me entenderam bem?

Amelia riu. Ela adorava mesmo tirar sarro da nossa cara.

— Mas, falando sério — ela continuou, se recompondo da série de risadas. — Essa é a primeira impressão que o país terá de vocês, então, eu imploro para vocês, que se lembrem das aulas de etiqueta. Não falem palavrões, não façam piadas sujas, não sejam sarcásticos, esse tipo de coisa de garoto. Agora, vamos lá, vocês já podem ir para o palco. Façam uma fila indiana bem organizada. E sorriam, garotos, sorriam!

Com um suspiro coletivo, todos nós nos levantamos e fizemos uma fila indiana. Mas, antes que eu pudesse seguir os outros, David me puxou para o lado e falou:

— Eu realmente preciso falar com você, Alec. É urgente. Muito urgente.

Droga. Eu estivera tentando evitar David o dia inteiro. Eu não era do tipo que apreciava conversas sérias.

— Ah, mas é claro, Dave, eu não me esqueci disso — falei, forçando um sorriso. — Mas vamos esperar até o final do Jornal, sim? Amelia vai nos matar se nos atrasarmos um segundo sequer.

Então eu me virei e segui para o palco antes que David pudesse responder. Ele não havia dado nenhuma pista, mas eu sabia que ele queria conversar sobre Eady. Estava bem óbvio. E, sinceramente, eu não estava nada animado para falar sobre Eadlyn com David. Quero dizer, ele era um cara legal e tudo mais, mas ficava infinitamente idiota quando se tratava da princesa.

Nós fomos encaminhados para nossos lugares, perto da família real, mas não muito. Com o canto dos olhos, percebi Eadlyn acenando para David. Fiz uma careta de nojo. Eles eram um belo casal de idiotas.

Meu lugar era o primeiro da minha fileira, ao lado de um garoto que eu não conhecia, mas cujo broche dizia que ele se chamava Baden. Enquanto eu observava Gavril — aquele cara estava mesmo precisando se aposentar — entrar no palco e cumprimentar a família de Eady, percebi que estava mais nervoso do que parecera antes. Meu estômago estava fazendo uma dança esquisita dentro da minha barriga, e as palmas das minhas mão estavam começando a ficar úmidas.

Droga. E se eu agisse como um idiota na frente de todo o país? Afinal, quando se trata de mim, não seria surpresa alguma se eu estragasse tudo. Porque, se tem uma coisa que eu faço melhor que qualquer um, essa coisa é estragar a droga toda, sempre e sem exceções.

Deus, eu seria o babaca da noite. Mais babaca que Julian Dyer e seu terno vermelho.

Amelia passou por nos gritando mais uma porção de ordens — "Não caminhem como marginais! Não falem como marginais! Não ajam como marginais de modo algum!" —, e então todos já estavam em seus devidos lugares, perfeitamente prontos.

Quando as câmeras finalmente ligaram e alguém disse "Estamos no ar", eu me obriguei a me acalmar. Respirei fundo e, seguindo o conselho de Amelia, forcei um sorriso. Provavelmente pareceu-se mais com uma careta de dor, mas aquele era o melhor que eu poderia fazer.

Gavril conversou com o rei e a rainha por alguns minutos sobre política, o que foi entediante. Logo em seguida, ele falou com Eady.

Para qualquer um que olhasse, ela não pareceria nervosa — muito pelo contrário, estava aparentemente bastante calma. Mas eu conhecia Eady bem demais para acreditar. Seu queixo excessivamente levantado, as costas retas demais, o sorriso superficial — tudo indicava que ela estava surtando por dentro.

Gavril perguntou sobre como era ter sua própria Seleção, sendo a primeira herdeira mulher. Eadlyn respondeu, numa voz excessivamente simpática, que era uma responsabilidade muito grande, mas que ela estava feliz por finalmente estar arcando com seus deveres como futura rainha de Illéa.

É, ela estava mesmo surtando.

Em seguida, era a vez de Gavril chamar os Selecionados. Enquanto ele revirava as fichas com rapidez, eu fiquei consciente de que era o primeiro da fileira. Quero dizer, eu já sabia disso antes. Mas só agora ficara consciente do que realmente significava. Eu seria o primeiro a ser chamado.

Aquele dia não poderia ficar pior.

— E agora, o momento que todos esperavam. Aos Selecionados! — Gavril anunciou alegremente. — Vamos começar com o senhor Alexander Leger, de Angeles.

Maravilha. Eu me levantei com um sorriso forçado no rosto, tentando não pensar nas possibilidades de como eu poderia passar como idiota. Exigi de toda a minha concentração para não tropeçar no caminho ou deixar claro o quanto estava nervoso. Pode não parecer, mas eu não estava nem um pouco a fim de que todo o país me achasse um perdedor.

Enquanto eu me sentava, cumprimentei Gavril, rezando para que ele não notasse o quanto minhas palmas estavam molhadas. Precisei de toda a minha força de vontade para não esfregá-las na calça.

— Muito bem, senhor Leger — Gavril começou.

— Pode me chamar de Alec. — Interrompi, sem conseguir evitar.

Amelia puxaria a minha orelha por aquilo, mas eu já estava cansado de pessoas me chamando pelo sobrenome.

— Certo, Alec — ele sorriu, enfatizando meu nome de propósito. — É muito bom finalmente conhecê-lo em pessoa. Ouvi muito falar de você.

Levantei uma sobrancelha.

— Então quer dizer que eu sou famoso? — Perguntei, sorrindo.

— Ora, mas é claro! — Ele afirmou. — Grande parte das pessoas já o conhecia antes de entrar para a Seleção, mas agora Alexander Leger é um nome muito famoso entre a população. Cá entre nós, principalmente a população feminina mais jovem. Acha que a princesa vai ficar satisfeita com isso?

Sorri ainda mais ao pensar em Eady revirando os olhos com aquela pergunta — o que ela provavelmente estava fazendo naquele exato momento.

— Bem, eu espero que não — respondi, tentando lembrar a mim mesmo que, para qualquer um além de mim e Eadlyn, eu deveria estar naquele palácio para tentar me casar com ela. — Na verdade, seria mesmo ótimo se ela ficasse brava com isso.

Fingir que eu pretendia ficar com Eady daquele jeito seria mais difícil do que eu esperava. Mas saber que ela ficaria constrangida com aquilo me fazia sentir melhor. Já que Eadlyn parecia muito disposta a me deixar irritado ultimamente, eu não poderia perder uma chance tão grande de retribuir na mesma moeda.

— Então, Alec, mudando de assunto — Gavril falou, inclinando-se um pouco para frente. — Todos nós sabemos que você conhece a família real há muito tempo. — Ele fez uma pausa, esperando minha confirmação. Eu assenti, concordando. — Acha que essa é uma desvantagem injusta?

Ah, ótimo. Aquela pergunta era a última coisa que eu precisava. Olhei rapidamente para Eadlyn, mas ela parecia tão ansiosa quanto eu para saber qual seria a minha resposta. Mas eu não fazia ideia do que dizer. Depois de hesitar por alguns segundos, eu optei por ser honesto.

— Sinceramente, Gavril, eu não acho — falei, balançando a cabeça. Captei alguns suspiros irritados dos outros Selecionados, mas ignorei. Eu sabia que a maioria deles não gostava nadinha de mim. — Veja bem, Eadlyn Schreave não é a minha maior fã. Quero dizer, ela me odeia, essa é a verdade. Então acho que nós estamos todos no mesmo barco.

Olhei rapidamente para Eady. Ela parecia satisfeita. Até mesmo fez um sinal de "OK" disfarçadamente para mim.

— Está aí uma coisa que nós não sabíamos — Gavril falou. — Mas isso quer dizer que você realmente deseja chegar até o fim da Seleção, certo?

Errado, pensei.

— Certo — eu respondi em vez disso, senti meu rosto corar. Não poderia gritar para todo o país meus reais objetivos. Ninguém além de Eady e eu poderia saber. — Que tipo de maluco não iria querer estar ao lado da princesa Eadlyn pelo resto da vida?

Eu era exatamente aquele tipo de maluco.

— Muito bom ouvir isso, Alec — Gavril falou. — Espero não estar sendo intrometido, mas acho que todos nós queremos saber... Sabendo que você conviveu sua vida inteira com a princesa Eadlyn, quando foi que percebeu que desejava governar o país ao lado dela?

Aquilo estava começando a ficar constrangedor até mesmo para mim, mas não era como se eu pudesse me levantar e sair correndo dali — o que era o que eu queria fazer —, então me obriguei a formular uma resposta.

— Eu não sei com certeza — falei, hesitante. Não ousei olhar para Eadlyn. — Mas acho que quando eu tinha doze anos, talvez.

Não era exatamente mentira, embora não fosse a verdade inteira.

— Bem, faz bastante tempo, então — Gavril sorriu, e eu assenti, concordando. Estava começando a ficar desconfortável com aquilo tudo. — Me diga, então, Alec. O que você acha da princesa Eadlyn?

Lá estava, a pergunta da noite. Mas como diabos eu responderia àquilo? Se eu dissesse a verdade — toda a verdade —, certamente acabaria revelando que não tinha intenção alguma de ser o próximo rei de Illéa. Porém, se eu mentisse, correria o risco de estragar tudo.

Vamos lá, pensei. Lembre de algo bom sobre a Eadlyn. Não deve ser assim tão difícil.

Percebendo que estava hesitando demais, eu falei a primeira coisa que me veio à cabeça:

— Eu conheço a Eady muito bem — comecei, sequer percebendo que a chamara sem colocar a palavra "princesa" na frente e, pior ainda, pelo apelido. — E não quero dizer a princesa Eadlyn, mas sim a pessoa que ela é de verdade, entende? E ela é uma pessoa incrível, pode acreditar. Ela não é o tipo de princesa arrogante, cheia de si, nada disso. Eady é apenas... Bem, ela mesma. Qualquer um acharia que uma rainha precisa ser treinada desde o nascimento, esse tipo de coisa. Mas não ela. Eadlyn Schreave nasceu para ser a próxima a governar Illéa, e seria realmente uma honra fazer isso ao lado dela.

Gavril sorria enquanto ouvia, balançando a cabeça de vez em quando. Quando eu finalmente terminei, ele disse:

— Esse é um ponto de vista e tanto. Foi muito bom conversar com você, Alec.

Ele apertou minha mão mais uma vez e eu sorri. Não havia sido assim tão mal, no final das contas. Eu quase não havia mentido. Enquanto me encaminhava de volta para o meu lugar, olhei para Eadlyn, tentando ver se ela havia aprovado. Mas ela não estava olhando para mim. Eady estava olhando para frente, com o pescoço esticado, os olhos fixados em qualquer ponto que não fosse eu. Mas, mesmo assim, consegui perceber os detalhes em sua expressão: os lábios apertados, olhos apertados e sobrancelhas franzidas. Eady estava chateada.

Estava na cara que eu havia dito algo de errado, algo que a magoara, embora eu não soubesse o quê. Porém, isso não me surpreendeu — como eu disse, eu tinha um dom incrível para estragar tudo. O que me deixou surpreso de verdade foi perceber o quanto eu me sentia culpado. Eu sabia que não decepcionara o resto do país. Mas eu havia decepcionado Eady de algum modo. E, por algum motivo, isso era ainda pior.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Preciso admitir, pessoal. Eu tenho uma queda pelo Alec. Só que meu abismo pelo Ahren é ainda maior :3

Só pra avisar, galerinha, eu vou ficar sem internet amanhã lá pelas três horas da tarde (eu já estou sem internet, na verdade, mas estou postando do computador de um amigo), e não sei por quanto tempo. Pode ser uma hora ou um mês. Mas eu vou fazer tudo o possível para conseguir postar os capítulos até que a internet volte, nem que seja ficar me virando no teclado estúpido do celular. Então, se eu ficar um tempinho longe, não se preocupem, porque eu não abandonarei a fic, ok?

Mandem reviews, por favorzinho. Beijos!