A Sky Full of Stars escrita por Isa


Capítulo 9
Between the lines of fear and blame


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!! Quanto tempo, não? Mil desculpas pela demora (alguns meses), mas faculdade não fácil :/ Não sei se alguém ainda acompanha, mas enfim voltei :)



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Os olhos de Hermione já diziam tudo, seus pais não precisaram perguntar nada, apenas consolaram a filha que desabou nos braços de sua mãe assim que chegou em casa. Pelo resto de sua vida, Hermione iria carregar o peso de ter contrariado o pedido de Ron.

–Tudo bem, querida. –Rachel tentava amparar a filha. –Foi melhor assim.

–Como, mãe? –Hermione esbravejou, precisava liberar tudo o que estava sentido. –Ron tinha toda a vida pela frente, sua carreira no exército, seus sonhos e eu fui a responsável por tirar tudo isso dele!

–Não, filha. –Robert enxugou as lágrimas que escorriam pelo rosto de sua filha. –Você fez a escolha certa. Você deu a possibilidade de Ron viver sua vida, seguir sua carreira no exército, realizar seus sonhos e, principalmente, a chance de ver seus filhos crescerem e passar a vida ao seu lado.

–Eu preciso ver as crianças, tomar banho e voltar para o hospital. –Hermione encontrou um pouco de conforto nas palavras ditas pelo pai. –Obrigada.

Rose e Hugo ainda dormiam tranquilamente enquanto o dia amanhecia. Hermione ficou assistindo seus filhos e pensando em como daria a notícia, Hugo ainda era muito pequeno não iria entender muita coisa. Rose era esperta e já sabia o que estava acontecendo, deveria dizer a verdade para a filha.

–Mãe? –Rose perguntou ainda meio sonolenta. –Eu vou ver o papai hoje?

–Eu não sei, querida. –ela depositou um beijo na cabeça ruiva de Rose. –Ainda é cedo, volte a dormir.

Toda a família estava sabendo do acontecimento e todos se prontificaram a ajudar no que fosse preciso, Hermione agradeceu, mas nesse momento ela preferia fazer o que precisava ser feito sozinha. Conhecendo Ron como ela conhecia, uma multidão ao seu redor só iria piorar a situação.

–Ele está acordado? –perguntou ela ao médico ao encontra-lo saindo do quarto do marido.

–Ainda não, deve acordar na próxima hora. –o médico respondeu. –Seu marido está bem, o pior já passou.

–Espero que sim, obrigada. –ela agradeceu sabendo que talvez o pior ainda estava por vir e entrou no quarto.

Durante as horas que seguiram, Hermione sentou-se na poltrona ao lado da cama de Ron e repassava mentalmente as palavras que pretendia dizer ao marido e demonstrar seu apoio.

–Hermione? –Ron despertava lentamente. –O que aconteceu?

–Está tudo bem, Ron. –ela respondeu com lágrimas nos olhos por vê-lo acordado.

–Harry estava aqui e nós estávamos conversando, então tudo ficou escuro... –ele tentava recordar. –Foi minha...

–Foi sua perna. –completou Hermione. –Eu sinto muito.

–Não! –Ron olhou para o seu corpo e viu sua perna direita, porém sua perna esquerda agora terminava onde costumava ficar seu joelho. –Você prometeu!

–Eu sei, mas você iria morrer se não amputassem sua perna. –ela tentava explicar, mas Ron estava transtornado e sua raiva não o deixava entender.

–Eu preferia morrer a viver desde jeito, você sabia disso, Hermione! –ele esbravejou. –É melhor você ir embora!

–Ron, eu vou ficar com você! –Hermione tentou segurar a mão dele, mas ele rapidamente afastou-se. –Por favor, Ron. Eu apenas fiz o que era melhor para você e nossa família. Ou você gostaria que seus filhos crescessem sem pai ou me deixar viúva?

O silêncio se estabeleceu no quarto, sendo apenas possível escutar o barulho dos aparelhos que monitoravam seus sinais vitais.

–Acho melhor avisar o médico que você acordou, talvez ele queria te examinar. –Hermione quebrou o silêncio, limpou os vestígios de suas lágrimas e saiu do quarto.

O médico fez algumas perguntas sobre como Ron estava se sentindo, alguma dor ou incomodo. Ron respondeu com poucas palavras que estava bem. Hermione ficou ao lado da cama escutando o médico explicar sobre os próximos estágios de recuperação e os cuidados que deveria ter.

–Obrigada, doutor. –ela agradeceu antes dele se retirar. –Eu preciso ir para casa, ver como as crianças estão e pegar minhas coisas para passar a noite aqui...

–Eu quero ficar sozinho. –ele a interrompeu olhando fixamente para o espaço vazio que costumava ficar a sua perna esquerda. –Não precisa voltar.

–Ronald...

–Avise aos outros também, não quero ninguém aqui me olhando com pena. –Ron finalmente olhou para a esposa e completou. –Eu nunca vou te perdoar por ter acabado com a minha vida, Hermione.

Hermione nunca vira Ron a olhar daquele jeito, seu olhar estava carregado de dor e ódio. “Eu nunca irei te perdoar por ter acabado com a minha vida, Hermione.”, essas palavras se repetiam várias e várias vezes pela sua mente, e a cada vez era como se seu coração se despedaçasse novamente.

Ver sua esposa sair do quarto chorando, magoada e principalmente ferida por suas palavras, fez com que Ron sentisse ainda mais raiva de si. Raiva por ter sofrido o acidente, por estar naquela cama de hospital incapacitado de correr atrás de Hermione e se desculpar.

Os dias foram passando e Ron recebia a visita de seus familiares, porém Hermione depois das palavras ditas não voltou mais. Seus pais e irmãos se revessavam para fazer companhia, mesmo Ron dizendo que não queria ninguém e pedindo para ficar sozinho.

–Oi. –Harry entrou no quarto e foi recebido pela esposa com um caloroso beijo e pelo mau humor do melhor amigo. –Como estão?

–Bem e as crianças? –Ginny nem esperou o irmão responder, pois sabia que ele não iria dizer nada.

–Pedi a Hermione que os buscasse e disse que você os pegava na casa dela depois. –contou Harry olhando para Ron e esperando a sua reação ao escutar o nome dela, mas Ron continuou a ignora-los assistindo televisão.

–Eu vou indo. Até mais, Ron. –ela pegou seu casaco, se despediu do irmão e do marido e foi embora.

Harry deu uma olhada no quarto, estava como da última vez que esteve ali. As cortinas fechadas, o vaso de flor trazido por Molly toda a vez que visitava o filho, os desenhos feito por Rose colados pelas paredes e Ron na cama com raiva de tudo e de todos.

–Como você está? –perguntou Harry tentando iniciar uma conversa, porém sem sucesso, Ron continuou a agir como se estivesse sozinho. –Ótimo, iremos passar a noite toda assim!

–Eu agradeceria. –agradeceu Ron sorrindo sarcasticamente.

–Rose e Hugo já vieram aqui? –ele não iria desistir facilmente.

–Não. –respondeu Ron tentando controlar sua raiva, só queria ficar sozinho e lamentar.

–Por quê? –insistiu o amigo.

Ron respirou fundo e desligou a televisão, seu resquício de paciência foi embora. Harry o provocou, agora teria que escuta-lo.

–Porque eu não quero! –ele esbravejou. –É tão difícil de entender que eu não quero que meus filhos me vejam nessa cama com meia perna?

–Mas é a verdade, Ron. Uma hora você vai ter que aceitar.

–Para vocês ficarem me olhando com essa cara de pena pelo resto da vida?

–Nós estamos preocupados com você, Ron. –Harry tentou explicar. -Só queremos te ajudar.

–Eu não quero ajuda! Porque vocês não sabem o que é de um dia para outro não poder mais andar, fazer qualquer coisa sem a ajuda de alguém! E é por isso que não quero meus filhos me vendo nessa situação, não poderei mais levar Rose para andar de bicicleta ou ensinar Hugo a jogar futebol!

–O médico falou sobre o uso de prótese, Ron. Em pouco tempo você voltara a andar e...

–Vai embora, Harry! –Ron pediu cansado da conversa. –Será que você poderia respeitar meu pedido ou preciso chamar alguém para te tirar daqui?

–Eu vou sair, mas isso não significa que eu desisti de você. –Harry pegou sua mochila e saiu do quarto.

Pela primeira vez, Harry sentiu pena de Ron. Antes sentia raiva e tristeza por tudo isso estar acontecendo com seu melhor amigo. Eles se conheciam desde os onze anos e tirando os períodos que Ron passou fora com o exército, Ron e Harry eram inseparáveis. Sempre um cuidando e apoiando o outro, não seria no momento que Ron mais precisava dele que Harry iria deixa-lo.

Além de ter magoado e afastado Hermione, Ron acabara de fazer o mesmo com seu melhor amigo.

–Posso entrar? –Harry chegou logo cedo na casa de Hermione. –Bom dia!

–Bom dia. –Hermione cumprimentou o amigo ainda de pijama, acordara há pouco tempo. –Aconteceu alguma coisa? Ginny disse que você passaria a noite com Ron.

–Seu marido está bem, apenas seu mau humor me expulsou. –explicou ele com tom de brincadeira. –Não se preocupe, eu não o deixei sozinho, dormi do lado de fora do quarto.

–Obrigada. –agradeceu ela o servindo com uma xicara de café. –Então o que devo a sua visita tão cedo?

–Eu sei que você e Ron brigaram, mas...

–Eu não briguei com ele, Harry. –Hermione o corrigiu ainda magoada. –Ron me disse coisas horríveis, eu não sei se poderei perdoa-lo algum dia ou vê-lo novamente sem lembrar das palavras ditas por ele. Aquele não era o Ron que eu me apaixonei, me casei e pai dos meus filhos.

–Saiba que estamos empatados, eu não fui expulso por simplesmente reclamar do programa televisão que ele assistia. –Harry tomou o café antes de continuar, era um grande pedido que estava prestes a fazer, precisava pensar. –Quero levar você e as crianças para vê-lo.

–O que? –Hermione chegou a se engasgar com o café pelo pedido repentino. –Você está falando sério?

–Sim, acho que é isso que fará bem a ele e a as crianças também.

–E se ele tiver um ataque de fúria e falar coisas horríveis a Rose? –ela não estava certa sobre a proposta do amigo. –Ela é só uma criança e não irá compreender como nós.

–Se alguma coisa der errado, você pode brigar comigo e nunca mais querer me ver. Mas, por favor, confie em mim.

–Tudo bem, nós vamos. –Hermione cedeu ao pedido.

–Muito obrigado! –Harry a abraçou.

O hospital ainda estava tranquilo, alguns médicos terminavam seus plantões e outros chegavam para um novo dia de trabalho, a maioria dos pacientes ainda dormiam ou despertavam na espera de um novo dia.

–Bom dia, Ron. –Harry entrou no quarto e cumprimentou o amigo como se nada tivesse acontecido noite passada. –Dormiu bem?

–Achei que tivesse tido para ir embora. –Ron estranhou vê-lo novamente. –O que está fazendo?

–Abrindo essas cortinas, deixando o sol entrar nesse lugar! –sem se importar se Ron iria gostar ou não, Harry abriu o máximo que pode as cortinas e a janela. –Pronto para tomar banho e fazer essa barba?

–Não! –respondeu tarde demais, pois Harry puxou sua coberta e o tirava da cama. –Por que isso?

–Você precisa estar com uma aparecia melhor para receber sua visita. –Harry fez com que Ron se apoiasse nele para andar até o banheiro. –Quer que eu entre ou você consegue fazer sozinho?

–Posso me virar. –resmungou Ron ao pegar a toalha e uma mochila que seu amigo lhe entregou.

Trinta minutos depois saiu do banheiro um Ron com a barba feita, devidamente de banho tomado e com outra roupa que não fosse o pijama que usara nos últimos dias. Essa era a aparência que Harry se lembrava do seu melhor amigo.

–Posso pedir as suas visitas para entrar? –perguntou Harry contendo o sorriso.

–Tenho outra escolha? –rebateu Ron com a ajuda do amigo a voltar para a cama, no fundo ele estava curioso pela visita e sentindo-se melhor após o banho.

–Tudo bem. –Harry o ajudou sentar na cama e foi até a porta. –Podem entrar.

No momento seguinte entraram no quarto, Hermione com Hugo no colo e Rose segurando a sua mão. Ron não conseguia acreditar que eles estavam bem na sua frente. Harry os deixou a sós, daria privacidade para conversar.

–Como você está? –perguntou Hermione quebrando o silêncio.

–Bem. –respondeu Ron calmamente. –E vocês?

–Tudo bem. –ela sentou-se na poltrona com Hugo e encorajou Rose a falar com o pai. –Rose queria te mostrar algo.

–O que é, Rosie? –a filha lhe entregou uma fotografia. –Quem é?

–Meu cachorro. –respondeu a menina insegura. –O nome dele é Mike.

–Por que não vem até aqui e me contar sobre o Mike?

Rose olhou para a mãe como se pedisse permissão e Hermione sorriu a ajudando a subir na cama. Depois fez o mesmo com Hugo e o colocou no colo de Ron. Rose começou falar sem parar sobre o cachorro e seu aniversário que se aproximava, Ron escutava cada palavra com atenção.

–Desculpe interromper essa pequena reunião. –disse o médico ao entrar no quarto. –Vim apenas dar uma boa notícia, amanhã você poderá ir para casa, senhor Weasley.

–Tem certeza, doutor? –perguntou Ron inseguro, não estava pronto para voltar à vida.

–O senhor está bem e pode continuar a recuperação em casa, perto da sua família.

Durante a visita, Ron e Hermione não conversaram mais, apenas interagiram com os filhos. Ron conseguia ver o quanto Hermione ainda estava magoada pelas palavras ditas no último encontro deles. Talvez Ron voltando para casa conseguisse reparar seu erro, mas sabia que não seria fácil, primeiro precisava aceitar sua nova condição e isso não era algo simples de se fazer. Ainda sentia raiva e queria culpar alguém pelo acontecido, a pessoa que ele culpava ainda era Hermione.


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Notas finais do capítulo

Aqui esta, se alguma alma viva ainda estiver acompanhando deixe um comentário, por favor haha Vou tentar o máximo não atrasar mais, beijos gente :)