A Sky Full of Stars escrita por Isa


Capítulo 8
Trouble that can't be named


Notas iniciais do capítulo

Capítulo especial, meu presente de aniversário para vocês!!! Enjoy :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/568881/chapter/8

As paredes brancas e sem vida do quarto do hospital foram estampadas com vários desenhos de Rose e de todas as crianças da família que desejavam a melhora do tio Ron. A família Weasley fazia o possível para sempre ter alguém com Ron no hospital, um rodizio seguido pelos irmãos, cunhadas e pais, além de Hermione que estava praticamente morando no hospital.

–Há quanto tempo está aqui? –perguntou Molly ao entrar no quarto e encontrar Hermione.

–Ela dormiu aqui. –respondeu Ron acostumado com a teimosia da esposa.

–Minha mãe irá buscar Rose na escola e deixa-la aqui, depois iremos para casa. –Hermione explicou antes que Molly começasse um sermão.

–Vá para casa, descanse e cuide das crianças. Eu irei ficar aqui e cuidar da minha criança.

–Eu não sou mais criança, mãe. –Ron falou cansado dos cuidados excessivos que vinha recebendo.

–Para a mãe, seu filho irá ser sempre uma criança que precisa de cuidados. –Molly passou a mão nos cabelos ruivos do filho e sentiu a pele quente, sinal de que a febre ainda estava presente. –A febre não aumentou?

–Não. –Ron rapidamente respondeu antes que sua mãe ficasse preocupada, porém era tarde demais.

–Mas também não diminuiu ou foi embora. –completou Hermione.

A febre era sinal de que a perna de Ron continuava infeccionada e os remédios não estavam fazendo efeito.

Três dias após a chegada ao hospital, Ron acordou e evoluía na sua recuperação. Já respirava sem a ajuda de aparelhos e conseguia se alimentar normalmente. Nenhuma sequela foi diagnosticada por consequência do trauma na cabeça, fato muito comemorado devido à gravidade do ferimento e o local precário onde os primeiros atendimentos foram feitos.

–Nós precisamos conversar sobre a opção dada pelo médico, Ron. –Molly tocou novamente no assunto.

–Não há nada para conversar, mãe. –respondeu Ron firme, cansado desse assunto. –Eu já disse que não quero que amputem minha perna!

–Mas talvez seja necessário. –sua mãe não conseguia entender a relutância dele. –Você pode viver sem uma perna, será difícil, mas você irá se acostumar...

–Eu prefiro morrer a viver sem uma perna! –Ron esbravejou irritado por todos se intrometerem na sua vida. –Está decidido, Hermione me prometeu que a minha vontade será seguida.

Molly não conseguia acreditar nas palavras do seu filho, era uma situação complicada e ao ver Hermione no canto do quarto com lágrimas nos olhos pela discussão, percebeu que ela também não concordava com a decisão, mas não podia fazer nada para muda-la.

–Papai! –Rose apareceu de repente abrindo a porta do quarto e correu até a cama. –Senti sua falta.

–Eu também senti sua falta, Rosie! –Ron abraçou a filha. –Como foi a escola?

–Super divertido. –respondeu ela pegando um papel de dentro da pequena mochila que carregava nas costas. –Fiz outro desenho hoje para você, olha! –ela entregou para ele e explicou. –Somos nós quatro e um cachorro que eu quero ganhar de aniversário, brincando no parque.

–Cachorro? –perguntou Molly confusa.

–É vovó, eu quero um cachorro de presente de aniversário. –a menina olhou para a mãe que não parecia muito certa sobre o pedido. –Mamãe disse que irá pensar.

–Boa tarde. –Rachel chegou trazendo Hugo em seu colo. –A senhorita apressadinha não poderia ter me esperado?

–Desculpa, vovó. –Rose sabia que não podia ficar correndo pelo hospital. –Eu só quis chegar antes para ver meu papai.

Era o melhor momento para Ron quando sua família estava junto dele, adorava escutar Rose contar sobre a escola e seus desenhos, Hugo estava aprendendo a falar e a cada dia falava uma palavra nova, porém a sua preferida era papa e não se cansava de repetir.

Se dividir entre os cuidados dos filhos e as visitas a Ron deixavam Hermione sem energia para mais nada. Não tinha mais tempo para arrumar sua casa ou ler um livro antes de dormir.

–Mãe? –Rose a chamou antes de dormir. –É verdade que o papai vai ficar sem uma perna?

A pergunta pegou Hermione de surpresa, já esperava afinal o assunto era tratado constantemente e a menina poderia ter escutado, porém não tinha certeza sobre o que responder. Dizer que sim e deixar a filha com medo e preocupada? Ou dizer que não e mentir sobre a situação?

–Eu não sei, Rose. –ela optou por dizer a verdade. –Você já é grande e bem esperta, então não terá problema eu te contar a verdade.

–Vou fazer seis anos mês que vem. –a garotinha disse orgulhosa segurando a mão de sua mãe. –Pode me contar, afinal você diz que é feio mentir e devemos sempre dizer a verdade.

–Certo, espertinha. –Hermione segurou firme a mão de sua filha, às vezes se espantava com a inteligência dela para tão pouca idade. –A perna do papai está bem machucada e talvez o médico tenha que tira-la para o papai ficar bem.

–O papai pode viver assim? –perguntou Rose preocupada. –Não quero que o papai morra.

–Não se preocupe, Rose. –Hermione a abraçou para conforta-la. –Papai está se recuperando e logo estará em casa, tudo bem?

–Quando o papai voltar eu irei ajudar em tudo que ele precisar.

–Sei que vai, você é a melhor filha do mundo! –ela arrumou a filha para dormir. –Boa noite, Rose.

–E você é a melhor mãe do mundo! –a menina falou sonolenta. –Boa noite, mamãe.

Não era como se Harry se negasse a visitar Ron, mas vê-lo naquela cama de hospital debilitado, apenas não era o melhor lugar para visitar o melhor amigo.

–Posso entrar? –ele abriu a porta do quarto no momento em que a enfermeira trocava o curativo da perna de Ron. –Eu volto mais tarde.

Harry fechou rapidamente a porta, estava evitando o máximo encarar o ferimento de Ron, pois parte dele gostaria de acreditar que tudo era mentira e seu melhor amigo não corria o risco de amputar a perna. Ele ficou no corredor até a enfermeira sair e dizer que poderia entrar.

–Não me diga que tem medo de sangue? –perguntou Ron zombando do amigo.

–Eu não tenho, só achei melhor esperar lá fora. –respondeu Harry tentando soar naturalmente. –Como você está?

–Ótimo! Tão bem que poderia estar em casa!

–Tão bem que não consegue sair da cama sem ajuda! –rebateu ironicamente Harry.

O silencio pairou pelo quarto. Harry respirou fundo, não era o momento certo para sua franqueza, Ron precisava do seu apoio, mesmo nesse momento sendo um grande cabeça dura.

–Desculpe. –Harry respirou fundo. –Se você não bancasse o herói e fosse tão teimoso...

–O que? –Ron não esperou pelo final da frase. –Se eu não bancasse o herói aquelas crianças e professoras não estariam vivas. E se eu não fosse tão teimoso, eu deixaria que cortassem minha perna, simples assim!

–Não foi isso que eu quis dizer. –o amigo se desculpou por falar o que não deveria. –Eu não esperaria outra atitude sua, Ron. É só que... Por que você está nessa cama? Por que não eu?

–Porque eu escolhi fazer algo emocionante com a minha vida, já você escolheu algo entediante. –respondeu Ron com um sorriso. –Eu posso ficar 48 horas preso de baixo de um prédio em ruínas, você fica 48 horas analisando relatórios.

–Tudo bem, eu merecia isso. –Harry sentou-se na poltrona ao lado da cama, não conseguia ficar bravo ou sem rir perto de Ron. –Serei sua babá hoje, por tanto se comporte.

Os melhores amigos assistiram ao jogo de futebol que passava na televisão, comeram os doces que Harry trouxera escondido em sua mochila, Harry contou ao amigo sobre os fatos que aconteciam na rotina exaustiva e gratificante dele e de Ginny ao cuidar dos três filhos e se divertiram como sempre acontecia quando se encontravam desde que tinham onze anos.

Por algumas horas, eles esqueceram que estavam em um hospital, até Ron começar a passar muito mal. Os médicos chegaram rapidamente e mandaram Harry sair do quarto. Harry nunca havia sentido tanto medo de perder alguém como sentia agora sentado no chão do corredor.

–Senhor Potter? –o médico o chamou saindo do quarto. –Podemos conversar?

–Como ele está? –perguntou ele desesperado.

–Sinto muito, mas a situação do senhor Weasley não é nada boa. –informou o médico. –A infecção da perna está começando a comprometer alguns órgãos vitais.

–E para salva-lo a única saída seria a amputação? –questionou o amigo com medo da resposta.

–Sim, senhor.

–Eu preciso ligar para a esposa dele antes, tudo bem?

–Tudo bem, apenas não demore muito. –respondeu o doutor.

O telefone tocar às quatro horas da manhã não poderia ser algo bom, Hermione imediatamente pensou em Ron. E ela estava certa. Harry estava do outro lado da linha tentando manter a calma, porém sem sucesso. Hermione rapidamente entendeu do que se tratava, toda vez que seu telefone tocava, seu coração disparava ao pensar.

Não tinham outra saída, a decisão foi tomada pelo telefone. Hermione ligou para os pais pedindo que viessem rapidamente para sua casa ficas com os filhos, pois ela precisava ir ao hospital.

–Já aconteceu? –Hermione entrou correndo na sala de espera.

–Acabaram de leva-lo para a sala. –respondeu Harry impaciente. –Aconteceu tudo tão rápido.

–Eu sei. –ela o abraçou.

–É minha culpa. –disse Harry soltando o choro no ombro dela. –Eu trouxe doces escondido, não deveria ter feito isso!

–Não foi sua culpa, Harry. –Hermione o abraçou ainda mais forte, tentando esconder o seu choro. –Eu também trazia doces escondido.

A cirurgia levou algumas horas, já era de manhã quando o médico veio trazer notícias.

–Ocorreu tudo bem. –informou ele. –O senhor Weasley irá dormir pelas próximas horas para que seu corpo se recupere.

–Nós poderemos vê-lo? –perguntou Hermione.

–Agora não, visitas somente mais tarde.

–Como Ron irá ficar depois? –Harry estava preocupado com o futuro do amigo.

–A recuperação é lenta, mas o senhor Weasley é forte. Acredito que em algumas semanas ele estará em casa e então, se ele quiser, podemos discutir sobre o uso de prótese e a sua reabilitação.

Agora não havia como voltar atrás, estava feito. Hermione tomou a decisão que precisava ser tomada, mesmo contrariando o marido. Ron conseguiria viver sem a perna, porém ela, as crianças e sua família não conseguiriam viver sem Ron.

–Doutor? –ela o chamou quando ele se retirava. –Gostaria que fosse eu a pessoa a dar notícia a ele.

–Tudo bem, senhora Weasley. –o médico entendeu o pedido. –Logo o senhor Weasley será levado para o quarto e então peço para a enfermeira lhe acompanhar.

–Obrigada. –agradeceu ela.

–Eu irei com você. –Harry colocou a mão sob o ombro dela.

–Gostaria de contar a sós, Harry. Obrigada. –Hermione segurou a mão dele. –Você poderia me ajudar ligando para os familiares e sabe... Contando o que aconteceu.

–Claro, Hermione. –o amigo compreendeu, no lugar dela gostaria de fazer o mesmo. –Quer que eu te leve para casa?

–Não precisa, eu vim de carro. –ela abraçou o melhor amigo. –Obrigada, Harry.

–Sempre que precisar, Hermione. –Harry retribuiu o abraço e depositou um beijo na bochecha dela molhada pelas lágrimas. –Vocês são meus melhores amigos, faço qualquer coisa por vocês.

Hermione foi dirigindo pelo caminho que levava para a sua casa, precisava de um tempo sozinha para assimilar tudo que acabara de acontecer nas últimas horas. Tudo que acreditava e sabia havia mudado para sempre. Uma nova etapa em suas vidas estava começando e mais do que nunca, Ron iria precisar muito dela e ela estaria lá. O que quer que fosse seria sempre mais fácil enfrentar se tivesse Ron ao seu lado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso, triste, mas espero que tenham gostado. Assim começa uma nova parte na história! Até o próximo capítulo! Ah, e muito obrigada pelos comentários, beijos queridos leitores!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Sky Full of Stars" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.