A Sky Full of Stars escrita por Isa


Capítulo 6
Don't ever forget you're never alone


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa, desculpa e desculpa pela demora. Mas férias, preguiça, sabe como é né? Prometo tentar não demorar muito para postar o próximo!



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Quarenta e oito horas. Esse era o tempo que Ron estava desaparecido. A cada minuto as chances diminuíam, entretanto seus soldados faziam de tudo para encontra-lo vivo.

–Lewis! –o soldado chamava o companheiro. –Você precisa descansar e cuidar desses ferimentos.

–Não, o Tenente Weasley precisa de nós! –ele respondeu em cima do monte de pedra e concreto que costumava ser a escola.

O soldado mostrou o que estava acontecendo. Do abrigo saiam às crianças e professoras sem acreditar que sobreviveram ao terrível ataque e estavam voltado para suas casas salvas. Uma grande operação estava acontecendo na busca de Ron, seus companheiros não paravam um minuto, ninguém iria desistir até encontra-lo.

Lewis não conseguia mover o braço esquerdo, deveria ter quebrado com o impacto do segundo míssil quando ele e os outros foram jogados a metros de distância. Mesmo assim a dor não era maior do que pensar em repassar à família Weasley às últimas palavras do seu superior.

Há quilômetros dali, Hermione tentava dormir. No dia em que o ataque aconteceu, Hermione teve um pesadelo horrível onde recebia a notícia de que Ron não sobrevivera. Desde então, ela só conseguia tirar curtos cochilos e acordava chorando e assustada.

–Mãe? –Rose empurrou a porta entreaberta do quarto de sua mãe.

–Oi, querida. –Hermione limpou as lágrimas, não queria que a filha lhe visse chorando. –Aconteceu alguma coisa?

–Não consigo dormir. –a menina falou manhosa. –Posso deitar com você?

–Claro. –ela aconchegou a filha em seus braços, talvez assim conseguisse dormir também. –Se assustou com a chuva?

–Não, eu sonhei com o papai. –respondeu a garotinha sorrindo. –Ele estava em um lugar estranho com as paredes destruídas, mas ele sorria. Antes de eu acordar, papai me disse que estava tudo bem e quando voltasse iria ver todos os desenhos que eu fiz para ele.

Hermione ficou sem palavras, se não tivesse Rose e Hugo provavelmente não teria aguentado todos esses anos longe de Ron. Seus filhos eram um pedacinho do marido que a lembravam todos os dias o quanto o amava.

–Um lindo sonho, Rose. –a mãe beijou o cabelo ruivo dela, segurando as lágrimas. –Eu também sonhei com o papai.

–Foi um sonho bom? –perguntou a filha curiosa e Hermione concordou. –Era por isso que estava chorando?

–Não era um sonho porque nem sempre os sonhos acontecem, foi uma lembrança.

–Lembrança? –o sono ficou de lado, agora para Rose a história de sua mãe era mais interessante.

–Sim, a lembrança do dia em que você nasceu. –ela não estava mentindo, pois ao ouvir Rose contar seu sonho, Hermione recordou-se de Ron dizendo as mesmas palavras durante o nascimento da filha.

–Mamãe, conta essa lembrança. –Rose usou seu olhar pidão, os mesmos de Ron quando queria algo. –Por favor.

–Tudo bem. –Hermione não resistia a esse olhar. –Mas depois você irá dormir, combinado?

–Combinado.

Rose se aconchegou ao lado da mãe, pronta para ouvir sobre o dia do seu nascimento. Passando os dedos pelos cabelos ruivos da filha, Hermione deixou as lembranças invadirem seus pensamentos.

Primavera. Hermione adorava essa estação, o frio ia embora e as flores começavam a desabrochar. Sua pequena Rose também estava prestes a nascer, há qualquer momento poderia finalmente conhecer sua filha.

–Ron! –Hermione chamou o marido.

Ron preparava o jantar na cozinha e largou tudo para atender a esposa que relaxava no sofá da sala. Estavam vivendo sob alerta total, sempre que escutava seu nome, Ron ficava tenso acreditando estar na hora de sair em disparada para o hospital.

–Está na hora? –ele chegou apressado à sala e encontrou sua esposa rindo. –Hermione?

–Não, está tudo bem. –respondeu ela ainda rindo, estava sem folego de tanto rir. –Olha isso, não é engraçado?

A gravidez trouxe a Hermione um novo tipo de temperamento, ela conseguia rir por horas de uma piada sem graça ou chorar por horas ao assistir no jornal da noite a reportagem sobre o encontro do cãozinho perdido com seu dono.

Já acostumado aos altos e baixos desse temperamento, Ron virou-se para a televisão e assistiu, enquanto Hermione ria sem parar. Eles passaram o dia cuidado do filho de Harry e Ginny, James tinha pouco mais de dois anos e adorava ficar na casa dos padrinhos.

–Toy Story? –Ron reconheceu o desenho, o preferido do afilhado.

–Não é engraçado? –Hermione limpava as lágrimas que se formaram de tanto rir. –O Buzz é a senhora Marocas!

–Sim, é engraçado. –ele não pode deixar de rir ao ver o quanto Hermione e James estavam se divertindo. –Estão com fome?

–Um pouco.

–Tudo bem, o jantar fica pronto em poucos minutos. –Ron deixou a sala e voltou para a cozinha para terminar o jantar.

Desde que voltara da última missão, há um ano, Ron começou a desenvolver sua habilidade culinária. Praticamente era ele o responsável pelas refeições na casa agora, gostava de fazer os pratos favoritos de Hermione para agrada-la.

–Esse macarrão está delicioso! –Hermione falou enquanto se servia de mais. –Eu te amo, Ron!

–Muito gostoso! –James elogiou com a boca suja de molho. –Também te amo, tio Ron!

–Obrigado. –Ron agradeceu limpando a boca do afilhado. –Não esperava que meu simples macarrão fizesse tanto sucesso.

A campainha tocou anunciando a chegada de Harry e Ginny que apenas pelo cheiro sentido antes de entrar, sabiam que não iam negar o convite de ficar para o jantar.

–Chegaram bem na hora ou esses dois iriam comer tudo. –Ron colocou mais dois lugares na mesa.

–Mentira. –Hermione cumprimentou os amigos. –Nós não comemos tudo, certo James?

–Sim, tia. –o garotinho concordou, deu um beijo sujo de macarrão nos pais e voltou a atenção para o seu prato.

–Então vamos comer! –Ginny colocou o garfo na boca e entendeu porque seu filho não queria parar de comer. –Está delicioso, Ron!

–Onde aprendeu a cozinhar tão bem? –Harry estava encantado com o sabor da comida.

Ron ficou lisonjeado com os elogios e feliz por poder proporcionar a família um agradável jantar. Prometeu a si mesmo entre o período de tempo que ficasse fora em alguma missão, faria mais refeições como essa para reunir sua família.

–James se comportou? –Harry perguntou vendo o filho brincar na sala dos amigos.

–Sim, ele é um bom menino. –Ron serviu-se de chá, sorrindo ao ver o afilhado se divertindo.

–Podem deixa-lo conosco sempre que precisar. –Hermione foi sentar-se no chão para brincar, mas uma forte dor nas costas a impediu. –Ai!

–Você está bem? –Ron ficou assustado e ajudou a esposa a se levantar. –Hermione, você está grávida de nove meses, não pode ficar fazendo esse tipo de coisa.

–Esse tipo de coisa? –às vezes ela se irritava com o cuidado excessivo do marido. –Eu...

Hermione não conseguiu completar, sua bolsa estourou e tudo que viu foi seu tapete coberto por um liquido e Ron completamente assustado. Harry e Ginny já passaram por isso antes e ajudaram os principiantes a combater o nervosismo.

Tudo aconteceu muito rápido, em um momento estavam no carro de Harry indo para o hospital e de repente Ron era chamado para acompanhar o nascimento de sua filha.

–Oi. –Hermione estava na cama ligada aos aparelhos, apreensiva e com medo, mas não deixou de sorrir ao ver seu marido entrando no quarto.

–Como você está? –Ron foi para o lado dela e beijou sua testa, também estava com medo. –Só me deixaram entrar agora, desculpe.

–Estou bem. –ela o tranquilizou fazendo uma pausa na fala devido a uma contração. –Eu estou bem, só com medo, dor e ansiosa para ter nossa filha nos braços.

–Eu também. –ele descobriu qual era a sua função nessa situação. Hermione estava com a parte mais difícil e dolorosa, tudo que Ron poderia fazer era deixa-la o mais calma possível e dizer palavras de incentivo. –Vai dar tudo certo, Hermione. Logo Rose estará conosco!

E foi isso que Ron fez durante as horas seguintes, buscou água gelada, arrumou o travesseiro de modo confortável, deu sua mão para que Hermione apertasse o quanto fosse necessário durante as contrações.

–Chegou a hora! –a médica anunciou. –Estão prontos?

–Sim. –os futuros pais responderam ansiosos.

–Ótimo! –a médica sorriu e começou a fazer seu trabalho para trazer o bebê ao mundo. –Preciso que faça força mais uma vez, Hermione. Mais uma vez e terá sua filha nos braços.

–Vamos, você consegue! –Ron a incentivou. –Mais uma vez e tudo ficará bem, Rose estará aqui!

Hermione estava exausta, não tinha mais forças. Porém o incentivo do marido a fez reunir o que restava de suas forças e atendeu ao pedido da médica. Um choro alto rompeu a tensão do quarto.

–Muito bem! –tirando a bebê, a médica entregou Rose aos braços de Hermione. –Parabéns, vocês são pais de uma linda menina.

Rose parou de chorar no momento que foi colocada no colo de Hermione. Ainda suja de sangue, Hermione concordou, sua filha era realmente muito linda.

–Olá, Rose. –Hermione estava tendo o primeiro contato mãe e filha, algo que nunca iria esquecer.

–Seja bem vinda, Rose. –Ron com receio de machuca-la, segurou a mão da sua filha pela primeira vez.

Preso nas ruinas do prédio, Ron não sabia há quanto tempo estava ali. Tentava se manter firme, porém a dor, fome e sede eram mais fortes. Tentou de várias maneiras encontrar um jeito de sair, mas tudo ao seu redor não passava de pedaços de concreto que um dia foram paredes e teto.

–Sinto muito, não há nada que eu possa fazer para nos tirar daqui. –falou Ron a garotinha sentada ao seu lado.

A menina apenas sorriu e segurou a mão dele.

–Você parece muito minha filha, aposto que adora desenhar, acertei? –ela balançou a cabeça afirmando. –É, Rose também. Quando eu chegar em casa, ela terá feito uma pilha de desenhos para mim. –ele pensou o quanto, principalmente, seus filhos e Hermione iriam sentir sua falta. –Talvez eu nunca veja esses desenhos.

Sentimentos de medo e frustação o invadiram e pela primeira vez desde que se encontrou nessa situação Ron chorou. Medo de como sua família viveria sem ele, como seus filhos iriam crescer sem o pai e Hermione vivendo sem o marido. Frustação de morrer de um modo tão bobo, preso em um prédio em ruinas, sem poder ver seus filhos crescer ou quebrar a promessa feita no seu casamento a Hermione, não iriam ter uma vida inteira juntos.

–Obrigado. –ele agradeceu a menina que limpava as suas lágrimas.

Um novo tremor foi sentido, mais partes da estrutura caíram em cima do Tenente. A menina correu para de baixo de uma mesa e Ron tentou se proteger como pode, até um pedaço grande de concreto atingir sua cabeça. O choque o deixou mais fraco e antes de perder a consciência, Ron escutou alguém lhe chamando.

–Tenente! –a voz o chamava, cada vez mais perto e mais alto. –Nós te achamos! Você está salvo!

–A menina. –Ron apontou para a mesa onde a garotinha estava escondida e sorria para ele. –Salvem ela também.

–Nós iremos. –o soldado Lewis o tranquilizou, mesmo não vendo nenhuma criança. –Fique conosco, Tenente! Não durma!

Outro dia amanheceu renovando as esperanças de receber alguma notícia do marido. Hermione seguia sua rotina, dar o café-da-manhã aos filhos, arrumar e levar Rose para a escola.

–Vovô! –Rose recebeu o avô com um forte abraço. –Estamos indo para a escola.

–Muito bem, estudando bastante. –Arthur ajudou a neta a calçar o tênis. –Posso falar rapidinho com a sua mãe?

–Tudo bem. –ela beijou o avô e foi chamar sua mãe.

Hermione pediu a Rose que ficasse no quarto de Hugo, cuidando do irmão enquanto conversava na sala com Arthur.

–Encontraram? –perguntou ela com medo da resposta. –Ron está vivo?

–Sim. –respondeu Arthur entre lágrimas e abraçou a nora. –Não tenho muitos detalhes, mas posso afirmar que Ron foi encontrado e está vivo!

–Meu papai ta vivo? –falou Rose segurando a mão de Hugo.

–Sim, querida. –Hermione não segurava as lágrimas, pegou seus filhos no colo, aliviada. –O papai está vivo!

Pela primeira vez Rose não se importou de deixar de ir para a escola, queria comemorar com sua mãe e irmão a notícia. Hermione estava aliviada, um peso enorme foi tirado dos seus ombros, não precisaria contar aos seus filhos que o pai nunca mais iria voltar para casa.

As informações mais detalhadas do estado de vida ou quando Ron voltaria para casa iriam chegar ao decorrer, mas por enquanto saber que ele estava vivo já era um grande alivio e motivo de comemorar. Logo Ron estaria em casa sã e salvo e tudo iria ficar bem.


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Notas finais do capítulo

É isso aí, Ron está vivo e foi encontrado! Espero que tenham gostado, não deixei de me dizer o que estão achando. Obrigada pelos comentários e boas vindas aos novos leitores! Beijos e até o próximo!