3 anos depois

Sentir aquela medalha de ouro ser colocada no seu pescoço, estar no lugar mais alto do pódio e escutar o hino do seu país. Esse momento, Ron iria guardar para sempre na memoria. No Mundial de Natação realizado em Madrid, Ron ajudara a equipe inglesa a se classificar para a Paraolimpíada que aconteceria ano que vem em Londres e se consagrou um dos melhores nadadores do mundo. Estava levando quatro medalhas de ouro para casa, assim como havia prometido.

–Mãe, o papai está chegando? –perguntou Hugo pela terceira vez só naquela manhã.

–Ele está a caminho, querido. –respondeu Hermione arrumando o filho para a escola. –De noite ele estará em casa.

–Mãe, tia Ginny quer falar com você no telefone. –Rose entrou no quarto do irmão para avisa-la.

–Termine de ajudar seu irmão. –pediu ela antes de atender o telefone.

Ginny queria confirmar o horário que deveria buscar o irmão no aeroporto e se precisava de mais alguma coisa para a festa de boas-vindas. Hermione tinha uma importante reunião no mesmo horário que o voo do marido chegava e não poderia busca-lo, teria que esperar até a festa para vê-lo.

As três crianças estavam prontas para mais um dia de escola, Rose com seus oito anos era a melhor aluna da sala e pouco trabalho dava aos pais; Hugo com quatro anos era esperto, preferia brincar a se dedicar aos estudos, assim como o pai quando tinha a mesma idade; a pequena Charlote recém completara três anos e era a alegria da casa. Hermione deixou os filhos na escola e seguiu para o trabalho.

O expediente demorou a passar, mesmo Hermione tendo várias atividades para realizar. Pelo horário, Ginny deveria estar buscando Ron no aeroporto, isso significava que em algumas horas eles estariam chegando.

–Então, senhor famoso. –Ginny brincou com irmão enquanto dirigia a caminho de casa. –Como se sente?

–Cansado, mas feliz. –Ron respondeu com um enorme sorriso. –E vocês, como foi tudo sem a minha presença?

–Tudo bem, nada que Hermione não pudesse contornar. –ao parar no semáforo, Ginny leu uma mensagem da cunhada pedindo que enrolasse um pouco com o irmão antes de voltar para casa.

–Ginny, larga esse celular e foca no transito. –pediu Ron a chamando a atenção.

–Desculpa. –ela largou o celular e voltou a dirigir. –Quer comer alguma coisa?

–Na verdade, eu queria ir para casa. Ver as crianças e Hermione.

–Dez minutos, Ron. –Ginny parou o carro em frente a uma lanchonete. –Você já passou mais do que quinze dias longe deles, pode esperar a sua irmã comer e se for realmente um bom irmão vai me acompanhar.

Depois de comerem e enrolar até Hermione mandar uma mensagem avisando que poderiam ir, os irmãos pegaram a estrada saindo de Londres para Bracknell, onde uma festa os esperava.

–Ginny avisou que estão chegando em cinco minutos. –avisou Harry. –É melhor apagar as luzes.

Ron ficou decepcionado ao ver que parecia não ter ninguém em casa, pelo horário, Hermione já deveria ter buscado os filhos na escola e eles estariam em casa.

–Pode ir na frente, Ron. –pediu Ginny ao estacionar o carro em frente à casa. –Preciso dar um telefonema.

Ron caminhou até a porta de casa, desanimado por não escutar a bagunça dos filhos e a voz da esposa pedindo que eles a obedecessem. Para a sua surpresa, ao abrir a porta, todos estavam na sala da sua casa, não só Hermione e as crianças, mas também seus pais, sogros, irmãos, cunhadas e sobrinhos.

–Gostou a surpresa, filho? –perguntou Arthur ao abraçar o filho.

–Muito, pai. Obrigado. –Ron ainda tentava reconhecer e cumprimentar a todos.

–Vamos, Ron, mostre as suas medalhas! –pediu seu irmão George.

Ninguém na família escondia o orgulho que sentia do mais novo medalhista da família, todos queriam ver e tocar nas medalhas que brilhavam mais do que qualquer coisa que já viram.

–Senti saudades, Ron. –finalmente Hermione conseguiu um momento a sós com o marido. –E também muito orgulhosa. As crianças deram pulos de alegria ao vê-lo pela televisão ganhar essas medalhas.

–Eu também senti muita a falta de vocês. –ele a abraçou, pretendendo não solta-la tão cedo. –Prometi uma medalha para cada um e aí estão elas. As próximas vocês verão ao vivo.

–Pode ter certeza que sim. –ela o beijou feliz por tê-lo de volta. –Nós e toda a sua família iremos vê-lo na Paraolimpíada, pode apostar que seremos a torcida mais barulhenta de todo o ginásio.

A festa foi até tarde da noite, ninguém queria sair do lado de Ron e saber cada detalhe da viagem e da competição. Quando todos foram embora, somente porque Molly Weasley ordenou, é que Ron sentiu o cansaço. Hugo e Charlote dormiam no sofá, Rose estava cansada, mas não queria dormir antes que o pai lesse uma história.

O sábado amanheceu ensolarado, prometendo um ótimo dia para se passar ao ar livre. Antes da diversão, Ron queria ir a um lugar especial e levar Charlote junto.

–Pai, podemos ir ao parque? –pediu Hugo enquanto todos estavam à mesa desfrutando da primeira refeição do dia. –Quero que me ensine a andar de bicicleta.

–Tudo bem. –concordou Ron. –Mas antes eu preciso visitar um amigo com Charlote.

–Por que não podemos ir junto? –quis saber Rose. –Ele é nosso amigo também?

–Sim, querida. –respondeu Hermione, entendendo a qual amigo o marido se referia. –Da próxima vez iremos todos, mas hoje vamos ficar em casa, arrumando uma bela cesta para um piquenique. Pode ser?

–Pode. –responderam Rose e Hugo animados com o passeio que teriam mais tarde.

Depois do café da manhã, Ron dirigiu com Charlote até o lugar que há tempos não visitava.

–Quem é o seu amigo, papai? –perguntou a filha andando ao lado do pai.

–Bem antes de você nascer eu tinha um amigo que era soldado comigo. –explicou Ron a filha até chegar ao local que pretendia. -Ele salvou o papai uma vez.

–Onde ele está? –Charlote não via ninguém ali.

–Aqui. –Ron apontou para o tumulo na frente deles. –Meu amigo morreu e agora ele está no céu olhando por nós.

–Como era o nome dele? –ela estava curiosa com a história contada pelo pai.

–Charles Lewis. –respondeu ele.

A menina ficou quieta, tentando entender tudo o que o pai lhe contara. Ron sabia que ela tinha entendido, afinal Charlote era filha de Hermione Granger, a pessoa mais inteligente que já conhecera.

–Seu amigo tem o nome parecido com o meu. –disse ela depois de muito pensar.

–Sim, eu e sua mãe escolhemos seu nome para homenagear o meu amigo. –explicou Ron. –Charles é pai do seu amigo John.

–John é meu amigo igual o pai dele é seu amigo. –sorriu Charlote. –Gostei de o meu nome ser em homenagem ao seu amigo.

–Eu te amo, Charlote. –ele abraçou a filha e murmurou olhando para o céu sem nuvens sob eles. –Obrigado por tudo, Charles. A próxima medalha é sua, amigo.

Pai e filha ficaram mais um tempo no cemitério, Ron contou várias histórias sobre o tempo em que ele e o amigo eram soldados. Charlote ficou encantada e queria escutar mais na hora de dormir.

O dia no parque foi divertido, Ron ensinou Hugo a andar de bicicleta e Rose a andar de bicicleta sem as rodinhas de apoio. Charlote mesmo sem bicicleta acompanhou os irmãos e corria ao lado deles.

–Feliz? –perguntou Ron ao sentar-se ao lado da esposa que estava lendo sob a sombra de uma arvore.

–Muito e você? –Hermione deixou o livro de lado e apoiou a sua cabeça no colo do marido.

–Nem nos meus melhores sonhos eu achei que poderia ser tão feliz. –ele acariciava os cabelos castanhos da esposa e sorria ao ver os filhos brincando. –Obrigada, Hermione, por não desistir de mim.

–Obrigada por você não desistir de si mesmo, Ron. –agradeceu ela fechando os olhos com o carinho nos cabelos que recebia.

Hermione tinha razão, Ron não desistiu de si mesmo. Não foi fácil e em vários momentos desistir seria a melhor saída, mas não seria justo com a sua família e com todos que o queriam tão bem.