A Sky Full of Stars escrita por Isa


Capítulo 11
From one day to the next


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, capítulo novo e sem demorar tanto haha :)



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Uma rotina havia sido estabelecida por Hermione para a manutenção de sua casa e o bem de sua família. O dia começava logo cedo quando Hugo acordava pedindo a sua mamadeira, enquanto o filho mamava, Hermione preparava o café da manhã e acordava Ron e Rose. Como uma menina de quase seis anos, Rose gostava de ser independente e se arrumar sem ajuda, apenas precisava da sua mãe para fazer a trança em seu cabelo que tanto gostava. Depois de todos prontos, era a hora de fazer a primeira refeição do dia.

–O papai não vai comer? –perguntou Rose ao sentar-se a mesa.

–Eu já levei o café no quarto dele. –respondeu Hermione tentando não magoa-la. –Você sabe que o papai ainda está se recuperando e...

–Eu sei, mamãe. –concordou Rose sorrindo.

–Então, o que acha de terminar logo esse café da manhã ou irá se atrasar. –ela mudou rapidamente de assunto, agradecendo por Rose não fazer mais perguntas. –Não se esqueça de trocar a água do Mike antes de sair.

Enquanto Rose se distraia com o cachorro, Hermione foi ver se Ron precisava de ajuda. O quarto estava escuro, as cortinas fechadas não deixavam que a luz do sol entrasse no cômodo. Ron estava sentado na cama, comendo a refeição feita pela esposa sem a mínima vontade.

–Precisa de ajuda? –ela perguntou ao abrir timidamente a porta.

–Não. –respondeu ele sem olha-la e entregou a bandeja.

–Irei colocar as crianças no carro e depois volto para te buscar. –avisou Hermione antes de fechar a porta.

Ron bufou derrotado, levantou da cama e trocou seu pijama por um jeans e uma camisa qualquer. As segundas, quartas e sextas eram os piores dias para ele, eram os dias que precisava deixar seu canto e ir para a sua fisioterapia.

Com as crianças devidamente acomodadas em suas cadeirinhas e seguras com o cinto, Hermione ligou o carro e saiu pelas ruas de Bracknell. Os habitantes da cidade também deixavam suas casas e seguiam para seus trabalhos, escolas e deveres. Ao ver todos andando apresados com um proposito, Ron sentiu-se ainda mais inútil. Ali estava ele sem nenhum proposito, apenas atrapalhando a vida de todos.

A primeira parada era na escola de Rose. A menina se despediu alegremente dos pais e entrou feliz com sua mochila nas costas feliz por encontrar seus amigos, professora e por aprender novas coisas.

–Ela realmente adora ir à escola. –Ron pensou alto ao ver sua filha sorrindo com seus amigos.

–Rose não puxou isso de você. –respondeu Hermione em tom de brincadeira. –Espero que Hugo também seja assim.

–Com cinco anos tudo é divertido. –ele sorriu com a lembrança. –Depois que entra literatura e coisas terríveis.

–Não irei comentar sobre o absurdo que você acabou de dizer. –Hermione ligou o carro e seguiu seu caminho para o hospital, gostaria que esses momentos de bom humor do marido aparecessem com mais frequência e não fossem embora rapidamente.

Na consulta de hoje Hugo iria acompanha-los, pois suas avós estavam ocupadas. Molly iria até a casa de Bill cuidar do pequeno Louis para seu filho e nora pudessem trabalhar. E Rachel iria ajudar o marido no consultório.

–Bom dia. –saudou o doutor Grogan. –Teremos uma plateia hoje?

–Estavam todos ocupados para cuidar dele. –Hermione explicou a presença do filho. –Posso esperar com ele lá fora se for atrapalhar.

–De modo algum, senhora Weasley. –o médico brincou com Hugo antes de dar inicio a consulta. –Hoje será um dia importante, será bom ter bastante apoio.

O doutor Grogan era o responsável por acompanhar a recuperação e a adaptação de Ron após a cirurgia. A consulta era importante, pois marcava um mês desde a amputação e o médico estava confiante em começar o processo de utilização da prótese.

–Ron, eu preciso muito que você faça a sua parte. –pediu o médico seriamente. –Preciso que faça os exercícios em casa e fique o máximo possível em pé. Seu esforço determinará a sua volta, entendido?

–Eu faço os exercícios. –protestou Ron esperando que Hermione não o desmentisse, mas ela fingiu estar ocupada distraindo Hugo com um brinquedo.

O medo tomou conta de Ron, medo de não dar certo e ficar para sempre sem andar, medo de fracassar e, principalmente, medo de decepcionar Hermione que o encorajava e torcia pela sua recuperação.

–É só um teste, Ron. –informou o médico ao ajuda-lo a ficar em pé. –Irá experimentar muitas antes de ter a prótese que se encaixe perfeitamente.

–Tudo bem. –Ron respirou fundo, olhou para sua esposa e filho que esperavam ansiosos e ficou em pé.

–Como está se sentindo? –perguntou o médico.

–Um pouco desconfortável. –admitiu ele ao ter o peso do seu corpo suportado pela prótese. –Acho que a cicatriz é o que incomoda.

–É normal, por isso pedi que se cuidasse bem da cicatrização. É fundamental que o seu corte esteja em perfeitas condições ou não poderemos dar sequência.

Pelo restante da consulta, Ron testou várias próteses, arriscou alguns passos com a ajuda do médico e da barra de ferro colocada na esteira. Hermione sentiu-se orgulhosa do marido, só queria que ele se recuperasse e voltasse a ser o Ron que conhecia antes de tudo isso acontecer.

–Já está bom por hoje. –encerrou o exercício. –Parabéns, Ron!

–Obrigado, doutor. –agradeceu Ron deixando escapar um sorriso, estava orgulhoso de si.

–Talvez na próxima vez eu possa te encontrar sem essa barba e com o cabelo cortado. –falou em tom de brincadeira, mas o médico falava sério, queria muito ver Ron se recuperar. –Lembre-se, você precisa estar bem para que eu possa te ajudar.

Na saída do hospital, Hermione carregava Hugo adormecido nos braços e Ron caminhava ao seu lado com a ajuda das muletas. Ambos tentavam disfarçar o sorriso que mostravam no rosto.

–Posso pedir algo? –perguntou Ron ao entrarem no carro. –Na verdade, são dois pedidos.

–Claro. –Hermione parou antes de ligar o carro para escuta-lo. –Diga, Ron.

–Será que você poderia não comentar com ninguém sobre o que aconteceu hoje, não quero criar falsas esperanças. Tenho um longo caminho pela frente.

–Tudo bem. –concordou ela, mesmo sendo a sua vontade contar para todos o quanto estava orgulhosa dele.

–E o segundo pedido é só podemos passar no centro antes de irmos para casa. –esse pedido foi feito com um tom de voz inseguro.

–Claro, eu preciso passar em uma loja para buscar algumas coisas que ainda faltam para o aniversário de Rose. –concordou Hermione sem entender o pedido.

O centro estava movimentado, as pessoas aproveitavam o intervalo para o almoço para irem ao banco ou passear pelas lojas.

–Aonde você quer ir? –questionou Hermione ao estacionar o carro.

–Na barbearia. –disse ele envergonhado. –A última vez Harry me trouxe praticamente arrastado, então pensei em vir antes que ele repetisse a cena.

–Sem problemas. –ela tentou disfarçar a felicidade ao vê-lo voltar a ser o homem que se apaixonou. –Enquanto você fica na barbearia, eu e Hugo vamos buscar o que falta para a festa de Rose.

–Podemos nos encontrar no restaurante. –sugeriu Ron animado. –Sabe, já passou da hora de Hugo almoçar e eu também estou com fome...

–Ótima ideia. –Hermione se despediu com um beijo espontâneo, era o ato mais intimo que aconteceu desde que a cirurgia aconteceu.

Era a primeira vez que Ron saia de casa por vontade própria. Ficou inseguro por encontrar velhos conhecidos pelas ruas, só queria evitar o olhar de pena que receberia. E para a sua surpresa, as pessoas lamentavam pelo acidente, mas a alegria era maior por ele estar vivo e de volta para a sua família.

–Bom revê-lo, Ron. –cumprimentou Simas, o chef e dono do restaurante. Eles estudaram juntos durante todos os anos escolares. –Você também, Hermione.

–Obrigada pela mesa, Simas. –agradeceu Hermione colocando Hugo já impaciente na cadeirinha ao lado da mesa. –Alguém não iria conseguir esperar mais.

–Amigos tem preferencia. –brincou Simas. –Então, o que irão querer?

–Não sei. –Ron olhou para Hermione e o cardápio, estava na duvida. –Talvez a sugestão do Chef, o que acha, Hermione?

–Ótima ideia. –Hermione sorriu fechando o cardápio. –Se o Chef puder trazer algo rápido para Hugo...

–Claro, também tenho um público exigente em casa. –Simas entregou a Hugo um pedaço de pão. –Acho que irá mantê-lo ocupado até a comida chegar.

Ron ficou impressionado em como Hugo conseguiu comer o pedaço de pão sem ajuda ou muito esforço, seus pequenos dentes fizeram o trabalho. Ainda lembrava-se do filho recém-nascido que deixou ao sair de casa, assim como Rose que estava prestes a completar seis anos. Seus filhos estavam crescendo e Ron havia perdido boa parte de suas vidas, o sentimento de arrependimento e culpa caiu sobre ele e agora que estava de volta, tudo que seus filhos tinham era um pai sem uma perna que devido a essa nova condição iria provavelmente perder outros momentos.

–Ron? –chamou Hermione o tirando de seus pensamentos sombrios. –Esta tudo bem?

–Tudo. –mentiu ele voltando a atenção para o seu prato que acabara de chegar.

–Então, você se importa se esperarmos Rose sair da escola para voltarmos para casa? –ela refez a pergunta.

–Não. –respondeu ele entregando ao filho a colher para que ele tenta-se comer sozinho. –Podemos espera-la na praça.

Aos voltarem para casa, Hermione precisou dar banho em Hugo, pois ele estava com comida e terra por brincar no parquinho da praça, em todas as partes do seu pequeno corpo. Ela nunca tinha visto seu filho se divertir tanto com uma colher e o resto de sua comida e ao brincar na grama, e essa alegria devia ao fato de Hugo ter feito isso na companhia de Ron.

–Hugo está dormindo. –avisou Hermione ao descer as escadas e encontrar Rose brincando na sala com Ron. –Vamos fazer sua lição de casa, Rose?

–Eu já fiz. –informou a menina que brincava com suas bonecas. –O papai me ajudou.

–Tudo bem. –ela ficou surpresa e sorriu agradecendo o gesto. –Então vocês podem continuar a brincar.

Pelo resto do dia, Ron ficou na companhia dos filhos. Sentou-se ao chão e brincou de boneca e casinha com Rose, ajudou Hugo a montar seus blocos coloridos e o observou andar cambaleante pela sala. Hermione ficou apenas assistindo de longe, seu coração transbordava de alegria, mas também tinha receio de tudo não passar de um dia alegre dentro de uma vida triste e amarga.


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Notas finais do capítulo

Então, espero que tenham gostado e torçam para Ron voltar a vida haha Obrigada sempre pelos comentários e aos leitores fantasmas, espero que estejam gostando também!
Até o próximo, beijos!