A cada minuto que se passava a sala ao meu redor parecia diminuir, depois que o Sheldon me contou o que havia acontecido e que a vitima era soropositiva eu tentei ser o mais forte que pude, mas agora, aqui nessa sala de espera meu mundo desaba aos poucos, a única coisa que me mantém firme é o meu anjo da noite que segura minhas mãos nas suas.

– Vai da tudo certo! – ela me disse e sorriu.

– Eu sei que vai. – falei com um desdém falso.

O teste para saber se tinha HIV era rápido, apenas uma furada no dedo e em meia hora o resultado sairia, foi à meia-hora mais longa da minha vida.
Lembro-me da médica falando que se os dois dispositivos tivessem o mesmo resultado o diagnostico já é fechado, caso não, eu teria que fazer de novo.

– Por que ta demorando tanto? – Perguntei me levantando e indo até uma janela enorme que ficava na sala de espera, não havia muita gente, além de mim e Stella só tinha uma senhora que aparentava ter uns cinqüenta anos e um senhor aparentemente da mesma idade que ela.

Vi com o canto de olho Stella se levantar e colocar uma mecha do cabelo atrás da orelha. – Calma Mac! – ela disse me abraçando por trás de modo que sua cabeça ficava encostada nas minhas costas.

Me desfiz de seu abraço e fiquei cara a cara com ela.

– E se eu for soropositivo? – Perguntei tentando desvendar o olhar perdido dela.

– Eu vou cuidar de você. – ela disse simplesmente.

A beijei nos lábios, um beijo calmo e cheio de ternura.

– Senhor Mac Taylor? – a voz nos fez parar o beijo e eu me virei para ver, era a médica, ela tinha nas mãos um papel.

– Sim? – respondi

– Venha até meu consultório. – ela disse e se virou.

– Vem comigo? – Perguntei a Stella

– Claro. – ela respondeu num suspiro.

A doutora entrou e deixou à porta aberta para nós, primeiro Stella entrou e depois eu.

– Sentem-se por favor – ela disse apontando para as cadeiras a nossa frente.

– E então doutora? – perguntei impaciente.

A doutora se chamava Liv, pelo menos era o que estava escrito em seu jaleco, seus óculos enormes refletiam a luz e ofuscavam seus olhos verdes esmeralda.

– Sr.Taylor, o senhor teve muita sorte – ela abriu um sorriso simpático – você não adquiriu o vírus.

Der repente tudo pareceu mais colorido e soltei a respiração que nem tinha percebido que estava prendendo.

– Ah Deus! – falei passando as mãos trêmulas no rosto.

– Então ele está bem? – Ouvi Stella perguntar.

– Tem saúde pra dar, vender e emprestar. – Liv respondeu divertida.

– Graças a Deus! – Stella falou sorridente e apertou minhas mãos.

– Só tente ter mais cuidado. – Advertiu a doutora.

– Terei. – falei e me levantei – Muito Obrigado doutora.

– Não há de quê. – ela disse dando uma piscadela.



05 de Maio de 2012

Uma semana depois de todo aquele susto horrível, estava eu com Caleb terminando de arrumar uma cesta para um piquenique , eram cinco e meia da manhã e Stella ainda estava dormindo, era tudo uma surpresa.

– Mac será que ela vai gostar? – Caleb perguntou enquanto cortava o queijo em alguns pedaçinhos.

– Espero que sim. – falei terminando de por suco de maçã (o preferido dela) numa jarra de plástico verde.

– Mac por que vamos tão cedo? Ainda nem acordei direito – ele falou acabando de cortar o queijo e colocá-lo num deposito de plástico.

– O Central Park esta sempre cheio, ainda mais hoje sábado, tem que ir mais cedo para pegar um lugar bem legal e com menos movimento.

– Eis a questão: Como escolher um bom lugar com tanto sono? – Perguntou e eu o acompanhei numa risada.

– Não seja preguiçoso! – falei lhe dando uma cutucada na barriga e ele gargalhou alto e tapou a boca rapidamente percebendo que poderia acordá-la.

– Você parece feliz... – ele falou ficando sério der repente, às vezes parecia que ele tinha mais idade do que aparentava.

– Eu estou feliz. – falei e dei um breve sorriso, realmente eu estava feliz.

Uma hora depois quando acabávamos de nos arrumar ouvi um barulho e a porta do quarto se abriu, Stella saiu de lá massageando as pálpebras e bocejando, estava linda com uma camiseta enorme cinza e shorts branco, cabelos revoltos e pés descalços.

– O que está acontecendo aqui? – ela perguntou surpresa olhando de mim para Caleb e de Caleb para cesta e depois para mim de novo.

– Surpresa dona anjo! – Caleb falou correndo até ela e a abraçando o que a fez sorrir.

– Espero que goste de piquenique – falei erguendo a cesta e uma toalha quadriculada branca e vermelha.

Ela continuava abraçada a Caleb com um sorriso tímido – Eu amo piquenique.

Durante todo caminho até o Central Park Caleb não parou de falar no quanto estava feliz e o quanto gostava da escola, chegou até a comentar que pensava em entrar para o time de futebol.
Dessa vez quem dirigia era eu, Stella estava no banco do carona e também não parava de falar, ela contou o quanto estava orgulhosa dele e contou que quando era mais jovem também fez parte do time de futebol da escola, mesmo que não fosse tão normal, ela não se importava.

– Chegamos! – falei interrompendo a conversa bem animada dos dois estacionei e desci do carro, Caleb e Stella também desceram.

– O dia está maravilhoso! – Stella falou prendendo os cachos num rabo de cavalo frouxo. Olhar para ela era como tentar encarar o sol, ela tinha algo que fascinava a todos, quando saímos vários homens e até mulheres se viravam para olhá-la, não os culpava, ela era mesmo linda, se bem que ainda acho linda muito pouco para descrevê-la.

– Maravilhosa é você... – falei baixinho perto de seu ouvido e ela sorriu.

– E então, vamos nos divertir ou vão ficar ai cochichando? – Caleb disse aparentemente irritado.
Sorrimos e pegamos as coisas no porta- malas do carro, minutos depois estávamos procurando um lugar para ficarmos.

– Que tal ali? – Stella apontou para uma enorme arvore, e a vista de lá era linda, podíamos ver quase todo Central Park e ainda estava vazio.

– Perfeito. – falei

Arrumamos tudo e nos sentamos enquanto aproveitávamos a brisa e a sombra, eram poucos os dias em que a temperatura estava tão agradável.
Caleb foi empinar uma pipa que ele mesmo tinha feito enquanto eu e Stella o observava de longe.

– Ele está tão crescido. – ela observou com um tom de orgulho na voz.

– Está mesmo. - concordei

– Mac? – ela virou-se pra mim

– Sim.

– Obrigada.

– Pelo que?

– Por tudo. – foi simplesmente o que ela disse e depois me ofereceu o sorriso mais sincero e bonito que já vi.

Enquanto eu servia um pouco de suco pra ela a vi me olhar de uma forma que de certa forma me deixou envergonhado.

– O que foi? – perguntei lhe entregando o suco

– O que?

– Por que esta me olhando assim?

– Nada. É só que você é lindo.

– Linda. É. Você. – Pronunciei bem divagar cada palavra enquanto a beijava os lábios.

Já mencionei a quão maravilhosa ela estava? Talvez vocês me achem apenas um bobo apaixonado, mas nenhum de vocês teve a oportunidade de conviver com ela, ninguém via como era linda ela acordando, ninguém via como ela era linda e até charmosa penteando os cabelos após o banho, ninguém viu como ela sorria e como os cantos de seus lábios se curvavam ninguém entenderia o que eu digo por ninguém pode tocar o céu como eu. É, eu Mac Taylor toquei o céu no período em que tive o prazer de Stella Bonasera estar em minha vida.

– No que está pensando? – ela perguntou

– Stella, por que tem um armário trancado no seu banheiro? – Não era exatamente o que eu queria perguntar, mas há dias eu vinha me perguntando o que teria ali e por que estava trancada a chave, não compreendia o que seria tão importante que ninguém pudesse ver.

Ela pareceu ser pega de surpresa e abaixou o olhar – Nada, peço que não fale mais sobre isso.

– Por quê?

– Nem tudo tem que ter um por que.

Então ela simplesmente se levantou e foi em direção a caleb, descalça, vestindo apenas um short jeans e uma camiseta preta, ela estava linda, mas suas variações de humor me deixavam perturbado, o que Stella escondia? Prometi que não a perguntaria mais nada, mas naquele momento uma coisa martelava na minha cabeça: O que ela poderia esconder? O que teria nesse armário?