“Há momentos em que desejo fazer o tempo voltar e apagar toda a tristeza, mas eu tenho a sensação que, se o fizesse, também apagaria a alegria. Assim, revivo as memórias da forma como vêm, aceitando todas elas, deixando que me guiem sempre que possível. Isso acontece com mais freqüência do que as pessoas percebem.”

– Um amor para recordar ( Nicholas Sparks)

Essa é uma citação que passei adotar na minha vida desde que conheci Stella e que vivi momentos que nunca pensei que viveria. Eu não sou um completo analfabeto, antes de entrar em depressão e ir pras ruas eu era da marinha, tinha uma boa família como já falei, mas após o acidente com o bujão de gás minha vida acabou, perdi tudo quando comecei a beber e a depressão foi só mais uma das coisas que aconteceram, ainda queira poder parar o tempo.
Isso tudo é a história da minha vida e Stella nunca me recriminou por isso, pelo contrário naquela tarde em que fomos às compras ela andou comigo por todo shopping enquanto Jessica e Flack foram com Caleb a outras lojas.

– Você já trabalhou em algo Mac? – ela me perguntou quando nos sentamos numa praça perto do shopping pra esperar Jessica, Flack e Caleb.

– Já, eu era da Marinha.

– Marinha? Nossa! – ela pareceu surpresa

– Minha vida foi cheia de reviravoltas Stella.

– O importante é que você se manteve forte Mac! – ela disse segurando minha mão.

– Não sei, acho que poderia ter sido mais forte.

– Às vezes, a vida é assim Mac, agente é forte quando dá e quando não dá agente aproveita o que da pra aproveitar. – Ela disse e sorriu, incrível como essas palavras nunca saíram da minha cabeça e mais tarde assim como eu vocês irão entender.

– Acho que você tem razão. – foi apenas o que respondi.

– O Flack realmente não sabe que criança odeia adulto mandão! – Ouvi Jessica dizer se aproximando de nós, ela vinha com tantas sacolas na mão que arregalei os olhos curiosos, O que ela trazia em tantas bolsas? O shopping inteiro?

– Cala a boca Jessica! – Flack dizia logo atrás de Jessica, ele vinha com Caleb nas costas e pela cara do menino ele estava se divertindo muito.

– O que aconteceu crianças? – Stella perguntou se levantando e pegando algumas sacolas da mão da Jessica.

– O Flack não deixou irmos a todos os jogos que queríamos! – Jessica disse fazendo beicinho.

– Lógico! O Jantar é daqui a duas horas – Flack falou pondo Caleb no chão.

Eu e Stella sorrimos e Jessica se abaixou para cochichar algo no ouvido de Caleb que sorriu.

– Combinado! – Caleb disse baixinho

– Acho melhor irmos – Stella falou – Mac e Caleb vamos pro meu apartamento, lá vocês poderão se arrumar mais a vontade.

Não concordei de imediato mas ela acabou me convencendo como sempre, então nós fomos no carro dela e Jessica e Flack foram em outro carro cada um pra seu apartamento.

– Dona anjo seu apartamento é grandão? – Caleb perguntou do banco de trás.

– É bem confortável – ela disse sorrindo.

– Obrigado novamente – disse

– Lembre-se: Estamos aproveitando a vida. – ela me disse dando uma piscadela.

Quando chegamos ao apartamento dela eu e Caleb ficamos boquiabertos, era tudo tão lindo, na sala havia um sofá branco e uma televisão numa estante pequena e preta com branco, havia almofadas no chão e um tapete branco, as paredes eram vermelhas o que dava um belo contraste com o branco da maioria dos móveis, isso foi uma das coisas que me chamou atenção.

– Você tem uma casa linda dona anjo! – Caleb disse boquiaberto

– Obrigada meu amor, entrem e fiquem a vontade.

Alguns minutos depois estávamos sentados no sofá branco e Caleb nas almofadas no chão entretido com um joguinho que Flack o havia dado.

– Eu sempre pensei em encher esse apartamento de crianças – ela disse num suspiro enquanto encarava algo longe, era como se ela estivesse longe de mim mesmo estando ao meu lado.

– Pensou? Não pensa em ter filhos? – disse tentando a trazer de volta pra mim.

– Penso... Talvez eu tenha. – Ouvir um tom de tristeza em sua voz.

– Você nunca se casou? – Perguntei

– Não esta nos meus planos. – ela falou simplesmente com um rápido sorriso.

Mais tarde entendi o porquê de tantas reservas de sua parte, Stella era o tipo de mulher que você desvenda aos poucos, com convivência, com carinho e calma, nunca me apressei quanto a ela, com Stella eu gostava de viver na calmaria, na paz, com ela tudo era mais bonito e mais colorido, apesar do
vermelho que predominava na vida do meu anjo da noite.

– Vou me arrumar, daqui a pouco será o jantar, se fosse vocês também começaria – ela disse sorrindo e se levantando.

– Já estamos indo – concordei com a cabeça.

Eu e Caleb nos arrumamos logo, eu vestia uma calça social preta, camisa branca e terno preto, sapatos social e Caleb estava praticamente igual a mim a diferença era que ele não tava de gravata como eu.

– Essa calça é engraçada – Caleb dizia ajeitando as calças.

– São roupas elegantes – eu disse sorrindo

– São roupas engraçadas!

Nós estávamos no sofá de costas para o quarto onde ela se arrumava, eu ouvi um barulho na porta e quando me virei pisquei várias vezes pra ver se não estava sonhando.
Stella vinha em minha direção com um longo e elegante vestido branco com algumas pedrinhas no decote V, usava um salto branco da cor do vestido e os cabelos estavam presos num coque deixando apenas alguns cachos soltos, os lábios num vermelho vivo e os olhos com um pouco de preto, ela estava discreta e ao mesmo tempo deslumbrante, poderia olhá-la pelo resto da minha vida.

– Vocês estão lindos – ela disse parando para nos olhar.

– Dona anjo... Você ta linda! – Caleb disse tão deslumbrado quanto eu.

A vi corar e olhar pra mim que nem conseguia piscar os olhos de tão paralisado que estava.

– Obrigada cavalheiro – ela disse.

– Caleb tem razão, você esta deslumbrante. – Falei dando a volta no sofá para ir em sua direção, quando cheguei mais perto ofereci o braço e ela sorriu e entrelaçou o seu no meu.

– Vamos? – Perguntei tão perto dela que podia sentir seu cheiro de hortelã com hidratante, era embriagante e sedutor aquele cheiro.

– Vamos – ela concordou e Caleb se apressou para abrir a porta.

Logo chegamos à casa dos Messer, um homem loiro e aparentemente jovem nos recebeu.

– Danny! – Stella o saudou e o abraçou.

– Stell você está de parar o trânsito! – ele disse e ela sorriu.

– Ora Danny obrigada, ah esses são Mac e Caleb, falei deles pra vocês ontem.

– Eu lembro Muito prazer Mac! – ele disse e me deu um abraço rápido e logo se dirigiu a Caleb.

– Você então é o Caleb?

– Sou sim.

– Muito prazer – ele disse abraçando Caleb também.

– Onde está a Lindsay? – Stella perguntou

– Lá dentro, Peyton, Adam e Sid já chegaram.

Stella concordou com a cabeça e se virou pra mim.

– Vamos?

Assenti e segurei sua mão, Caleb veio logo atrás com Danny.

Assim como a casa de Stella a casa dos Messer também era muito elegante, era enorme e bem arrumada, paramos perto de um enorme sofá de coro e Danny levou Caleb para conhecer sua filhinha Lucy.

– É uma bela casa – disse

– Verdade. – Stella concordou.

– Vocês vieram! – Ouvi a voz que vinha da sala de jantar, era uma mulher um pouco mais baixa que Stella, cabelos quase loiros presos num coque, um vestido preto e saltos.

– Lindsay amor! – Stella disse indo em sua direção elas se abraçaram e Lindsay veio em minha direção de braços abertos a abracei e ela tinha um cheiro bem agradável e olhando mais de perto ela era muito bonita, poderia até ser minha filha.

– Mac é um prazer enorme te conhecer, Stella falou muito bem de você.

– O prazer é meu. – sorrir

– Fique a vontade, tenho que ir ver umas coisas na cozinha, já volto. – ela falou se afastando e um momento depois uma mulher magra, alta e de cabelos pretos se aproximou de nós, e pela cara de Stella acho que não era alguém tão querida por ela.

– Peyton! – ela disse e a abraçou rapidamente.

– Stella você esta linda!

– obrigada, você também está linda, ah! Esse é o Mac – ela apontou pra mim e ela sorriu pra mim.

– Ah, esse é o mendigo de que todos tanto falavam?

Não digo que isso me ofendeu, de certa forma estava preparado pra isso a qualquer momento acabaria acontecendo e ela não estava errada, mas no fundo eu percebi que aquilo era mais pra ofender a Stella do que a mim, e isso eu não perdoaria nunca.