Parola escrita por


Capítulo 13
Sobre ratos e leoas


Notas iniciais do capítulo

Ok, eu sei que eu não postei semana passada, miiiiiiiiiiil desculpas por isso, gente, sério! Mas uma hora o bloqueio ataca e só quem escreve sabe como é difícil superar isso. Muuuito obrigada a todos e espero que gostem desse capítulo! A música agora é Yo Ho Yo Ho A pirates life for me, porque alguém *cof cof* decidiu que é isso mesmo que ele quer https://www.youtube.com/watch?v=3A19q7rysLs



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Maya acordou com os sons de movimentação no cômodo. Demorou alguns segundos até notar que estava no porão mal cheiroso. Deitada sobre uma espécie de cama improvisada, um fino cobertor cobria suas pernas e suas botas descansavam ao seu lado. Ela não se lembrava de ter ido dormir, mas imaginou que Benjamin havia a colocado ali.

Ben estava ajoelhado próximo a Owen, derramando água em sua boca. O prisioneiro bebia com sofreguidão. Quando terminaram, ambos cumprimentaram a garota, que havia se levantado e estava calçando suas botas.

— A milady não vai ficar para o desjejum?— Brincou o loiro, mastigando um pedaço de pão preto.

— Eu preciso trabalhar— respondeu ela, seca— nem todo mundo pode ficar sentado o dia inteiro.

Owen sorriu e piscou para ela, recebendo uma careta em troca. Seus machucados ainda ardiam, mas haviam parado de sangrar e sua principal preocupação, agora, era a pequena refeição que Ben estava servindo.

A garota já havia subido para o convés quando Benjamin falou pela primeira vez.

— Não acho que você deva se envolver com ela.— Ele resmungou em voz baixa, encarando o chão enquanto derramava uma boa quantidade de rum na boca do amigo.

— Me envolver?— Owen soltou uma risada áspera— Eu não estou "me envolvendo".

Ben nada mais disse, terminou de alimentar Owen rapidamente e seguiu para as suas tarefas diárias. Sozinho, o prisioneiro cantarolou a canção sem letra, se lembrando dos soluços que ouviu quando Maya terminou a música.

☠☠☠

Túlio passou a noite em claro, pensando no que Casto dissera. Ele não queria matar a sua irmã, ele a amava. Lembrou-se das promessas da sereia, repassou-as mil vezes em sua mente. Finalmente encontrou o seu caminho, o seu lar. Você será grande, Túlio.

Seu grande sonho sempre foi ter um lar, uma família. Agora, isso aconteceu da forma mais inesperada o possível: sentia como se o navio fosse a sua casa e os piratas seus irmãos. Lembrou-se do carinho que Sinojo tinha por ele, como o pai que nunca teve. Seria justo desistir de tudo aquilo pela segurança da irmã? A sereia estava certa, Maya o atrasava. A felicidade de um valia mais que a do outro? Ele merecia ser tão feliz quanto a irmã.

Com esses pensamentos, Túlio subiu para o convés pela manhã. Maya o entregou sua ração diária, a preocupação clara em seu rosto. Ele a ignorou, se afastando dos demais para comer. Quando terminou sua refeição, o garoto foi se encontrar com Sinojo.


O mestre sorria quando o rapaz o avistou. Seu rosto estava coberto de pólvora e seu tapa-olho descansava em sua testa. Ele segurava algo em sua mão.

— Túlio, eu tenho algo para você.— Sinojo disse, estendendo o pequeno objeto: um tapa-olho de couro marrom. O mestre tagarelava enquanto Túlio amarrava as tiras que prendiam a peça de couro em seu rosto, ele o encarava com uma mistura de orgulho e felicidade.

— Rapaz, quando eu me for para o baú do David Jones, quero que você tome o meu lugar. Cuide bem das minhas filhas!— Ele deu tapinhas em um dos canhões, conhecidos como "filhas do mestre das armas".

Túlio estava em casa, nunca seria feliz em outro tipo de vida, precisaria conversar com a irmã.

☠☠☠

Era meio dia e Maya estava bebendo rum à sombra das velas, analisava os desenhos na superfície do seu mapa desejando saber o que estava escrito. No que parecia ser uma baía, quatro pedras grandes em formação eram ponto de partida para uma série de linhas e anotações, que se estendiam para o interior da ilha até um sinalizado X. As bordas do mapa pareciam queimadas e manchas de sangue eram visíveis em diversos pontos. Sorrateiramente, Benjamin se sentou junto a ela.

— Você sabe o que está escrito aqui?— Ela perguntou, apontando uma frase em destaque, próxima à margem, sem tirar os olhos do papel. O rapaz tirou o mapa de suas mãos e o examinou por alguns segundos.

— "A chave para a prisão é também a chave para a cura." Isso faz algum sentido para você?— Ele perguntou, confuso. Maya balançou a cabeça negativamente, pegando o mapa de volta e dobrando o mesmo.

— Por que você não solta o Owen?— Maya perguntou, Benjamin pareceu surpreso com a troca de assunto repentina.

— Lembra do nosso acordo de não fazer perguntas?— Ele disse, ríspido. Maya se levantou para se retirar, quando Benjamin agarrou seu braço e a olhou nos olhos.

— Não me leve a mal— ele pediu— mas não posso falar sobre isso.

Maya puxou o seu braço e se afastou, dando de cara com o irmão.

— O que está acontecendo aqui?— Ele perguntou, encarando Benjamin.

— Nada.— Ben resmungou, indo embora.

— Que bom que te encontrei, preciso muito falar com você!— Túlio falou, estava tenso e carrancudo.

— É sobre ontem? O que a sereia fez com você?— Ela perguntou, passando a mão carinhosamente pelos cabelos negros do irmão.

— Ela abriu os meus olhos. Maya, não posso abandonar o navio.— Ele despejou, de uma vez. O choque da informação fez com que Maya ficasse paralisada por alguns minutos, embora ela quisesse gritar com Túlio, dizer que ele estava louco, que ela corria perigo ali. Mas então ela percebeu o que ele queria dizer: ela teria de ir embora sozinha. Quando finalmente se recuperou, tudo o que fez foi sorrir para o irmão, embora uma lágrima insistisse em cair do seu olho direito.

— Boa sorte para você, então.— Ela murmurou, antes de correr para o porão. Túlio não a seguiu.

Maya se atirou no chão, sem controle algum sobre suas lágrimas e soluços. Uma hemorragia de pensamentos tomava conta de si e ela não tinha controle algum sobre eles. O irmão estava virando as costas para ela, ele a trocara por pessoas que mal conhecia. Túlio dissera que a sereia havia aberto seus olhos, o que isso significava? Ela havia dito para ele abandonar a própria irmã? Mas o capitão afirmou que as sereias nos dizem o que queremos ouvir, então Túlio queria a abandonar.

Owen observava calado da escuridão. Lembrou-se do alerta que Benjamin fizera, ele não deveria se envolver com a menina. Mas assistir ao seu sofrimento era doloroso. Owen podia sentir o que ela sentia, sabia do segredo que ela guardava. Imaginou a dor de ser traído pelo irmão, o medo com que Maya convivia todos os dias que passava no navio e o que enfrentaria vivendo em um novo lugar, completamente sozinha. Sem dúvidas, ela era uma mulher forte.

— Sabe, milady— Ele começou a falar, ignorando as ordens de Ben— o seu irmão é um idiota.

Maya limpou as lágrimas, sem olhar diretamente para Owen. Ela se envergonhava de mostrar sua fraqueza.

— Odeio quando você faz isso.— Ela comentou, fungando.

— Isso o quê?— Ele perguntou, erguendo uma sobrancelha.

— Descobre os meus segredos.— Ela se aproximou, agora de cabeça erguida.

Well, milady, não é difícil descobrir que você adora prisioneiros pálidos e esqueléticos à beira da morte.— Ele brincou, tentando levantar o astral da garota, que sorriu brevemente.

Hey, não fique assim, ele não merece as suas lágrimas. O seu irmão é um rato, Maya, mas você é uma leoa. Venha cá— ele gesticulou para que ela se aproximasse— hoje eu vou cantar para você.

E assim ele cantarolou a mesma música da noite passada. Maya voltou a chorar, a cabeça apoiada no ombro do prisioneiro. Ao fim da canção, Owen beijou seus lábios.


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Notas finais do capítulo

Entãããão, marujos, pra não acontecer esse graaaande período de atraso, vamos combinar o seguinte: vou responder os comentários aos sábados e postar novos capítulos aos domingos, ok? Comentem, discutam, perguntem, me xinguem porque eu mereço! Muito obrigada por tudo, marujada!