Monsters escrita por Lolis


Capítulo 1
prefácio




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I'm friends with a monster that's under my bed

Get a long with the voices inside of my head

You trying to save me

Stop holding your breath

And you think I'm crazy, yeah, you think I'm crazy

{ The Monster - Eminem Feat. Rihanna }

Prefácio

Por Amery Jónsdóttir Millicent

Diferente da maioria das mães que eu conheci, a minha pouco importava-se com suas crias. A respeitável senhora Millicent era uma mulher de caprichos, aparências e nomes – portanto, dar à luz aos herdeiros de uma respeita família bruxa abria perspectivas em que ela própria poderia manter-se segura em seus luxos. Nós – eu e meu irmão – éramos a garantia de que ela sempre seria uma senhora bem nascida e bem casada, e nem mesmo um suposto divórcio poderia levá-la a perder o posto conquistado com seu alpinismo social.

Meu pai, pelo contrário, representava a nós todo o oposto. Tratava seus filhos a um modo ímpar, contava-nos histórias à noite e gostava de ver-nos brincar. Às vezes, quando não ocupado demais no Ministério Bruxo, gostava de sentar-se conosco e perder-se nas brincadeiras dos filhos. Sua história predileta, no entanto, era bem peculiar.

Sua mãe – minha avó paterna – foi uma bruxa lendária para o mundo todo. Criada em Paris, em meio a bruxos e trouxas, a bela Margot Beau nascera em uma casa tão tradicional quanto os Millicent. Ainda pequena, meu pai dizia, foi enviada à Inglaterra como protegida dos Black, uma família antiga e puro-sangue, e ali, naquele país, fez sua história.

Foi uma estudante brilhante em Hogwarts – para onde eu e meu irmão fomos enviados aos onze anos – e, certamente, a mais bela delas. Tanta beleza, no entanto, traria sua própria ruína;

Apaixonou-se por um homem cujo nome nunca foi dito em minha casa. Era uma proibição absoluta e irrevogável que sempre nos assombrava – embora o mundo todo soubesse quem era, nós nunca podíamos dizê-lo.

Mas, no começo, se ele era um rapaz gentil e incapaz de fazer qualquer mal à Margot, o tempo o alterou. Transformou-o em um monstro, tão terrível que corromperia tantos outros em seu caminho. E minha avó não podia compactuar com tanto.

Foi de boa fé quando seu pai a obrigou a casar-se com meu avô, Jón Einarsson Millicent. Não questionou, tampouco lutou em favor do homem que amava – tinha a plena consciência de que amava um monstro. Corajosa o suficiente para confrontá-lo, ambos seguiram caminhos e escolhas diferentes.

Amor, prazer, vício. Morreu aos vinte e dois anos, enquanto meu pai ainda era um bebê de colo.

Mas meu avô continuou a amá-la pelo resto da vida, meu pai diz – e a prova viva disso eram as inúmeras pinturas espalhadas pela mansão. Imagens que retratavam a beleza serena de Margot Millicent, minha avó.

E tudo isso seria muito bonito e muito poético – um homem que ama uma mulher a vida toda – se essa mulher, que brincou com a mente e os desejos de um monstro, não se fosse ironicamente idêntica a mim. Sorrisos, traços, olhos.

Eu fora feita à semelhança da preferida de Lorde Voldemort.

E isso me põe em perigo inimaginável.

– x –

- Os monstros nunca estão debaixo da cama, little Bird. – A avó de Mia disse-lhe gentilmente, os olhos cinzentos analisando a neta com uma gentileza dispensada somente à ela. Margot era feita de tons pastéis doces e gentis, em pele, cabelos e lábios.

Mas não os olhos. Eram cinza-esverdeados, mortais, sedutores, sujos. Não compactuavam com a beleza pura e angelical que todo o resto compunha.

Mesmo assim, sua beleza era inegável. A mesma beleza que a neta, Amery, possuía.

- Onde eles estão? – A menina murmurou à avó. Tinha o hábito de falar muito baixo, quase como se tivesse medo de que a ouvissem.

- Estão dentro de você. E você deve aprender a enfrentá-los. – E voltou a sumir em sua moldura.


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Notas finais do capítulo

Pequenininho só para terem uma ideia do que se trata. Se gostarem, posto mais c: