The Mistake Of Chris escrita por Realeza


Capítulo 8
Yoga, hatchets' fear and 'smiling really'


Notas iniciais do capítulo

*Ioga, medo de machados e 'sorrindo de verdade'.
Música: Organs - Of Monsters and Men
NOSSA COMO EU DEMOREI COM ESSE CAPÍTULO NÉ. Mil tretas nesse meio tempo, incluindo eu ficar internada, provas incansáveis, coisas que me deixam sem vontade de fazer nada, amigos que não são bem amigos, manutenção do Nyah (eu juro que ia postar naqueles dias), preguiça e eu inventar de fazer maratona de séries. Não é uma boa combinação.
O que aconteceu na história durante isso? APENAS duas recomendações maravilindas. APENAS. Primeiro, don't kill me, mas tenho que dedicar DE NOVO capítulo pro senhor Filipe e pra Michelle (vulgo King of Norway e Miss Chelly). Amo vocês dois, sério. Além disso, ainda dedico a minha alma gêmea aqui do Nyah que também é uma escritora incravelmente fantástica, dona Julia (vulgo venus). A senhorita Juliane Bee também merece o nomezinho aqui porque ela é puro amor.
MAS chega de dedicação porque a gente não vive só disso, né? O capítulo não ficou longo, e o próximo é uma carta, então também não chegará as 2500 palavras. E logo logo tem um personagem novo (não sei se já comentei isso e to com preguiça de verificar), que foi inspirado num review de uns capítulos passados. Todo mundo vendo o quando os reviews são importantes né? Ótimo.



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Inicialmente, quero deixar claro o quanto eu odeio a maldita aula de ioga. Odeio muito mesmo. Na quinta de manhã, Callie foi me chamar para que eu fosse. Ela invadiu meu quarto sem nem bater. Eu já tinha fechado a cortina e declarado que iria faltar a aula para dormir até mais tarde, e esperar alguém aparecer com os meus remédios.

— Bom dia, bonitinho!

­— Boa noite, Callie. — digo, e me viro na cama, cobrindo a cabeça com o edredom branco.

— Não, não. Bom dia. Pode levantar, agora. Temos aula de ioga, esqueceu? — Ela tenta puxar a coberta de mim, mas continuo decido a fazer resistência e voltar a dormir.

— Por isso mesmo que eu não vou levantar.

— Beleza, então. ­— Sinto ela se afastar e espero pelo som da porta se fechando, indicando que ela tenha ido embora. Quando não ouço, saio do casulo de cobertor e antes mesmo que eu possa raciocinar, Callie joga água na minha cara.

— Bom dia, Chris.

— Não acredito que você jogou mesmo água em mim para me fazer levantar, Callie. — digo, quando já estamos no corredor a caminho da aula que eu tentei fugir. — Quantos anos você tem?

— Juro de mindinho que tenho 18. Chris, é a brincadeira mais velha da história da humanidade. E eu adoro ioga.

— Só você adora ioga. Por que a Emma conseguiu fugir do castigo da aula e eu não? — Já estamos no gramado e os tatames já estão dispersos pelo local.

Não posso negar que estava sim um dia maravilhoso para ficar ao ar livre. Ainda eram oito e meia da manhã, mas o sol já estava brilhando alto no céu azul. Eu conseguia ver as flores levemente rosadas que ficavam fora da estufa, completando a paisagem. Ficaria realmente melhor sem os muros cinzentos que apareciam por traz das árvores.

— Não tenho certeza se Emma já está totalmente bem, então ela merece dormir algumas horas a mais. E o aniversário dela está chegando, então você precisa me ajudar a pensar num presente legal. Eleanor disse que comprava pra mim e me trazia o quanto antes.

— Sério mesmo, Callie? — Paro a sua frente, impedindo-a de conseguir continuar a caminhar. — Acha que sou seu amigo gay ou coisa do tipo? Ioga e presentes para garotas?

— Não mesmo, acho que você é meu amigo gatinho.

***

Fecho a porta do quarto e saio para o corredor. Estou a caminho da terapia e espero de todo o coração que Emma esteja lá. Ela não apareceu no almoço, nem na ioga. Ajudei Callie a fazer sanduiches para ela de tarde, mas Callie disse que queria falar com ela a sós, então acabei voltando para o meu quarto.

Callie destruiu a cozinha. Não que ela nem saiba fazer um sanduiche, mas ela sujou todo o lugar. Um dos guardas estava supervisionando para que nenhum de nós roubasse facas nem nada do tipo, mas parecia mais estar se divertindo conosco. Callie diz que eu mais atrapalho do que ajudo, e que morreria de fome caso morasse sozinho. Em casa, quando meu pai estava bêbado demais para sequer sentir fome e minha mãe estava trancada no quarto, Steve era quem cuidava da comida, então nunca me preocupei em saber fazer algo mais complexo do que abrir o armário e pegar um salgadinho.

Steve não ficou nem vinte minutos na visita de hoje. Ele disse que queria chegar mais cedo no trabalho porque estava mesmo muito atarefado essa semana, então não insisti para que ficasse. Só pedi que comprasse meus materiais para desenho. Steve pareceu realmente feliz por eu voltar a desenhar, o que me surpreendeu, e me fez prometer que faria um desenho pra ele em breve.

Quando chego na sala, como sempre as cadeiras estão num círculo. Não entendo de verdade o porquê disso, mas a Dra. Lee sempre insiste para que fiquemos assim. Emma está sentada ao lado de Callie, e me junto a elas. É inegável que fico feliz em vê-la, ainda mais que ela parece verdadeiramente bem. Ela sorri quando me vê, e está com uma das flores que te dei presa na orelha, e então tenho certeza do que Callie disse sobre dar flores a alguém.

Já faz dez minutos que a sessão começou quando Jeff finalmente chega. Eu realmente esperava que ele estivesse na solitária ou coisa do tipo, mas está me encarando nesse exato momento. Tenho que admitir que na maioria das sessões eu simplesmente viajo para outra dimensão enquanto um paciente qualquer fala sobre alguma de suas frustações, mas quando Jeff entra na sala e bate a porta com força, o barulho me tira do transe.

A Dra. Lee está nesse momento dando uma bronca em Jeff, e em vez de prestar atenção nas palavras que saem da boca da doutora, só consigo notar que Jeff não para de me encarar e agora ele está realmente me assustando.

Eu espero que ele rebata a bronca da doutora, mas ele apenas assente e se desculpa de uma forma realmente educada. Me pergunto se ele está dopado ou qualquer coisa do tipo, mas mal consigo pensar porque ele continua com os olhos fixos em mim. Quero gritar para a doutora fazê-lo parar, mas engulo a seco minhas próprias palavras.

— Chris, você tá bem? — Callie está bem próxima a mim, tanto que seu hálito soprado em meu pescoço me faz ter calafrios. Faço de leve quem sim com a cabeça. — Tomou seus remédios, certo? — Faço que sim novamente. Jeff continua me olhando, agora sentado quase de frente pra mim. Acho que Callie segue meu olhar até Jeff porque em seguida ela o manda parar. Mordo o lábio com força para impedi-lo de tremer, e sinto o gosto levemente metálico invadir minha boca.

— Jeff, você está o assustando, seu idiota. — Acho que é Emma quem fala, mas não tenho a mínima certeza. Só sei que quero que ele pare de me olhar desse jeito, como se quisesse me matar.

— Se eu não parar, você vai fazer o que? — Felizmente, ele desvia o olhar do meu, então solto o ar que prendia e consigo realmente absorver as palavras seguintes dele. — Você e a vadia da Callie vão ensiná-lo a cortar os pulsos, para que ele pare de sofrer por eu apenas o estar o encarando? Olha, acho que Callie não é uma boa professora, já que ela mesma falhou horrivelmente em cometer suicídio.

— Jeff! — Dra. Lee o corrige, e ele levanta as mãos em sinal de rendimento. Os dedos de Callie estão entrelaçados nos meus e só percebo agora o quanto ela aperta forte minha mão. — Saia daqui, agora! — Ela acena com a cabeça para um segurança que estava atrás da tela da porta que entra e sai levando Jeff pelo braço. Ele nem mesmo tenta se defender.

— Mais alguém quer dar seu showzinho particular estúpido ou podemos continuar? Ótimo. — Ela ajeita os papeis no colo dizendo que nem ao menos estavam bagunçados, e então olha para frente com um sorriso acolhedor, um leve “tá tudo bem” na curva dos lábios. — Isso, meus queridos, foi o oposto de algo que eu pelo acho fundamental. Gentileza. Emma defendeu o Chris, o protegeu, isso sim foi gentileza. Quero que pratiquem mais isso, que cuidem um dos outros.

Pelo menos dessa vez, tento ouvir o discurso. Tento focar nas palavras da minha psiquiatra e no calor da pele de Callie contra a minha, porque não quero lembrar do olhar de Jeff em mim.

Ele vai me matar.

Deus, ele vai me matar.

Vai me matar porque eu o entreguei.

É difícil continuar com esses pensamentos quando Callie encosta a cabeça no meu ombro, se aconchegando em mim, o cabelo roçando de leve na minha bochecha. Aperto seus dedos contra os meus de leve, e ela levanta a cabeça e apoia o queixo no tecido de algodão da minha camiseta. Viro o pescoço para olhá-la, e seus olhos azuis encontram os meus, enquanto seus lábios se curvam num sorriso. Não consigo não olhar para o seu sorriso, nem parar de encarar sua boca enquanto ela fala.

— Tá tudo bem. Eu estou aqui, com você, sempre. Não esquece disso, ok? — Aperto sua mão mais uma vez em resposta.

Instintivamente, meu rosto se move para frente em direção ao rosto de Callie. Ainda continuo com os olhos fixos em seus lábios. Callie fecha os olhos no momento em que meus lábios tocam a pele delicada da sua testa. Fecho meus olhos também, porque naquele momento, acredito em cada uma das suas palavras

— Posso falar com você por um minuto, Chris? — Já estou saindo da sala quando ouço a voz da Dra. Lee. Callie está a minha frente, rumo a porta, e para no mesmo momento que eu. Ela faz menção de voltar a sala comigo, mas a doutora acrescenta. — A sós.

Sento na cadeira mais próxima já imaginando o quão ferrado eu estou. Ela não deveria querer falar comigo a sós sem um bom motivo, não é? Minha sessão com ela é as segundas-feiras, e ela não disse nada de extrema importância na última vez que estive em seu consultório. Acho que ela vai reclamar das cartas para Hannah. Ou talvez ela tenha descoberto de alguma forma sobre sexta passada. Ou quer que eu me afaste de Callie.

— Só te chamei aqui porque... — Ela deixa a frase morrer no ar aos poucos, mas quero desesperadamente que ela volte a falar. Começo a ficar mais apreensivo ainda, e balanço a perna sem parar em um claro sinal de impaciência. Não consigo de forma nenhuma olhar para ela diretamente, então só encaro o chão. Ela solta um suspiro longo antes de recomeçar a falar e por um segundo penso que é algo mais sério do que eu estava cogitando. — Só queria dizer que estou orgulhosa de você, Chris.

Se isso fosse um desenho animado, haveria uma interrogação gigante na minha cara no momento em que ergo os olhos para a Dra. Lee. Orgulhosa do quê, Santo Deus? Não há nenhum motivo para alguém ter orgulho de mim, certo? Sou um adolescente infeliz e esquizofrênico preso num hospital psiquiátrico que fez alguma merda e não se lembra disso. Claramente, não há nenhuma palavra digna de orgulho na frase anterior.

A Dra. Lee, como uma boa psiquiatra, sabe interpretar expressões faciais, então ela sabe que estou com uma puta dúvida e me responde antes mesmo que eu pergunte:

— Pelo que você fez com a Emma. Tive uma sessão com ela hoje de manhã, e ela me falou sobre ontem. Você a ajudou muito, sabia? — Quero dizer que eu nem devo ter ajudado tanto assim, porque Emma chorou o dia todo antes disso. E eu só fui lá porque Callie pediu, ou seja, todo esse discurso deveria ser pra ela, não pra mim. — Estou muito orgulhosa de você, Chris. Isso pode ser o começo de um grande progresso, não acha? Criar vínculos de amizade pode te ajudar também. Emma estava muito feliz dizendo que tinha ganhado flores. Logo ela, que sempre diz que está com vontade de morrer, Chris! Emma estava sorrindo de verdade e me dizendo que estava bem. Não quero que sinta que agora tem a responsabilidade de ficar cuidando dela nem nada, mas quero que saiba que é importante pra aquela garota.

Ela faz uma pausa e meio que espera que eu diga alguma coisa, e me pergunto o que eu deveria dizer. “Obrigado”? Não faz o menor sentido. Quer que eu explique o porquê de, de alguma forma inacreditável até mesmo para mim, eu me importar com Emma?

Faço um aceno positivo com a cabeça, pois é a única coisa razoável na qual eu consigo pensar para fazer, e então pergunto se já posso ir embora. Meio decepcionada, ela diz que sim, então me levanto e já estou com um pé para fora da sala, quando ela me chama novamente. Quando raios essa mulher vai me deixar sair dessa sala?

— Jeff não vai fazer nada com você, tudo bem? Eu não vou permitir, mesmo que ele tenha que ser sedado mais de uma vez. — Como se Jeff fosse simplesmente pedir permissão para me matar. — Só quero que saiba que você fez a coisa certa sobre as drogas, e que não precisa ficar apavorado por nada.

Quase pergunto o porquê de ele não estar na maldita solitária já que foi pego com drogas, dizendo que tem gente que vai pra lá por bem menos. Mas tenho medo de perguntar e ter que voltar a sentar e ela começar a falar muito mais sobre coisas que não me sinto à vontade para discutir, então apenas fecho a porta atrás de mim, aproveitando talvez minha última possibilidade de fuga.


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Notas finais do capítulo

Então, opiniões?
Ia falar isso nas notas iniciais, mas achei que ficaria muito grande e ninguém leria até o final, então, vou agradecer aqui mesmo.
MUITO OBRIGADA A TODOS VOCÊS. Seríssimo, é muito bom ver o apoio de vocês a TMOfChris. Muito obrigada por lerem, comentarem, favoritarem e recomendarem. Vocês são incríveis ♥
Questionário do capítulo:
—Nenhuma alma viva até agora comentou sobre o que poderia ser o Objetivo Final do Chris. Ele já citou que o que está fazendo é apenas para esse tal objetivo, então queria saber qual é a opinião de vocês sobre o que será isso.
—Acham que o Jeff vai fazer alguma coisa com o Chris?
—Acham que o que o Chris fez teve algum impacto efetivo na Emma?
É isso, obrigada por lerem mais um capítulo e até o próximo ♥