Céu de Konoha escrita por Kamereon


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Antes de qualquer coisa, essa one foi feita antes do filme "At Last" de Naruto. Depois do filme fatos entre o casal da história podem mudar, estou escrevendo baseada no final do mangá apenas. Por isso, para qualquer pessoa que *futuramente* ler essa oneshot, considere a data em que foi escrita rsrs

Boa leitura :)



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Ela estava lá, sobre a ponte. O sol estava se pondo, um vento leve fazia a vegetação balançar suavemente. O cenário parecia uma obra prima pintada à tinta e Sakura era o ponto alto da arte. Parecia que toda a natureza estava lá para agradá-la. Bem, meus pensamentos eu manti em segredo. Eu estava me esforçando para voltar a ser o Sasuke que eu era. Ou na verdade, o Sasuke que eu seria caso não houvesse tragédia. Estava me esforçando para demonstrar meus sentimentos às pessoas que me eram importantes, porém nenhuma mudança assim acontece da noite pro dia. Por isso posso dizer que eu continuava medindo as palavras e suprimindo certos pensamentos.

Mas, ela estava lá. Estive procurando por ela desde cedo. Queria poder falar com ela e na verdade nem sei bem sobre o que. Desde que voltei para a vila não tivemos oportunidade de ficar a sós, apenas nos comunicamos em grupo com Naruto e os outros. Eu o faria agora, certamente faria.

Um homem como eu, que matou o próprio irmão, que quase matou amigos verdadeiros e que fez tantas coisas importantes... Com medo de falar com a companheira de time. Que coisa mais irônica, Uchiha Sasuke.

Não era medo. Era apenas um receio. O que eu diria? Como eu diria? Eu não tinha um referencial, um modelo a seguir. Não sabia como eram ditas essas coisas. Mas alguém precisava dar o primeiro passo. Seria eu, não permitiria mais que Sakura fosse a única a fazer algo por nós.

- Então você ainda gosta daqui. - Me aproximei. Eu e essa mania de não saber dizer "Olá".

- Olá Sasuke kun - Ela disse sorrindo. - Sim, eu gosto daqui... É bastante nostálgico.

Observei-a um pouco mais. Me perguntei como fui capaz de um dia dizer que não me importava com ela.

- Você gosta de lembrar? - Perguntei. Em uma pergunta tão simples eu me referia a muitas coisas. Queria saber do que ela sentia falta.

- Ah, eu gosto. Por muitas vezes fico lembrando da época em que éramos genins. Mas lembro de tantas outras coisas... Às vezes gosto até de lembrar de coisas tristes e pensar que elas passaram.

Não é segredo pra ninguém, eu sempre tive as mais altas notas na escola e sempre fui uma pessoa inteligentíssima. Por isso, quem sabe, o normal fosse eu ser atraído pelas coisas mais complexas, porém são sempre as palavras simples que me cativam. Sakura era simples de entender, por mais que eu negasse isso. Talvez isso me encantasse nela. Talvez eu não gostasse de ser um cara tão complexo e quisesse me tornar um pouco como ela.

- Falando assim parece que foram muitas coisas tristes... Você sofreu muito? Quer dizer, você não estava sozinha. Sempre esteve cercada de amigos. Me faz pensar que não tenha sido de todo tão ruim.

- Sim, eu sofri muito Sasuke kun. Mesmo cercada de amigos. É certo que eles sempre me ajudaram, mas não posso dizer que foi fácil. - Usando um tom doce e meigo, Sakura me deu uma lição. Foi como se ela dissesse "as coisas não são sempre como você acha que são, Uchiha.".

- Entendo. Bem, também não foi fácil pra mim.

- Eu imagino. - Sakura disse, direcionando a mim os seus grandes olhos verdes transbordando piedade e compaixão. Ela acreditava em mim. Qualquer um poderia contestar, dizer que eu sofri porque quis, que eu poderia ter voltado se quisesse. Mas ela me compreendeu. Na verdade, quem ouvisse nossa conversa não entenderia muito bem do que estávamos falando. Sem notar, entramos em uma conversa só nossa, cheia de linguagens e códigos, repleta de fatos que pertenciam somente a nós.

Sasuke, você perdeu o rumo da língua e todo o autocontrole.

Um momento de um silêncio sufocante se instalou, o qual quebrei com uma pergunta dessas que habitam nossa mente e escapam pelos lábios sem que ao menos se perceba.

- Seus sentimentos permanecem iguais mesmo após todo esse tempo?

Parece que eu estava mesmo me habituando, pouco a pouco, a mostrar meus sentimentos. Me arrependi por um instante por ter dito aquilo. Qual seria a reação de Sakura? O que eu faria? Para minha surpresa, ela sorriu para mim.

- Eu não seria a Sakura se eu não amasse mais o Sasuke kun.

Eu já sabia que amava Sakura, mas ouvi-la dizendo isso me fez sentir um homem completamente... Completo. Renovado. Euforicamente realizado e terrivelmente arrependido por tudo que ela passou enquanto esperava por mim, mesmo após o meu pedido de desculpas. Sakura esperou por mim, me compreendeu, acreditou em mim e me aceitou como eu sou. Quem, no mundo, pode ser igual a ela? Por um segundo pensei que não a merecia. No segundo seguinte eu compreendi que apenas eu poderia fazê-la feliz, como recompensa por ter sofrido tanto por minha causa.

- Isso... É bom. - Sorri timidamente. Eram raras as vezes em que me sentia tímido assim.

- Sim. E um tanto embaraçoso. - Sakura disse, abaixando a cabeça e corando.

- Sakura, eu... - Era agora. Tinha que ser agora! Eu precisava acertar as coisas com ela, era justo. Só não sabia o que dizer. Todo o meu dicionário mental havia sumido no momento. - Tenho um novo objetivo na vida.

Eu disse seriamente. Ela olhou pra mim assustada, creio que temeu que eu pudesse estar tramando algo ruim outra vez. Por isso me arrependi da seriedade que impus e tentei relaxar um pouco.

- Um novo objetivo? O que é Sasuke kun?

- Eu vou precisar da sua ajuda. - Falei, ainda um pouco perdido nas palavras e pensamentos. E então os olhos dela brilharam. - É que... Me desculpe pelas coisas ruins que fiz a você.

- Ora, você ja se desculp...

- Sakura - Olhei bem fundo nos olhos dela. Com uma força que veio não sei de onde, ergui meu braço e estiquei meus dedos em direção ao contorno suave de seu rosto, me aproximando e abaixando o tom de voz. - Lembra do que você disse antes que eu partisse? Você disse que ia fazer com que eu fosse feliz se eu ficasse. Agora eu quero o contrário.

- Sasuke kun - Sakura sussurrou com os olhos cheios de lágrimas.

- Quero ser responsável pela sua felicidade. Daqui em diante, por todos os dias. Seu coração, seus sentimentos... Eles são responsabilidade minha agora.

Quando a primeira lágrima caiu o meu único impulso foi unir meus lábios aos dela. Foi apenas isso, um selar de lábios. Mas tínhamos tanto sentimento que eu enxerguei como muito mais que apenas um selar de lábios. Estávamos unindo nossas vidas.

Após separarmos nossos lábios mais uma vez meus braços tomaram vida própria, se é que posso dizer dessa maneira. Abracei-a como se fosse a coisa mais natural do mundo, como se estivéssemos em uma peça de teatro e isso fosse parte do roteiro. A diferença é que não estávamos encenando, os sentimentos eram verdadeiros, quase palpáveis de tão verídicos. Senti os finos braços da minha flor circundando meu tórax com certa timidez, e notei que ela ainda não havia parado de chorar.

- Sakura... Por favor não chore. – Disse calmamente, erguendo seu rosto para que pudesse vê-la.

- Não estou triste Sasuke kun. – Ela sorriu, ainda com os olhos úmidos.

- Mas eu não quero que chore. – Insisti, fazendo com que ela alargasse ainda mais seu doce sorriso.

O sol já havia se posto, e as estrelas apareciam para flagrar-nos. Uma, duas, três... Logo uma imensidão de pontos prateados enfeitava o negro céu de Konoha, enquanto eu e Sakura estávamos ali, juntos e em silêncio. Não havia o que dizer. O nosso ritmo cardíaco e nossos olhares que se cruzavam diziam tudo o que as palavras não podiam expressar. Depois de um longo suspiro e uma risadinha, Sakura se pôs a falar.

Irritante...

- Veja só Sasuke kun, o céu está muito mais bonito hoje, você não acha?

Garota boba! O que havia de diferente no céu? Nada! Estava absolutamente normal. Bonito, sim. Porém normal, como em todas as noites. Olhei para ela, e ela continuava contemplando as estrelas. As estrelas refletidas em seus olhos, essas sim eram as mais bonitas. Era como se houvesse estrelas em uma imensidão verde, em vez de negra.

- Sim... Está lindo hoje, Sakura.

Mais tarde, percebi que minha proposta à Sakura era como uma troca. Eu queria ser o responsável pela felicidade dela e assim acabaria me tornando feliz também. Durante esse tempo todo eu andei em busca de poder, vingança e justiça. Sabia o significado e o gosto amargo que cada um tinha. Mas só depois que parei de segurar meus sentimentos e dar ouvidos a uma certa garotinha irritante é que eu percebi que a felicidade é o que realmente importa, e descobri ainda o que era essa tal felicidade. A felicidade nunca vem apenas para uma pessoa; ela não pode acontecer individualmente. Apenas pude entender o que era a felicidade depois de ver quão lindo era o céu do meu lar refletido nos olhos de quem tanto amava.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? :)
Tenho planos de uma longfic sasusaku ou com os casais canon, mas sinceramente não sei quando terei tempo de fazer. Fiquem de olho porque as ideias vivem aparecendo do nada na minha cabeça, haha ;)



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