– Agora acho que vou escrever a carta a Lupin, ele deve estar preocupado – Sirius diz após passar um longo tempo conversando com Dorcas.

– Você ainda não escreveu? Ele deve estar louco! Me dá um pergaminho e uma pena que eu mesma escrevo.

– Ok, só me deixa achar meus pergaminhos, não sei onde os guardei – Sirius revira sua parte do quarto a procura dos pergaminhos, até que os acha no fundo de seu malão.

– Como isso foi parar ai? Tivemos aula ontem.

– Eu não escrevo muito, sabe como é.

–Six, o que é aquilo ali? – diz Dorcas apontando para uma mochila verde dentro do malão de Black.

– Ah, já tinha me esquecido, é a sua mochila, você esqueceu quando fugiu da casa de James, coloquei outras coisas que você deixou lá ai dentro também. Eu ia te devolver, mas você não queria me ver, então acabei esquecendo.

– Será que pode me dar ela agora?

–Uhum – Sirius joga a mochila para Dorcas.

Ela abre a mochila e começa a olhar o que há dentro. Alguns livros, maquiagens, uma camiseta, um vestido, dois colares, alguns presentes dados por Black, e uma caixinha. Pequena e discreta, nada de mais, não fosse pelo que ela significava. Dorcas abriu lentamente a caixa, apenas para ter certeza de que era o que imaginava. Ela levantou os olhos já cheios de lágrimas para Sirius e jogou, com toda sua força, a caixa no rapaz.

– Dorc...

– Cala a boca! – ela grita – Você está vendo esses absorventes? Eram pra estar no lixo! Daqui três dias faz exatamente dois meses que sai daquela maldita casa, e até agora não tive oportunidade de usá-los, nem eles, nem nenhum outro absorvente! – Ela passa a atirar tudo o que consegue em Black – Porque Six? Porque agora? Ah, que raiva, tudo dá errado pra mim! Por quê?

Sirius sente vontade de vomitar, ou morrer, ou rir, ou chorar, tudo ao mesmo tempo. Quando Dorcas tirou a pequena caixa de dentro da mala ele soube o que viria em seguida. Black usa toda sua energia para andar até a cama onde Meadowes está e abraçá-la.

– Me desculpa Doe, vai ficar tudo bem. Nem sabemos se você está grávida mesmo, pode ser outra coisa, pode só estar atrasado.

– Six, você sabe que nunca vem atrasado pra mim.

– Mas... Mas isso pode mudar, vamos pensar no melhor, ok?

– Six, o que vamos fazer se eu estiver mesmo carregando seu bebê?

– Nada Doe, fique calma.

– Como nada, você não quer que eu acabe com a vida do meu filho? – ela se afasta de Black e põem as mãos de forma protetora na barriga.

– Claro que não Dory, mas não sabemos se realmente há uma criança ai! Se houver, vamos cuidar dela com todo o amor e carinho.

– Six, como vamos contar isso pro Remus?

Black não responde. Sente o coração apertado por conta do que pode ter feito.

– Isso vai acabar com ele – dizem os dois ao mesmo tempo.

– Sirius, não podemos contar pra ele.

– Como não Dorcas?

– Você mesmo disse que não temos certeza de nada. Só vamos contar aos outros se for certeza.

– Não sei se essa é a melhor opção.

– Six, por favor, eu acho que estou apaixonada por Lupin de um jeito que nunca fiquei por ninguém, não posso perdê-lo.

– Aluado te ama muito Dorcas, acho ele que merece saber antes dos outros.

– Não! Ele, assim como todas as outras pessoas só ficarão sabendo quando for confirmado.

– Tudo bem Doe, mas eu acho que ele devia ser o primeiro a saber.

– Six, ele vai ficar tão triste.

– Ele vai ficar mais triste se descobrir sozinho.

– Não vamos contar a ninguém, então ele não tem como descobrir.

– Você vai continuar... sabe... ficando com ele, enquanto não temos certeza?

– Claro Six, e mesmo depois, se ele ainda me quiser.

– Doe, isso pode fazer mal ao bebê!

– Porque exatamente ficar com Rem pode fazer mal ao bebê?

– Porque se você transar com ele, e o bebê estiver lá dentro, pode machucar o nosso filho – ele fala passando a mão na barriga dela.

– Eu acho que isso não afetaria o bebê, e de qualquer forma Rem é virgem – ela tira as mãos de Sirius de seu abdômen.

– O que? Aluado é virgem?

Dorcas assente.

– E aquela noite no armário de vassouras? É verdade que não fizeram nada?

– Uhum.

– E o dia que vocês se entenderam, não rolou nada?

– Não.

– Nadinha?

– Não Sirius, eu e Remus nunca fizemos nada.

– Porque não?

– Por que ele não está pronto

Sirius da uma risadinha.

– Do que está rindo?

– Nada não.

– Fala – ela cruza os braços.

Sirius se aproxima de Dorcas e a beija. Ela corresponde, eles se beijam por um longo tempo até Black tentar abaixar as calças.

– Não Six, isso não é certo.

– Eu sei, mas eu sinto a sua falta.

–Eu também Six, mas não vou fazer isso com Rem, eu realmente gosto dele.

– Eu sei, me desculpa, perdi a cabeça.

– Tudo bem Six, não precisamos contar isso a ninguém. Agora me dá o pergaminho e uma pena, tenho que avisar ele sobre o que aconteceu.

Dorcas escreve uma breve carta à Remus, e a entrega à sua coruja Jullien.

Quando se deu conta de que Dorcas e Black não apareceriam, Remus sentou-se em uma pedra, e passou a tarde encarando a Casa Dos Gritos. Se desgraçava por sua condição e imaginava que os dois não apareciam por que estavam trancados em algum armário de vassouras. Chorou por horas a fio ao pensar que devia ter mantido sua paixão em segredo. Ainda chorava quando Jullien chegou com a carta.

Quando viu a caligrafia de Dorcas, sorriu. Logo ao terminar a carta saiu correndo em direção ao castelo.

Quando entrou no dormitório, Meadowes estava dormindo no colo de Black, como faziam quando eram namorados. Remus sentiu uma pontada de ciúmes, mas apenas se aproximou em silêncio e sentou-se na beirada da cama.

– Oh, Aluado, quer trocar de lugar comigo? Meu braço já está doendo.

– Hum, ok Almofadinhas, há quanto tempo ela está dormindo?

– Logo depois que escreveu a carta ela voltou a dormir, ainda está fraca. Acho que algum feitiço a acertou e eu não vi, ela mal consegue se sentar.

– Quem os atacou, você reconheceu algum deles? – Remus troca de lugar com Sirius.

– Não reconheci, Aluado, e quando eles caíram, peguei Doe e corri, não quis dar-lhes tempo para se recuperar.

– Obrigado, por protegê-la. Te devo essa.

– Doe sabe se proteger, ela só foi pega desprevenida.

Sirius e Remus continuam conversando por horas, Potter e Pettigrew chegam ao dormitório.

– O que aconteceu aqui? Alguma festinha para a qual não fomos convidados?

– Fale baixo Pontas, Doe está dormindo – fala Black.

– O que? Alguém pode me dizer o que está acontecendo?

– Ela e Almofadinhas foram atacados no túnel para Hogsmeade, ela foi atingida por um feitiço...

– TALVEZ! – interrompe Sirius.

– Ok, talvez um feitiço tenha a atingido, então Almofadinhas trouxe ela pra cá, e ela vai ficar aqui até se recuperar.

– Tudo bem por mim – diz James.

– Por mim também! – exclama Peter.

– Tomara que Lily venha atrás dela.

– O QUE VOCÊS FIZERAM COM DOE? – grita Evans entrando no dormitório dos marotos com a varinha em mãos.

– Salvamos a vida dela, provavelmente, agora Lily, fale baixo, porque ela está dormindo – diz Potter.

– Pode me explicar como salvaram a vida dela?

Remus conta toda a história.

– Ela vai ficar por aqui hoje – diz Sirius.

– Mas de jeito nenhum, eu vou levá-la ao nosso dormitório.

– Não Lily, ela está fraca, é melhor que fique aqui, você pode vir vê-la de manhã – diz Remus.

– Ou então pode dormir aqui também, meu Lírio.

– Nem pense nisso Potter, vejo vocês amanha de manhã. Cuidem bem dela.

– Pode deixar Lily, se precisar, posso cuidar de você também.

– É Evans pra você, Potter, e eu sei me cuidar muito bem sozinha.

– Tudo bem meu Lírio, até amanha – ele sopra um beijo.