Eu fiquei o dia todo fugindo do Sasori que nem uma retardada. Uma hora ou outra eu ia ter que falar com ele, mas apesar de saber disso,  eu simplesmente não conseguia. Vou pedir impeachment da vida. 

— Sakura, você está estranha... - Sasuke disse enquanto eu estava recolhendo minhas coisas para ir embora. Ele iria ficar na empresa como sempre, então continuava sentado em sua cadeira de chefe, que com certeza tem uma existência mais feliz que a minha, tomando café em um copo muito sortudo, que com certeza vai para o lixo muito feliz. 

— Eu? É impressão sua. - Respondi, apressada, terminando de organizar as coisa de um lado para o outro. Até o barulho do salto já estava me irritando. 

— Se você vir a Karin quando estiver saindo, diga a ela que vou me atrasar hoje de novo. - Graças ao meu bom Thor, aquele divo, ele mudou de assunto. Não que seja um assunto muito melhor, até porque olhar pra cara daquela ruiva continua sendo bem irritante.

— Sem problemas. - Muitos problemas. - Não acha que deveria passar mais tempo com a sua esposa? - Perguntei, enquanto pegava a bolsa. Eu tinha um pouco de pena dela sim, ela ficava esperando Sasuke sair da empresa, mas ele não dava muita bola.

— Ela entende meus compromissos. - Ele respondeu arqueando os ombros. "Compromissos", dizia ele enquanto lia o jornal. Que graça. 

— Aham. - Murmurei. - Eu vou indo, até amanhã. 

— Até. - Escutei ele dizer antes que eu terminasse de fechar a porta. 

Passei a andar apressada pelo corredor principal. Assim que virei para o outro corredor, vi a ruiva escorada na parede próxima a saída. 

— Boa noite, Karin, o Sasuke pediu para avisar que vai se atrasar. - Falei me aproximando, com o máximo de educação que eu consegui, o que foi bem difícil.

— Ah, boa noite, Sakura. Tudo bem, já me acostumei. Inclusive, o que achou da surpresa? Agora você e o meu primo podem trabalhar juntinhos também. - Ela sorriu cínica. 

— Então foi você mesmo. Que gracinha, obrigada! - Suspirei. - E qual a intenção com isso?

— Antes o Sasuke disse que não queria que vocês ficassem juntos por pensar que poderia afetar sua produtividade, e ele tinha mencionado meus primos porque isso poderia afetar a empresa e, além disso, ele acha que nenhum dos meus primos presta. Deveria ficar feliz, ele se preocupa com você. - Karin continuou falando. Ô mulher chata. - Mas, relacionamentos entre funcionários são ainda menos tolerados por ele, então tomem cuidado. Ou ficarão felizes juntos, na rua.

— Agradeço sua colaboração, mas eu não sinto nada pelo Sasori. Desculpa decepcionar. - Falei, me virando para seguir até a saída. 

— Mas ele gosta de você. Eu não acho que ele desistiria tão fácil. - Ela olhava para as unhas enquanto falava. 

— Já conversamos sobre isso. - Falei virando novamente para ela e me escorando na parede também. - E Karin, uns dias atrás você estava meio abalada com algo, foi até mais educada comigo, murmurava algumas coisas... O que aconteceu agora? Acabou o roteiro de vítima? - Ela agora me encarou, mas não demonstrava muita irritação.

— É, eu percebi que sou muito melhor que você e me preocupava sem motivos. Se acabou meu roteiro você já deveria ter parado com o seu papel de trouxa, não? - Alguém chama o Jack Estripador que os cortes tão rolando. Assoviei, segurando a risada.

— Aquele lá que é livre, como é o nome mesmo? Ah é, o choro. - Disse novamente me virando e voltando a caminhar. - Boa noite, Karin. 

— Boa noite, Sakura.

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— Você demorou. - Quase tive um ataque, estava quase entrando no carro. Era Sasori. 

— Porra, Sasori, eu sou pobre, não tenho seguro de vida não! - Falei, colocando a mão no peito depois do susto.

— Desculpa, não queria te assustar. - Ele disse ainda sério, mas com certeza o desgraçado ria por dentro. - Eu ia te oferecer uma carona, mas você já vem de carro. 

— É... Ah, Sasori... - Chamei, enquanto lembrava do anel e o procurava na bolsa. Peguei a caixinha. - Você deixou cair isso, sabe, lá em casa. - Estendi a ele. Seus olhos demonstravam surpresa no começo, mas logo ele aceitou a caixinha e assentiu. - Desculpe por isso. 

— Não tem problema, você não pode ficar com alguém que não goste... - Ele murmurou.

— Não é isso! - O interrompi, balançando as mãos em frente ao corpo. - Você é uma pessoa maravilhosa, Sasori, eu só... Já amo alguém. Seria difícil subtituí-lo, e não quero te magoar.

— Eu entendo, não tem problema mesmo, não se preocupe. - Ele sorriu. - Mas somos amigos, certo? - Ele perguntou, estendendo a mão. Eu a apertei e assenti.

— Agora, eu tenho que montar o plano agricultura! Com licença, Sasori. - Falei abrindo a porta do carro.

— Plano agricultura? - Ele arqueou uma sobrancelha. 

— É, pra eu poder plantar minha mão na cara da sua prima. - Respondi. Ele gargalhou.

— Você ainda odeia ela? Sabe, no fundo a Karin não é má, ela quer que o Sasuke a note, ela só quer ser valorizada. 

— Que vá para a Índia, lá vaca é bem valorizada. - Cruzei os braços, bufando. Ele riu mais. - Ela não é tão santa quanto você pensa. 

— Eu sei, eu sei, só estava tentando argumentar. Pior que ela eu nem consigo defender. - Ele sorriu e então levantou a mão, para que eu batesse em um high-five. - Vou te ajudar. Plano Karin no Globo Rural? - Agora eu gargalhei alto.

— Karin no Globo Rural!