"Alguma coisa está errada, não consigo explicar

Tudo mudou quando os pássaros vieram

Você nunca vai saber o que eles podem fazer"

Prey - The Neighbourhood

                                                            ANNABETH

                                                  Música - para o capítulo

Mais um dia exaustivo se passou. Hoje é uma nova manhã, um novo dia, hoje é...é o meu aniversário! O maldito dia em que encontrarei o Tyler. Eu o odeio com todas as forças possíveis presentes em meu corpo. Mas tinha de me controlar, manter a calma, como sempre.

Está sendo um belo dia, então eu deveria aproveitar. Mas com todos os recentes acontecimentos, tem sido uma tarefa pra lá de complicada. Porém, eu deveria dar ao menos uma tentativa. Irei descer as escadas, tomar café e fingir que está tudo bem - menos com Clarkson, afinal, depois do que ele fez, não lhe devo satisfação nenhuma, emoção nenhuma, nada.

Eu fiz todo o planejado, mas fingir que estava feliz era complicado.

— O que a aflige, Annabeth? – disse Clarkson fingindo ser doce.

— Nada, eu estou muito bem – respondi ríspida, ele ainda provará da minha fúria. – Clarkson. – completei

— Você nunca me chama de Clarkson – ele disse em tom confuso.

— Para tudo existe uma primeira vez. Com licença – Levantei bruscamente da mesa.

— Annabeth! Volte. – Disse minha mãe.

Eu não iria voltar e aceitar esse fingimento de Clarkson. Isso definitivamente não estava entre as minhas obrigações e mesmo que estivesse, não o faria.

— Se a senhora minha mãe não escutou, eu pedi licença, ou seja, estou me retirando definitivamente da mesa porque tenho outros afazeres – Amberly não merecia minha grosseria, mas era o único modo de ela me deixar em paz.

— E quais seriam estes?

— Acho que não está lembrando que as sete da noite tenho que receber os convidados para a festa e não tenho nada pronto de minha parte.

— Mas você tem que receber os garotos para o café.

— Não ficou sabendo? Eles foram passar uma tranquila manhã no SPA. Basicamente, o café será servido lá.

— Já que não posso lhe impedir, vá!

— É o que eu ia fazer, mãe. Com ou sem seu impedimento.

Ela não merecia isso, mas nada mais poderia ser feito pra ela me deixar ir. Ah dane-se, hoje é o meu dia, não vou me preocupar com esse tipo de coisa. Por isso, vou atrás da única pessoa que me faz relaxar por aqui.

— Sr. Spencer Krancer Newt, requisito sua presença.

Spencer é meu melhor amigo. Quando tínhamos 10 anos, nós nos escondíamos no palácio e brincávamos juntos até que meu pai, quer dizer, Clarkson nos pegou no flagra e para ele, uma princesa e um guarda não deveriam ser amigos. Só não mandou ele e os pais dele embora porque tomou-se conta de que éramos muito jovens e “não sabíamos o que era certo”. Mas no fim tudo deu certo. Só tivemos que passar a nos vermos com menos frequência e com mais cuidado.

— Sim, Alteza – Sorria debochado.

— Corta essa, Spence – Eu ria pronunciando seu apelido.

— Fala Bebet

— Não, você sabe que eu odeio ser chamada de Bebet

— o.k Anna

— Prefiro Annie, mas tudo é melhor do que Bebet. Não sei da onde tirou essa ideia de que é um apelido legal.

— Anna, você sabe que gosto de ser original – fez biquinho.

— Agora vamos ao que me interessa. Preciso que você me tire do palácio.

— Pra que? Você sabe que não é seguro. Qual é, você nem precisa sair daqui, tem simplesmente tudo e não tem que pagar nada.

— Mas eu quero sair daqui, quero ir no salão da Sandra, a moça que morava em Lissip. É o meu aniversário, eu queria alguma coisa especial. Não se preocupe eu vou disfarçada e deixarei um bilhete à minha mãe

— Tem certeza?

— Claro.

— Então se arrume, daqui a pouco sairemos.

Fui em disparada, finalmente poderia respirar outros ares a não ser dessa prisão que chamam de palácio.

Entrei no meu quarto e peguei a roupa que sempre quis usar, a de disfarce. Até a Seleção, ninguém ligava para mim, eu podia sair e fazer o que quisesse, porém, surgiu essa maldita disputa e eu sou o centro das atenções. Mas não durará muito, a noite Clarkson será humilhado, ridicularizado e odiado, a vingança perfeita.

Sempre quis ser ruiva, por isso, para complementar meu disfarce constituído de uma jaqueta jeans sem mangas, regata branca e calça preta, uma cabeleira ruiva era totalmente necessário. Até Maxon falou que eu ficava bem com a peruca ruiva, mas acho que ele não conta. Por mais que ele negue percebi que ele tem uma leve quedinha por ruivas naturais, não me impressionaria se ele se casasse com uma.

— Tcharan!!! – Mostrei meu visual ao Spencer

— Você chama isso de disfarce? Acho que ficaria melhor se você colocasse um abacaxi na cabeça. Por que colocou uma peruca ruiva?

— Porque eu queria ser ruiva – fiz bico

— Ninguém é contente com o que tem, meu Deus! Você é loira com os olhos cinza, é linda do jeito que é.

— Own que fofo você, hahaha. Agradeço o elogio, mas ainda sim queria ser ruiva.

— Ahh, eu mereço viu – disse indignado

                        ****HORAS DEPOIS****

— Olá senhorita, qual seu nome? Primeira vez aqui? – Disse Sandra.

— Sandra, sou eu, Annie – falei em seu ouvido.

— Oh, oh – cantarolava – Vamos lá para dentro minha querida, já que presumo pelo disfarce, não quer ser vista publicamente, não é? – ela disse rindo um pouco ao olhar pro meu cabelo.

— Definitivamente.

— Vamos, vamos .

— Sandra, eu quero fazer algo diferente, tipo fazer umas mechas coloridas ou cortar o cabelo e deixa-lo curto. O que acha?

— Acho que se quer uma mudança radical , deve corta-lo. Creio que deixar ele colorido passa uma imagem mais infantil.

— Faça o que achar melhor, confio em você.

Enquanto ela me arrumava, eu tramava minuciosamente minha vingança quanto a Clarckson e Tyler. Engraçado, depois dos acontecimentos percebi que diante das atitudes deles, eles pareciam como pai e filho.

— Prontinho – Diz animadamente Sandra

— Já?! – Olhei no relógio e já havia se passado uma hora – Nossa! O tempo voou.

— Na verdade era você que estava muito pensativa demais.

— O pior é que você está certa! Estou planejando uma grande vingança.

— Nossa! Tome cuidado querida, nem sempre vingança traz satisfação a você.

— Obrigada pela dica Sandra. Quanto lhe devo?

— Nada considere isso um presente de aniversário.

— Nossa! Você lembrou.

— Na verdade o país inteiro sabe.

— É verdade, ás vezes me esqueço disso. Obrigado por tudo, mas agora tenho que ir.

— Adeus querida, volte mais vezes.

Por mais estranho que seja, me sentia poderosa, como se uma nova fase chegasse em minhas mãos. Hoje na minha festa, Tyler verá que não sou mais a garota estúpida apaixonada por ele que vivia me esnobando, ficava com todas, beijava todas, mas nunca me queria. Saberá que não é mais ele que dita as regras agora.

Vou fazê-lo delirar, ele vai ficar achando que tem chance comigo, mas não vai ter, terá que fazer o que eu quiser ou o país vai conhecer aquele desgraçado. Ele que me aguarde.

Voltando ao palácio, o impacto da mudança foi geral, principalmente o da minha mãe.

— O que você fez? Eu até deixei passar o bilhetinho sobre sua saída e sobre você ter realmente a feito. Mas isso não era necessário. Cadê aquele seu lindo cabelo longo?

— Mamãe, não exagere. Queria cortar e o fiz.

— Então vá se arrumar logo Annabeth, vai – Disse irritada.

— Nem precisa falar, eu já vou.

— De onde surgiu essa rebeldia?

— Desde que meu querido pai desonrou a família.

— O que? Trate de explicar essa história.

— Não tenho que falar sobre nada que seja relacionado a ele. Se quer saber de algo, pergunte pessoalmente ao próprio.

Cheguei ao meu quarto e vi uma explosão de vestidos maravilhosos feitos à mão, além de três criadas mais do que desesperadas.

— Princesa, que bom que chegou. Nós não sabemos que cor ou modelo queria então fizemos todos os modelos possíveis.

— Uau! São todos lindos meninas, nem sei qual escolh...- Vi algo que me chamou a atenção, era um vestido branco, perfeito. – Isso é maravilhoso, eu quero esse. Qual de vocês o fez?

— Foi Piper, acho. Acredite ela tem muita inspiração e talento – disse Hazel

— Tenho certeza disso, esse vestido é perfeito  – disse ao lado de Piper que estava muito envergonhada.

Tratei logo de experimentá-lo, as meninas disserem que o vestido me caiu bem. Então ouvimos batidas na porta e tratei logo de abri-la e a pessoa que estava na porta retirou meu sorriso em um segundo. Logo pedi para as criadas saírem.

— Sentiu minha falta?

— Entra logo, Tyler!

Ele já entrou tascando um beijo e me jogando contra a parede, me deixando sem ar e fazendo com que eu infelizmente quisesse mais daquilo. Foi então que vi outra pessoa entrando pela porta do meu quarto quase desabando ao ver aquela cena.