Eduarda encarou Skandar e cerrou os olhos, desconfiada. Ele ergueu uma sobrancelha.

– Ah - suspirou, cruzando os braços - Tudo bem.

Saíram da biblioteca, deixando todos curiosos e começaram a caminhar pelos corredores, até pararem em frente a entrada da escola.

– Bem, e, então, Parker?

Skandar coçou a nuca.

– Bem - pigarreou - Me desculpa.

– Por?

– Você sabe por que!

– Quero ouvir de você - ela bateu o pé no chão, cruzando os braços e erguendo uma sobrancelha - Eu não deveria ter vindo - virou-se e sentiu o braço dele no seu pulso, tossiu, um floco de neve saiu de sua garganta - Que é? - virou-se para ele e o encarou.

– Por que a sua boca está tão branca?

– A questão não é essa. Vai pedir desculpas ou não?

Ele deslizou a mão até a dela.

– Me de-desculpe por falar que ninguém gostava de você.

– Está bem - ela disse, seca e fria.

– Você não quer me perdoar.

Ela suspirou.

– Não sou uma pessoa rancorosa, mas me magoou!

– E eu estou pedindo desculpas por que estou arrependido, te vi chorar, por minha culpa.

– Eu já disse que está tudo bem.

– Seus olhos e sua voz não me dizem isso.

– Você não sabe de nada.

– Sei sim - ele deu um passo para frente, segurando a mão dela com mais intensidade.

– Não sabe nada de mim, Parker, acabou de me conhecer - ela deu um passo para trás.

– Mas quero conhecer melhor - ele pigarreou - Como amigo - adicionou.

– Eu já disse que está tudo bem.

Ele a encarou sério, ela ergueu os pés e beijou sua bochecha. Skandar mesmo sem sangue nenhum no corpo, deixou as bochechas mais vermelhas que os cabelos de Tyler.

– Viu só - ela disse, o encarando - Está tudo bem.

E saiu, deixando-o sozinho, com a mão no lugar que ela beijara.

Logo ela jogou-se na cama; depois de cumprimentar Umbrellia, que pelo visto já havia ido para o dormitório.

– Todos já saíram de lá?

– Não, só a Astrid ficou.

– Por que?

– Ela não quis contar.

Eduarda parou para pensar o que Astrid estaria fazendo, porém nada lhe veio em mente. Depois do banho, caiu na cama e suspirou, Umbrellia roncava, resmungando enquanto colocava a mão no peito, até que escutou batidas na porta.

Saltou da cama e a abriu. Uma menina alta e magra, loira de olhos azuis lhe entregou duas cartas.

– Uma é para você, outra é para a Umbrellia.

Então ela se foi, desaparecendo, como um fantasma.

Eduarda abriu sua carta, lendo sobre um baile de máscaras no final de semana. Provavelmente teria que sobreviver as aulas para chegar lá, ou sobreviver dos seus flocos de neve que saíram do seu nariz.

– Merda - tapou sua boca.

Deixou a carta de Umbrellia do lado da cama dela e deitou-se na cama, dormindo alguns minutos depois.

Porém naquela noite, uma coisa rara aconteceu, ela não havia sonhado com seus pais. Ela sonhara com todos os seus amigos, e...Um ataque...de elementos.

[...]

Depois que todos se foram, Astrid trancou-se na biblioteca, dando vários goles na tequila ela ergueu a mão direita e disse.

– Me dê o livro que eu quero.

Logo um livro grosso e velho apareceu, flutuando, na sua direção. Apoio-o em uma das mesas e o abriu, sabendo o título.

Elementares: Não tão neutros assim.

O primeiro capítulo apenas explicou o que era ser um elementar, porém o segundo...

Astrid perdeu o fôlego e fechou o livro com força, saindo da biblioteca. Aquilo não podia acontecer. Ela não iria deixar.

[...]

Na manhã seguinte, quando todos se reuniram na primeira aula; de Animais e Plantas Misticas.

Sr. Brines demonstrou-se ser um galanteador de primeira com todas as aulas, menos com uma delas...Uma morena, de olhos castanhos. Elementar.

Ele sorriu para todas, que suspiraram.

– Bem alunos, essas são as plantas carnívoras. Alguém sabe nos dizer algo sobre elas?

Nyx levantou a mão.

– Diga mocinha.

– As plantas carnívoras são plantas com a capacidade de atrair pequenos animais, incluindo insetos, que são suas principais presas, aracnídeos e até mesmo anfíbios, répteis e aves, capturar, através de armadilhas compostas por folhas modificadas, digerir, através de enzimas digestivas e utilizar os nutrientes principalmente compostos nitrogenados de suas presas. Habitam geralmente solos pobres, encharcados e ácidos com baixo pH com pouca disponibilidade de nitratos, essenciais para a síntese da molécula de clorofila, dependendo assim do nitrogênio contido nas proteínas dos animais, mas, como todo vegetal, é dependente da energia proveniente da luz para sobreviver. As plantas carnívoras ocorrem predominantemente na faixa tropical do planeta, ocorrendo grande biodiversidade no Sudeste Asiático, Américas e Austrália. Um menor número de espécies ocorrem no sul da Europa e da África, sendo que as mais bem adaptadas ao seu habitat de ocorrência são encontradas em locais inóspitos como o Alasca, Escandinávia e deserto australiano.

Ela acabou de explicar com um sorriso, todos a encararam.

– Eu não podia explicar melhor - o professor disse, fazendo Nyx corar, violentamente.

– Alguém poderia me dizer algumas espécies de Plantas carnívoras? Sem ser a Nyx - disse o professor - Srta. Martins - disse ele, com malícia explicita no sobrenome de Eduarda. Ela o encarou, fria e respondeu.

– Não sei.

– Tente?

– Nepenthaceae, Sarraceniaceae, Droseraceae, Lentibulariaceae e o senhor - ela respondeu, preguiçosa. Nyx sorriu para ela, Skandar pareceu curioso, Zack surpreendeu-se. Angie fez "polegar para cima", Froid despertou da conversa com Tyler, Umbrellia tirou a cabeça do livro babado. Alice mal ouviu. Astrid sorriu. Cristian não apareceu na aula.

– Eu? - perguntou ele, curioso

– Sim, o senhor, você olha para as alunas como se fossem carne nova para o senhor comer. É algum tipo de pedófilo? - Eduarda perguntou, retoricamente, saindo da sala.

O professor corou violentamente, porém a encarou com raiva sair da sala. Ele tinha um plano, maldoso...

Todos exclamaram surpresos, Skanda e Zack riram bem alto das custas do professor, Manu e Nyx encararam os livros, rindo baixinho.

Depois da aula todos foram liberados, onde foram atrás de Eduarda, que estava caída em um corredor, sentindo gelo preso na garganta, causando-a dor e sufocamento.