"Se" escrita por Chappy The Bunny


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Essa one não foi betada. Gente, preciso parar com essa mania/preguiça terrível.



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Gostaria de dizer que nós tentamos
Gostaria de culpar a vida por tudo

“Sempre fui acostumado a ter o que quis. Não por me darem muito, mas por pedir pouco. Querer coisas era problemático demais, então pedia apenas o necessário.

Tudo o que desejei sempre esteve ali para mim: uma casa simples mas aconchegante, uma cama confortável, pais atenciosos, boa comida, um sensei além da expectativa e amigos confiáveis - Chouji e Ino estavam ainda acima disso. Eu não tinha mais nada a reclamar.

Não tinha as melhores notas mas nunca me incomodei com esse fato, afinal, esse era o resultado negligência de pura negligência minha. Modéstia a parte, sou um rapaz inteligente e sei que posso melhorar.

Mesmo com todo esse conforto, com o passar dos anos uma necessidade começou a crescer. Não era do "quê", mas sim de quem: Yamanaka Ino. Minha melhor amiga, a garota com quem cresci e acompanhei durante toda a minha vida, a mais problemática e complicada de lidar que eu poderia conhecer. Algo diferente e além da amizade surgia, e eu sabia bem o que era mesmo que não quisesse admitir. Foi algo que surgiu das risadas, broncas, do olhar de preocupação que ela dava ao me ver em um possível risco, de como ela disfarçava essa preocupação, da doçura nos momentos mais raros e do jeito mimado mas delicado. Algo que se transformava em incômodo ao ver a admiração que ela tinha por Sasuke Uchiha, aquele garoto que todas idolatravam mesmo não tendo absolutamente nada de especial. Algo que queimava, me deixava ansioso, fazia crescer a vontade de vê-la, aumentava a cada dia e só me deixava confuso. Algo que, um dia, desembaralhando e clareando a confusão, descobri ser amor.

Amor... Sentimento problemático.

Tanto quanto a filha de Inoichi.

Tantas e tantas vezes tive a oportunidade de suprir essa necessidade, mas o medo de afastá-la de mim da mesma forma que tantos outros também apaixonados foram era tão grande que transformavam qualquer coragem que surgissem em algo bobo e pequeno.

Foi assim que me acomodei ao posto de melhor amigo e confidente. Acompanhando sua vida de perto, talvez um dia surgisse o momento para que eu me declarasse, e mesmo que não surgisse, eu estava próximo o bastante para saber o perfume dos cabelos loiros e o som de um "eu te amo" sincero, mas nunca no contexto desejado.

Eu sabia, então, coisas, de fúteis a íntimas, que ninguém sabia. Não perdi um detalhe sequer, e tentei até mesmo decifrar alguma pista ou indireta de que ela podia sentir o mesmo por mim, essas que nunca sequer chegaram a existir.
Tentei me conformar com essa posição, até mesmo enganar a mim mesmo de que era isso que eu queria.

Mas um dia veio a novidade que tanto tinha medo.

"Sabe o Sai-kun, Shikamaru? Ele me chamou para sair... E eu aceitei. Você sabe que superar Sasuke-kun não foi fácil, e que desde que consegui, sempre esperei uma chance com Sai, não é? Isso não é maravilhoso?"

Se seus olhos não brilhassem tanto, se seu sorriso não estivesse tão bonito, se aquele conjunto todo não fosse tão feliz, talvez eu pudesse ter dito que não. Mas Ino é mais forte que eu.

"Sim... que horas ele vem te buscar mesmo? Eu posso te acompanhar nas compras. Sei que você vai pedir isso. É problemático, mas as opções que você provavelmente vai me dar são ir agora ou ir em um minuto"

A felicidade dela era uma das minhas necessidades.

As coisas foram assim desde então.
Um, dois, três encontros. Idas do branquelo esquisito a casa dos Yamanaka.

Até que me deparei com meu reflexo em um espelho, parecendo um pinguim, numa prova de um terno. Ino iria se casar, e eu entraria com ela na igreja. Não era uma simples imagem minha ali mas era o reflexo de como minha vida decaiu: perdi os dois homens que me ensinaram o que eu sei, meu pai (assim como Ino perdeu Inoichi) e Asuma, minha vila ainda estava se reerguendo da guerra, vários companheiros meus haviam ido embora, noites mal dormidas começaram a surgir e comecei a apelar para o cigarro, que como minha mãe e Ino diziam, e com toda razão, me fariam um mal terrível no futuro. Agora, ela seria levada por outro cara e eu não podia fazer nada.

Ficamos dias sem nos falar por causa daquela típica correria, até que o casamento chegou.

E mesmo sem querer ir, eu fui. Ela estava tão deslumbrante naquele vestido branco, mais linda do que nunca - e não era pela produção, e sim pela felicidade naquele rosto. Foi aquela felicidade que sumiu com qualquer vontade de ir embora que eu tivesse.

"Você parece tão sério nesse terno, Shikamaru. Tem certeza que é você e não o Shikaku-san aí?"

Foi uma brincadeira boba mas que pude perceber que era uma grande ferida sendo cutucada. Ino sentia a falta do pai e também de Asuma.

"Inoichi estaria orgulhoso de vê-la assim, Asuma e até meu pai também se emocionariam. Você está linda. Se o idiota do Sai fizer qualquer coisa a você, eu quebro a cara dele com a força de quatro e o Chouji também. Nove contra um." Ela riu.

"Nove?"

"Sim. Vai ser problemático mais eu bato por mim, pelos nossos pais e Asuma e o Chouji bateria por eles também, fora que ele vale por dois. Nove."

E recebi então seu último abraço sem o noivo (em breve marido) interrompendo.

"Obrigada"

Queria que aquele abraço demorasse a eternidade, que Ino nunca saísse dos meus braços, mas a "grande" hora havia chegado. As portas se abriram e do outro lado Sai esperava que eu entregasse a noiva a ele, e foi ali que dei a mão da mulher que eu amava para outro cara. Todos os sonhos e planos foram por ralo a baixo. Poderia ser eu no lugar dele nesse momento, mas o medo foi maior.

Agora só me resta seguir minha vida. Ino vai criar sua família, e vai ter filhos. Ela e Chouji esperam o mesmo de mim, afinal, o Ino-Shika-Chou precisa seguir pelas gerações. Vou seguir em frente preso no mundo das possibilidades que nunca tiveram alguma chance, no mundo do "se". Com uma necessidade sempre aberta no meu peito, que vai ser ignorada até o fim da minha vida. Ao menos tenho a consciência leve de que ela está feliz. Pode não ser ao meu lado, mas está.

Posso então me considerar feliz.”

Se eu soubesse que você me queria
Do jeito que eu te queria
Talvez não estaríamos em dois mundos separados

As mãos delicadas, agora fracas pelo tempo, soltaram a página do caderno antigo e dobraram o papel que agora era molhado por lágrimas.

Ino nunca soube, mas foi correspondida pelo melhor amigo por quem já foi apaixonada. Não achou que fossem ter algo, afinal eram tão diferentes. Sua vida poderia ter sido diferente. Poderia ser saído do “talvez” em que se prendeu por tantos e tantos anos.

Olhou em volta, observando as fotos antigas. Guardou aquela página do diário no bolso e secou o rosto. A viúva e o filho de Shikamaru poderiam aparecer a qualquer hora, não queria que a vissem naquele estado.

Foram chances e oportunidades perdidas, um futuro perdido.

Aprendeu que “talvez” nunca é o suficiente.

Se eu pudesse mudar o mundo durante a noite
Não haveriam despedidas
Você estaria bem onde você estava
E teríamos a chance que nós merecemos

Bem, nós quase, quase soubemos o que era o amor

Mas quase nunca é o suficiente


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Notas finais do capítulo

É triste quando seu otp flopa, né? Eu sei.



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