Graceland - Interativa escrita por CaleidoscópioGold


Capítulo 7
Capítulo 7 - Nossa Missão


Notas iniciais do capítulo

Olá! Voltei rápido depois de receber tantos comentários magníficos lol Muito obrigada mesmo, vocês me fizeram a autora mais happy do Nyah! mostrando o quanto estão gostando da fic. Espero ter respondido todos, tô muito atolada com tudo ultimamente.

Ainda estou meio que de castigo por tirar nota baixa, então posso levar mais um tempinho para postar. Quando essas provas chatas de exatas terminarem eu devo voltar com um capítulo novo em folha, mas até lá eu vou é estudar bastante :P

OBS: Recebi uma pergunta que pode ser uma dúvida de vocês também: "Por que agentes federais não podem ser ex-viciados?" A resposta é porque tanto o FBI quanto o DEA trabalham muito no ramo das drogas, tráfico e coisas assim, então é perigoso que um agente ex-viciado trabalhe tão perto dessas coisas sem ter uma recaída. Isso pode colocar em risco o caso e a vida das pessoas a volta dele, então é proibido (Não que não existam pessoas assim nessas agências, mas elas tem que manter isso em segredo ou são afastadas).

Tô indo assistir os Vingadores 2 agora mesmo! Então eu postaria esse capítulo só mais tarde, mas como eu adorei escrevê-lo, queria que lessem mais cedo :D Então não se preocupem com os comentários, prometo responder a todos que sobraram quando voltar.

Enjoy, loves!



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Kenai havia se esquecido novamente de colocar seu telefone para vibrar na noite anterior, só percebeu isso quando o som irritante do toque começou a encher seus ouvidos e o fez acordar. O loiro tateou o chão na tentativa de achar o aparelho e conseguiu atender após três tentativa.

– Cadê você, Nimble?!– a voz era claramente de Artemisia, ela estava com muita raiva.

– Bom dia, Artie. Dormiu bem? Viu? É assim que pessoas normais iniciam uma conversa - ele deu uma risada ao ouvi-la bufar do outro lado da linha.

– Íamos nos encontrar com o Vince hoje, entrei no seu quarto e ele estava vazio. Onde você está?

Só naquele momento o loiro se deu ao trabalho de sentar-se na cama para analisar o local. Definitivamente não era seu quarto, era bem mais organizado e menos cheio, duas das quatro paredes eram verde musgo e as outras duas eram brancas, haviam vários quadros espalhados por elas e a cama era relativamente pequena.

Ele se virou e viu uma mulher de pele alva e cabelos dourados deitada do outro lado, seu corpo nu coberto por parte do lençol.

– Tô na casa de uma amiga - ele sorriu e se levantou.

– Dormiu com sua informante de novo, não é?

– Você me conhece bem.

– Tanto que já estou parada aqui do lado de fora da casa dela.

– Achei que quisesse saber onde eu estava - ele se aproximou da janela e viu o jipe vermelho do outro lado da rua.

– Queria que confirmasse o que eu já sabia. Sai logo! - dizendo isso, a morena desligou.

O agente do DEA se virou e começou a catar suas roupas espalhadas pelo chão e a vesti-las. A loira deitada na cama se espreguiçou e abriu os olhos sem se levantar.

– Bom dia - ele sorriu e colocou o celular no bolso quando terminou de se vestir. - Você vai no Vince hoje?

– Não... Por quê? - ela mal se sentou e já afundou a cabeça novamente no travesseiro.

– Por nada. Tenho que ir - Kenai abriu a porta do quarto e saiu. - Falo com você depois, Lucy!

– É Louise! - ela gritou, jogando um travesseiro na porta.

– Foi o que eu disse! - ele gritou de volta, já descendo as escadas e saindo do prédio de dois andares em que ela morava.

Não demorou para ele atravessar a rua e entrar no jipe com um salto, tornando desnecessária a abertura da porta.

– Você ficou maluco? Quantas vezes já disse para não sumir assim?! - Artemisia começou a dar socos não tão fortes no braço do loiro, que nem ao menos se encolheu, apenas deu uma risada.

– Sei que você me ama, mas o Robb ia surtar se eu levasse minhas namoradas para Graceland.

– A Louise tem namorado, Kenai - a morena ligou o carro e começou a dirigir de volta para a casa.

– E daí?

– E é uma viciada que é sua informante! Preciso dizer mais motivos para você não dormir com ela?

– Tá com ciúmes? Você sabe que é a única garota na minha vida, Artie - ele tentou abraçá-la, mas a agente do DEA colocou a mão no rosto dele e o empurrou para longe, fazendo-o rir mais uma vez. - Fica tranquila, ela é confiável.

– Espero que seja mesmo, ou vamos ser mortos por traficantes no segundo em que pisarmos em Downville!

– Você se preocupa demais.

– E você de menos - Artemisia estacionou o jipe na garagem especial deles e bateu a porta com força, andando a passos pesados para atravessar a rua e chegar em Graceland.

Os dois entraram juntos, apesar de a morena ter tentado tomar a dianteira, e viram que todos os agentes estavam reunidos na cozinha.

– Como anda o treinamento do Elvis? - Camile perguntou, ela tinha o husky com as duas patas apoiadas em sua coxa enquanto lhe dava um pedaço grande de bacon.

– Ally e eu o estamos levando no centro de treinamento canino do FBI a uma semana, mas ele já aprendeu muita coisa - Robb disse, jogando alguns morangos dentro do liquidificador.

– Não acredito que vocês ainda estão com esse cachorro aqui dentro - Kenai falou, sentando-se na cadeira ao lado de Alex.

– Qual é o seu problema com ele? - Allana perguntou, já sabendo que o loiro não fora muito simpático ao saber sobre Elvis.

– Ele já comeu dois dos meus chinelos favoritos e fez xixi na minha prancha, ele tem um problema comigo!

– Pobre Kenai, sendo perseguido por um cachorro maligno - Kath ironizou.

– O que ele tem de maligno, tem de fofo - Camile abraçou o husky com força e ele lambeu o rosto dela com empolgação.

– Robb, o James perguntou se ele pode vir aqui para... - Allana não terminou de falar, pois ele a interrompeu.

– Não.

– Por que não? - retrucou, cruzando os braços sobre o balcão.

– Já disse que não gosto dele aqui na casa.

– Ele já veio aqui centenas de vezes, cara - Kenai disse, fazendo o agente do FBI franzir o cenho.

– O quê?

– Não é porque você tem raiva do seu irmão que não podemos passar um tempo com ele - Artemisia disse. - James é muito legal.

– Como eu nunca percebi isso? - perguntou, chocado com essa revelação.

– Sempre que você saía por muito tempo a gente chamava ele - Alex respondeu. - Não era para você saber, na verdade, já que sabíamos qual seria sua reação.

– Boa, Kenai - Matt disse e o loiro apenas deu de ombros.

Allana viu Robb cerrar os punhos, porém antes que ele pudesse dizer algo, ela puxou uma lata de metal, com uma buzina vermelha no topo da mesma, de algum lugar e a apertou, fazendo um barulho tão alto que assustou a todos.

Os oito agentes quase sacaram suas armas por conta disso, mas quando se tocaram que fora a ruiva quem provocara o som incomodo, ficaram mais calmos.

– Que merda foi essa?! - Matt exclamou depois de quase ter caído de sua cadeira.

– De acordo com as fichas do FBI, o Robb tem transtorno explosivo intermitente, se ele fica com muita raiva acaba fazendo algo irracional e tem dificuldade de controlar os impulsos - ela explicou. - Para ajudá-lo a controlar a raiva eu preciso chamar a atenção dele de alguma forma, então vou usar essa buzina.

– Ótima ideia, mas usa isso longe da gente - Kath disse, massageando seu ouvido direito, que doía, já que ela estava ao lado de Allana.

– Já que começamos o assunto, por que você sente tanta raiva do seu irmão? Ele não parece querer te prejudicar nem nada - Jim comentou, sendo respondido por Alex.

– Tem mais de um motivo na verdade, o principal deles foi porque... - o som da buzina foi ouvido novamente, só que dessa vez quem apertara o botão foi Robb. - Como eu ia dizendo... - outra vez o som irritantemente alto invadiu a sala e Kath quase jogou o garfo que estava em suas mãos na direção dele.

– Para com isso! - a loira gritou.

– Não quero que conte essa história.

– Eu não conheço essa, quero saber - Artie se apoiou mais no balcão e se inclinou na direção de Kellygan.

– Que pena, o Alex ia me ajudar a levar o Elvis para o FBI hoje - Robb segurou o ombro do amigo e o puxou para fora do banco. - Bico fechado sobre qualquer coisa relacionada a isso! - ele sussurrou e Alex riu.

– Só queria ver sua reação, não ia contar.

Os dois nem precisaram chamar, apenas andaram até a porta e Elvis os seguiu para o lado de fora.

– Kenai, nós vamos sair em uma hora - Artemisia disse, vendo-o se levantar e subir as escadas.

– Prometo estar pronto! - ele gritou antes de sair do campo de visão da morena.

Como fazia todas as manhãs, Kenai colocou sua roupa de treino e foi para a sala de treinamento. Já com suas mãos envolvidas em gases, ele se aproximou de um saco de areia grande encostado na parede e o levou até o meio da sala, prendendo as correntes no teto e no chão, sabendo que não ficaria parado com os socos que daria.

Ficou alguns segundos observando o saco a sua frente e deu a primeira pancada. O saco tremeu, mas não saiu do lugar. Três golpes seguidos fizeram as correntes que o sustentavam rangerem, socos seguidos faziam a sala ser preenchida pelo barulho incomodo, porém os sons não o incomodavam, pois ele estava extremamente concentrado na intensidade e na velocidade das pancadas.

Um soco atrás do outro, seu punho já começava a latejar e sua vontade de para apenas diminuía. Conforme a força de seus movimentos aumentava, ele podia ouvir as vozes em sua mente. Lembranças que ele só tinha quando fazia aquilo ou brigava com alguém.

"Você é fraco." - ouviu seu pai gritar, deu mais dois socos na lateral do saco de areia.

"Não seja inútil!" - ouviu a voz de sua mãe, ele começou a dar vários socos seguidos, a corrente rangia sem parar e o saco começava a ficar amaçado.

– Não seja inútil - ele sussurrou para si e deu um último soco antes de a corrente superior se partir e o saco cair no chão, por pouco não sendo isolado na direção do espelho e sendo segurado apenas pela corrente de baixo.

– Uau, o que o saco fez para você? - ele se virou para a porta e viu Artemisia apoiada no vão da mesma com os braços cruzados. Só naquele momento ele percebeu que estava suando, não sabia quanto tempo havia ficado ali.

Por não ter recebido uma resposta sarcástica ou algum comentário bobo, a morena se aproximou dele, fitando-o com aqueles olhos castanhos analíticos.

– Vem cá - Artie estendeu os braços na direção dele, que deu alguns passos e parou na frente dela. A agente do DEA segurou as duas mãos do loiro sem tirar os olhos dos dele e o puxou para perto, envolvendo-o em um abraço reconfortante.

Kenai retribuiu, afundando boa parte de seu rosto no cabelo dela.

– Você não é inútil - ela sussurrou perto do ouvido dele e lhe deu um beijo na bochecha, se afastando logo em seguida. - Vai comer alguma coisa, toma um banho e me encontra na sala de maquiagem em vinte minutos.

– Tudo bem, chefe - ele sorriu e ela saiu da sala.

Depois de fazer o que ela mandou, o agente do DEA desceu as escadas nos fundos da sala de estar e chegou até um enorme porão bem iluminado. O local era repleto de roupas, perucas, maquiagens e coisas que poderiam ser úteis quando trabalhando disfarçado.

Artemisia estava sentada em uma cadeira cobrindo o rosto com uma toalha enquanto Allana usava um spray azul para pitar uma grande parte do longo cabelo castanho da agente.

– Cadê a minha tatuadora? - Kenai olhou para Kath, que procurava por algo dentro de uma gaveta.

– Senta lá, abusado - a loira andou até ele com alguns papéis de tatuagens falsas.

– Quanto vamos comprar? - Artie perguntou, tirando a toalha do rosto e arrumando seu cabelo.

– Pensei em só pegarmos informação, o DEA tá precisando prender alguns criminosos essa semana.

Kath olhou uma foto que tinha colada no espelho na frente de Kenai para poder fazer as tatuagens nos mesmos lugares de antes.

– Ou vocês podem só prender o desgraçado de uma vez - a loira comentou. Sentia raiva da lerdeza com que o DEA e o FBI trabalhavam, apesar de ser eficiente no final.

– Vince é nosso maior fornecedor de drogas e confia em nós o bastante para nos dar informações sigilosas sobre o tráfico. Não podemos prender ele ainda - Artie respondeu, colocando alguns piercings falsos em sua orelha e nariz.

– Além do mais, ele é idiota o bastante para não se dar conta de que somos agentes federais, mesmo depois de um ano trabalhando com a gente - Kenai disse e Kath revirou os olhos.

– Só espero que isso dê certo no final.

Quando os dois já estavam prontos, pegaram o jipe e foram para Downville, uma parte da cidade onde nenhum policial ousava ir e que era famosa por alojar a grande maioria dos criminosos da área.

Os dois saíram do carro depois de estacionarem na frente de um prédio de quatro andares e andaram até as escadas, passando por um grande número de pessoas. Kenai cumprimentava alguns que conhecia, enquanto Artie analisava os rostos novos, ambos já começando a sentirem certa tensão por estarem dentro de um lugar repleto de pessoas que os matariam se descobrissem quem eles realmente eram.

– Vince! - o loiro gritou e um homem sentado numa poltrona de couro marrom se levantou, sorrindo.

– Tough-K, Bossy, não esperava ver vocês a essa hora - ele cruzou a sala e apertou a mão dos dois.

– Culpa desse aqui - a morena apontou para o amigo e andou na direção do sofá e se jogando nele de qualquer jeito.

– Bem, mas que bom que chegaram. Estou com um produto novo que pode ser do interesse de vocês.

– Na verdade, Vince, nós não vamos querer nada hoje - Kenai disse, sentando-se ao lado de Artemisia. - Queria falar sobre um amigo nosso que precisa levar drogas para outros estados, mas está com problemas para passar pelas autoridades.

– Isso é mole! É só ele mandar através de ônibus de viagem, os policiais só estão usando os cachorros em aeroportos, lá eles usam apenas os detectores de metais. Ou ele também pode usar a linha de caminhões do meu camarada, ele sempre faz tudo na descrição, coloca as drogas dentro de brinquedos e os tiras nem desconfiam.

– Seria ótimo saber mais sobre esses caminhões. Pode ser útil para nós também já que nossos clientes mais ricos ficam fora da Califórnia - Artemisia falou, olhando para Kenai.

– Como sempre fazendo um ótimo trabalho, Vince - ele pegou um bolo pequeno de notas de cinquenta em seu bolso e as entregou para o traficante.

– É sempre um prazer - Vince sorriu. - Vou pegar o contado desse cara para vocês.

Eles esperaram ele se afastar o bastante para poderem começar a falar.

– Eu posso cuidar dos caminhões e você dos ônibus - Artie sussurrou, se aproximando mais do agente do DEA.

– A parte do ônibus é só aumentar a segurança, quero te ajudar com os caminhões.

– Já parou para pensar que eu posso querer algo para chamar de "Minha missão"? - ela arqueou uma sobrancelha e ele sorriu.

– Não, porque eu sei que você sempre prefere quando é "Nossa missão".

– Você é um convencido, isso sim - a morena o empurrou levemente, fazendo-o se recostar no sofá e seus olhos pararem na entrada.

– Oh, isso não é bom... - ele disse, abaixando-se rapidamente.

– O que foi? - ela ficou séria e começou a olhar em volta.

– Droga, ela disse que não viria aqui hoje! - ele murmurou e Artie olhou para a porta, vendo Louise entrando com seu namorado.

– Por que surtar? Ela é inofensiva.

– Ela sabe.

– Sabe o quê, Kenai? - perguntou, entredentes e já querendo estrangular ele por imaginar qual era a resposta.

– Ela é minha informante há um ano e meio, tem um tempo que ela sabe quem eu sou, né.

– Eu devia te matar agora mesmo! - ela sussurrou, porém querendo ter gritado. - Dizer um segredo desses para uma viciada?! Você tem merda na cabeça!

– Artie, a Louise é confiável, mas se ela estiver alta e me vir aqui pode fazer ou dizer algo idiota que nos entregue.

– Eu fingiria que não te conheço e o deixaria ser morto! - a morena viu que a loira se aproximava de onde eles estavam e puxou Kenai para cima novamente, sentando-se no colo dele e ficando frente a frente com o agente do DEA.

Encostando sua testa na dele, Artemisia usou seu cabelo para esconder o rosto de Kenai e esperou até que Louise e seu namorado já tivessem passado por eles.

– Você é incrível - ele riu e ela revirou os olhos.

– Calado. Tô com raiva e posso sair a qualquer momento para ver você se ferrar.

– Não faria isso - ele colocou a mão na cintura dela e, para deixá-la ainda mais irritada, começou a descê-las mais.

– O que pensa que está fazendo?

– Deixando a atuação mais convincente - o loiro sorriu quando suas mãos chegaram a bunda dela.

– Você tem cinco segundos para tirá-las daí ou eu corto as duas e as enfio no seu...

– Já tirei! Não precisa nem continuar - ele deu uma risada baixa e deu uma olhada para o lado, nem percebendo que Vince já havia voltado e conversava com Louise sobre como os dois eram tarados ou algo do tipo, para depois falarem sobre o novo produto e irem para a outra sala. - Limpo.

A morena pulou para fora do colo dele e o puxou pelo braço, ambos correndo na direção da porta e saindo de lá o mais rápido possível.

(***)

– Matt, você já terminou de ler o relatório do caso Ghost que o Jon escreveu? - Robb perguntou, entrando na sala de estar e vendo ele, Kenai e Jim jogando videogame.

– Hum, fala daquele relatório de cento e cinquenta páginas que você me entregou ontem? Não, ainda não terminei de ler - respondeu, sem tirar os olhos da tela.

– A Allana já leu tudo - Kath disse, saindo da cozinha e se sentando no sofá.

– Não brinca? - ele olhou para a loira, pasmo.

– Ela é um robô, tenho quase certeza - Jim comentou.

– Pode pedir a ajuda dela se quiser, é um caso complicado que envolve muitas pessoas. Máfia é sempre um caso complicado - Robb falou.

– Posso te ajudar no caso do Moscow, Jim. Sou amiga dele - Kath olhou para o moreno.

– Amiga? - ele e Robb perguntaram ao mesmo tempo.

– Se não posso saber suas histórias, Evans, também não te conto as minhas - a loira piscou para ele e andou na direção das escadas, indo para seu quarto.

– Ela é vingativa - Matt riu.

– Não fazem ideia - o agente do FBI se virou e foi atrás dela.

Quando Kenai estava prestes a matar um grupo de zumbis que apareceu na frente de seu avatar, seu telefone tocou.

– Pausa o jogo, Jim - ele disse, e o moreno assentiu, continuando a jogar com Matt da mesma forma.

Kenai pegou seu celular e ficou surpreso com o nome que apareceu na tela.

– Alô? - ele voltou a se reclinar no sofá e a jogar o videogame. - Louise, não consigo ouvir nada... Ele fez o quê? - ela estava chorando e não falava coisa com coisa, ele supôs que a jovem estava alta. - Tá, mas você traiu ele primeiro.

– Quem é? - Matt perguntou, vendo-o largar o controle e se levantar.

– Ok, eu chego aí em dez minutos, mas não faz nenhuma bobagem - dizendo isso, o agente do DEA desligou o telefone e saiu da casa.

Depois de pegar o jipe e dirigir até o prédio de Louise, ele subiu as escadas e foi na direção do apartamento dela. Não era surpresa ela ligar dizendo que ia se matar ou algo do tipo, mas ele precisava dela como informante e tinha que mantê-la respirando, ainda que não se importasse muito com seus problemas pessoais.

Quando chegou, as luzes estavam acesas, mas quando bateu na porta não houve resposta.

– Louise? - ele bateu mais algumas vezes e depois arrombou a porta de madeira com um chute certeiro na maçaneta.

Ele entrou no apartamento, porém parou bruscamente ao ver o corpo da loira caído no chão e uma grande quantidade de espuma branca saindo da boca dela.

Kenai rapidamente se ajoelhou ao lado de Louise e checou o pulso dela, confirmando suas suspeitas de que ela tivera uma overdose e morrera. Ele pegou seu telefone e ligou para Artie, que atendeu no segundo toque.

– Temos um problema.

(***)

A noite estava iluminada por luzes vermelhas e azuis, dois carros da polícia e uma ambulância estavam, agora, parados na frente do prédio e os agentes de Graceland estavam reunidos em uma área reservada do local. Apenas os do FBI trajavam seus coletes, os outros usavam apenas crachás de suas agências.

– Uma nova droga? Como sabem disso? - Alex perguntou.

– Ela já tinha usado as três doses da droga, mas mandamos os sacos para análise. Não fazemos ideia do que é feita e nem onde ela conseguiu - Artemisia explicou.

– É claro que foi com o Vince, ele tentou nos vender essa mesma droga mais cedo - Kenai disse.

– Foram reportados outros cinco casos na Califórnia, - Camile mostrou a tela de seu tablet para que todos pudessem ver os registros médicos. - São todos menores de idade ou principiantes no mundo das drogas, provavelmente nem sabiam como usar e tiveram uma overdose.

– Uma droga que mata na primeira overdose? Isso é horrível - Matt olhou para os agente do DEA.

– Nunca vi nada parecido - Artie suspirou e colocou as mãos na cintura. - Não sabemos nada sobre isso, não sabemos como nos prevenir, como encontrar e nem do que ela é feita... É um tiro no escuro.

– Vamos começar pela fonte - Kenai disse. - Vince vendeu a droga pra ela, ele com certeza sabe quem fabrica.

– Pretende chegar lá e perguntar educadamente? - Kath ironizou.

– É o plano que temos - Robb falou. - Posso chamar uma equipe do FBI, caso precisem de reforços.

– Não vamos criar alarde. Vocês serão o reforço se precisarmos - Artie tirou seu crachá e o colocou dentro de uma bolsa dentro do jipe.

– Vão agora? - Allana perguntou, vendo-os entrar no carro.

– Nos encontrem em Downville e sejam discretos. Não queremos um tiroteio lá de novo - a morena disse, olhando para Alex.

– Foi culpa da Sara, eu não tive nada a ver com aquilo - se defendeu, indo para seu carro com Allana e Robb.

Quando chegaram no prédio de Vince, eles estacionaram bem na porta e colocaram pequenos fones transparentes em seus ouvidos, escutas para que os outros agentes de Graceland pudessem ouvir a conversa e gravá-la.

– Não estamos com nossos disfarces - Artemisia disse, saindo do jipe junto com ele.

– Ainda estou com essas tatuagens, ele nem vai reparar no seu cabelo.

– Por que não esperamos até amanhã?– Matt perguntou pelo comunicador.

– Pessoas estão morrendo, precisamos acabar com isso o mais rápido possível - Artemisia respondeu, já subindo as escadas.

O local estava menos cheio por ser tarde da noite, mas ainda haviam algumas pessoas lá. Eles passaram pelo corredor escuro e entraram na mesma sala em que estavam naquela tarde, vendo que Vince conversava com alguns de seus homens e não estava vendendo nada para ninguém.

– Vince - Kenai chamou e o traficante fez sinal para que eles se aproximassem de uma mesa no centro da sala.

– Duas vezes no mesmo dia? Devem estar muito desesperados - ele sorriu e se sentou de um lado da mesa de madeira e os dois se sentaram do outro.

– Queremos falar sobre seu novo produto - Artie começou. - Está fazendo sucesso nas vendas?

– Muito! O cara que me vendeu garantiu que era única, vicia mais e é mais cara que cocaína.

– E quem foi que te vendeu? - Kenai perguntou.

– Por que o interesse?

– Não temos interesse nisso, só no produto - Artie interviu rapidamente. - Queremos uma amostra.

Vince ficou em silêncio por alguns segundos e fez um sinal com a mão para seus homens, que mandaram todos os outros que estavam na sala saírem. Os agentes estranharam a ação, porém permaneceram parados.

– Eu gostava do seu cabelo azul, Bossy - ele disse, pegando um estojo grande que estava ao lado de sua cadeira e o colocando sobre a mesa. Artemisia evitou trocar olhares com Kenai, mas ele já imaginava que na cabeça dela, ela estava pensando "Eu te avisei!".

Vince abriu o estojo e os dois agentes viram vários pacotes da droga que tinham uma fênix estampada neles.

– Por que não experimentam?

– Confiamos em você - Kenai respondeu.

– Um amigo meu me disse para ficar de olho em vocês, - Vince começou, dando uma risada forçada. - Ele falou que não eram clientes comuns e que eu devia atirar em vocês assim que os visse.

Nesse momento, um dos homens do traficante apareceu ao lado de Kenai e apontou sua arma na direção dele.

– Que merda é essa, Vince?! Você nos conhece há um ano! - Artemisia não se exaltou, mas estava morrendo de raiva.

– E eu adoro vocês, então me provem que esse meu amigo está errado - ele apontou na direção de uma seringa com um líquido dentro. - Agentes federais não podem se drogar, é uma regra. Só o que você precisa fazer é injetar e os dois saem daqui com toda a minha confiança.

– Isso é ridículo - Kenai fez menção de se levantar, mas Artie segurou seu braço.

– Se eu fizer isso, você nos diz quem está produzindo a droga? - a morena perguntou e Vince assentiu.

– Conto tudo o que quiserem saber.

– Bossy...

– Cala a boca, K. - ela o cortou e pegou o elástico que havia dentro do estojo, o amarrando em seu bíceps e depois pegando a agulha.

– Não vai mesmo fazer isso, não é? - ela ouviu a voz de Kath pelo comunicador, mas ignorou.

Quando ela aproximou a agulha de seu braço, o homem que estava ao lado de Kenai se afastou, baixando sua arma. O loiro cerrou os punhos e manteve os olhos nela. No momento em que a agulha ia tocar a pele alva da agente do DEA, ele, em um rápido movimento, a tomou das mãos dela e cravou a mesma na mesa de madeira.

Kenai se levantou mais rápido ainda, segurando a arma do homem que estava ao seu lado e lhe dando uma cotovelada e uma cabeçada, para depois dar-lhe um chute no peito e jogá-lo para longe. Artemisia mal teve tempo de ver o que aconteceu e o homem já estava caído, porém ela viu outro se aproximar com uma arma e tratou de sacar sua pistola, atirando nos joelhos dele e fazendo-o cair no chão.

O loiro segurou Vince pela garganta e o ergueu muito acima do chão, o empurrando com força contra a parede mais próxima.

– Que tal outro acordo? Eu não atiro e você nos diz quem fabrica essa porcaria de droga! - ele gritou, mantendo sua arma apontada para o peito do traficante.

– Não sei quem produz! É alguém da Grécia ou algo do tipo... - ele tentava respirar com a mão forte de Kenai apertando sua garganta. - Já quem está vendendo é outra história...

– Quem te vendeu?

Antes que ele pudesse obter uma resposta, o agente do DEA ouviu um barulho alto e se virou, vendo o homem, que ele havia derrubado antes, tentar segurar Artemisia, mas ela dera um golpe de judô nele e o jogara por cima de seu ombro sobre a mesa, que se partiu ao meio.

Ele voltou a olhar para Vince e, no entanto, teve seu rosto empurrado para o lado ao receber um soco forte dele. Sem esperar, o traficante deu duas joelhadas na barriga do agente, que apenas soltou a arma e deu um cruzado de direita no rosto dele.

Os dois começaram uma troca de golpes, sendo que os de Kenai doíam três vezes mais. O loiro segurou os dois braços do moreno e o jogou com força contra uma parede, fazendo a mesma tremer e algumas pedras pequenas de concreto caírem sobre eles. Vince, então, esticou a mão na direção de um tijolo solto e o retirou, acertando a lateral da cabeça do agente e fazendo-o dar alguns passos para o lado.

Artie correu até o amigo, deixando Vince passar correndo por ela e sair do prédio. Kenai se recompôs rápido e tentou ir atrás do traficante, mas a morena se posicionou na frente dele.

– Kenai! - ela gritou e ele, mais uma vez, tentou passar por ela, sentindo-a colocar as mãos em seus ombros. - Kenai, você está sangrando!

Só naquele momento ele sentiu o líquido quente escorrendo pela lateral de sua testa e pingando em seu ombro. Sua visão começava a ficar turva e ele precisou se apoiar em Artie para não cair.

– Graceland, Vince fugiu. Kath, sei o quanto você quer prender ele, pode fazer isso agora - a morena disse pelo comunicador e ouviu uma comemoração baixa da loira do outro lado da linha. - E alguém me ajuda com o Kenai, ele foi ferido.

– Ainda posso andar - ele sorriu, colocando a mão no ferimento para parar o sangramento.

Do lado de fora, Robb saiu do carro com Kath e puderam ver Vince correndo para longe.

– Ele está longe - ela disse.

– Vamos usar nossa arma secreta - Robb sorriu e abriu a porta traseira, deixando que Elvis saísse, ele usava um colete do FBI.

– Ele está pronto?

– Vamos ver - o agente do FBI estalou os dedos duas vezes e a atenção do husky se voltou para ele. - Pega - ele disse e apontou na direção do homem correndo.

Elvis olhou para frente e correu rapidamente na direção de Vince. Kath e Robb observavam tudo e andavam calmamente na direção dos dois. Em alguns segundos, o husky já estava bem ao lado do criminoso, que se assustou quando o cachorro começou a latir e tropeçou, caindo de cara no asfalto. Elvis continuou a latir e a rosnar, chegando cada vez mais perto do traficante e deixando-o apavorado.

– Ótimo trabalho, menino! - Kath disse, abraçando o husky, que logo mudou sua expressão raivosa para uma dócil e amigável.

– Vince, você está preso sob custódia do FBI - Robb pegou as algemas em seu cinto e prendeu as mãos do traficante para trás. - Tem o direito de permanecer calado; Tudo o que disser pode e será usado contra você no tribunal...

– Essa é a parte chata. Vamos comprar algo para comer, Elvis - a loira andou para longe e o cachorro a seguiu alegremente.

(***)

– Basicamente o que descobrimos foi que a droga é grega - Kenai disse para Camile e Alex. Havia passado a noite ouvindo Artemisia reclamando e levando pontos em seu ferimento, então naquela manhã resolveu ir relaxar no Starbucks que havia perto da praia.

– Grega... Sabe algo sobre isso, Artie? - Alex olhou para a morena sentada ao seu lado.

– Não - ela voltou a beber seu café e não disse mais nada.

– Tem que ter algo que possamos fazer, essa droga é muito perigosa para continuar nas ruas - Camile disse.

– Vamos fazer o possível. Até lá, vamos tentar... - Artemisia foi interrompida quando ouviu seu nome.

– Artie? - a voz era familiar, mas ela precisou se virar para acreditar que era mesmo ele.

– Heitor! - a morena quase gritou e seu queixo caiu.

– Caramba, eu não esperava te encontrar aqui! - o homem alto de cabelo castanho claro e olhos azuis se aproximou dos agentes com um sorriso. - Te procurei por todos os cantos do mundo e agora só te acho nos Estados Unidos. Por que nunca vim aqui antes?

– Minha Nossa... - ela estava sem fala. - Nunca pensei que te veria de novo.

– Quem é ele, Artie? - Kenai perguntou, estranhando o fato de ela parecer tensa e feliz ao mesmo tempo.

– O nome dele é Heitor Callas... É meu irmão mais velho.


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Notas finais do capítulo

Antes que perguntem, Kenai não cresceu com pais abusivos, mas sim militares malucos que eram frios e calculistas. Essa era a forma de dizer "Hey, filho, nós nos importamos com você!" Não coloquei uma explicação dessas porque achei que ficaria muito forçado para introduzir a história do Tough-K, então tô avisando aqui mesmo. Artie e Kenai são BFFs, não estranhem essa proximidade deles, os dois se conhecem desde o começo do treinamento do DEA.

E uuuuuhhhh quem tá pronto para a apresentação oficial mais que incrível do irmão lindo da Artie no próximo capítulo??? Eu tô porque o ator que faz ele é o Ewan McGregor, e meus amigos sabem o quanto eu amo esse ator (já vi todos os filmes que ele fez, desde a primeira série até o último que ele gravou).

Obrigada por lerem, meus amores!

Bjusss !!!