A Esfera dos Renegados escrita por Boo, Jr Whatson


Capítulo 5
Cidade estranha, gente esquisita


Notas iniciais do capítulo

" O que vocês esferam de mim? " — KABROOM, Beno



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Capítulo V - Cidade estranha, gente esquisita

12/03/16 

Beno's POV

Eu desapareci? Espero que não. Estou meio... molhado? O que é isso? Água?

Quando me dei conta, já estava na superfície. Estava mergulhado até o pescoço no que parecia ser o mar. Mas mar de onde? Vi uma praia para a esquerda e nadei para nela chegar.

Os banhistas e os "areístas" me olhavam com uma expressão estranha, como se não fosse normal um garoto saindo do fundo do mar com uma roupa inteiramente molhada. E não deve ser, afinal.

Me sentia super cansado, apesar de parecer que acabasse de ter acordado. Me joguei na areia fofa e comecei a lembrar do sonho que tivera. Estava na casa de uma família desconhecida por mim, aparentemente comendo sua comida, quando dois ladrões fantasiados de ninja invadiram pulando pela janela. De repente eu sou amarrado, eles falam sobre um tal de Sir. K. e uma coisa brilhante é jogada em mim. Depois não lembro mais nada. De nada da minha vida.

Informações que eu tenho: A imagem da casa e da família que talvez eu pertença, um tal de Sir. K. e ninjas ladrões a fim de pegar uma coisa brilhante, que deveria estar comigo. Foi então que me dei conta, o que as pessoas assustadas ao redor de mim também haviam notado, porém antes. A coisa estava comigo.

Meti a mão no bolso e a observei. Era muito brilhante aquela esfera. Ela alternava as cores de seu interior, mudando de uma fumaça verde para azul, depois para roxo e por assim vai. Aquilo era um objeto importante, não podia ficar totalmente ao olhar de todo mundo. Precisava esconder, então guardei de volta no meu bolso, onde saía um pouco do brilho pela abertura.

— Estão olhando o quê? — Eu disse para a multidão, que agora tentava manter distância de mim. Se eu quero alguma ajuda, não deveria agir desse modo, então tentei dar um sorriso como se estivesse brincando. — 'Cadeira, gente. Caíram no meu "dibre".

Minhas desculpas não tiveram nenhum efeito.Tudo bem.

Notei que havia mais coisa em meu bolso, uns papéis verdes. O que é isso? Não importa. Preciso sair daqui. Levantei e corri aos tropeços para rua mais perto da praia que havia. As pessoas começavam a apontar para mim como se eu fosse um monstro, outras até com admiração, mas eu não entendia.

Chegando à rua, um homem de terno me parou.

— Beno Kabroom. Queira me acompanhar. — Ele disse para mim. Como eu não tinha nenhuma informação sobre mim ou sobre o lugar, aceitei seu convite.

Ele me indicou uma limusine prata para eu entrar. Eu me sentei no banco de trás. Logo depois de eu entrar, o cara do terno trancou a porta, se sentou no banco de motorista e começou a dirigir.

— Moço. Quem é você? — Perguntei para ele. Ele olhou pelo espelho retrovisor, mas não me respondeu.

— Onde eu estou? Por que tive que entrar nessa limusine? — Continuei.

Dessa vez nem tive uma olhada.

— Sorry, Sr. — Tentei em outro idioma, conversando como se estivesse cantando uma música em específico: — I'll need some information first.
Just the basic facts. Can you show m-

— Silêncio. — Ele me interrompeu. — Você sabe muito bem porque está aqui, "baixistazinho" criminoso.

— Criminoso?! — Me agitei, levantando do banco, o que fez a esfera e os papéis verdes caírem do meu bolso. — Eu não fiz nada. Que crime?!

Ele apertou um botão abaixo do volante que dirigia e eu me senti sendo amarrado. Cintos prenderam minha cintura, pernas e braços com o banco.

— Mas o que? — Fico surpreso, logo antes de uma fita sair de dentro do banco.

— Eu disse para fazer silêncio. — O homem olhou para mim pelo espelho novamente. — Eu sei que você quer que alguém o veja pelo lado de fora. Que pena.

Continuei olhando para a janela, era composta por algum forro que não permitia as pessoas de fora verem o que tem dentro, mas sim o contrário.

— Também não é como se elas fossem te ajudar. Ninguém quer um criminoso na cidade, se não for preso na cadeia.

O moço olhou para o banco e viu a coisa brilhante. O que aconteceu em seguir foi surpreendente. Ele se atrapalhou com o brilho da esfera e ficou com dificuldades em controlar o voltante.

Crash.

O carro bateu.

Bem em frente à delegacia.

Genial.

Ai.

As minhas "cordas" se soltaram, mas eu estava muito machucado para conseguir sair de debaixo do carro. Uma dor imensa se alastrou na minha perna esquerda, mas mesmo assim eu peguei a esfera e os papéis e me esgueirava para sair pela janela quebrada do carro.

A essa altura, vários policiais estavam preparados para o que apareceria de dentro do veículo, como se andar em limusines fosse uma atitude típica daquela delegacia.

Consegui ficar em pé do lado de fora do carro, com pelo menos vinte policiais mirando seus revólveres para meu corpo. Sangue escorria da parte embaixo da minha orelha e minha perna, enquanto meus braços ainda estavam doloridos.

— Parado, garoto. — O policial que parecia ser o chefe estava chegando mais perto.

Levantei os braços, mesmo com a dor, enquanto segurava os meus apetrechos nas mãos.

— Eu quero saber o que eu fiz para merecer isso. — Pergunto para o policial, enquanto médicos verificavam o carro para salvar o cara do terno.

— Beno Kabroom. — Começou o homem a minha frente. — 19 anos. Acusado de suspeita de assassinato. A mãe morreu ontem, dia 11, com facadas no coração. Irmão de outro suspeito do assassinato, Ty Kabroom.

— Eu não conheço minha família. — Entendi. — A única informação que tenho é meu nome. Tem como alguém me explicar o que está acontecendo? Não diria que é confortável estar entorpecido.

— Sobre isso, você vai ter que conversar com o delegado. Então, por favor, venha comigo. Pode não ocorrer nenhum mau com você.

— Acabei de sofrer um acidente de carro por acreditar em estranhos. Acha mesmo que eu vou cometer o mesmo erro de novo?

Ele não me respondeu. Apenas apontou para quatro policiais que estavam por perto. Eles começaram a se aproximar de mim enquanto o "chefe" ia embora.

— Favor deixar o dinheiro e o instrumento no chão. — Disse um deles. Dinheiro. Como eu não lembrava que os papéis verdes eram dinheiro?

Soltei. Quando a esfera colidiu com o chão, uma grande quantidade de fumaça saiu dela, tapando a minha visão completamente. Fiquei um tempo parado, confuso, mas depois peguei as minhas coisas de novo e saí correndo com dificuldade dali, aproveitando que não estavam me vendo. Me escondi na primeira moita que vi bem na hora que a fumaça se dissipou.

— Onde ele está? — Disse o mesmo policial. O chefe ouviu sua pergunta e voltou interessado.

— Eu deixo vocês sozinhos com um pivete por cinco segundos e vocês conseguem o perder?! Vão atrás dele!

Eu soltaria uma risada, se não estivesse muito tenso com a possibilidade de eles me acharem. Eu não podia sair dali.

Ouvi os vinte policiais correndo pelas ruas próximas me procurando. Não demorou muito até que algum me encontrasse.

Logo após afastar as folhas, ele já apontou a arma para a minha cabeça. Com coragem, levantei a esfera entre sua arma e seu alvo. De algum modo que não sei qual, saiu eletricidade da esfera, que atingiu a arma e deu um choque no policial, o fazendo desmaiar no chão. Peguei sua arma e saí dali, indo na direção com menos alvoroço de movimento policial.

Mancando, aos poucos, caminhava pela rua, tentando chamar pouca atenção. Mas quando se tem uma bola cheia de luz saindo da sua roupa não é bem isso que você consegue.

As pessoas sempre viravam o olhar para mim como se eu fosse uma aberração. Foi então que eu vi uma pessoa que se destacava das outras.

Um homem bem alto, com cabelos brancos acinzentados, estava vestindo um sobretudo que achei muito interessante.

Ele sorriu para mim quando olhei para meu rosto refletido em seu óculos escuros. Achei meio estranho, mas como ele não parecia nem um pouco um policial, eu continuei indo em sua direção.

Nenhum movimento. Apenas sorria. Peguei a gola de seu sobretudo e o puxei para um beco.

— Ei, você. — Disse para o cara. — Você me conhece, não conhece?

Ele respondeu com uma risada. Cidade esquisita.

— Você vem comigo, Beno Kabroom. — Ele me empurrou e pegou a esfera do meu bolso, junto com o dinheiro. — Interessante. Um extra.

— Ei! Me larga. — Bati na cara dele. Parece ter doído pelo menos um pouco. — Você é algum tipo de tarado?

— Sarado? Não sou sarado. Infelizmente. — Ele me jogou no chão.

Ninguém me salvaria.

Eu estava em um beco sem saída.

Cavei minha própria cova.

Nunca confiarei em estranhos.

Ai.

Me levantei rapidamente, mesmo com o corpo todo dolorido. Se eu fosse tentar lutar, perderia feio. Perderia rude.

'Tô nem aí. Me joguei em cima do cara. Ele ficou surpreso com minha reação e acabou soltando os objetos. Os peguei de volta e saí correndo do beco. Vou virar um maratonista. Virei a rua e vi a praia, que incrivelmente estava vazia. Isso é o que uma hora faz?

Me joguei na areia e tentei me esconder embaixo de algumas tábuas de madeira. Não deu certo. Ele me viu.

O homem pulou em cima de mim e tive que rolar para o lado para não ser esmagado. O sobretudo dele agora já não estava tão elegante.

— O que você quer de mim? — Perguntei, finalmente.

Nós dois nos levantamos e encaramos um ao outro.

O moço sobretudo mexeu em sua roupa e de lá tirou um panfleto. Nesse panfleto, havia uma foto de um garoto de cabelos loiros e pele parcialmente branca sorrindo. Abaixo da foto havia escrito "PROCURADO! Recompensa: R$900,00".

— Sério que ofereceram novecentos reais para me sequestrar e me levar até uma simples delegacia? — Perguntei, vendo o meu rosto no panfleto.

— Parece que não é tão fácil quanto parece, não é mesmo? Já estou... — Ele olhou o relógio em seu pulso e falou imitando a voz de um narrador de desenho animado. — ... Há vinte minutos tentando te nocautear. Será que nem mesmo o caçador de recompensas Luke Chase conseguirá completar essa façanha? Não perca o próximo episódio de... — Ele estufou o peito. — As aventuras do caçador de recompensas Luke Chase!

Olhei para ele. Ele ainda estava com o peito estufado, esperando a minha reação. Estava perplexo. O que tinha acabado de ver?

— Tá. Isso foi desnecessário... — Luke Chase ficou cabisbaixo.

— Será? — Parecia que estava acostumado a falar "Será?" para coisas aleatórias com muita facilidade, mas não lembrava o porquê.

Olhei em volta, à procura de alguma coisa que pudesse me ajudar e tive uma ideia.

— Olha, amigo Skywalker... Eu agradeceria muito se você pudesse me deixar sair dessa cidade esquisita. Eu não estou legal. Não aguento mais birita...

— Birita? Isso nem faz sentido.

— ... Então te pergunto: Pode me ajudar? Pode ser meu ami-

Ai.

Fui jogado para trás. Esse soco no meu peito foi tão forte que eu estava me sentindo como se houvesse aberto um buraco lá.

— Qual é, cara? O que eu te f-

Ai. Um soco no queixo. Perdi a paciência e parti pra cima. Como um touro, corri como se sua barriga fosse um pano vermelho e dei uma cabeçada, agarrando sua cintura com as minhas mãos minúsculas.

Ele caiu no chão, mas não pareceu que doeu dessa vez. Usando apenas sua força, ele me segurou pelos braços e me jogou para o lado. A esfera voou pelo ar, mas consegui pegá-la com as duas mãos.

— Esse objeto é importante, garotinho? — Ele perguntou. Dei uma risada por ele ter me chamado de "garotinho". Só porque devia ter uns 15 anos a mais que eu...

— Não é não, velho. Tem apenas um valor sentimental.

— Sentimental? Você não pode saber alguma coisa sobre isso. Você perdeu a memória.

— Eu realmente não sei como você sabe disso, mas quanto a isso aqui... — Dei duas batidinhas com o dedo indicador direito na esfera. — ... Não interessa pra você, palhaço. Se me permite...

Comecei a andar para trás para fugir, mas ele notou o que eu faria e pegou pedras para atirar em mim.

Não era difícil desviar, ele não tinha uma mira excelente. Na verdade nem era boa.

— Você está tentando me "nocautear" com isso? — Perguntei enquanto pegava algumas das pedras em pleno ar.

— Me deixa. — Ele jogou uma para cima, mas bem pra cima mesmo. Eu olhei pra ela, quase não conseguia ver de tão alto que a mira dele lançou.

Senti um soco no estômago. Ele me acertou enquanto estava distraído. Jogada inteligente, agora a esfera estava em suas mãos.

— O que será que essa belezinha faz? — Ele estudou o objeto, que começou a soltar eletricidade, o fazendo ficar com medo de segurar, mas ainda segurava.

De repente lembrei de uma coisa que não havia pensado desde o início da luta.

— Me devolve. — Apontei a arma que peguei do policial que fiz desmaiar na direção de seu rosto. — A não ser que queira levar um tiro.

— Calminha aí, jovem. — Ele riu e levantou as mãos para o alto, como se estivesse se rendendo. — Toma. — Ele jogou a esfera com força na intenção de acertar meu rosto, mas como sua mira era ótima, acertou a arma, que explodiu ao entrar em contato com tal bolinha assustadora.

Ficamos confusos, olhando para o que acabara de acontecer.

— Isso é poderoso. Receio que terei que ficar com isso, garoto. — Luke agora estava concentrado. Agora a porra ficou séria.

Luke's POV

Garoto esquisito. Fica andando com armas desse tipo. Não é surpreendente ele estar sendo caçado por ser suspeito de assassinato contra a mãe. Mas isso não importa. Só quero meu dinheiro. E essa bola.

O garoto pegou a bola no chão. Não parecia estar com medo da eletricidade, não vejo porque eu deveria ter, então. Peguei uma de minhas ferramentas no meu sobretudo: Uma arma de eletrochoque.

— Isso dá choque? — Beno Kabroom perguntou, meio assustado, segurando a bolinha.

— Dá sim. É uma arma de eletrochoque, eu mesmo a fiz. — Menti. — Tá com medo?

— Medo? Eu não tenho isso. — Beno usou a bolinha para fazer alguma explosão de eletricidade que veio como um ataque para cima de mim. Já esperava algo do tipo.

Levantei minha arma de eletrochoque e pus entre a eletricidade e eu. A arma capturou toda a eletricidade e quando eu a apontei para Beno, ela a soltou em sua direção.

O garoto caiu como uma pedra no chão, eletrocutado e desmaiado. Poderia ser mais difícil. Mas era só eu pensar.

Peguei seus apetrechos, guardando nos bolsos do meu sobretudo. O levantei para ficar sobre meu ombro e comecei a caminhar em direção à delegacia.

Logo após pisar na calçada da praia, um homem esmirrado em altura me parou. Ele usava óculos escuros também, mas não estavam quebrados que nem o meu por ter participado de uma árdua luta. Ele também usava um chapéu preto com uma listra laranja, além de uma câmera fotográfica profissional pendurada em seu pescoço.

— Olá, moço. — Cumprimento, fingindo que não tem uma pessoa desmaiada em meus ombros. — Em que posso ajudar?

— Cala a boca. — Ele levantou o braço esquerdo, para me mostrar o distintivo policial que tinha em mãos. — Eu sou do governo. Posso ser o responsável pela sua recompensa.

— Ótimo. Posso entregar esse moleque pra você, então?

— Quero te fazer uma pergunta. — Abusado. Ignorou a minha pergunta e ainda queria fazer outra? — Eu vi o que aconteceu nessa praia. Você tem habilidades de luta incríveis. Você estaria interessado em trabalhar para o governo?


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Notas finais do capítulo

Que anormalidades "esferar" de um objeto tão simples?
Jr.
:193 (06/02/2015)



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