A Esfera dos Renegados escrita por Boo, Jr Whatson


Capítulo 20
Sangue de Gardênia


Notas iniciais do capítulo

" "Um corpo que não vibra é um esqueleto que se arrasta." " — RIBS, Ed.



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Capítulo XX — Sangue de Gardênia

17/03/16 

Kito's POV

Assim que eu cheguei em casa, me dirigi ao banheiro, precisando de um banho. Otelo ficou de passar aqui em torno das 17h, pois seu horário de trabalho não era fixo. Eu, por outro lado, tive uma carga absurda de trabalho em um tempo apertado e menos flexível. Além das minhas atribuições usuais, tive que dar aulas de nível baixo para os recrutas e mais avançadas para os tenentes.

Esfreguei bem o corpo com sabonete, como se pudesse lavar minha alma. Queria jogar por horas e cair na cama, mas existem poucas pessoas nesse mundo que valem a pena para mim, não iria fazer desfeita.

Ouvi a campainha, o que me fez sair do banheiro com uma toalha enrolada no quadril. Otelo não é a pessoa mais pontual do mundo, contudo basta um vacilo e é ele quem acaba esperando e podendo cobrar dos outros pela demora.

— E aí? - perguntei ao abrir a porta.

— Eca, Fadul. Não sou obrigado a ver isso depois de um dia de trabalho.

— Sei que você sonha com essa visão todas as noites, gatão. - sorri para o meu parceiro do colegial.

Em um único movimento, apertei sua mão e o trouxe para dentro. Tranquei a porta e fui para o quarto me vestir, enquanto o negro sentava lentamente no sofá.

— Como está o trabalho?

— Cansativo. Sei que amo isso, mas hoje tive três audiências. - ouvi sua voz. - Uma pilha de trabalho e ainda tive que passar no outro escritório.

— Que ruim.

— E você?

— Exausto é a palavra que me define agora. - concordei, me aproximando enquanto terminava de pôr uma camiseta do Iron Maiden.

— É, cara... Estamos ficando velhos.

Isso arrancou um sorriso de mim. Assenti, lembrando de tempos remotos em salas de aula.

— E aí. - assumiu uma feição consternada. - Ribs está descansando?

— Ele saiu, ligou mais cedo dizendo que estaria de volta antes das 19h. Não se preocupe, vocês vão se encontrar, finalmente.

Sabendo que Ed é incapaz de ficar quieto, me incomodava ele estivesse na rua com alguém. Sei que seus outros amigos também devem estar com saudades, então não falo nada, embora a preocupação seja grande.

— Você quer alguma coisa, Oth? Café ou algo assim.

— Lá vem você com esses apelidos. - resmungou. - Aceito um café com leite, sim.

Fui para a cozinha e o silêncio se estabeleceu entre nós.

Depois que enchi a garrafa térmica, peguei o leite na geladeira e estava prestes a perguntar a Otelo quanto ele queria, mas não o vi na sala.

Pensei que estivesse no meu quarto, por isso olhei lá. Ao ver que me enganei, prestei atenção a sua voz e de onde ela vinha, e acabei me aproximando do escritório, atual quarto do Ed. Ele estava ao telefone, então me mantive de forma a não ser visto.

— Não, ainda não. - Ele disse, segurando um retrato nas mãos.

Pela moldura, eu sabia ser uma bela foto de Ed e Gwen.

— Vou extrair o que puder. Sim, Moustache... Eu sei. O alvo deve ser contido. É claro que minhas relações pessoais não vão interferir. Sim, só vou fazer o possível para extrair informações. Vou manter vocês informados. Preciso ir, até.

Me afastei rápida e silenciosamente, alarmado e tenso. Afinal, o que diabos aquilo significava?

 18/03/16 

Katerina's POV

Eu acabara de fechar o contrato de aluguel, de apenas dois meses. Suspirei, desgostosa, olhando o apartamento vazio. Mais tarde voltaria para minha verdadeira casa, Clara ia me ajudar a trazer as caixas das coisas que eu mais precisasse nesse momento, de carro, apenas o bastante para tornar minha rotina funcional.

Não queria, mesmo, sair da casa em que cresci. Em que todas as memórias de meus pais eram conservadas. No entanto, isso era necessário por ora. Lisa ficou de manter a casa conservada, visitando regularmente – deixei uma chave com ela – e de me avisar caso eu tivesse visitas. A que eu esperava ansiosamente era, claro, do Sir K ou até mesmo de um de seus subordinados.

Um som interrompeu o fluxo de meus pensamentos. Era Beno se jogando nos colchonetes que compramos no caminho para cá. Olhei-o, inicialmente entediada. Às vezes era muito bom tê-lo por perto, outras era incômodo, por acabar com minha paz. Resolvi sentar-me ao seu lado para estudar, já que não fui à faculdade para poder resolver coisas.

Ficamos ao lado um do outro, em silêncio, por algumas horas. Não sei se ele estava dormindo, mas acho que devia estar tentando se lembrar das coisas. Outro dia ele tinha dito ter uma sensação de familiaridade ao observar uma garotinha aplaudir uma banda que se apresentava em um restaurante. Não que ele fosse me dizer, se eu não tivesse reparado nas lágrimas que se formavam em seus olhos. Depois disso, insisti em tentativas de fazê-lo lembrar de algo sobre os ladrões indo atrás da Esfera, do segredo de família ou até mesmo de Ty Kabroom, sem sucesso. Ele parecia incomodado com o passar do tempo, então desisti.

Meu celular vibrou, com uma mensagem de Kito Fadul. Depois que fui à sua casa conversar com Ribs, ele me achou no Facebook. Confesso que inicialmente sua vontade de manter contato me irritou bastante, porém logo descobri que ele era alguém de conversa agradável e divertida, e bastante inteligente. Nossa diferença de idade parecia não existir e percebi que uma boa amizade poderia surgir ali em algum momento. Respondi a mensagem e me levantei, deixando os estudos de lado.

Estava faminta, mas não tinha comida aqui. Precisava passar em uma lanchonete e aguardar o contato de Clara, quando saísse da faculdade. Fui ao banheiro e logo retornei ao cômodo, lembrando que não deveria ser a única com fome. Toquei no ombro de Beno, que de fato tinha adormecido em algum momento. Como tudo era estranho para ele, o sono era sempre leve e ele pulou assustado.

— O que foi?! Aconteceu algo?

— Não, fique calmo. Vou te pagar um lanche, vá lavar o rosto. - disse simplesmente.

Ele logo estava de volta. Quando estava prestes a se calçar, bateram na porta. Abri, e Minsy jogou um saco nos meus braços. Atrás dela, Ed Ribs. Surpreendi-me um pouco.

— Trouxe um lanche para vocês. - Ela explicou o saco plástico que havia jogado e me entregou mais um.

Sorri, agradecida, abrindo o primeiro e me deparando com duas tapiocas. A primeira, com ovos e manteiga. Passei essa para o rapaz sem memória, pegando a segunda, que era de banana com coco. No segundo saco, dois sucos de laranja em copos plásticos tampados, dei um deles para o menino que já comia com voracidade. Então dirigi meu olhar para o homem mais velho.

— Que surpresa vê-lo aqui.

— Não sabia como te encontrar, precisei pedir para um amigo descobrir onde você morava. Ele acabou me dizendo que você era amiga dessa lutadora famosa, então achei mais fácil ir atrás dela. - Ed se explicou, ao que arqueei as sobrancelhas.

— Um amigo descobrir onde eu morava? Com o que você anda se metendo, Ed?

— Eu... - suspirou. - Bem, você sabe. Detetives, tentando descobrir o que aconteceu com os vigilantes. Eu repensei e acho que você tem razão. A Máfia continua cometendo atrocidades. Eles detonaram Douglas Wyles. Sumiram com Kaine. Temo pelo futuro, que aparenta não ser melhor que o passado. O futuro pelo qual eu lutava não chegou. E talvez eu deva me juntar a você, para conseguir, enfim, destruir esses filhos da puta. Sei que isso é só parte do seu objetivo. E como uma mão lava a outra, eu vou te ajudar com os ladrões e os meninos Kabroom.

Ele desviou o olhar para Beno, somando dois mais dois.

— E, pelo visto, você já avançou desde nosso último encontro.

Sorri de forma contida, sentindo-me eufórica por conseguir esse novo agregado. Agora éramos quatro – torturadora, lutadora, vigilante e menino importante sem memória –, mas logo seríamos cinco ao recuperar Ty, que com sorte lembrava de tudo. E se ele ainda não tinha sido encontrado, é porque tinha ajuda. Então seríamos mais de cinco.

— Trabalho rápido. - limitei-me a responder. - Fico contente que tenha decidido se juntar, embora deva dizer que eu sabia que você viria. A propósito, seu detetive é bem vindo para nos ajudar. Viria a calhar essa ajuda e se você o escolheu, é porque ele é bom. - Ed assentiu.

— O melhor.

— Ótimo. Bem, a Minsy você já conhece. Esse é o Beno Kabroom. - voltei a falar com o jovem, que já terminara sua comida. - Beno, esse é Ed Ribs. Ele tem muita experiência em combate e tem muito a nos acrescentar.

Finalmente comecei a comer, enquanto eles trocavam cumprimentos.

— E por que você está nessa casa?

— Lembra que falei de Sir K? Então...

E pus-me a explicar.

Ty's POV

— Eu preciso usar o banheiro. — Uma voz feminina comentou.

Naquele momento eu não podia ver a expressão de Lavínia, mas tinha certeza, pelo seu tom de voz, que parecia estar enjoada.

Ela agora estava de pé, alternando o olhar entre os homens vestidos de ninja do outro lado da mesa.

Percebi que ali havia um problema. Lavínia estava demonstrando aos nossos anfitriões que não sabia onde era o banheiro, quando que, disfarçada de um deles, deveria conhecer perfeitamente o caminho.

Porém, antes que eu pudesse pensar qualquer maneira de resolver a falha no plano, minha amiga se encaminhou para a porta pela qual entramos naquela sala e, antes de conseguir alcançá-la, caiu com um baque forte no chão, assim desmaiando logo em seguida.

Virei o rosto imediatamente. Corri para socorrê-la, sendo acompanhado por X.

Ouvi um barulho de vômito vindouro de algum ponto atrás de mim, mas não desviei o olhar da minha amiga.

— Lavy! — Ignorando totalmente nosso disfarce, gritei seu nome, a sacudindo pelos ombros. Escorria sangue de seu nariz e de um ponto em sua cabeça, enquanto seus braços continham apenas alguns arranhões. Esperava que não fosse nada grave. — Não! Acor-

— X! — Amon gritou pelas minhas costas e eu finalmente olhei para ver o que estava acontecendo.

O rapaz estava ajoelhado no chão, com o corpo de X em seus braços e a própria cabeça abaixada sobre ele.

— Você não, X. — Sua voz estava um pouco mais fina que o normal.

Ao contrário de Lavínia, X não estava sangrando. Aparentemente, Amon tinha a segurado antes de bater no chão.

Agente Tinto deu um leve empurrão no parceiro vestido de ninja verde, como eu. Então, deu uma risadinha fraca pra mim enquanto o outro saía da sala.

Não dava muito tempo de eu pensar em nada, tudo acontecia rápido demais.

De repente, o agente levou um forte soco na barriga e eu pude raciocinar e entender o que aconteceu.

Foram eles. Eles sabiam do plano desde o início. Sabiam que íamos invadir a base deles pela porta da frente.

— Como... — Comecei.

O soco de Amon não tinha sido tão efetivo, pois Tinto ainda estava sorrindo.

— Vocês são impostores. — Ele definiu, apontando para mim e para Lavínia.

Não tinha o que argumentar, nós realmente éramos. Mas ainda não sabia como eles tinham descoberto isso, então o deixei continuar explicando.

— Não há "um" agente que se vista de verme- — Nisso, Amon já havia soltado um grito de raiva e, impedindo o inimigo de continuar, deu outro soco, esse indo em direção ao rosto.

Tinto simplesmente o bloqueou com a mão esquerda, enquanto três das xícaras na mesa caíam no chão e se quebravam. O jarro com gardênias simplesmente tombou para o lado e ficou rolando em cima da mesa.

E então eu percebi. Eles tinham colocado algo na bebida. Ou então por que outro motivo eu e Amon não teríamos desmaiado também?

Amon desferia socos com raiva contra o agente, mas ele era bom de luta e estava os bloqueando, o deixando com mais fúria ainda.

Nosso inimigo em comum deu uma simples rasteira surpresa que derrubou o andarilho com facilidade, mesmo ele sendo corpulento. Junto com ele, o vaso com flores se partiu ao colidir com o chão e seu conteúdo se manchou do mesmo vermelho que havia no uniforme de Lavínia.

— Mas devo congratular vocês dois. — Ele comentou. — Vocês não beberam de nossa cortesia. — Ele mexeu na xícara que ainda continuava na mesa. Depois a pegou e derrubou o líquido na própria mesa. — Que desperdício.

Depositei o corpo desacordado de Lavínia no chão, finalmente. Elas estavam vivas, não conhecia nenhum veneno que atuava tão rápido.

— Você vai pagar pelo que fez. — Disse com coragem, enquanto puxava a espada presa à bainha escondida e pendurada em minhas costas por dentro da roupa.

Tinto pôs suas mãos abaixo da mesa para puxar um revólver e depois a empurrou para o lado.

— Estou impressionado. Não é todo mundo que invade esse local com a ajuda de apenas uma espa-

De súbito, uma xícara quebrou em sua cabeça e ele caiu no chão, também desmaiado.

Amon estava com um caco de porcelana em mãos, ainda com a expressão de fúria anterior.

Nossos olhares se encontraram, eu o agradecendo mentalmente.

— Fica aqui. — Pedi. — Eu vou atrás do outro cara. Cuide delas e, na primeira oportunidade, fujam.

Ele demorou para entender sobre o que eu estava falando, mas assentiu, voltando sua atenção para X e Lavínia logo depois.

Guardei minha espada de volta na bainha para não parecer suspeito ao sair da sala.

Procurando a direção para qual o outro agente tinha ido, percebi que os ninjas que havíamos passado quando entramos continuavam com seus afazeres, como se nada tivesse acontecido.

Entretanto, não me deixei levar por essa ilusão. O ninja verde que entregou para a gente o café alcoolizado provavelmente sabia que eu era um impostor, mas como estava vestido de verde como alguns outros, não chamei a atenção.

Tinha que raciocinar para pensar onde o cara tinha ido, antes que ele soasse algum alarme, ou então falasse com o tal do Sir. K.

E se todos ali descobrissem que eu era um intruso? E se descobrissem que um dos seus agentes estava nocauteado em um canto qualquer? E se K nem soubesse que eu estava aqui e descobrisse agora, ficando com raiva e decidindo vir me matar?

Havia uma calma no local, o que facilitava para mim. Alguns ninjas carregavam coisas de lá para cá, outros estavam sentados por aí escrevendo em papéis ou algo do tipo, já alguns sentavam em volta de mesas e conversavam baixinho, como em uma reunião quase silenciosa.

Um único ninja estava correndo, ao longe. Mas era a única pista que eu tinha. Corri atrás.

O homem vestido de preto e verde corria despreocupado. Então, com minha velocidade um pouco acima do normal, estava quase o alcançando quando descobriu que alguém o seguia.

Ele sacou sua arma em sua cintura e mesmo sem me ver direito enquanto corria, atirou em minha direção.

Facilmente desviei, dando passos para o lado.

— Intruso! Intruso impostor! — Ele percebeu que não conseguiria me deter sozinho.

— Intruso! — Gritei também, apontando pra ele. — Peguem ele, está fugindo!

Ele diminuiu a velocidade por apenas um segundo, perplexo. O fato de seus parceiros começarem a acreditar em mim ao invés dele o fez voltar a correr mais rápido.

— Não! O impostor é ele! — O agente gritou, reclamando.

— É mentira! — Gritei de volta. — Esse salafrário estava tentando surrupiar uniformes nossos!

Agora os ninjas estavam confusos, olhando de um para o outro, decidindo em quem acreditar.

— Que absurdo! — O agente fez um cara de nojo e parou de correr, me fazendo parar também. — Por que eu estaria querendo roubar do meu próprio trabalho? Meu nome é Agente Capim e esse homem — apontou para mim — é um invasor que nos tentou enganar vindo vestido de um de nós!

Aproveitei a deixa que ele não disse nada de útil ou não visível que pudesse ajudá-lo.

— Heresia! — Usei a palavra de forma esdrúxula, tentando parecer ao máximo como o Agente Tinto. — Você nem ao menos conseguiu inventar um nome decente! — Dei uma pausa soltar uma risadinha. — "Capim" — Tentei imitar sua voz. — Você deveria ter é um nome honroso como o me-

— Peguem logo esse otário! — Capim gritou, me interrompendo.

— Vocês não tentariam arrumar confusão comigo, que sou Trepadeira, do Serviço Secreto. — Inventei do nada, falando a primeira árvore que pensei pra combinar com a minha cor verde, como parecia ser o padrão daquela organização.

A mentira tinha funcionado. Um ninja vestido de marrom e outro de roxo imobilizaram Capim, o agarrando pelos braços e tapando sua boca.

Me deixei pensar que fui mais convincente que meu adversário, além de que ele realmente estava fugindo de mim.

— Levem-no até K. — Ordenei, com autoridade, sem me preocupar. — Vou acompanhar vocês, preciso dar uma palavrinha com o chefe e me certificar de que vocês estão fazendo seus serviços direito.

De antemão, a pessoa vestida de roxo deu um golpe na nuca de Capim e o fez desmaiar. Passou seu braço por seus ombros e o colocou sobre suas costas, o carregando.

— É pra já, senhor. — Aceitou, começando a caminhar na mesma direção para a qual estávamos correndo anteriormente.

O segui para fora do galpão em qual nos localizávamos, até porque não sabia realmente o caminho para o local onde Sir K se encontrava.

O homem me levou por corredores mal iluminados e tortuosos. Em suas paredes cinzas estavam coladas manchetes de jornal sobre assaltos e mortes que ficaram famosas. Quanto mais andávamos, mais antigas as manchetes se tornavam.

Passado alguns minutos percorrendo os corredores, chegamos a uma última manchete. Ela mostrava a foto de uma pessoa encapuzada pulando um muro. Em suas mãos estava uma sacola vermelha, cheia de alguma coisa que não pudia ver. Não sei porquê, mas me lembrou o Papai Noel.

Homem sozinho invade a residência do prefeito de Araucárias e rouba algumas bijuterias.

Não deu tempo de eu ler o resto da notícia porque já tinha passado direto por ela e chegado em meu destino, mas acho que sabia quem era o tal homem.

Na nossa frente, estava uma porta também cinza, contendo um desenho estampado nela. Não sabia direito o que era, parecia uma linha reta e horizontal que servia de base para três triângulos equiláteros e de mesmo tamanho, sendo o do meio de cabeça para baixo.

O homem vestido de roxo bateu à porta e foram esperados alguns segundos até que recebêssemos uma resposta.

— Entre. — Uma voz calma, vinda do outro lado, pediu.

Abri a porta e deixei o homem entrar primeiro, por estar ocupado carregando uma pessoa desacordada. Quando fechei a porta, dei uma pausa para observar o recinto, encostado à parede logo ao lado.

À esquerda do escritório, havia uma estante repleta de livros de todos os tamanhos e uma mesinha com um computador e uma cadeira. Do lado direito, tinha um quadro com o mesmo desenho estampado na porta, uma outra porta , dessa vez branca, ao fundo, e uma janela com vista para uma nova sala estranha, que continha apenas uma cadeira posta no meio.

Já no centro, havia uma mesa comprida como a da sala de visitas e um homem vestido de preto, com um lenço vermelho tapando seu nariz e boca, sentado em uma cadeira logo atrás, com os pés apoiados sobre a mesa. Acima dela, também havia alguns papéis e um novo jarro com gardênias.

— Pois não? — A voz calma perguntou.

O corpo de Capim foi deixado no chão e o ninja roxo deu um passo para a frente para falar.

— Senhor Rato. — Começou, fazendo uma reverência. A qual, eu, próximo à porta, imitei. — Esse homem foi pego tentando roubar os uniformes de nossa casa. O trouxemos aqui em seu escritório para deixar a você a decisão sobre o quê fazer com ele.

Interessado, o chefe dos ladrões colocou os pés para debaixo da mesa, tomando cuidado para não derrubar o jarro com flores.

Não aguentei esperar. Com um movimento rápido, dei um golpe certeiro na nuca do agente do mesmo jeito que o próprio tinha usado contra Capim. O homem desabou no chão, mas não tive vontade de verificar se tinha se machucado.

Já em frente à mesa, abaixei o lenço verde que cobria o meu rosto e pus para trás o capuz preto do uniforme.

K arqueou ligeiramente as sobrancelhas, inclinou-se para frente e deu uma risadinha.

— Ty Kabroom. Que honra em tê-lo em meu escritório.


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo trazido com amor ♥
Bea e Jr
:342 (18/08/2017)



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