— Tchau, pai! Tchau, mãe! — Ted e Lily se despediram ao mesmo tempo dos pais, que saíram de carro para fazer umas compras no shopping.

Afinal, o aniversário de 15 anos de casamento de ambos estavam chegando e não queriam que os amigos bancassem o evento; sendo assim, decidiram que eles mesmos fariam a comemoração.

— Então... — O garoto arqueou as sobrancelhas para a irmã. — Pegue o DVD lá no quarto do papai que eu faço a pipoca.

— Mas do que você está falando, criatura? — Ela perguntou, entrando na sala de estar com ele.

— Eu te avisei umas dez vezes hoje de manhã... nós vamos ver o vídeo do casamento dos nossos pais. Ou você prefere esperar até o apocalipse para descobrir como foi?

— E como você sabe que tem um DVD disso?

— Para todos os efeitos, tio Ryder gosta muito de mim. — Ted ironizou, já se encaminhando para a cozinha. — Está na segunda gaveta do criado-mudo esquerdo. Agora vai e vê se não derruba nada.

Lily chegou ao quarto dos pais apenas com um plano em sua mente: pegar o vídeo e sair antes que olhasse para o banheiro e, consequentemente, para a maquiagem de luxo da sua mãe. Sabia que se mexesse naquelas preciosidades, provavelmente cairia em maus lençóis e a culpa seria unicamente dela. Felizmente, conseguiu fazer apenas o que tinha de fazer ali e logo desceu para a sala, encontrando um Ted esparramado pelo sofá com um pote de pipoca doce nas mãos.

— Põe lá no aparelho, por favor?!

— Mas é muito folgado mesmo, viu?! — A garota bufou de raiva, colocando o disco no aparelho de DVD (nem tão assim) antigo e se direcionando para o mesmo sofá onde o irmão estava – não sem antes jogar as pernas do preguiçoso para o chão.

— Garota, quer quebrar meus ossos?

— Bem que eu queria, TEDioso.

E então o vídeo começou a ser reproduzido na televisão. As filmagens mostraram primeiramente Sebastian no altar, com o sorriso maior que a cara; os padrinhos ao lado, incluindo Finn, Rachel, Sam, Marley, Ryder e uma garota desconhecida.

— Bom, pelo menos já sabemos os pares de padrinhos e madrinhas daquele dia. — Ted argumentou.

— Melhor do que nada, teríamos de esperar uma eternidade para o papai contar.

E então, a marcha nupcial começou a tocar, revelando uma linda noiva que estava a entrar na igreja com o pai ao seu lado, os braços entrelaçados por conta da tradição de todo santo casamento. A câmera logo apontou para o Smythe, quase chorando de emoção ao ver sua futura esposa sendo conduzida até ele para que a união de ambos fosse decretada na frente de todos os conhecidos.

— Impressão minha ou tem uma lágrima no olho dele? — Lily entortou a cabeça, tentando ver se aquilo era mesmo verdade.

— Essa é nova. Vamos usar contra ele da próxima vez.

— Ted, você é um idiota.

— Ah, jura? Nem sabia...

— Cala essa boca pra gente ver o resto.

A noiva logo chegou ao lado do futuro marido, se soltando do pai, que deu um beijo na testa da filha e lançou um olhar ameaçador ao noivo.

— Eterno vovô, mesmo aí ele já lançava seu famoso olhar de “você está morto”. — O garoto falou com pesar.

— Por favor, Ted, não me fale no vovô... você sabe que eu ainda não superei a ida dele para o Céu.

— Uma hora você terá de pensar que foi o melhor para ele, Lily... o vovô já tinha uma idade avançada, não seria legal mantê-lo vivo por mais tempo.

— Eu sei... mas ainda é difícil. — Sua voz já estava chorosa. Mas a garota não podia se dar ao luxo de chorar naquele momento.

— Agora vai começar o casamento em si.

— Estamos aqui para celebrar a união destes dois jovens apaixonados. — O padre começou o seu discurso quase interminável, omitindo os nomes dos noivos – um pedido da noiva, que não gostava muito do seu nome e obrigou o noivo a pedir ao religioso que ofuscasse os nomes de ambos na hora de dar suas palavras.

— Ted, dá pra pular essa parte? Não aguento mais ouvir padres e seus discursos antes de casamentos.

— Eu sei, irmã chata, totalmente desnecessário... — Ele, então, avançou a reprodução do vídeo, partindo logo para o grande final. — Ah, eu gosto disso.

— Oba, a parte onde eles se aceitam! — A voz entusiasmada de Lily acabou ofuscando a parte onde o padre fala o nome da noiva.

— Aceita Sebastian Smythe como seu legítimo esposo para honrar e cuidar na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?

— Aceita, aceita! — A jovem de 15 anos gritou, quase deixando o pobre (?) do irmão surdo de vez.

— Garota, baixe o tom de voz!

— Aceito. — A noiva respondeu com um singelo sorriso.

— E Sebastian Smythe, aceita... — Ted soltou um arroto estrondoso bem na hora do nome da mãe.

— Que porco! Vai no banheiro, vai!

— Fica quieta, deixa o padre falar! Aff...

— ...como legítima esposa para honrar e cuidar na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe?

— Aceito. — Seb respondeu, vendo brotar um sorriso maior no rosto da noiva.

— Então, pelo poder investido a mim por Deus, eu vos declaro marido e mulher. — O mesmo padre encarou o noivo. — Pode beijar a noiva.

E tome lágrimas saindo dos olhos de Lily.

[…]

O DVD foi pausado para que os irmãos pudessem ficar de boca aberta com o beijo digno de um Oscar dado pelos pais após o “pode beijar a noiva” do padre. Depois o filme voltou a ser reproduzido e eles puderam ver uma chuva de arroz caindo sobre os recém-casados na saída da igreja. As imagens também captaram os olhares de felicitações de Finn, Sam e Ryder [NOTA: outro mistério para o resto da fic], além dos rostos excessivamnte chorosos de Rachel e Marley. E foi assim que a primeira parte do DVD se encerrou: com um outro beijo apaixonado e que fora compartilhado por Sebastian e sua esposa.

— Cuidado para não vomitar, TEDioso.

— Ah, deixa de coisa, Lily. Até parece que eu nunca vi um beijo na vida...

— Já viu?

— Não é da sua conta. — Ted logo disfarçou, ficando desconfortável no sofá.

— Ah, meu Deus... VOCÊ já beijou alguém na vida?! — A irmã logo saiu do estofado, ficando em pé e de frente para ele. — Confessa logo, será melhor!

— Continuo não sabendo do que você está falando, garota. — O jovem a encarou com um olhar feroz – aquele que sempre faz quando confrontado com algum segredo. Acontece que esse olhar sempre funciona com qualquer pessoa.

— Você sabe bem do que estou falando... irmãozinho.

Ele ia gritar com a garota, mas a porta da sala de estar se abriu repentinamente e ambos viraram suas cabeças na direção da mesma como se fossem dois Exorcistas. Felizmente (ou infelizmente), eram apenas Finn e Rachel com duas sacolas na mão esquerda de cada um.

— O que diabos vocês dois estão fazendo aqui? — Ted perguntou.

— Eu que pergunto... o que vocês estão fazendo em casa? — Rachel rebateu.

— Espera um segundo porque eu não tô entendendo coisa alguma aqui. — Finn deixou as sacolas se esparramarem no chão, de tão confuso que estava.

— Finny, eles deveriam ter ido com os pais ao shopping, lembra? — A parceira dele o lembrou. — Nós faríamos uma surpresa e tal...

— Interessante, contem mais. — Lily arqueou as sobrancelhas.

— Tá, a gente ia- — O grandão foi interrompido pela mulher.

— Fecha essa matraca, criatura! É surpresa!

— Ah, é. Você quase me pegou dessa vez, Chatily.

— Ei, ei, ei! — Ted precisou intervir na situação. — Só eu tenho esse direito. Ela é minha irmã, não sua.

— Mas eu sou padrinho dos dois e tenho todo o direito de mandar vocês se sentarem e falarem o porquê desse DVD estar na tela da televisão. — O Hudson respondeu à altura, já apontando para o sofá.

Lily e Ted se sentaram, enquanto Finn e Rachel apenas ficaram em pé de frente para as “crianças”, esperando uma explicação.

— O papai tá contando para nós como ele conheceu a mamãe. — A garota começou.

— Mas como ele demora muito, resolvemos ver logo esse DVD para ver como eles se casaram... — O outro completou.

— Interessante... onde o Sebastian parou? Digo, com a história? — A Little Rach perguntou.

— Na parte onde vocês estão acordando às seis da manhã. — O moreno mais jovem prontamente respondeu.

— Então desliguem esse DVD. Vamos contar a nossa visão dos fatos para vocês.

— Como assim?

— Acho que eu entendi. — Finn falou. — A tia Rachel quer contar o que aconteceu após as seis horas da manhã. Porque ela sabe de tantas coisas quanto o pai de vocês.

— Sou todo ouvidos. — Ted abriu um largo sorriso, já se preparando para uma visão diferente da história.