Assim que viu os ninjas mercenários, Boruto foi imediatamente para trás de sua mãe que já havia se levantado para encarar os ninjas.

– Quem são vocês? – perguntou Hinata.

O ninja que parecia ser o líder do grupo tomou a dianteira – Bem, isso não importa. Nós queremos o garoto e é só isso que você precisa saber. Se bem que você é bem bonitinha... seria muito divertido se você viesse junto. – respondeu num tom de malícia.

Hinata se manteve em silêncio, porém, como resposta, ativou o Byakugan sem pensar duas vezes. Tanto Boruto quanto a mãe sabiam que estavam em desvantagem. Ninjas mercenários dificilmente são medíocres, embora o grande número indicasse que provavelmente apenas alguns eram realmente fortes, e Hinata precisava descobrir quais o mais rápido possível.

Os ninjas começavam a encurralar os dois, fechando eles por todos os lados. Boruto estava extremamente tenso, ele sentia que precisava de alguma forma pedir ajuda ao pai, caso contrário os dois acabariam sendo pegos. Hinata apenas analisava os ninjas com o Byakugan, identificando os mais fortes. Percebendo o nervosismo de Boruto, a mãe, agora em posição defensiva, ordenou – Boruto, fique atrás de mim! – porém de nada adiantou. Era a primeira vez do garoto em uma batalha real e tudo aquilo era muito intenso, tudo que ele conseguia pensar era em fugir e pedir ajuda.

Foi quando cinco dos ninjas avançaram para cima do garoto, Hinata imediatamente entrou na frente e começou a desviar todos os ataques inimigos. Seu atual estilo de luta era veloz e sutil, eram movimentos simples que alteravam a trajetória dos golpes inimigos. Parecia que elaestava dançando enquanto lutava. Boruto, por sua vez, acreditava que uma hora ou outra algum dos ninjas iria acertá-la e ele precisava tomar alguma atitude. Observando a situação, os ninjas que avançaram acabaram deixando uma brecha por onde ele poderia escapar. O pequeno Uzumaki não pensou duas vezes, em questão de instantes ele já estava correndo em direção a abertura.

Como ambos imaginavam, aqueles ninjas não eram nada fracos. A decisão infeliz de Boruto se tornou um ponto fraco para Hinata, os ninjas imediatamente focaram a criança. A mãe instintivamente protegeu mais uma vez o filho, que agora estava caído no chão extremamente assustado. Nenhum dos ninjas obteve sucesso até aquele momento, porém Hinata não havia saído intacta, uma kunai a atingiu de raspão na bochecha causando um pequeno corte.

Ver o rosto da mãe sangrando foi o suficiente para deixar o garoto chocado, ele não conseguia se mover sabendo que poderia matá-la se continuasse agindo sem pensar. Aquele corte também foi o sinal que fez com que os ninjas cessassem o ataque, acreditando que era a prova definitiva da vitória sobre a Hyuuga. Mas ela não demonstrava ter perdido, sua alma ainda pegava fogo tentando proteger seu filho e era isso que ela definitivamente faria. Hinata tomou uma posição ofensiva, liberando uma quantidade enorme de chakra que aos poucos começava a se concentrar em seus dedos até virarem pequenos pontos. Este foi o desaforo final para o líder dos ninjas.

– Então você é uma garotinha má, né? Vamos fazer o seguinte então, mudança de planos, eu quero essa imprestável viva junto com o moleque. Eu quero me divertir bastante com ela durante a viagem! – ordenou o líder, agora furioso.

– Qualquer um que der mais um passo vai sofrer as consequências! – alertou Hinata, preparada para atacar qualquer um que se movesse.

O líder imediatamente olhou para um dos ninjas indicando que ele deveria fazer o primeiro movimento. O mesmo atendeu aos desejos do líder, foi direto atacar a Hyuuga. Provavelmente aquele seria um dos mais fracos do grupo, que iria apenas forçá-la a revelar sua habilidade aos outros membros do bando. Obviamente Hinata sabia disso.

Enquanto o ninja vinha em sua direção, ela permaneceu imóvel. Até o último segundo, a Hyuuga não fez sequer um único movimento demonstrando que iria contra-atacar. Quando o ninja iria finalmente acertá-la, ela desapareceu. Hinata havia mentido, não importava quem atacasse primeiro, o alvo seria o líder de qualquer forma. Sua velocidade foi incrível, ela parecia ter se teleportado. Em questão de milésimos, ela estava na frente do líder e com dois dedos tocando o centro do tórax dele. O golpe dela já havia sido concluído e nem sequer empurrou o corpo do líder alguns centímetros para trás, mas essa nunca foi a intenção dela. Antes que percebesse o que tinha acontecido, o corpo do chefe mercenário começou soltar uma aura imensa de chakra, como se sua alma tivesse explodido. Em alguns segundos ele estava no chão. A habilidade de Hinata consistia em comprimir uma grande quantidade de chakra e inseri-lo no corpo do inimigo, desregulando toda a circulação dele e fazendo com que todo o chakra do inimigo fosse expulso do corpo do mesmo, secando toda sua energia.

Aquilo foi tão rápido que todos os ninjas acabaram se distraindo, incluindo Boruto. Ninguém imaginava que ela poderia ser tão forte, e agora era a vez dos outros. Mal era possível ver Hinata se movimentando, ela abatia um por um dos ninjas sem a menor dificuldade. Para quem observava, ela era praticamente um demônio invisível. Só era possível enxergar ninjas sendo jogados contra as árvores e em seguida uma explosão enorme de chakra saindo de cada um deles. Em menos de um minuto todos estavam derrubados no chão e por lá ficariam pelos próximos dias, até se recuperarem daquela habilidade destruidora.

Hinata então parou, cansada e quase sem chakra, se ajoelhou próximo ao filho que estava impressionado por ver a força de sua mãe. Ela sorriu para o pequeno, tirando ele do transe. Foi quando ele voltou a notar o corte no rosto dela. Saber que aquilo havia sido causado pelo medo dele o deixou furioso. Boruto começou a chorar e dar socos no chão, descontando sua raiva. – Por que eu só consigo fazer coisas que machucam as pessoas? – perguntou para sua mãe. A mesma o chamou para que ele viesse perto dela. O pequeno se levantou ainda chorando e sentou ao lado da mãe.

– E agora, você quer me contar alguma coisa?

– Tudo é culpa minha, mãe... a Himawari ter sido sequestrada... e agora até você eu consegui machucar. Tudo que eu faço acaba ferindo alguém, eu não aguento mais isso. Por que eu não consigo proteger ninguém que eu gosto? Por que eu sou tão fraco desse jeito? – disse com um olhar distante.

Hinata ficou em silêncio por alguns segundos e então colocou a mão sobre a cabeça do filho, direcionando sua visão para ela.

– Boruto, eu acho que você se esqueceu que ainda é uma criança. Você se penaliza muito por suas decisões e por tudo que acontece de ruim. É importante ser responsável pelos seus atos, mas você passa dos limites. Não há culpa alguma em ser uma criança, em querer proteger sua irmãzinha ou então em sentir medo na sua primeira batalha. Todos nós passamos por isso... até seu pai sentiu medo da primeira vez que batalhou. Você quer ser como ele, né? – enquanto Hinata falava, ela acariciava o cabelo do garoto tentando reconfortá-lo.

– Sim, eu quero. – disse esfregando os olhos cheios de lágrimas e fazendo sua mãe sorrir.

– Então tenha paciência, meu filho. Eu tenho certeza que um dia você vai ser mais forte que o seu pai e eu juntos. Mas antes disso tenha calma, certo? Sua jornada acabou de começar e você ainda tem muitas perguntas para responder, mas eu tenho certeza que se você for atrás dessas respostas, um dia você se tornará um grande ninja e o mais importante, um grande homem. – finalizou beijando a testa do filho e o abraçando bem forte.

Hinata então se levantou e ofereceu a mão para o filho

– Vamos voltar para casa?

– Sim! – disse mais animado, segurando a mão da mãe para se levantar.

– Lembre-se que eu, seu pai e sua irmã estaremos sempre aqui para te ajudar, tá?

Hinata então pegou a cesta que utilizou para guardar as ervas e partiu com o filho de volta para casa, ignorando completamente dos ninjas que continuavam caídos no chão.

[...]

Enquanto a esposa foi buscar as ervas medicinais, Naruto, por sua vez, ficou cuidando da filha. Como ela ainda estava descansando e provavelmente não acordaria tão cedo, o Hokage então resolveu afiar suas habilidades na cozinha. No auge de sua destreza, acabou preparando um ramen instantâneo. – Até que cozinhar não é tão difícil. – pensou. De repente, escutou algum barulho vindo do quarto de sua filha.

O pai foi imediatamente em direção ao quarto e se deparou com Himawari acordada tentando entender o que estava acontecendo. A primeira pergunta da garota foi:

– Isso é cheiro ramen? – movia o nariz tentando identificar o odor.

– É... hehe, está com fome? – Naruto estava feliz por ver a filha finalmente recuperar a consciência.

– SIM! – respondeu sorrindo.

– Vou pegar então, já volto. – disse o pai, pensando se ela não tinha notado o estado em que estava.

– Ei, papai! Você pode acender a luz antes? Meu corpo ainda está doendo um pouco, não consigo me mover direito – perguntou ela, ainda vendada.

– É... essa luz é um problema mesmo... bem, eu vou buscar o ramen e já te explico o que aconteceu. – respondeu num tom deprimido.

Naruto foi então buscar o ramen e quando voltou viu a filha tentando tirar a venda dos seus olhos, porém seu esforço era em vão. A garota ainda estava fraca e portanto mal conseguia mexer o braço.

– Ei Himawari! Não mexa nisso. – alertou Naruto.

– Ahn? Por quê? Essa coisa tá tampando meu rosto. – a pequena continuava tentando tirar a venda.

– Calma aí! – sentou na cadeira ao lado da cama da filha segurando a tigela de ramen – Abre a boca. – ele pegou um pouco de macarrão, assoprou para esfriar e deu para ela. – Ficou bom? – perguntou.

– Uhm... tem algo estranho nesse ramen, foi a mamãe quem fez? – perguntou ainda comendo.

– Sim... totalmente... – respondeu – deixa eu ver se ficou diferente mesmo. – Há muito tempo que Naruto não precisava comer ramen instantâneo, a diferença no sabor era gritante se comparado ao de Hinata. – Pra mim está normal. – mentiu ele.

– Não mesmo, tem algo mui...

– Você quer mais? – interrompeu a filha.

Como resposta, Himawari abriu a boca novamente e Naruto, como um bom pai, atendeu ao seu pedido. Após engolir o macarrão, a pequena voltou ao assunto da venda novamente. – Papai, você pode tirar essa coisa do meu olho? – disse cutucando a venda com a pouca força que tinha.

– Ainda não, Hima. Sakura disse que você vai ter que ficar com ela até se recuperar...

– Mas eu já estou melhor, você não está vendo? Agora eu também tenho um jutsu superpoderoso, então o nii-san vai querer brincar comigo, por isso eu não quero ficar deitada aqui.

– Eu tenho certeza que não vai levar muito tempo... – segurou a mão da filha. – Mas escuta, você se lembra do que aconteceu naquele dia?

– Mais ou menos, eu lembro que eu virei um girassol bem grandão e era muito forte... também tinha um ninja... ele me disse que se eu o acompanhasse, ele iria me ajudar a ficar forte. – contou Himawari fazendo Naruto ficar extremamente preocupado.

– Você conhecia ele? – perguntou o pai.

– Não, ele era de outra vila...

– E você foi junto com ele?

– Eu não me lembro, mas ele parecia ser bonzinho e queria me ajudar.

– Ah Himawari – passou a mão na própria testa – por que você fez isso? – perguntou bravo.

– Eu... eu só queria ficar forte para brincar com o Boruto, ele me disse que se eu fosse fraca iria me machucar se brincasse com ele. – respondeu triste.

– Você não sabe o susto que deu em todo mundo, Himawari. Você poderia ter morrido fazendo isso... olha o seu estado, você está toda machucada e vai ter que ficar descansando um bom tempo pra se recuperar, isso se você... – Naruto percebeu que estava se deixando levar pelas emoções e então decidiu parar, respirou fundo e colocou a mão na testa da filha. – Hima, por favor nunca mais faça isso de novo, certo?

A menina com uma voz chorosa respondeu – Tá... é que eu só queria ficar mais tempo com o nii-san... – dito isso, ela continuou sendo acariciada pelo pai por mais alguns instantes, até que o mesmo começou a falar.

– Hima, durante a sua vida nem tudo vai ser só diversão, você ainda passará por alguns momentos tristes e dolorosos. Isso é inevitável. Se você não se importar com as consequências das suas ações, vai ferir muitas pessoas e vai acabar se ferindo. Eu entendo que você quer ficar perto do seu irmão, mas mesmo que você não goste disso, confie quando ele diz que é perigoso, pois ele se importa com você, assim como eu e sua mãe. Quando você se machuca, nós também nos machucamos. É assim que funciona uma família, por isso nós temos que ficar unidos. Então me prometa que você não vai mais fazer uma coisa dessas. – completou sorrindo.

– Eu prometo, papai. – respondeu fazendo beiço, prestes a chorar.

– Nah nah nah não chore, por favor. – respondeu tentando evitar o choro iminente, mas não obteve sucesso. Sendo assim quando a garota começaria a chorar Naruto executou o plano "B" – Hora do ramen! Abra a boca... isso... bem grande. – disse ele enquanto dava mais um pouco de macarrão para a filha.

Depois de engolir a comida, ainda chorando um pouco, Himawari começou a se desculpar – Desculpe papai, eu não queria causar problema pra ninguém. Eu gosto muito dessa família e eu não quero que ninguém fique triste por minha causa.

– Está tudo bem, mas se você conseguir, pare de chorar porque sua mãe e o seu irmão acabaram de chegar em casa e nós não queremos que eles te vejam assim, certo?

Naruto foi então em direção a entrada para avisar os outros que Himawari havia recobrado a consciência – Boas notícias! A Himawari acordou, se voc... – a fala do Hokage foi interrompida assim que viu o ferimento no rosto da esposa. Boruto, ao ouvir que a irmãzinha estava acordada, foi direto para falar com ela sem pensar em mais nada. Naruto, por sua vez, pegou alguns curativos e foi em direção a esposa para ver o que tinha acontecido. Os dois sentaram no sofá e então ele começou a tratar o ferimento de Hinata.

– O que aconteceu lá? Tem mais algum ferimento fora este? – perguntou Naruto num tom de preocupação enquanto limpava o ferimento no rosto da mulher.

– Na-não, foi só um corte apenas. Alguns ninjas atacaram tentando levar o Boruto e eu, mas eu acabei dando conta. – disse um pouco corada por ver o marido cuidando dela.

– Tem certeza? Você parece meio quente...

– Eu estou bem – afirmou ficando mais cada vez mais avermelhada, e desta vez agora batendo os dedos indicadores.

– Haha Hinata, você está com vergonha! Fazia tempo que você não ficava assim. – afirmou sorrindo.

– Eu... bem... – foi interrompida por Naruto.

– Os ninjas eram fortes? Quantos eram? – voltou a falar sério.

– Eram trinta renegados, a maioria não era muito forte...

– Isso é bastante, você usou aquele jutsu que nós treinamos?

– Aham!

– E como foi?

– Quase dois por segundo, mais ou menos.

– O quê? Você levou quinze segundos pra derrotar os trinta ninjas? – perguntou espantado.

– Mas isso foi porque eu consegui pegar os mais fortes primeiro.

– Você é muito modesta Hinata, isso é demais! Desse jeito você vai acabar roubando meu posto de Hokage. – brincou.

Hinata sorriu e continuou – Mas o mais importante pra mim de tudo isso foi que o Boruto conversou comigo e eu acho que consegui ajudá-lo.

– Somos dois então! – abriu um grande sorriso. – Eu acho que fiz algo parecido com a Himawari.

Os dois ficaram apenas se entreolhando, um sentindo orgulho do outro enquanto Naruto terminava de cuidar da esposa. Após terminar de colocar o curativo, o Hokage segurou o rosto de Hinata pelo queixo, movendo e analisando minuciosamente – É, acho que eu não fiz nenhum estrago no seu rosto, Hinata, ficou perfeito como sempre. – o comentário fez novamente ela ficar corada.Nesse meio tempo Boruto tinha ido falar com a irmã mais nova.

O garoto entrou no quarto acanhado, ver a irmã daquele jeito ainda era duro para ele, mesmo depois do discurso de sua mãe. Ele foi devagarinho tentando não fazer barulho, mas Himawari já sabia que ele estava lá.

– Himawari? Você está acordada? – a garota não respondeu, fazendo ele achar que ela tinha voltado a dormir. Boruto esperou mais alguns segundos ao lado da irmã, deu a mão para ela por um instante e foi em direção a saída do quarto. Neste momento ouviu uma voz.

– Hua! Quem ousa acordar a múmia de Himawari, a ninja mais forte de todos os tempos? – brincou Himawari fazendo Boruto rir.

– Hima, você sabe que só está enfaixada nas mãos e nos olhos né? – perguntou sorrindo enquanto voltava para perto da irmã.

– Ahn? Isso é sério?

– Sim!

– Que chato, eles deveriam ter me enfaixado por inteiro. – resmungou.

O silêncio se manteve por alguns segundos, mas foi logo quebrado por Boruto.

– Ei maninha... sobre aquela hora na floresta. Me desculpe por ter falado com você daquele jeito, eu acabei exagerando. – disse arrependido.

– Não.

– Ahn? Por que não? – indagou a irmã, confuso com sua resposta.

– Eu só vou te perdoar se você ganhar de mim numa luta mortal entre irmãos... – respondeu Himawari. As palavras de sua irmã estavam confundindo Boruto, até que a expressão da menina mudou e ela finalmente resolveu falar sério – Nii-san, eu sei que você quer ficar forte e por isso eu não vou mais ficar te seguindo por todo lugar que você for, mas pode ao menos prometer pra mim que vai continuar passando pelo menos um pouquinho de tempo comigo? – pediu num tom choroso.

O garoto então abriu um sorriso e disse – Eu prometo, daqui pra frente eu vou passar um bom tempo com você, e nós vamos treinar e ficar fortes juntos, certo?

– Certo! – concordou sorrindo.

Logo após terminar a conversa, Himawari bocejou, indicando que voltaria a dormir em breve, afinal o corpo da pequena não havia se recuperado completamente. Boruto, por sua vez,continuou lá, segurando a mão dela, até que sua irmãzinha pegasse no sono.

[…]

Naquela noite Hinata já estava na cama dormindo, do seu lado Naruto encarava o teto pensando em tudo que tinha acontecido. Desde que Himawari desapareceu nenhum dos dois havia dormido e ambos estavam cansados. Porém, por algum motivo, Naruto continuava lá, refletindo, com uma expressão de satisfação. O Hokage calmamente se virou e abraçou Hinata por trás, encostando seu rosto próximo à nuca dela.

– Ei Hinata, está dormindo? – disse acordando a esposa.

– Não, pode falar. – disse ela com uma voz dormente.

– Eu preciso te falar algo... você sabe que eu não sou bom com esse tipo de coisa então não vire até eu terminar – pediu com voz abafada por causa do cabelo da esposa. – Esses últimos acontecimentos foram muito malucos, mas eles me fizeram pensar em várias coisas que eu não tinha percebido até agora. O sumiço da Himawari e todas essas coisas que colocaram nossa família a prova nesses últimos dias, tudo isso me fez pensar em como eu vivo um sonho. Bem, eu sempre quis ser Hokage e sempre achei que esse fosse o meu maior objetivo, mas agora, casado com a ninja mais maravilhosa da vila inteira e com dois filhos que só me trazem felicidade, eu pude perceber, esse sim é o meu verdadeiro sonho. É isso que eu sempre quis ter, uma família, e você, Hinata, me ajudou a construir a melhor de todas. Quando eu penso em você, no Boruto e na Himawari, me vem um sentimento que eu quero carregar pelo resto da minha vida. Por isso obrigado... obrigado por me notar, obrigado por não desistir de mim e obrigado por tornar o meu sonho possível. Obrigado por me acompanhar até aqui e dar tudo que você me deu. Eu te amo, Hinata! – nesse momento Naruto já abraçava a esposa muita força, mas isso não a impediu de finalmente virar, ficando cara a cara com o marido.

Hinata havia ficado um pouco corada depois de ouvir tudo aquilo, mas não deixou a timidez dominá-la, a Hyuuga olhou diretamente para o olhos de Naruto, sorrindo. Seus rostos estavam colados e então ela iniciou, acariciando o cabelo dele.

– Naruto, você sabe que eu te admiro há muito tempo... e desde o dia em que eu enxerguei suas qualidades, esse sonho, que você acabou de falar, passou a ser meu também. Eu quero que você saiba que eu não estou sacrificando meus desejos pra ficar ao seu lado, e por isso você não precisa me agradecer. Nossos objetivos agora são os mesmos, nós estamos juntos nisso e o meu maior desejo agora é proteger esse sonho que nós estamos vivendo até o fim. Eu também te amo e sempre vou te amar. Fico muito feliz de você corresponder aos meus sentimentos e espero que continuemos sonhando juntos pelo resto de nossas vidas.

Naquele quarto escuro, os rostos ficaram cada vez mais próximos. A noite finalmente caiu para os dois.