Antes mesmo de saber da existência de Alfonso, Lucrezia já amava o irmão, foi esse pensamento que manteve Cesare naquele casamento. Lucrezia estava linda, com os cabelos dourados presos numa rede e um vestido digno da filha do vigário de Deus, na opinião de Cesare, no entanto, sua irmã seria portadora de uma beleza divina mesmo que ostentasse trapos. Mas ela era Lucrezia Bórgia. Era dela que toda a Roma falava. Era ela que toda a Roma invejava. E seu casamento fazia juz a isso.
Quando os noivos recém casados saíram para as núpcias, Cesare invejou Alfonso como nunca invejara nem mesmo Juan.
E quando Lucrezia apareceu em sua cama, nua como no dia em que veio ao mundo, naquela noite em que foram como marido e mulher, Cesare foi feliz como nunca antes, e sua irmã se sentiu amada como nunca antes.
Mas isso logo mudou, porque Cesare casou com a França, porém Lucrezia se casou com um homem de Nápoles.
E logo a lembrança daquele noite deixou de ser o bastante. Logo Cesare não suportava mais o amor da irmã por Alfonso. Logo Lucrezia notou que o marido não a satisfazia tanto quanto o irmão.
E quando Alfonso morreu, algo dela morreu junto, mas o resto se regojizou por ser só do irmão novamente.
E o que Cesare sentiu pela morte do cunhado foi jubilo, pois ele limparia aquele sangue de Lucrezia, e eles se amariam novamente como marido e mulher, como irmão e irmã.
E aquilo valia para ambos mais do que o amor de qualquer Deus.